domingo, 30 de novembro de 2008

A Ler - Henrique Raposo, Marxismo e Globalização, EUA e Europa

O muro caiu em 1989. Mas o muro não caiu nas universidades portuguesas. Os marxistas portugueses que defendiam a URSS e outros regimes similares permaneceram nos departamentos de humanidades, e continuaram a fabricar mentiras. Além de não assumirem os seus erros históricos, os nossos marxistas contribuíram para a propagação da maior mentira dos últimos 20 anos: a globalização é horrível porque enriquece o Ocidente e empobrece o Resto do Mundo. Esta mentira foi a base de muitas disciplinas académicas durante os longos anos 90 (1989-2008). Como se sabe, a dita globalização enriqueceu o Resto do Mundo e retirou poder relativo ao Ocidente. E, hoje, mais uma vez, os marxistas não admitem que andaram a mentir durante duas décadas. Porquê? Porque já estão a inventar o embuste dos próximos 20 anos: a actual crise, dizem, justifica o regresso de Marx. Os marxistas são assim: saltam de mentira em mentira, tal como um sapo salta de nenúfar em nenúfar.


e há duas semanas atrás...

Se a América tem Estado a menos, a Europa tem Estado a mais. Por isso, os excessos libertários nos EUA não podem legitimar a continuação dos excessos estatistas na Europa. Neste sentido, vale a pena ler 'O Futuro da Europa - Reforma ou Declínio' (Edições 70). A mensagem de Alberto Alesina e Francesco Giavazzi é clara: se os europeus não fizerem reformas liberais, a Europa continuará em declínio. A crise de Wall Street não anulou este raciocínio.

Pólvora Seca

Segundo a Human Rights Watch (uma das ONG mais empenhadas na defesa dos Direitos do Homem), aproximadamente 300 000 crianças são utilizadas em conflitos armados (como soldados, correio, escravas), sobretudo na Ásia e África (Iraque; Sudão; República Democrática do Congo; Chade; Nepal; Uganda; Sri Lanka; Somália; enfim, a lista é extensa). Estas crianças são subtraídas às famílias a partir dos oito anos de idade, por rapto ou venda. Torna-se, então, necessário quebrar os laços que os unem ao passado, é fundamental desumanizá-los. O processo adoptado é conhecido: mistura de heroína, anfetaminas, e pólvora. Se as anfetaminas e a heroína os tornam dependentes (física e psicologicamente), já a pólvora provoca, a curto prazo, lesões cerebrais irreparáveis, uma amnésia induzida. Estamos perante crianças desprovidas de ânimo, autómatos ao serviço de guerrilhas violentíssimas, financiadas pelos rendimentos da produção de droga (pensemos nas FARC, ou nos laboratórios de síntese de heroína no Afeganistão).
Ano após ano, a Human Rights Watch vem denunciando esta situação aviltante. Um exemplo a ter em conta é a Red Hand Campaign.


Para mais ampla compreenção do problema, vejam o seguinte mapa:




já visto - Blindness


Sem querer ser redundante, Blindness foi, para mim, apenas um Livro de Saramago adaptado para Cinema.
Não considero dinheiro perdido, mas o resultado pretendido era tão óbvio que não surpreendeu.
No entanto, ficam os parabéns à equipa e ao elenco, que foi, do princípio ao fim, brilhante e sentido. Não houve uma única altura em que se percebesse uma pontinha de falta de inspiração ou falta de empenho.
No entanto, de acordo com o objectivo do Livro, fiquei um pouco desiludido com o fim. Demasiadas pontas soltas. Até parece que andava, no fim, a pedir sequela desenvergonhadamente...

O Lápis Azul

"A esse respeito, Hymie era escrupuloso. Desagradava-lhe sobretudo a maneira como Curley falava da tia. Na opinião de Hymie já era mau ele andar a fornicar com a irmã da própria mãe, mas falar dela como de um queijo cediço, isso passava das marcas. Devia ter-se um certo respeito por uma mulher, a não ser que se tratasse de uma puta. Se se tratava de uma puta, era diferente. As putas não eram mulheres: eram putas. Assim via Hymie as coisas."

Henry Miller, Trópico de Capricórnio.




"Cuba em plena construção do socialismo era de uma pureza virginal, de um delicioso estilo inquisitorial."

"Aquela de que eu mais gostava era de uma que ela tinha na virilha esquerda. Era uma flecha a indicar o sexo e uma frase que dizia apenas: DESCE E GOZA. Numa das nádegas dizia: SOU DO FELIPE, e na outra: AMO TE NANCY. No braço esquerdo. em grandes letras tinham-lhe tatuado: JESUS."

Pedro Juan Gutiérrez, Trilogia Suja De Havana

Abraço.

sábado, 29 de novembro de 2008

Transversal Viagem




Cegos? Eternos cegos somos nós, Portugueses?! Ignorantes, egocêntricos, hipócritas! Num permanente obscurantismo visual, fechados em nós mesmos?!

Abramos um jornal -reprodução mental-, pois nunca a comunicação social denuncia de forma independente, desinteressada:
Índia...bombardeiros de Deus marchando sem nada a perder;

China...Escravos de misérrimos prazeres;

Rússia...hipocrisia escondida atrás da eterna cortina;

EUA...

Brasil...marcham os sem terra, levam consigo o estigma, desejando somente dignidade;

Venezuela...um louco Zaratustra que dez vezes ao dia ri, mas que tantos milhões seus faz "chorar";

Cuba...um "silencioso" socialismo triunfante;

Sudão...terra de "Mães do Cativo" sem o vislumbre de um paradisíaco mísero segundo de paz no seu oásis

"And I think to myself, what a wonderful world".

Passa esta masturbação mental e chegamos ao apêndice Nacional.

Aí, professores criticam, criticam, mas nem eles ou loucos líderes discutem as quase já obsoletas dúvidas da qualidade do ensino; a eternos colarinhos brancos se concede avais para não deixar cair o sistema, tão importante quanto as casas de famílias por pagar; a pedófilos clamantes de inocência se lhes mudam as leis; sidosos (seropositivos, em portugal, é proibido falar, senão seriam pessoas) vão tentando viver sem que possam tomar remédios tão essenciais (nem uso dizer mais) quanto as insulinas e os viagras dos políticos; a alunos se exige competências que a escola não ensina (e ou aprendes ou vais para a ultima casta);pais de família não recebem avais, pois foram imprudentes e quiseram ser um pouco mais de rendimento com acções ("nem todos podemos ser ricos"); capitalistas, essa corja auto denominada, em Portugal, de liberal, desculpabilizam-se com a inércia (e inépcia) dos governos, a desregulação e o desejo de uma vida modesta de milhares de famílias.

Portugal, quanto a ti, "I did it my way".

Além do eterno futebol, haja tequilla, sexo, marijuana.

