sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A Tocha Olímpica


Quase uma semana após a morte Andreas Grigoropulos, atingido pelo ricochete de uma bala disparada pelo polícia Epaminondas Korkonéas, os tumultos persistem. A morte do jovem, assunto mais que discorrido, foi, obviamente, rastilho de ocasião, como poderia ter sido qualquer outro. A onda de violência que se verifica, mais não é que o corolário de tensões acumuladas: desemprego elevado; poucas oportunidades para os jovens; mescla de povos altamente instável. A sucessão de escândalos do Governo Karamanlis (atentados a direitos fundamentais do povo grego; inúmeros casos de corrupção – Siemens e Vatopeli, por exemplo) terá também contribuído.
Na ânsia de acalmar a multidão, tratou-se de acusar e prender preventivamente o polícia em questão. Puro fogo de vista, as feras continuam acicatadas. Aliás, o vocábulo “acicatadas” peca por defeito. Atenas é, neste momento, uma cidade a saque! O protesto evoluiu, rápida e oportunamente, num turbilhão de pilhagem e vandalismo: poucas lojas permanecem intocadas, nem os bancos encaparam; prédios residenciais, automóveis, transportes públicos foram incendiados. Convém referir, para exacta definição do bando de insurrectos que acossa Atenas, que o advogado de Epanimondas, por pouco não era atingido por dois cocktails-molotov à saída do tribunal.
Perante o exposto, fácil é concluir que, o que inicialmente era um protesto, tomou proporções desmesuradas, e põe em causa a segurança de cidadãos que a única incúria que perpetraram foi conservar o civismo. Desde o início que as forças policiais se revelaram incapazes suster o ímpeto popular, contribuindo para a sensação de impunidade dos milhares de bandidos (bandidos-bandidos; bandidos-estudantes; bandidos-por-moda; bandidos-indigentes; bandidos-partidários; etc) que fizeram das ruas palco dos seus ensaios clínicos. Não seria de desprezar, no pináculo da animosidade, a imposição do recolher obrigatório (estado de necessidade/excepção), e a substituição das autoridades policiais convencionais pela polícia militar. Estas duas medidas seriam fortemente dissuasoras e reporiam, com maior celeridade, a ordem e a segurança maculadas.
Como tal, apesar do Governo garantir que o problema esta solucionado e em franca regressão, a Grécia é, ainda, uma gigantesca pira.

2 comentários:

Anónimo disse...

E foi lá onde se ouviu pela primeira vez o conceito de Democracia!A liberdade de expressão termina onde começa a violência!

Anónimo disse...

se nao aceitam o meu comentario estao lixados! :P

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