sexta-feira, 30 de abril de 2010

Se a moda pega

A Secretaria informa todos os pagadores de propinas que, para poderem utilizar os serviços de WC da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, seja para mijar, cagar, ou simplesmente dar uma rapidinha sem o Senhor Ferreira ver, terá de preencher o seguinte formulário, e mandar via telegrama pelo sigarra:


Esta medida, estabelecendo um compromisso ético contra o aquecimento global, visa a colocação de um grande Chorão à frente da FDUP, de modo a tornar a fachada mais ecológica para quem acabe de comer no tasco People, inclusive professores.

Além das razões supra numenclaturadas, esta medida evita também que pessoas sem cu usem indevidamente a casa-de-banho.

No caso de faltar o papel higiénico, e para não acordarem Ferreiros, aconselho uma nova gama, cortesia da Editora Almedina.


A Secretaria da Faculdade de Direito da Universidade do Porto
(Colaboração de Lindor Ausónia)

os melhores também vencem

São muitos os que culpam os alemães pela crise na Europa. Fossem ‘eles’ mais solidários e nem a Grécia, menos ainda Portugal e o euro sequer, estariam a passar pelo que está a acontecer. Quisessem ‘eles’ ajudar e tudo correria fluidamente. Já tive oportunidade de referir a inveja que os ‘parceiros europeus’ nutriam pela solidez alemã, bem como os problemas que iriam criar para a solidez das instituições europeias. Não deixa de ser interessante analisar os diferentes comportamentos dos vários povos europeus perante os problemas económicos que a Europa atravessa. Enquanto a Alemanha poupou, não se excedeu e hoje vive com um pé de meia, a Irlanda encarou a situação de frente e apresentou medidas difíceis e dolorosas. Tão abrupto foi o corte nos salários e no investimento público, que os mercados deixaram Dublin em paz. Entretanto, na Grécia, um plano de suave austeridade levou manifestantes para a rua, enquanto em Portugal há quem prepare greves e os que têm emprego garantido por lei, lamentam que os seus salários não sejam aumentados.

Sejamos francos: com esta mentalidade não há Europa unida que se preze, nem riqueza que se crie.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

ler os meus textos sobre democracia e sobre o 25 de Abril na minha coluna do Jornal Tribuna

domingo, 25 de abril de 2010

sábado, 24 de abril de 2010

mais uma vez, sobre a tolerância de ponto

do maradona,

No Jugular, o Miguel Vale de Almeida, mas também, ao que parece, a Fernanda Câncio (a melhor pessoa do mundo de todo o sempre!!) caramba, manifestam sensibilidade muito aguda perante a tolerância de ponto oferecida pelo Governo por causa da merda do caralho do Papa (que por acaso escreve maravilhosamente). Não me lembro de muita agitação perante a tolerância de ponto dada pelo Governo a propósito do Carnaval, essa arquitrave da doutrina da Igreja. O Miguel Vale de Almeida chega ao ridículo de publicitar um grupo no Facebook que afirma, expressamente, não aderir à tolerância de ponto do dia 13 de Maio: e os mesmo meninos e meninas tiveram laicismo suficiente para não aderir à tolerância de ponto proposta pelo mesmo Primeiro Ministro do dia 24 de Dezembro e 2 de Janeiro?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

sobre Paulo Otero

tenho a dizer basicamente isto:

"(...) foi o próprio Tribunal Constitucional que justificou a não inconstitucionalidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo a partir da noção historicista de que o casamento é um “conceito aberto”, que admite “diversas conformações legislativas”, “políticas”, “éticas” e “sociais”, dependente das “concepções dominantes” de cada “momento histórico”. Se o argumento serve para o casamento entre pessoas do mesmo sexo, porque não há de servir para o casamento entre um ser humano e um animal vertebrado doméstico? Eu compreendo o desagrado provocado pelo enunciado do teste, mas compreendo-o melhor nas pessoas que têm do casamento um conceito fechado. Já o desagrado dos outros soa a uma mistura de desonestidade intelectual, falta de imaginação e sonsice. "