Abraço.

Totalistarismo a Technicolor

Data de 1941 a fundação da Organização não Governamental Freedom House. Resultado do empenho de académicos, advogados, jornalistas, entre outros elementos activos da sociedade norte-americana da época. A premissa era, e continua a ser, simples: defender os direitos fundamentais quando postos em causa, salvaguardar o indivíduo das ingerências dos regimes ditatoriais (autoritários ou totalitários). Ou seja, a Freedom House, enceta uma luta pela democracia, pela democracia alicerçada no Direito (Estado de Direito Democrático). Citando o seu manifesto “Freedom is possible only in democratic political systems in which the governments are accountable to their own people; the rule of law prevails; and freedoms of expression, association, and belief, as well as respect for the rights of minorities and women, are guaranteed.”
Expressou a sua oposição e realizou acções de sensibilização na África do Sul (apartheid), na União Soviética, Sudão, Arábia Saudita, Irão, entre outros Estados. Atentemos, à última frase do seu manifesto: “Freedom House functions as a catalyst for freedom, democracy and the rule of law through its analysis, advocacy and action.”
Vejamos o Map of Freedom, recentemente disponibilizado:


Querem Poesia?


A Mãe Do Cativo

I

Ó Mãe do cativo! que alegre balanças
A rede que ataste nos galhos da selva!
Melhor tu farias se à pobre criança
Cavasses a cova por baixo da relva.

Ó Mãe do cativo! que fias à noite
As roupas do filho na choça da palha!
Melhor tu farias se ao pobre pequeno
Tecesses o pano da branca mortalha.

Misérrima! E ensinas ao triste menino
Que existem virtudes e crimes no mundo
E ensinas ao filho que seja brioso,
Que evite dos vícios o abismo profundo...

E louca, sacodes nesta alma, inda em trevas,
O raio da esperança...Cruel ironia!
E ao pássaro mandas voar no infinito,
Enquanto que o prende cadeia sombria!...

II

Ó Mãe! não despertes est'alma que dorme,
Com o verbo sublime do Mártir da Cruz!
O pobre que rola no abismo sem termo;
Pra qu'há de sondá-lo...Que morra sem luz.

Não vês no futuro seu negro fadário,
Ó cega divina que cegas de amor?!
Ensina a teu filho- desonra, misérias,
A vida nos crimes- a morte na dor.

Que seja covarde...que marche encurvado...
Que de homem se torne sombrio reptil.
Nem core de pejo, nem trema de raiva
Se a face lhe cortam com o látego vil.

Arranca-o do leito...seu corpo habitue-se
Ao frio das noites, aos raios do sol.
Na vida- só cabe-lhe a tanga rasgada!
Na morte- só cabe-lhe o roto lençol.

Ensina-o que morda...mas pérfido oculte-se
Bem como a serpente por baixo da chã
Que impávido veja seus pais desonrados,
Que veja sorrindo mancharem-lhe a irmã.

Ensina-lhe as dores de um fero trabalho...
Trabalho que pagam com pútrido pão.
Depois que os amigos açoite no tronco...
Depois que adormeça co'o sono de um cão.

Criança- não trema dos transes de um mártir!
Mancebo- não sonhe delírios de amor!
Marido- que a esposa conduza sorrindo
Ao leito devasso do próprio senhor!...

São estes os cantos que deves na terra
Ao mísero escravo somente ensinar.
Ó Mãe que balanças a rede selvagem
Que ataste nos troncos do vasto palmar.

III

Ó Mãe do cativo, que fias à noite
À luz da candeia na choça de palha!
Embala teu filho com essas cantigas...
Ou tece-lhe o pano da branca mortalha.


Castro Alves.

Uma pequena nota para explicar a imagem que seleccionei. Preferia ter apresentado o poema Navio Negreiro de Castro Alves, porém a sua dimensão considerável o inviabilizou. No entanto, fica a indicação.
Abraço

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Reflexões sobre Socialismo Moderno e Antigo


A expressão mais usada e acarinhada por alguns autores deste blogue, visto que não posso falar pelo Pedro que ainda não a utilizou, é a já odiada e famosa "Socialismo de Miscelânea".
Nas minhas conversas com alguns colegas da faculdade de Direito noto uma certa hostilidade para com o blogue por causa do uso desta expressão, que eu considero uma das obras primas da larga imaginação do Jacob, hostilidade essa que é em tudo injusta e ao mesmo tempo furiosa, por envolver uma forte estocada naquele mito estudantil português do socialismo enquanto solução económica, social e jurídica para todos os problemas, e manancial de boas acções e boas políticas para a "libertação do povo oprimido".
O Socialismo de Miscelânea não é, a meu ver, algo muito específico e digno de definição. Não merece, e não quer, uma definição enciclopédica, é uma expressão de gozo para com o excesso de zelo regulador de alguns governantes e as ideias ultrapassadas de alguns oposicionistas que, demarcando-se do Marxismo- Leninismo ou só do Comunismo, vão caindo na tentação de misturar alhos com cenouras e criar uma nova teoria política, susceptível a tecnocracias e a políticas de "pronto-a-vestir".
O Socialismo, se o pudermos definir em termos básicos, advoga a estatização ou colectivização dos meios de produção e da propriedade privada de um Estado, em diferentes níveis de gravidade, de forma a contrariar as tendências capitalistas da sociedade de classes onde a riqueza se acumula nas mãos de poucos. Implica um intervencionismo de Estado muito forte, assente em dois pilares igualmente poderosos e muitas vezes conflituosos entre si, o Intervencionismo Social e a Racionalização Económica.
No entanto, ao mesmo tempo que há várias formas de chegar ao Socialismo, há também muitas formas de o fabricar. Fala-se em nacionalizações, outras vezes em colectivizações, outras em controle apertado do Estado sobre a produção e sobre a iniciativa privada.
E isto é só o início, podia-se discorrer mais sobre o Socialismo Libertário, que que não reconhece o Estado no controle da economia, mas sim a Colectivização Descentralizada, assumindo na maior parte dos casos um carácter federalista à maneira de Antero de Quental.
É portanto um erro considerar o Socialismo um caminho para o Comunismo per se. Antes de se falar em Comunismo nos moldes actuais (Marx e Engels) já existia o socialismo, desde 1830, aproximadamente. Muitos políticos socialistas apareceram na Europa e governaram os seus respectivos países com ideias socialistas, por exemplo as de Saint-Simon que tanto sucesso tiveram em Portugal em certos sectores políticos do tempo da Monarquia Constitucional , e o Socialismo deu origem posteriormente a teorias como o Comunismo e o Anarquismo de Bakunine.

