domingo, 14 de dezembro de 2008

Queres ser escritor? Hã? Novelista? Romancista? Ah, está certo. Diz-mo só ao certo o que queres fazer. Hesitas...pensas...queres responder...não consegues... Lá dizes que é o teu sonho, que desde sempre escreves, gostas de escrever, te transportas para um imaginário, só teu, que gostas de partilha histórias, descrever factos, episódios, falar de experiências.
Eu?! Eu faço isso tudo já! Hum...desconfias? É normal sendo que és um idiota, repetes-te nas tuas histórias, fazes há vinte anos mais do mesmo. contas o mesmo amor sem nunca o teres vivido, alteras o pano de fundo, quando em quando, porque achas que uma história não pode ser sempre igual. É quando, dizes tu, lá vais tentando explicar o que desconheces...um assalto, uma rixa, um jogo de futebol, uma bebedeira, o sexo animal. Chega o capítulo da experiência. É aí que dactilografas idênticas palavras há décadas: sempre alguém vivido, como servindo de lição exemplo. Como posso falar do que é escrever com alguém tão idiota?! Cabrão? Filho de quem? Vou-me foder? Apanhar? - ainda não chegaste ao êxtase da discussão - Não sou escritor porque não escrevo, porque nunca leste nada meu. Tiveste a primeira lição, agora podes escrever sobre o ódio. Nunca tinhas sentido isto mas, contudo, já o havias escrito ou descrito. Desconhecias a espingarda em que se torna a tua boca, saliência dos projécteis.
Vou prosseguir. O sol ali! está-se a por? Descreve-mo como se estivesses a vê-lo, esperando os dez minutos restantes para a hora marcada do teu sexo! "O sol punha-se, enquanto louco, numa erecção que não só física esperavas...."; o que te diria: objecto do meu desejo, antes humano, agora inumano, catalisa em mim o calor que perdes! sinto-o! sinto-o! cada vez maior!; o que tu desconhecias era este sentimento.
Agora outro tema recorrente em ti: a rixa. Descreve-la bem, sim, mas nunca lá senti o latejar da cabeça, o sangue nos olhos, aquele minuto de falta de ar enquanto o clarão do purgatório se me apresenta. Vou-te explicar porque não o sinti, porque tu nunca os sentiste de igual forma, nunca os viveste, nunca passaste por essa experiência.
Ainda achas que a experiência dos teus livros é experiência? Ainda entendes que escrever é mero acto físico?


A vós não diz nada, para mim foi uma das maiores vivências que poderia desejar.

Abraço.

2 comentários:

Anónimo disse...

sinti?
eu é que sinti cólicas ao ler isto...

Pedro disse...

Deves ter um pouco de cuidado numa crítica dessas. A ignorância contextual pode-te levar a ofender um escritor que muito admires.

A picardia pessoal, essa, passa incólume.

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