segunda-feira, 19 de abril de 2010

burguesia, materialismo e marxismo

It is, of course, only too natural that a young man, brought up in the bourgeois spirit which culminates in the cognition that material issues are the most important ones, finally finds his way to Communism.
If the production and distribution of goods is the problem of humanity it is difficult to see how a sincere, altruistic, and logical thinker, accepting the preceding statement as axiomatic, can under present circumstances come to any other solution than that offered by Moscow. The egoist, on the other hand, finally lands in Manchester. An education based on £.s.d. or on dollars and cents, inspired by the awe for technical "progress," i.e., a modern, ochlocratic education, can hardly establish other aims of
existence.



in The Menace of The Herd, E.K. Leddihn

um pouco de protestantada


Se não tens tempo nem oportunidade para consagrar uma dezena de anos da tua vida a uma viagem em volta do mundo para observar tudo o que um circunavegador pode aprender; se te falta, por não teres estudado por muito tempo as línguas estrangeiras, os dons e os meios de te iniciar nas mentalidades diversas dos povos que se revelam aos cientistas; se não pensas em descobrir um novo sistema astronómico que suprima o de Copérnico, bem como o de Ptolomeu - então, casa-te; e mesmo que tenhas tempo para viajar, dons para os estudos e a esperança de fazer descobertas, casa-te do mesmo modo. Tu não te arrependerás, ainda que isso te impeça de conheceres todo o Globo terrestre, de te exprimires em muitas línguas e de compreenderes o espaço celeste; pois o casamento é e continuará a ser a viagem da descoberta mais importante que o homem pode empreender; qualquer outro conhecimento da vida, comparado ao de um homem casado, é superficial, pois ele e só ele penetrou verdadeiramente na existência.

Emmanuel Kant, in 'Considerações sobre o Casamento em Resposta a Objecções'

domingo, 18 de abril de 2010

esplendor de Portugal

um resumo

  • O empréstimo à Grécia a 5% é usura. Tanto nós como os outros países estamos a explorar os nossos irmãos gregos. Deveríamos emprestar aos gregos ao mesmo preço que conseguimos. A lógica é que estamos a aproveitarmo-nos dos especuladores que pedem 7%, para sermos também especuladores, pedindo 5%, em vez de 3%.
  • Podemos generalizar sem problemas a culpa da igreja nos casos de pedofilia, mas é um absurdo inqualificável dizer que os pedófilos que abusaram de meninos são homossexuais. Há 3 géneros de pessoas, hetero, homo e depravados. Foram estes últimos, os depravados, que abusaram de rapazes mas poderiam ter abusado de ovelhas porque em cada momento abusam do que têm à mão.
  • O celibato dos padres devia ser legalmente proibido porque é um atentado aos Direitos Humanos.
  • Prender o papa é giro. O papa devia passar a andar de cadeira de rodas como Pinochet, para ver se escapa.
  • Temos um presidente chamado Cavaco & Silva.
  • Tolerância de ponto é igual a feriado nacional.
  • Há muito mais corrupção no sector privado que no sector público, como se prova pelos casos Freeport, TVI ou Taguspark.
  • Pedro Passos Coelho pretende tirar o estado da economia com um objectivo: vender tudo o que dê dinheiro para poder gastar à grande durante o seu governo (‘com dinheiro em caixa’). Quando sair vai deixar o pais na ruína.
  • A RTP é muito mais aberta à opinião das pessoas que a SIC ou a TVI. Se não tivermos televisão pública, os cidadãos perdem o acesso à antena.
  • No mundo há um leque de posicionamentos entre dois sistemas ideológicos extremos, um que é tudo do estado, e outro em que é tudo privado como nos Estados Unidos.
  • Se deixarmos o mercado na mão dos cidadãos voltamos à escravidão, como se pode ver pelo caso dos mercados livres de droga e da prostituição.
  • Nas empresas públicas, como a PT ou a EDP, são os contribuintes que pagam os salários aos gestores. É imoral porque estão a pagar-lhes com o dinheiro dos outros. António Mexia e Zeinal Bava são gestores públicos.
  • CEO quer dizer Central Executive Officer.
  • As pessoas que querem salários muito altos são imorais e têm mais tendência a ser corrompidas. Por esse motivo não devem ser contratadas pelo governo, porque poderão estar a receber dinheiro de outros países para trabalhar contra o nosso.
  • Nas empresas privadas, são os Conselhos de Administração que decidem quanto ganham os administradores.