Hoje em dia, além da amálgama (ou miscelânea) maioritariamente marxista-leninista do Bloco de Esquerda, podemos encontrar no PS alguns vestígios de socialismo antigo (representado por alguma velha escola, como Manuel Alegre). No entanto, a progressiva queda para a Social-Democracia (até então considerada uma ideologia de Direita em Portugal, sendo que o principal partido de Direita é Social-Democrata) e o afastamento de alguns preceitos mais rudimentares das economias colectivistas o inserem no clube dos partidos capitalistas.
Assim, em jeito de aconselhamento aos colegas e leitores e amigos mais confusos, para quem socialismo é sinónimo único de caridade social e Estado Social (que não é, basta notar que o principal jurista do Liberalismo, Hayek, também defende o papel do Estado na Economia), sugiro uma leitura mais despreocupada e menos convencida da superioridade moral de algumas ideias.
Se, de facto, o Liberalismo ultrapassou em duração e eficiência, bem como satisfação dos povos e dos direitos humanos, todos os resultados alguma vez conseguidos pelo Socialismo, há, para os que se mantêm firmes na ideologia socialista com toda a justiça e tolerância, um enorme leque de escolhas e políticas a abraçar ou intelectualizar. O que precisa desaparecer é a visão do Socialismo como uma espécie de sonho utópico anunciante da Boa Nova. Nada de impraticável se apresenta na ideologia do Socialismo.
De facto, o maior inimigo do Liberalismo nunca foi o Socialismo, mas antes as consequências da sua prática...

para ver, Tribuna Socialista.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A Cidade Queimada

O Odisseia oferece, a quem o quiser ler, alguma poesia seleccionada. Fiquemos com o Navio de Espelhos, de Mário Cesariny (parte da obra Cidade Queimada):

O navio de espelhos
não navega cavalga

Seu mar é a floresta
que lhe serve de nível

Ao crepúsculo espelha
sol e lua nos flancos

Por isso o tempo gosta
de deitar-se com ele

Os armadores não amam
a sua rota clara

(Vista do movimento
dir-se-ia que pára)

Quando chega à cidade
nenhum cais o abriga

O seu porão traz nada
nada leva à partida

Vozes e ar pesado
é tudo o que transporta

(E no mastro espelhado
uma espécie de porta)

Seus dez mil capitães
têm o mesmo rosto

A mesma cinta escura
o mesmo grau e posto

Quando um se revolta
há dez mil insurrectos

(Como os olhos da mosca
reflectem os objectos)

E quando um deles ala
o corpo sobre os mastros
e escruta o mar do fundo

Toda a nave cavalga
(como no espaço os astros)

Do princípio do mundo
até ao fim do mundo

E pela voz do próprio:

Poesia no Café

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Luís de Camões

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Tomai Lá do O’Neill!


Açambarco a Alexandre O’Neill a expressão “uma coisa em forma de assim”, pois cabe tal uma luva para descrever o possível Executivo Obama. Quando Hillary, após a derrota nas primárias, passou a apoiá-lo, obviamente, tinha algo em mente que não a vice-presidência. Ora, mais não era que o cargo de Secretária de Estado e, resolvido o problema das dívidas de campanha (uns quantos e constrangedores milhões), tudo indica que sucederá a Condoleeza (que já seduzia, em olhares discretos, a nova Administração). Tendo em conta as suas posições em política externa, que em muito se aproximam de Mccain, os Republicanos tem dificuldade em esconder o sorriso. Aliás, depois da bela campanha anti-Obama de Hillary, não é sem ironia que tomará posse. E falando em Mccain, uma nota para a reunião, na passada semana, com o recém-eleito Presidente, com o fito de discutir possíveis parcerias num futuro bem próximo.
A influência Clinton não pára por aqui: Eric Holder (alto cargo da justiça na Presidência de Bill Clinton) tomará a pasta da Justiça; John Podesta (antigo Chefe de Gabinete) na chefia da equipa de transição; Rahm Emanuel para Chefe de Gabinete; Greg Craig, advogado de Clinton, representará também a Casa Branca.
Por fim, até ver, Robert Gates continuará a chefiar o Pentágono. Mesmo sendo Republicano, pela sua inegável competência, Obama não se permitiu substituí-lo.
Feitas as contas, dispomos de uma senhora que poderá colocar em risco a política externa, pelo menos a prometida em campanha; quatro homens da sua influência; e um Republicano.
Um belo resultado que deixou milhões de obamaniacos” (termo curioso para uma singular afecção), essa carneirada que se deixa enganar por meia dúzia de patranhas melífluas, e um marketing, inegavelmente, eficaz; numa situação de desconforto. Perguntam, em pranto, “Mas onde estão os progressistas?”. Eu respondo: na vossa imaginação, meus caros! Alexandre responderia: “Tomai lá do O’Neill!”.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Sensibilização Pública

"2008 tem sido um ano negro da violência doméstica em Portugal. Homicídios e tentativas de homicídio ultrapassam os números dos últimos 5 anos. Apesar de toda a consciencialização social, os dados apontam para um agravamento do problema. Urge, pois, enfrentá-lo com respostas mais eficazes.

Neste sentido, a UMAR lança agora uma campanha dirigida aos homens para estes se solidarizarem com as vítimas de violência, retirarem o apoio aos agressores e se demarcarem publicamente dos seus actos.

A campanha “Eu Não Sou Cúmplice” tem o objectivo de mobilizar as energias masculinas para esta batalha dos direitos humanos que está longe de estar ganha.

Os homens abaixo-assinados repudiam toda e qualquer violência contra as mulheres, comprometendo-se na consciencialização e intervenção social da sociedade para a igualdade de género e promoção de uma cultura de não violência.

Os homens abaixo-assinados apelam a todos os homens que não sejam cúmplices e testemunhas passivas da violência contra as mulheres."

assine a petição aqui


in Torreão Sul

um 25 a não esquecer


Dia 25 de Novembro de 1975 deve ficar fincado na memória nacional como o dia em que as forças democráticas moderadas enfrentaram as forças radicais de extrema esquerda e venceram.
O golpe militar, planeado por forças pró-comunistas que planeava tomar a Base Aérea de Tancos com a ajuda de um regimento de pára-quedistas e assim desequilibrar o apoio que o Exército dava, na generalidade, à facção democrática, e assim consumar o caminho ideológico que o País seguia nesses Anos Quentes.
PS, PSD e CDS, bem como o Grupo dos Nove e a Igreja Católica, consumaram o esforço conjunto para controlar os rasgos totalitários do PCP, do COPCON de Otelo e dos restantes grupos Marxistas-Leninistas.
A união de uma facção, em contraste com a divisão e incerteza presente na outra, deu a vitória aqueles que, provavelmente, eram os mais improváveis de sair vencedores.

