terça-feira, 12 de maio de 2009

A Verdadeira História da Revolução Cubana (II)

Na continuação deste trabalho, apresento novos dados que contrariam as ideias gerais que foram propagadas pela máquina de propaganda de estudiosos pouco importados com uma acertada interpretação dos factos.
A História, ou a sua Ciência, baseia-se nos documentos e nos factos, mas implica, para o seu salutar estudo, um nível de subjectividade que é inerente ao seu estatuto de Ciência Social e Humana.
Esta subjectividade, contudo, não é carta branca para promover a instabilidade científica no seio dos investigadores. É antes um critério a ter em conta no estudo da história e na análise das obras. É um convite a apreciar as diferentes partes singularmente, e não imediatamente pelo Todo.
O enorme desrespeito por estes prismas causam, a meu ver, o enorme desleixo e a baixa qualidade do estudo da História em Portugal e a ignorância mental e desonestidade intelectual que possuem a maior parte dos interessados.

Quem foi Fulgêncio Baptista? Um conservador? Um neo-liberal?
Um activista de extrema direita?

Quem afirmar estes pontos desconhece, de todo, a personagem, o cenário político cubano, e a tendência política da América do Sul nos anos 40, 50 e 60.

A instabilidade política em Cuba catapulta Baptista para o poder, através de um golpe militar. Em 1940, através de eleições que se julga terem sido efectuadas por métodos de perseguição política à oposição e fraude eleitoral, Fulgêncio ganha democraticamente as primeiras eleições livres (?) desde há muito tempo. Isto não dá ao homem, como decerto reparam aqueles que lêem o Café Odisseia, que são pessoas com um sentido de democracia que vai além do atribuído ao que sofrem de esquerdismo claustrofóbico, qualquer tipo de legitimidade de exercício das suas funções.

Nos dias de hoje, Fulgêncio Baptista seria admirado por vários dos potenciais eleitores do Bloco de Esquerda e até do PCP.
Baptista favoreceu os sindicatos nas suas medidas, e impôs reformas que limitaram grandemente a iniciativa privada, sendo zeloso, à boa maneira marxista, nas suas regulações.

Tanto sucesso no seu governo executivo deu-lhe a ideia de prolongar, para além das vicissitudes do cumprimento da legalidade constitucional, o seu mandato.
E para isto foi apoiado pelo Partido Comunista e pelos sindicatos cubanos que favoreceu.

A partir de 1944, Baptista manteve-se nos bastidores da política cubana, voltando anos mais tarde, em 1952. Nessa altura, Cuba mantinha-se um país longe do socialismo, apesar dos sucessivos governos de esquerda. O crescimento económico, apesar de ter estagnado, manteve-se. No entanto, uma nova Constituição, intervencionista, obrigava aos cubanos a suportar um Estado em crescimento.

A princípio suportado pelos EUA, Fulgêncio Baptista mostrou-se cada vez mais violento e ditatorial, sendo sujeito, nos últimos anos, a um embargo comercial sério por parte dos americanos.

Admirado, em tempos, por Fidel, que o considerou um político que havia esquecido o que era a Revolução, Fulgêncio Baptista é o típico político da América Latina. Virado ao Marxismo Leninismo, seja qual seja a sua inclinação política, com fortes tendências ditatoriais e açambarcadoras de poder. Disciplinou os seus concidadãos através da repressão que era efectuada pelos membros da MAFIA que prosperavam em Havana.

Castro falhou em reunir os elementos activistas da oposição de esquerda para o seu lado. Contava apenas com a ajuda de jovens partisanos e revolucionários, dos tempos de Faculdade.
Quando subiu ao poder, provou ser mais instável, autoritário e perigoso.
Fechou os jornais da oposição e nacionalizou as estações de rádio e televisão. Sem alguma vez ter obtido o seu caminho para o poder através de sufrágio, Castro assumiu, desde cedo, uma atitude que os Estados Unidos não conseguiram, nem podiam, tolerar.

No entanto, 6 dias após o golpe de Estado que trouxe Fidel Castro ao poder e levou Baptista ao exílio, os EUA reconhecem o seu governo.
Começa aí uma relação muito estranha entre os dois países...

Continua...

Fontes:
Still Stuck on Castro: How the press handled a tyrant's farewell.

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