Aguardo com enorme expectativa a próximo ‘Esplendor’. Um concentrado de pérolas como este não se encontra todos os dias.

sábado, 17 de abril de 2010

55. Mas é preciso reafirmar sempre o princípio que a presença do Estado no campo económico, por mais ampla e penetrante que seja, não pode ter como meta reduzir cada vez mais a esfera da liberdade na iniciativa pessoal dos cidadãos; mas, deve, pelo contrário, garantir a essa esfera a maior amplidão possível, protegendo efectivamente, em favor de todos e de cada um, os direitos essenciais da pessoa humana. Entre estes há de enumerar-se o direito, que todos têm, de serem e permanecerem normalmente os primeiros responsáveis pela manutenção própria e da família; ora, isso implica que, nos sistemas económicos, se consinta e facilite o livre exercício das actividades produtivas.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Revolução e utopia - a nostalgia de um mundo perfeito - estão ligadas: são a forma concreta deste novo messianismo, político e secularizado. O ídolo do futuro devora o presente; o ídolo da revolução é o adversário do agir político racional em ordem a um melhoramento concreto do mundo. A visão teológica de Daniel, da apocalíptica em geral, é aplicada à realidade secular e, ao mesmo tempo, mitificada e profundamente deformada. Com efeito, as duas ideias políticas basilares - revolução e utopia - são, na sua ligação à evolução e à dialéctica, um mito absolutamente anti-racional: a desmitificação é urgententemente necessária, para que a política possa desenvolver a sua obra de modo verdadeiramente racional."
Joseph Ratzinger, Europa. Os seus fundamentos hoje e amanhã.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

remover o Absoluto

Se perguntarmos na rua a qualquer um dos nossos compatriotas desta libérrima terra, garanto que serão poucos os que não compartilham do sonho liberal-comunista de que cada um deve fazer a vida que lhe apetece, independentemente dos laços naturais que possuam nesta terra. E desses, a esmagadora maioria terá por essencial a mudança de mentalidades (a remoção dos absolutos) como prioridade para atingir esse cume da liberdade e essa sociedade livre de discriminação, sem sequer aperceber os constrangimentos à liberdade e a defesa implícita de um posicionamento ideológico que tal acarreta.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Homossexualidade e Pedofilia

Como católico, considero intelectualmente desonestas as declarações do Cardeal Tarcisio Bertone que, no Chile, teve a brilhante ideia de ligar a homossexualidade à pedofilia. E são desonestas porque, num homem com a sua formação, é inadmissível um "raciocínio" digno da superstição mais primitiva e analfabeta. A pedofilia é um crime e uma patologia. E a sexualidade, em versão hetero, homo ou ambas, não é nem um crime nem uma patologia. É só isto.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O Instinto da Manada vs O Sentimento Romântico

O Instinto da Manada - O Sentimento Romântico

A Planície - A Montanha
A cidade, a megalópolis - A vila, a comunidade rural, casa do camponês

Igualdade - Liberdade
Identidade - Diversidade, Hierarquia
Democracia - Monarquia ou Aristocracia
Determinismo - Livre-arbítrio ou Livre-alvedrio
Segurança, protecção - Aventura
Nacionalismo, internacionalismo - Supranacionalismo
O Soldado, militarismo - O Cavaleiro, o guerreiro
Industrialismo - Artesanato
Individualismo e colectivismo - Personalismo
Apartamento, hotel - O solar, a quinta, a casa, a tenda
Antropocentrismo - Teocentrismo
Homogeneidade de massas - Mosaico de famílias
Monotonia - Harmonia
Centralismo - Federalismo (na acepção europeia da palavra)
Ordem horizontal - Ordem vertical
Sociedade contratual - Serviço, autoridade patriarcal