Se o 25 de Abril de 1974 é o Dia da Liberdade, o 25 de Novembro de 1975 merece, claramente, o epíteto de Dia da Democracia.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

desenhar políticas, ou "Quem regula os reguladores?*"


* título tirado daqui

A Ler: Solidariedade

A oposição liberal ao Kremlin, que não está representada no Parlamento russo, reuniu-se hoje numa conferência para criar um novo movimento político, que se deverá chamar Solidariedade.
A realização desta conferência fez lembrar o jogo do “gato e do rato”. O local da realização da conferência era secreto para que as autoridades não conseguissem impedir a sua realização, como fizeram no passado dia 02.
Entre os delegados estavam representantes de vários partidos da ala liberal russa, bem como dirigentes de organizações não-governamentais e de defesa SOS direitos humanos.
Os participantes da conferência elegeram delegados que irão, num congresso a realizar a 13 de Dezembro, constituir o novo movimento Solidariedade.
“A Rússia precisa de um movimento político como a Solidariedade dos anos 80 na Polónia”, defendeu Iachin.

in Da Rússia

domingo, 23 de novembro de 2008

Reflexões sobre Liberdade Religiosa


Quando se discute a posição do Estado em relação às comunidades religiosas, costuma-se invocar o principio da laicidade como principio definitivo do Estado de Direito.
Fala-se assim em Estado Laico, como o Estado que não avalia os seus cidadãos nem os discrimina em função da sua religião. Este principio, no entanto, pode funcionar em várias vertentes e para várias culturas do Direito e da Liberdade.

Estado Laico, no entanto, não é o mesmo que Estado "Laicista", ou de ideologia "laicizante" dos cidadãos. Viola-se a neutralidade do Estado para com as escolhas religiosas dos seus cidadãos quando se proíbe ou se impõe entraves ao culto ou estudo ou profissão de uma religião. O Estado Português produto da Revolução Republicana de 5 de Outubro e da Constituição de 1911, devido à carga ideológica radical dos partidos dominantes e da própria Constituição, era altamente anti-clerical e anti-religioso, violando princípios básicos e liberdades consideradas garantidas e seguras que já vinham de tempos até anteriores às primeiras Constituições Monárquicas. Neste caso não podemos considerar que estivemos na presença de um Estado Laico, visto que estávamos perante uma atitude frente à religião que pode até ser considerada dogmática, o ateísmo militante. Contrariando assim o verdadeiro objectivo do ateísmo, partilhar livremente uma vida sem religião e Deus e mesmo assim valiosa e repleta de significado intrínseco, os republicanos do 5 de Outubro, que ainda andam por aí, criaram outra religião, a religião da opressiva ausência de Deus, o Ateísmo Divino.

Como remate deste texto, fica uma pergunta teórica para os leitores: Será que a presença de uma religião oficial inibe a formação de um Estado Laico?
Podemos assim considerar que o Estado Português, durante o período de vigência da Constituição de 1826, era um Estado sem liberdade religiosa e cuja cidadania era defendida pelo Estado de acordo com a sua religião? A resposta, obviamente, é não.
O Reino da Jordânia, que considera na sua Constituição o carácter oficial do Islão enquanto religião oficial do Estado, é uma terrível ditadura "ayahtolla" intolerante? A óbvia resposta é não. É talvez a nação de cultura islâmica mais tolerante, tendo muitos menos problemas com as diferentes comunidades religiosas que a Turquia "laica".

A oficialidade de uma religião prende-se ao perfil cultural de um povo, de uma nação, de uma história. Isto deve-se ao simples facto de a Religião, para todos os efeitos, ser ela própria um dado cultural, inserido dentro dessa enorme miscelânea que costumam ser as civilizações.

Podemos assim esquecer a típica definição de Estado Laico como estado não-oficial. As hipóteses de um cidadão ser reprimido pelas suas escolhas religiosas num Estado Laico de inspiração Ocidental são tantas como num Estado Islâmico, o que muda é o contexto histórico em que se está inserido. No tempo em que as repúblicas jacobinas francesas e portuguesas privavam os homens livres do seu culto original, essas mesmas nações e povos islâmicos, entre eles a Turquia, davam boas provas de civilidade à Europa.

A Liberdade Religiosa e o Estado Laico medem-se assim, só e puramente, pelo grau de intervenção do Estado nas Igrejas e Cultos e o grau de afectação que toma em relação a estes.

nota: foi feita uma pequena modificação no texto, na parte que revela o objectivo do ateísmo. A exposição do mesmo tinha, devido a um erro de linguagem, uma conotação negativa. A nova versão, pelo menos intencionalmente, suprime-a.

Défice de Honestidade

Ao invés de aplaudirmos actual Governo pela redução do défice público, devemos ter em linha de conta as variáveis alteradas para a prossecução de tal objectivo populista (objecto hermético). Variáveis que muito raramente são referidas. Vejamos o seguinte quadro, respeitante ao lapso temporal 2004-2009:


Podemos ver que, para além do crescimento económico inexistir, o rendimento por habitante decaiu mais de um por cento; o endividamento da economia é preocupante; a carga fiscal aumentou (a nível comunitário ainda sobra margem para aumentos); bem como o desemprego. O despesismo e a falta de investimento (investimento consciente e empenhado no progresso, não obras públicas, as eternas obras de Santa Engrácia!) merecem particular enfoque.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

No Reino dos Sindicatos...

cada vez mais me pergunto se ter representação sindical, em certos casos, traz efectivamente benefícios para certas classes de trabalhadores...

Praetor Maximus



"Não sei se, a certa altura, não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois, então, venha a democracia". Discursava Ferreira Leite como convidada na Câmara de Comércio Luso-Americana. Poucas horas decorreram é já a celeuma é bastante. Todavia, poderá ser o escândalo mais de companhia (como em Lisbon Revisited), se analisarmos friamente as declarações da líder Social-Democrata. Ora, Ferreira mais não fez que doutrinar-nos, referindo-se, nitidamente, à magistratura extraordinária (duração de 6 meses) de ditador, existente na Roma Antiga. Daqui resulta que, a haver dúvida, seria a concernente aos poderes deste magistrado (ditactor optmima lege creatus, ou dictactor imminuto iure?), uma vez que, a expressão “mete-se tudo na ordem” sujeita-se múltiplas interpretações.

Assim sendo, após o período legal de 6 meses a normalidade democrática seria retomada, com a restituição de poderes aos magistrados a enumerar: censores; consules; praetores; aediles curules; e quaestores. Louvemos os doutos ensinamentos romanos e apliquemo-los sem demora.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

e se o problema for o Ministério?

O que o Ministério da Educação devia fazer:
  1. Financiar as escolas e centralizar o sistema.
  2. Providenciar informação e formação aos professores.
  3. Avaliar alunos e propor-lhes exames de admissão ao ensino secundário e superior.
  4. Avaliar escolas e professores.
  5. Examinar rigorosamente e encomendar análises sobre as propostas de escolas e sindicatos sobre reformas da educação.
  6. Criar uma infraestrutura legislativa para regular o sistema educacional.

