terça-feira, 10 de junho de 2008

Viva La Revolución!

Ao meu irmão Pedro, na Argentina,

Camarada Pedro, ganhámos! A Capital de Cristóvia é nossa!
Após meses nas nas montanhas de Havara, a passar todo o tipo de privações, a um passo da sodomia masculina colectiva, os defensores do socialismo-marxista venceram a luta! Hasta La Victoria, Sempre!
Os últimos 4 anos foram terríveis. Ainda me lembro de quando éramos um bando de adolescentes introvertidos, mas que ainda assim se conseguiram organizar à volta do estandarte do comunismo, e protestar contra a Ditadura de Batistério Fulgaz. O nosso líder, o brilhante orador José Pablo, entusiasmou-nos com o seu discurso revolucionário, e cedo organizamos um partido, que foi logo reprimido pelos órgãos ditatoriais. Mais uma vez, as palavras inspiradas do nosso camarada Pablo iluminaram os nossos corações, e decidimos partir para o exílio. E assim foi que 50 jovens universitários partiram para a selva, decididos a lutar contra o regime armados com a palavra do comunismo, e assim foi que nos equipámos apenas com algumas roupas e levando cada um o Livro Vermelho de Mao e o Manifesto Comunista do camarada Marx.
Infelizmente, de pouco nos valeram as palavras de alento do Camarada Pablo, pois ao fim de 4 meses na selva tropical, e sem qualquer tipo de preparação militar ou de sobrevivência, e visto que a maior parte dos membros do Partido Comunista para a Libertação de Cristóvia era asmática, éramos já apenas 40, e estávamos a ficar sem mantimentos após termos devorado em conjunto o último Manifesto. Fiquei desde aí com o cargo de Provedor-Geral da Revolução Cristóvana, e tal cargo me fez muito orgulhoso durante várias semanas, até ter descoberto que era apenas o cozinheiro do grupo.

Como a situação se tornava gradualmente insustentável, e os homens lidavam agora com o grupo de mercenários contratados pela CIA, que havia negociado com Batistério Fulgaz a nossa aniquilação em troca da cedência aos EUA do monopólio sobre os sumos de laranja, resolvemos entregar-nos ao inimigo.
Qual não foi o meu espanto quando a Guardia nos disse, após nos interrogarem com a ajuda de cilícios e cnutes, que o Ditador Fulgaz nos queria ver. Conduziram-nos aos pontapés por toda La Villa Nueva até à sede do Partido Único, que também era o Palácio do Governo de Cristóvia, casa de Fulgaz e dos seus 13 irmãos, 2 esposas e 26 concubinas. O Ministério da Educação, o edifício coberto por ouro maciço ao lado do Palácio do Governo, era o lar dos seus 60 filhos.
Enquanto nos sentenciava uma leve pena de 145 anos de prisão, e pena de morte por esfolamento ao nosso líder Pablo, reparei que ainda tinha no meu bolso, que não tinha sido revistado pela Guardia visto que estes apenas tinham descoberto no nosso arsenal 3 fisgas em más condições e uma raquete e achava que éramos um bando de desprezíveis ratos, uma pequena granada-de-bolso soviética. Pertencera a um carregamento que os camaradas sovietes nos tinham enviado, mas que viera em tão mau estado que causara a morte a 6 camaradas quando estes se lembraram de abrir as caixas de munições para as AK-47. E assim, sem pensar duas vezes, atirei a granada para cima da secretária de Fulgaz, e esperei pelo resultado. O Ditador, desesperado, resolve atirá-la para o outro quarto, onde os seus sobrinhos faziam uma rave party com vodka altamente alcoolizado.
Metade do Palácio explodiu. No rebuliço, o Ditador Fulgaz ordenou o ataque das suas tropas, mas com a confusão estas ouviram as coordenadas erradas e atacaram o acampamento dos mercenários da CIA, fazendo-os desistir. Os Generais decidiram assassinar Fulgaz devido ao facto de estes ainda não os ter promovido a Generalíssimos, e entraram em conflito imediato com o patronato, que fabricava as armas do exército.
Em duas semanas, a oposição capitalista tinha-se aniquilado, tal como dizia o Manifesto do Camarada Marx. Encontrei o nosso amado líder agachado atrás de um balcão de mercearia, numa inteligente política de "aguardo pelo decorrer da situação". Quando as coisas se acalmaram, levei-o a tremelicar pela rua cheia de buracos das bombas até ao Palácio do Governo e "sentei-o no poder", à espera das suas ordens para o início do regime marxista-leninista.
Como estava lívido e altivo o nosso Mestre! Com a sua sábia mão, acalmou os nossos espíritos, e disse: "O Povo ainda não está preparado para os benefícios do marxismo-leninismo. Ele deverá aguardar!" E depois disso, autoproclamou-se Monarca Absoluto da Ilha.
Eu ainda sou o Provedor-Geral da Revolução! Junta-te a nós meu irmão, vamos apoiar o Movimento de Monarquia Absoluta Provisória enquanto não chega a Primavera Socialista!

Hasta La Victoria!
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