Capitalismo privado ou estatal - Anti-materialismo - por vezes, anti-capitalismo
Anonimato e impessoalidade - Responsabilidade pessoal
Sujeição às exigências dos tempos - Intemporalidade, conservadorismo
Adoração das novas modas, divinização da juventude - Adoração do antigo
Impressão do fim, medo da morte - Sentido de imortalidade

Resultado do último item

Exagerada importância da morte - Indiferença para com a saúde
Vida em Movimento - Vida Contemplativa
Adoração do Doutor, o Homem da Bata Branca - Adoração da vida do Homem Santo
Velocidade (o Carro como símbolo do Homem da Manada, expressão da mortalidade) - Lentidão, procrastinação

Cobardice - Coragem, firmeza
Cuidado - Intrepidez
Escapismo - Capacidade de enfrentar os factos

LEVIandades -reeditado

a pedido de muito bom povo, e porque à data da criação desta peça estávamos todos num processo colectivo de criação artística, respeitando a decisão de um membro que se viu especialmente repugnado pelas reacções iniciais ao texto, e com a aprovação de um respeitado órgão influente nestas coisas de publicar coisas, aqui vai o LEVIandades, tal como veio inicialmente ao Mundo:


Esta democracia está enferma. Partindo da premissa teorética que a democracia é o melhor dos regimes conhecidos, inconcebível será que a consideremos um regime definitivo.
Substitua-se a democracia!

Vou colocar anjos de cabelos loiros no governo, anjos sem sexo e sem maiorias.
Vou sanear todos os Josés Soeiros e demais miúdos acabados de sair da Faculdade de Psicologia, mal vestidos e petulantes, com as suas sandálias de pescador, como os ingleses no Allgarve, o seu gosto pela peças mais panfletárias de Brecht, o desprendimento pelo valor-moeda que só pode vir de um riquinho e bon vivant, que vive num palacete do Campo Alegre.

Vou sanear as suas psicadelices de psicólogo, os seus joguinhos anti-hierarquia, que conquistam todas as meninas das classes de sociologia.
Vou proibir o José Soeiro de procriar!

As grilhetas de Prometeu para Soeiro, grilhetas Armani!
Gravata Hugo Boss e um emprego na iniciativa privada!

Vou privatizar os boxers do José Soeiro!

José Soeiro tem uma estante!
E nessa estante só tem uma peúga. Uma peúga trotskista!

Se José Soeiro fosse uma barata, sobreviveria ao Armagedão nuclear, trazendo a boa nova anti-hierarquica.

O FL, a AD, o DC, e o FDP adoram o José Soeiro.
José Soeiro está para o meu processo criativo como o Café Odisseia para o Bloco de Esquerda.

autoria de M.Rezende e A. Levi

A Igreja e a Pedofilia - Pe. Gonçalo Portocarrero Almada

1. Qual a sua opinião sobre o fenómeno da pedofilia na Igreja Católica?

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada: Como é evidente, não posso deixar de lamentar todos os crimes de abusos de menores. Não só lamento sinceramente todos os casos de pedofilia como espero que as entidades civis e eclesiais competentes tomem as medidas adequadas para a total erradicação deste fenómeno na sociedade e na Igreja.

Não ignoro, contudo, que a esmagadora maioria destes casos ocorre no seio das famílias, sobretudo das mais disfuncionais, e das instituições do Estado, como o triste caso Casa Pia demonstrou, e não nas instituições da Igreja que, embora também vulneráveis, são, por regra, exemplares no seu desinteressado e muitas vezes heróico serviço aos mais necessitados.