O que o Ministério da Educação faz:
  1. Inunda o sistema com uma burocracia idiota e inútil, impede que o Estado possa financiar directamente as escolas, e fá-lo através de um sistema corrupto e demorado, que não fará ninguém sentir a sua falta (àparte os burocratas), que consiste em transitar dinheiro de A para B, recorrendo a um C ineficiente.
  2. Regula a educação e as prerrogativas dos professores, sem ter em conta as necessidades e vontades de pais e comunidades, planeando, ditatorialmente, a seu bel-prazer o que a educação portuguesa deve ser nos períodos de vigência da administração do ministério.
  3. Obriga cada estudante a optar por uma carreira que não lhe interessa, atirando-os para o ensino superior ou para o emprego precário. Formação em escolas técnicas é algo ainda considerado inapropriado e sinal de fracasso pela sociedade, induzida pela acção do Ministério.
  4. Impõe aos professores modelos particularmente odiados pela classe profissional, e estabelece rankings que favorecem os que apoiam os governos em funções e os partidos do Poder, limitando a ascensão pelo mérito.
  5. Bloqueia todo o tipo de contactos das escolas com os particulares, sejam as empresas ou os pais. O nível de centralização é tal que só a ideia de uma escola possa se especializar em certas disciplinas de acordo com acordos com empresas locais ou que os pais e professores possam discordar com certas reformas do ensino público são tomadas como subversivas e prontamente apelidadas de "neo-liberais", accionando-se para isso os mecanismos de defesa do Ministério, as juventudes comunistas e os processos disciplinares.
  6. Cria uma salgalhada de artigos que os professores não compreendem, e que são usados pelos gurus dos departamentos e conselhos directivos para tutelar paternalmente a actividade dos restantes professores.
Q.E.D., talvez seja melhor abolir o Ministério da Educação, e passar a atribuir a educação aos educadores, de uma vez por todas. Ou então abalar valentemente as competências do Ministério, já que este é o país do respeitinho pelo establishment e pela Santa Burocracia.

Idiotice Infantil II

Tiago Loureiro n' O Novo Século

textos relacionados:
Idiotice Infantil

a ler também:
Lembranças dos meus tempos de jovem, Tiago Loureiro n' O Novo Século
trinta anos de corporativismo na educação, Rodrigo Moita de Deus no 31 da Armada
Pro Teste (3), Gabriel Silva no Blasfémias
A escola tem de perder a carga ideológica, André Abrantes Amaral

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Rádio Odisseia




Nova faixa na Rádio Odisseia. Desta feita, a tenebrosa Red Right Hand do Nick Cave.

o que se passa do lado de lá da cortina de ferro?!?

O mesmo de sempre! Muito amor-livre, gritos à revolução, partidos novos e Conferências Sobre Karl Marx!!!

E o que se passa neste lado da cortina de ferro?
Descobre-se que desregulação e discriminação racial não combinam tão bem como a versão "regulada", e que afinal de contas Obama é um capitalista do piorio (a tristeza, oh a tristeza)

Deste lado da cortina, só más notícias para o lado de lá...

domingo, 16 de novembro de 2008

Capitalismo Social


Muhammad Yunus, professor de economia, defensor do livre mercado, crê na redução do intervencionismo estatal, não concorda com políticas Socialistas. Salvou 150 milhões de pessoas da miséria! O criador do microcrédito, distinguido com o Prémio Nobel da Paz em 2006, é um indivíduo fascinante, um visionário em toda a justeza do termo.
No final dos anos setenta, fundou o Grameen Bank, movido pelo desejo de poder contrariar certos dogmas da economia e emprestar dinheiro a populações rurais paupérrimas, reféns de agiotas e vigários que tais. Calculou que bastariam 27 euros para alterar a vida de uma pessoa, pare lhe permitir adquirir os instrumentos necessários à prossecução de um negócio próprio. Assim, com um pequeno impulso é possível às populações empobrecidas conquistar, pelo seu próprio empreendedorismo, meios de subsistência que lhes permitirão seguir uma vida, consideravelmente, mais desafogada.
O Grameen Bank concede empréstimos sem exigir qualquer garantia, com juros baixíssimos, e regista mais de 95% de retorno. Tais são os lucros que não necessita de recorrer a donativos desde 1995, e já colabora com dez mil instituições bancárias de todo o mundo.
A tudo isto, Yunus dá o nome de Capitalismo Social. É imperioso não confundir tais ideias com o Socialismo de Miscelânea, aquele que empanturra quem não precisa com subsídios; que ignora quem, realmente, carece de apoio; que cresce em burocracia e se consome numa autofagia que nos deveria preocupar, não estivesse ela encapotada de sorrisos e estatísticas. O que este homem faz é bem distinto, e aí está o seu maior mérito. Yunus acredita nas pessoas, reconhece-lhes um potencial a explorar e, ao conceder-lhes crédito, está a incentivá-las a pôr em prática os seus projectos, os seus sonhos. Acreditar em alguém é muito mais do que o Socialismo faz, é mostrar-lhe que, através das suas capacidades, poderá pôr comida na mesa sem depender de terceiros.
E, tudo isto não é mais do que puro Liberalismo, o mercado a funcionar harmonicamente e a provar a sua capacidade. Não reconheço ao Socialismo maior eficácia na intervenção social.
Para concluir cito o notável Muhammad: “Os bancos pedem todos os dias aos seus advogados que apertem os clientes. No nosso sistema não temos juristas. Não precisamos.”

sábado, 15 de novembro de 2008

BPN: o que aconteceu, como, e o que deve vir a acontecer (supostamente)


