sábado, 29 de janeiro de 2011

Disfuncionalidade Institucional

Quando falamos de uma Instituição de Sapiência, ou aliás, uma tentativa de uma domus sapientiae, como deveriam ser efectivamente adjectivadas estas nossas Universidades, salta-nos logo à memória que essa Sapiência é um quid exteriorizável, mas, muito acima disso, um quid internamente subjectivizado.

É um quid institucionalizado, programático, ad omnium, rigorosamente científico, e por conseguinte, longe dos devaneios "aportuguesados" de afirmação/superação intelectual. Tenta-se com um ensino Superior ( longe, em longevidade e carácter,da minor sapientiae do Secundário), a hegemonia intelectual do indivíduo que, perante uma sistematização e rigor de conteúdos, tente abarcar o sentido de tais pressupostos metodológicos, e tente ir mais além de si, nesse iter, com vista a construir uma sólida percepção do mundo e de si, e que, nesse intuito, traga algo de "revolucionário" a esta Societas, já que o consenso dos sábios não avança a Ciência, e é no discenso que dialeticamente o conhecimento ou gnose, e todos os pressupostos ontológico-gnosiológicos que o moldam, progridem.

Com isto, sendo apenas uma opinio singularis, creio que Aníbal esteja efectivamente às nossas portas. Muito embora Aníbal ( Cavaco Silva?) já esteja há algumas décadas à porta da desvirtude, bastará questionar o fumus que emana desta quaestio: que Contra-Aníbal produzirá a nossa mente para trancar nossos portões? Qual o anti-corpo?
Não será portanto verosímil ou vetusto alicerçar opiniões e constituí-las dogmas, mesmo que a maioria da Ciência o refute. Creio, pro bono, que usaremos ( e abusaremos) em demasia dos tais argumentos ad hominem, mesmo que, por inconsciência, sejamos premiados pelo labor, pese embora a qualidade e quantidade de pressupostos disfuncionais a partir dos quais partimos para uma sistematização à la Palice.

É tipicamente Português, que Aníbal esteja às nossas Portas, que nos leve, aliás, as fechaduras, que nos tranque em nossos armários dantescos e nos deixe caminhar no ordo do estoicismo, que nos garantirá o pão em nossas Portas. Aguentem-se e abstenham-se de questionar o questionável, de pensar o repensado, de comer e calar. Aí criar-se-ão homens-ford, aí criar-se-ão as bases de uma sociedade surda, cega e muda. Estóicos na parada, em conclave, para largar fumos brancos de suas negras e pálidas mãos.

Odiosa Restringenda esta, de compactuarmos com Aníbal, e de trairmos nossa consciência, quando, no íntimo do cordium, até o adoramos.
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