2. Como explica o facto deste fenómeno ter assolado a Igreja Católica?

Pe. GPA: Há um manifesto exagero na afirmação de que este fenómeno tem «assolado a Igreja». Temo que o sensacionalismo criado à volta destes casos e o modo como a Igreja Católica tem sido a eles associada por certa imprensa não seja de todo inocente.

3. Quer exemplificar?

Pe. GPA: Com certeza. Segundo Massimo Introvigne, que cita um estudo de 2004 do John Jay College of Criminal Justice, foram 958 os padres acusados de pedofilia nos Estados Unidos, num período de 42 anos, tendo resultado a condenação de 54, aproximadamente um por ano. Se se tiver em conta que nesse mesmo lapso de tempo foram condenados pelo crime de pedofilia 6.000 professores de ginástica e treinadores desportivos, é necessário concluir que o principal alvo desta campanha mediática não é a pedofilia, que é apenas um pretexto, mas a Igreja e, mais especificamente, o Papa e o sacerdócio católico.

Com efeito, é significativo que, citando Jerkins, a maior parte dos casos de abusos de menores protagonizados nos Estados Unidos por clérigos tenham sido perpetrados por pastores protestantes e não por padres católicos e, no entanto, contrariando a mais elementar justiça e objectividade, são apenas estes últimos, em termos mediáticos, os bodes expiatórios...

4. Entende então que se trata de uma perseguição contra a Igreja Católica?

Pe. GPA: Certamente. Qualquer pessoa de bem, mesmo não sendo católica, vê com preocupação esta crescente onda de intolerância laicista, porque sabe que, hostilizada a Igreja Católica ou neutralizada a sua acção social, quem fica a perder é a família, porque nem o Estado nem nenhuma outra instituição é capaz de assegurar o serviço que a Igreja Católica presta às famílias portuguesas, sobretudo às mais carenciadas.

5. A Igreja portuguesa está a investigar com a necessária diligência as suspeitas sobre padres pedófilos?

Pe. GPA: Muito embora a hierarquia eclesiástica não possa, nem deva, ignorar as suspeitas de padres pedófilos, não só não é sua principal missão investigar estes casos como também não conta com estruturas adequadas para uma tal missão.

Mais do que a lógica da suspeita e da delação, tão ao gosto dos novos fariseus, a Igreja há dois mil anos que se rege pela lógica da confiança e do perdão, seguindo o exemplo do seu Mestre que, embora provocando a indignação dos hipócritas, desculpou a adúltera, como também perdoou a tripla traição de Pedro. Mais do que poder ou tribunal, a Igreja é comunhão e família e, por isso, alegra-se e sofre com todas as glórias e misérias dos seus filhos.

A Igreja, que é santa na sua origem e nos seus fins, é pecadora nos seus membros militantes que, contudo, não enjeita, se neles reconhece um autêntico propósito de conversão.

6. Quer com isso dizer que a Igreja condescende com a pedofilia do seu clero?

Pe. GPA: De modo nenhum, pois a Igreja não condescende nunca com a prevaricação de quantos, investidos na especialíssima responsabilidade do ministério sacerdotal, desonram essa sua condição.

Possivelmente, a condenação mais severa de todo o Evangelho é a que Cristo dirige precisamente aos pedófilos e a quantos são motivo de escândalo para os mais novos. Esse ensinamento evangélico, como todos os outros, não é letra morta na doutrina, nem na praxe eclesial.

7. Pode dar alguns exemplos de documentos da Igreja sobre esta questão?

Pe. GPA: Sem a pretensão de ser exaustivo, permita-me que, a este propósito, recorde alguns dos mais recentes documentos da Santa Sé sobre este particular:

- a instrução Crimen sollicitacionis, de 1922 e que, em 1962, o Beato João XXIII reafirmou e na qual se esclarece a obrigação moral de denunciar estes casos;

- o Código de Direito Canónico, que reafirma a excomunhão automática, ou seja, a imediata expulsão da Igreja, do confessor que alicia o penitente, qualquer que seja a sua idade ou género, para um acto de natureza sexual;

- o Catecismo da Igreja Católica, que renova a condenação da pedofilia;

- e o documento De delictis gravioribus, de 2001, que regulamenta o Motu Proprio Sacramentum Sanctitatis tutela, do Papa João Paulo II que, para evitar qualquer local encobrimento destes delitos, atribui a necessária competência à Congregação para a Doutrina da Fé, então presidida pelo actual Papa.