Enquanto serviço informativo blogosférico da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, o Café Odisseia toma para si alguns deveres sobre a explicação de certos acontecimentos da actualidade. Tomados a devido tempo e após algum estudo sobre a matéria, eles são aqui expostos para usufruto de todos os interessados.
Muito pouco se tem escrito, entre a comunidade da FDUP, sobre o "escândalo" financeiro português. Houve-se algumas conversas de café, murmúrios irritados, mas pouca pesquisa e séria interrogação.
Antes de se atribuir à prática do livre-mercado (bode expiatório para todos os males do mundo, e quiçá do mau estado em que se encontram alguns planetas do nosso sistema solar) analisemos o que correu mal e o que foi feito no Banco Português de Negócios (BPN).
O BPN, sendo um banco relativamente menor no sistema financeiro português, estava, nos últimos anos, a ser gerido de forma algo suspeita. Já em 2005 o Banco fora envolvido numa investigação (ainda em decurso) que incidia sobre a prática de crimes de fraude e de branqueamento de capitais que também comprometia outras entidades.
Nessa altura estava na Presidência do BPN um antigo ministro de Cavaco Silva, José Oliveira Costa (que ocupava o cargo no BPN desde 1997). Após uns problemas em 2008 com o Banco de Portugal (envolvia informações sobre accionistas e separação de áreas financeiras que não foram prontamente cedidas) os principais stock-holders do BPN, assustados com a fama que tanto o banco como o seu Presidente estavam a ganhar, pressionaram Oliveira Costa a sair. Dito e feito, Oliveira Costa saiu. Sucede-lhe Abdool Vakil, e mais tarde Miguel Cadilhe. Ambos reportam ao Banco de Portugal as inúmeras infracções cometidas pela anterior administração, e as falhas de regulação que o sistema cometeu.
Ciente da situação cada mais "mergitur" e menos "fluctuat" do banco, e com uma recessão económica a caminho, Miguel Cadilhe optou por sanear algumas contas do BPN com venda de património, filiais e apoios de outros bancos. Insucesso atrás de insucesso, foi pedir ajuda ao Grande Pai, o Estado. Propôs um plano que envolvia, em princípio, 600 milhões de euros para tornar o Banco insolvente. O Estado nacionalizou o BPN, contra a vontade de Cadilhe, e já injectou, até agora, cerca de 800 milhões.
As razões para esta acção do Estado baseiam-se na recusa de uma colaboração com a administração actual do banco e a ideia de que o dinheiro dos investidores seria melhor investido numa nacionalização, bem como o perigo de que uma falência do BPN poderia causar na economia portuguesa.
Assim, o Estado resolve fazer o seu plano. Morrem as partes do BPN que não interessam (deixa-se o mercado funcionar com a sua acção negativa e regeneradora) e salva-se as partes que interessam, como os investimentos, negócios e a parceria com a Sociedade Lusa de Negócios, que segundo Cadilhe terá muito a perder com esta nacionalização.

Chega assim a hora de culpar e pedir contas aos verdadeiros protagonistas deste primeiro arrombo da crise de 2008 em Portugal.
Terá sido o Mercado Livre e a falta de regulação? Não. O Mercado Livre nunca poderia originar uma situação destas por razões muito simples: os problemas do BPN baseiam-se na criação do banco. Corrupção, financiamento ilegal, contas "off-shore", lavagem de dinheiro, todo o tipo de coisas que se conseguem com o número exacto de conhecimentos tidos dentro dessa enorme alcateia de opções para facilitar o negócio a que se chama "Governo". O problema no BPN não foi a sua liberdade de investir em coisas que deviam ser controladas por um qualquer poder político. O BPN violou sistematicamente a Lei, e a mais elementar supervisão, normalíssima num Estado de Direito e que neste caso devia ter sido feita pelo Banco de Portugal, falhou. E falhou "de propósito", pois está corrupta até às raízes.
A culpa é do estado de letargia em que Vitor Constâncio, Governador do Banco de Portugal, responsável pela nacionalização,se encontra mergulhado voluntariamente, dentro de uma tina de formol, e da qual acordou para importunar o pânico dos acordados, deslocando-se à meia-noie ao Parlamento da República Portuguesa para afirmar que não é ele quem deve prestar declarações sobre o que aconteceu, e sim os espíritos traquinas que atormentaram o desempenho das suas funções.
A culpa é de José Oliveira Costa, porque fez o que quis, durante o tempo que quis. Não foi o único. Nem o primeiro. Mas é a figura mais atingível pelas autoridades. A sua detenção, o seu julgamento, a prova da sua culpa e do seu legado, seriam a machadada inicial e fatal na destruição da classe política cavaquista, a classe política das obras públicas, a classe dos favores e das malfeitorias patrocinadas pelo dinheiro dos portugueses, a classe do Bloco Central.

Por fim, a culpa é dos portugueses. Por um simples facto: ainda não aprendemos a distinguir dois factores importantíssimos da vida pública: a política e a economia. Enquanto não o fizermos, vamos acusando os "ultra-liberais" e o Mercado Livre pelos milhões que desaparecem sem razão aparente do cofre de Estado, tudo em nome dos ditos "socialistas" deste país, que o consomem em estudos, relatórios e concessões.

Idiotice Infantil


Em dias conturbados como estes têm sido, que abrangem desde mensagens num português que eu não entendo (deve ser do acordo ortográfico; afinal Vasco Graça Moura tinha razão em criticá-lo), a ovos delicadamente direccionados a que importa acrescer o desenfreio vocabular dos estudantes, decidi começar a pensar o assunto do avesso.

Ou seja, e se em vez de começar já para aí a falar que os alunos têm razão, que o Ministério
é fascista, autoritário, totalitário (já tenho ouvido isto), for ver porque é que a idiotice se rebela?
Ah, por idiotice entendam-se os alunos abrangidos pelo novo Estatuto (excluo só os do ensino básico).

Pois bem, o que os alunos (idiotas) "pacificamente" contestam neste Estatuto vem a ser, primeiro que tudo, o concernente às faltas. Imagino que não se devam ter dado ao trabalho de, antes de se manifestarem, lerem o seu próprio Estatuto, o qual, a mim, não me diz nada. Todavia, uma noite de insónia desperta a necessidade de acções que nunca pensamos fazer. Foi o que me aconteceu, fui ler o famigerado, o insurrecto (sem propaganda bloguística), o pretendido "de cujus". Li o concernente ás faltas e parece-me que continuamos com o mesmo problema de sempre...
preguiça.

" A ministra pôs-nos direitos que parecem deveres" é apenas uma amostra do que por aí se ouve. No entanto, com preguiça refiro-me á não vontade, seja porque motivo for, pelo qual os estudantes NÃO QUEREM ESTUDAR. Só posso apoiar, então, as palavras ministeriais de que o Estatuto pretende defender, antes de mais, os alunos empenhados e os bom alunos.

A Lei 3/2008 de 18 de Janeiro versa sobre faltas do seu artigo 18º a 23º (creio que o busílis das manifestações reside aqui). O que mais me parece mister partilhar, é a tal realização da prova de recuperação, enfim, as consequências das faltas. Enfim, desabafo que não consigo conceber estes actos, não coadunáveis democraticamente (teria sido a isto que o Chefe do Estado Maior das Forças Armados se referiu umas semanas atrás?), senão como manifestações dos alunos preguiçosos, dos alunos que não querem estudar, dos alunos que não se decidem sequer a pôr os pés na escola. Pena que sejam estes os mesmos que, demagogicamente, formatam alunos ainda com 10 anos.

De tudo isto, e sem ESQUECER A AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES, só posso emitir a minha opinião para apoiar, neste quesito, o Ministério da Educação e a Ministra. Haja alguém.

