quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Tomai Lá do O’Neill!


Açambarco a Alexandre O’Neill a expressão “uma coisa em forma de assim”, pois cabe tal uma luva para descrever o possível Executivo Obama. Quando Hillary, após a derrota nas primárias, passou a apoiá-lo, obviamente, tinha algo em mente que não a vice-presidência. Ora, mais não era que o cargo de Secretária de Estado e, resolvido o problema das dívidas de campanha (uns quantos e constrangedores milhões), tudo indica que sucederá a Condoleeza (que já seduzia, em olhares discretos, a nova Administração). Tendo em conta as suas posições em política externa, que em muito se aproximam de Mccain, os Republicanos tem dificuldade em esconder o sorriso. Aliás, depois da bela campanha anti-Obama de Hillary, não é sem ironia que tomará posse. E falando em Mccain, uma nota para a reunião, na passada semana, com o recém-eleito Presidente, com o fito de discutir possíveis parcerias num futuro bem próximo.
A influência Clinton não pára por aqui: Eric Holder (alto cargo da justiça na Presidência de Bill Clinton) tomará a pasta da Justiça; John Podesta (antigo Chefe de Gabinete) na chefia da equipa de transição; Rahm Emanuel para Chefe de Gabinete; Greg Craig, advogado de Clinton, representará também a Casa Branca.
Por fim, até ver, Robert Gates continuará a chefiar o Pentágono. Mesmo sendo Republicano, pela sua inegável competência, Obama não se permitiu substituí-lo.
Feitas as contas, dispomos de uma senhora que poderá colocar em risco a política externa, pelo menos a prometida em campanha; quatro homens da sua influência; e um Republicano.
Um belo resultado que deixou milhões de obamaniacos” (termo curioso para uma singular afecção), essa carneirada que se deixa enganar por meia dúzia de patranhas melífluas, e um marketing, inegavelmente, eficaz; numa situação de desconforto. Perguntam, em pranto, “Mas onde estão os progressistas?”. Eu respondo: na vossa imaginação, meus caros! Alexandre responderia: “Tomai lá do O’Neill!”.

3 comentários:

Ary disse...

Eu continuo muito contente com o perfil dos candidatos. Aliás, até Janeiro/Fevereiro de 2008 eu apoiei a Hillary (sim, eu sou daqueles gajos estranhos que anda desde Novembro a seguir de perto a campanha).
E já agora espanta-me a facilidade com chamas"carneirada" [que se deixa enganar por meia dúzia de patranhas melífluas, e um marketing, inegavelmente, eficaz] e mandas tomar não sei eu o quê, qual Zé Povinho.
Como "obamanico" (não vejo porquê nem como fugir ao rótulo) confesso que me senti um bocadinho ... "desconfortável" com a agressividade deste post.

É difícil dizer bem, é difícil comprometeres-te com uma pessoa dando-lhe o teu aval. No fundo quem avalia positivamente acaba por pôr as mãos no fogo por ela. É difícil, às vezes é injusto, quase sempre um esforço inglório, mas talvez um dia devesses tentar fazer mais do que olhar cinicamente, cepticamente e rir trocistamente de quem está a tentar fazer.

A mim sempre me disseram: "Quem quer falar deve pensar duas vezes antes de interromper quem está a fazer".

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

ary, ary

lá tás tu outra vez...
não vejo no texto o mesmo mal insultuoso que tu vês. o obama nem é muito criticado. eu, no lugar dele, fazia o mesmo. felizmente ele reconheceu que neste momento a américa precisa de união, dos conservadores e da esquerda, dos libertários e dos keynesianos, e construiu um bom executivo.
o que fica por terra é, e sublinho, a carneirada portuguesa que andava a trás dele como se se tratasse do messias de vermelho.
obama seria, para Portugal, Direita ultra-liberal, visto que por cá consideramos de direita um partido essencialmente keynesiano (PSD).
portanto, antes de te sentires "desconfortável", lê o texto pelo que ele significa, e sai um pouco desse "conforto de lã".

Pedro Jacob Morais disse...

Pedro Ary, se retirares o filtro cinzentão através do qual leste o texto, verificarias que o mesmo perde metade do interesse que lhe atribuíste.
Na realidade, não só não ataco o Obama (aliás, não ataco ninguém, era só o que me faltava), como me agrada o executivo que ele está a reunir.
Quanto à expressão "carneirada", não vejo nada de mais em qualficar dessa forma, milhões de eleitores americanos que: são jovens desinformados; influenciáveis; que pouco se preocupam em fazer uma pesquisa séria sobre os candidatos; e, por fim, vêem o Obama como um Luther King, um Malcolm X ou uma qualquer rock star (parece que lhes saiu um Ike).
Quanto à expressão final, mais não que o título, bem humorado, graças a Deus, que Alexandre O'Neill decidiu dar a uma das suas obras, e nada de insultuoso tem.

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