Abraço.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

rádio odisseia

Comfortably Numb - Pink Floyd

música para depois de uma noite de cansativo trabalho.
o melhor rock de sempre.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Agitar as Águas


Vive-se bem no Eliseu e Sarkozy, apreciando a vista, tem razões para se sentir realizado. Ponhamos as lições em dia: uma prontidão irrepreensível na resolução do conflito na Geórgia (“Sarko doma o urso" – Newsweek); e uma notável campanha na amenização dos danos da crise financeira. A comunidade internacional reconhece-lhe o mérito e, quem o apelidava de “homem perigoso” no início do mandato, agora não se cansa de elogiar as suas ideias sociais-democratas.
A nível interno Sarkozy exala de satisfação. Sobranceiro, observa a selvajaria em que se afunda o PS, dividido entre Ségolène Royal, Martine Aubry e Bertrand Delanoe.
Assim sendo, o principal oponente de Nicolas parece ser, fiemo-nos nas sondagens, Olivier Besancenot, um carteiro de 34 anos, trotskista e amigo de Francisco Louçã. Ora, este carismático revolucionário (alguma imprensa francesa trata-o assim), membro do partido LRC (Liga Comunista Revolucionária), pretende lançar, nas próximas semanas, o NPC (Novo Partido Anticapitalista), prova cabal da sua intolerância! Considero que o prefixo anti, só deve ser empregue em antifascista, antimaoísta, antiestalinista, etc. Assim como seria escandalosa a criação de uma frente anticomunista, este NPC deve ser encarado com desprezo, com a repulsa que qualquer iniciativa atentatória à democracia merece!
Vem, então, Olivier Besancenot, rapazola de um só livro, com promessas de aumentos salariais de trezentos euros nas franjas sociais mais desprotegidas (pura demagogia, retórica tão oca quanto alucinada) e a sua Frente de Intolerância, apregoar um cartilha coberta de pó e apontar o dedo a Sarkozy. Esperemos que não passe de um fenómeno sazonal!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

sinais dos tempos

Assusta-me abrir o site da faculdade, digitar a minha "pass" e senha, carregar no link com o meu nome, e depois descobrir que estou no curso de "Direito Bolonha".
Não foi, de facto, aquilo para que eu concorri há um ano atrás...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Embaraço Autónomo da Madeira


O deputado regional do Partido Nova Democracia (PND), José Manuel Coelho, embandeirado numa suástica, chamou fascista a Alberto João numa atitude, obviamente, condenável! Em processo movido pela maioria parlamentar (PSD-Madeira), sob a acusação de apologia ao nazismo, o deputado em questão foi suspenso e, veja-se o cúmulo, impedido de entrar no edifício da Assembleia (decisão do presidente da ALR, Miguel Mendonça). Puro arbítrio, que só demonstra a vitalidade da democracia madeirense, plena de ingerências e desmandos.
Imaginemos que o mesmo se sucedia na Assembleia da República. Ora, o Deputado X (não dêmos largas à malícia) desfraldava a sua cruz gamada, e a maioria parlamentar (desta feita, constituída por deputados do PS), sem qualquer processo judicial, decidia suspender o nosso caro X. Diz-nos a Constituição da República Portuguesa, no artigo 157º, nº1 que “os Deputados não respondem civil, criminal ou disciplinarmente pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções”; um olhar pelo nº4 do mesmo artigo revela-nos que “movido processo criminal contra algum Deputado, e acusado este definitivamente, a Assembleia decidirá se o Deputado deve ou não ser suspenso para efeito de seguimento do processo (…)”.
Uma nota final para a prontidão do Presidente da República na resolução deste caso, embaraçoso de parte a parte.

só pra que não se esqueçam...


o que me chateia é que, por agora, o Jesualdo tá seguro...

domingo, 9 de novembro de 2008

Liberdade Económica

Pensem num gráfico que represente a Liberdade Económica dos cidadãos de cada país.
Com Liberdade Económica, quer-se dizer a capacidade de conduzir livremente o negócio, liberdade de comércio, direitos sobre a propriedade privada, impostos relativamente justos e baixos, liberdade em relação à intervenção do governo sobre os factores previamente ditados.

Agora, pensem que, num pressuposto índice de liberdade económica, se mostrava quais os países mais livres e os menos livres, usando a cor azul escuro para os mais livres e branco para os totalmente não-livres.

Agora, imaginem mais um pouco, e vejam as posições de certos países normalmente vistos como "oprimidos" pela exploração capitalista (EUA, Chile, etc.) e outros que se dizem "socialistas" (Suécia, Itália, Espanha, etc.).
Procurem aqui em que posição está Portugal.



E já agora, fica o mapa.

coisas técnicas

No esforço, a meu ver benéfico e titânico, de promover a actividade blogger da FDUP (coisa que, muitas vezes, é vista como actividade despropositada por alguns membros da mesma Faculdade) o Café Odisseia tem o prazer de apresentar mais um bastião de livre pensamento, o O Quarto.

Podem ver aqui o novo blogue do Hugo, que já veio visitar este sítio umas poucas vezes, levando flores na mão umas, e às vezes umas belas pedras pontiagudas para atirar (tem de ser, não lhe levámos a mal, até pelo contrário)

Fica o repto lançado.

PS: o site da AEFDUP que estava na secção de links estava, segundo me disse o Hugo, desactualizado. E, aparentemente, muito. E, pior que isso, não é administrado por pessoas da actual associação. Peço desde já desculpas pelo lapso, se ficaram à espera da jantarada marcada para dia 12 de Outubro de 2003, a culpa foi minha.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Não Vos Equivoqueis, Caros Leitores


Por respeito aos leitores, os administradores do Café Odisseia acharam por bem esclarecer alguns aspectos, orgânicos e materiais, do blogue. O Café Odisseia surgiu para colmatar uma lacuna deixada em aberto pela manifesta falta de qualidade, aprumo, e profundidade intelectual dos projectos informativos à data existentes. Como tal, constitui uma iniciativa académica tão válida como qualquer outra (apesar de dispensar determinados formalismos de oficialização), e que actua em benefício da mesma. Podem chover críticas de elitismo, todavia quedam-se infundadas. De facto, o blogue não está aberto a mais administradores, no entanto, está absolutamente receptivo a publicar textos de qualquer estudante, independentemente da sua filiação partidária, religião, ou outras opções vivenciais; preenchendo o requisito de qualidade de que somos fieis cultores. Dispomos, então, de uma secção destinada a autores convidados, inaugurada (e que bem!) por Francisco Matos; assim seguiremos.

Convém frisar a qualidade dos textos que publicamos, todos prementes e devidamente maturados. Por um imperativo de honestidade, admitimos que não são apolíticos nem despidos de ideologia. Falemos abertamente: o Manuel Rezende é um puro liberal; eu (Pedro Jacob) encontro-me igualmente à direita no espectro político, no entanto, sou mais conservador; o Pedro Marques da Silva é socialista (nota para a abertura do projecto). Por terra cai quem nos considera fascistas!

Outro reparo, consideramo-nos no direito de gerir os comentários, não por censura, mas para impedir mensagens que em nada contribuam para uma sã e harmónica discussão.

Do exposto, cientes da qualidade da nossa escrita, ávidos por contribuir positivamente para a comunidade académica, sublinhamos o desejo de colaborar com todo aquele que acredite no futuro do Café Odisseia. Quem fizer profissão de o atacar, só pelo gosto selvático da intriga, pois muito bem, que Deus o proteja.

a tosquia do meu poodle, José Sócrates


Portugal é um país doente. Corroído pela classe política, pela corrupção e pelo politicamente correcto, é um verdejante pasto para o alegre saque de executivos messiânicos. No meio de tanta miséria, de tanto gasto, de tanta ilusão e de tantos "homens perfeitos para o trabalho", Portugal vê-se agora com o pior Executivo, e com a trupe mais corrupta e mesquinha da sua mais recente história democrática.

Sócrates não dará tantas alegrias a Portugal sendo político como daria sendo ginasta. Ou vendedor de laptops a latino-americanos.
Todo o seu contributo ao país, perdido em orçamentos e licenciaturas de engenharia, seria muito mais bem aproveitado no desporto nobre e sereno da Ginástica.
O leitor, incauto e desprevenido, perguntar-se-à porque é que eu, simples estudante e blogger, sei tanto da condição física do Primeiro-Ministro.
Resulta pois de um intrincado raciocínio esta minha opinião. Ora vejam este excerto, no Diário de Notícias:

Muito bem. Um homem, para dizer isto, tem de ser um grande ginasta. E porquê? Porque para se contorcer tanto uma declaração, como esta foi contorcida, é preciso ter a sorte de possuir nenhum tipo de espinha dorsal, ou coluna vertebral, que lhe proíba de se sentir constrangido a continuar o seu venenoso diálogo enquanto se inclina sobre si mesmo.
Assim, José Sócrates é, além de uma viscosa cuspideira, um Keynesiano arraçado de poodle (o pior tipo de Keynesiano). Todo aquele pelinho lustroso e charmoso aspecto disfarça, caso não se tosquie atentamente, um corpo enfermo e doente, fruto do deficiente cruzamento de vários tipos de canídeos enfermos e doentes, condicionados geneticamente para o resultado determinado por um grupo doentio de tecnocratas socialistas.

Que José Sócrates, além de envergonhar a grandeza do seu apelido, seja um maníaco por magníficas e titânicas obras públicas (como o é a Esquerda Portuguesa) nós já sabíamos.
Importa, no entanto, fazer entender aos povos da República o seguinte: não se pode manter indefinidamente o investimento público, muito menos quando se vê a aposta na construção civil como a melhor desculpa para se fazer um TGV perfeitamente inútil e desnecessário.
O problema deste tipo de obras é requererem, devido à sua magnitude, muita mão de obra. Essa mão de obra, não estando disponível no país porque, admitamos, não há gente suficiente para a trolha, vem de fora. É mão de obra estrangeira, aproveitando a onda de investimentos públicos maciços em áreas de pouca ou nenhuma qualificação, que assenta arraiais e ronda as ofertas de emprego.

Este comportamento é perfeitamente legítimo, é leal e é fruto das doces liberdades das fronteiras e sociedades abertas.
O grande problema é quando a torneira consumista fecha. Quando os naturais, os nacionais, os contribuintes, os que pagaram todos esses "Neo-Conventos de Mafra", se fartam de tanta fartura construtora e resolvem pôr um fim ao Livre-Gastar.
Aí o problema não mais será do Partido Socialista. Será do Partido Social-Democrata (ou de outro qualquer que tenha o azar de suceder a José Sócrates) e dos imigrantes, que agora terão de procurar outro pouso para ganhar o seu pão. O que Manuela Ferreira Leite quis dizer não foi que lhe dói na Alma que o estado use do trabalho de pretinhos e de eslavos, que ela não repugna nem despreza, mas sim que o estado use fundos públicos para costear obras desnecessárias que apenas beneficiarão as construtoras oficiais, e que o faça com a bandeira da "criação de mais empregos".

Aquilo que o sector da construção civil dá é apenas uma provisão de empregos temporários. Fica bem na Estatística de Poodle Sócrates. Fica mal no bolso dos portugueses. Muito mal mesmo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Admirável Mundo Novo - autor convidado


Senhoras e senhores, é verdade: ainda estamos a curar a “ressaca” da vitória de Obama nas presidenciais de ontem e é claro que vivemos já num mundo novo!

Hoje o Sol despertou mais cedo, os pássaros cantaram mais alto e essa flora primaveril já se atreve a florescer (Sim! O fenómeno “obaniano” é tal que até a Primavera se sentiu no direito de se antecipar ao Inverno); o buraco do ozono está mais “piqueno”, foi celebrado hoje o primeiro casamento entre israelo-palestinianos e até os eternos servos de Mugabe têm razões para estar contentes! (Como é o meu 1º comentário no Odisseia e ainda estou a “apalpar” terreno, não me atrevo a dizer, para não ferir susceptibilidades, que até já corre o rumor que diz que, até pelos lados da 2ªCircular, junto à gloriosa catedral da luz, é menos intenso o já tão característico cheiro a bosta! – mas ainda bem que não me atrevo a dizer…)

Mas, gracejos de mau gosto à parte, o resultado eleitoral de ontem constitui uma grande vitória para essa grande democracia, dessa América que “nunca cessa de nos surpreender” (para citar Condoleezza Rice), e pela qual, subitamente (diga-se), já todos nutrimos uma grande simpatia. E é talvez neste ponto que esta mudança seja bem-vinda – talvez venha representar a cura a esta epidemia anti-americana que assolou o mundo neste último século… esse mundo que, antes destas carradas de intervencionismo imperialista e cheio de malvadez, era um mundo tão são, pacifico e diplomático.

Resta-me perguntar, não num desvairo infantil de quem quer estragar a felicidade e esperança gerais, mas sim por pura curiosidade política e intelectual: será que Obama vai mesmo trazer uma mudança nas relações internacionais, uma mudança que trará menos recurso à força e mais diálogo? E será essa política dialogante suficiente para segurar a frágil democracia iraquiana (ainda por cima gerida à distancia com as tropas no conforto dos seus lares – como promete o 1ºpresidente afro-americano)? Essa política dialogante será forte o suficiente para acabar de vez com a Al Qaeda, para fazer frente a um Irão nuclear e a uma Rússia desejosa de estender as suas fronteiras?

O novo residente da Casa Branca tem 4 anos para responder a estas perguntas…4 anos que todos esperam compensar estes desastrosos 8 que os antecedem.

Francisco Cameira Matos

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