8. Não obstante esta condenação formal da pedofilia, não é verdade que tem faltado vontade política de aplicar as correspondentes sanções?

Pe. GPA: À hierarquia da Igreja não tem faltado a firmeza necessária para punir os eclesiásticos que incorreram em actos desta natureza. Foi o que aconteceu a um cardeal arcebispo de uma capital centro-europeia, que foi recluído num convento e proibido de qualquer acto público. Foi também o caso do fundador de uma prestigiada instituição religiosa, que foi também suspenso do ministério pastoral, demitido das suas funções de governo na estrutura eclesial por ele fundada, que foi sujeita a inspecção canónica, e obrigado a residir em regime de quase-detenção numa casa religiosa.

9. E se se vier a verificar algum caso no clero português?

Pe. GPA: Como se sabe, graças a Deus não há memória de nenhum sacerdote português, diocesano ou religioso, que tenha sido alguma vez condenado por um crime desta natureza. Se porventura se desse também entre nós algum caso, não tenho dúvidas de que o nosso episcopado, de acordo com as normas a que está obrigado, saberia agir com justiça e caridade.

10. Concorda com as críticas veladas de vários sectores da sociedade que acusam a Igreja de pouco fazer para garantir a total transparência destes processos? A maioria dos casos suspeitos é, regra geral, arquivado pelo Ministério Público. Segundo algumas fontes policiais, «as vítimas retraem-se mais tarde, devido ao ascendente dos alegados agressores».

Pe. GPA: Dada a minha sensibilidade cristã e formação jurídica, causa-me algum desconforto o uso e abuso de expressões tão vagas e perigosas como «críticas veladas», «casos suspeitos», «alegados agressores», porque tendem a criar uma suspeição generalizada. Há um princípio geral de inocência que não pode ser contrariado: um político, um professor, um padre ou um desempregado que seja burlão não faz da sua mesma condição todos os políticos, professores, padres ou desempregados. Se um violador que é engenheiro, como o recentemente detido, não infama todos os engenheiros, nem suscita uma caça aos engenheiros violadores, porque razão um padre pedófilo, se o houver, provoca esta tão desmedida reacção nos meios de comunicação social?!

11. Pode-se dizer que a associação entre pedofilia e sacerdócio católico não é arbitrária, na medida em que é entre os padres que tendem a verificar-se delitos desta natureza?

Pe. GPA: Não, porque uma tal pressuposição carece de fundamento, como as estatísticas mais recentes provam. Por exemplo, na Alemanha, segundo Andrea Tornielli foram notificados, desde 1995, 210.000 casos de delitos contra menores, mas apenas 94 desses casos diziam respeito a eclesiásticos, ou seja, um para cada dois mil envolvia algum sacerdote ou religioso católico. O inquérito Ryan, sobre a situação na Irlanda, é também esclarecedor porque, num universo de 1090 crimes cometidos contra menores em instituições educativas, os religiosos católicos acusados de abusos sexuais foram 23.

12. Talvez alguém entenda que, muito embora haja também pedófilos que não são padres, o crime para que mais tendem os sacerdotes católicos é o abuso de menores.

Pe. GPA: Também não é verdade porque, de acordo com Mons. Scicluna, perito da Congregação para a Doutrina da Fé, que é o organismo da Santa Sé que superintende estes casos, entre os anos 2001 e 2010, houve notícia de 300 casos de pedofilia num total de 400.000 padres. Além disso, os abusos de menores são apenas 10% de todas as acções criminais praticadas por sacerdotes católicos.

13. Mas do ponto de vista da psiquiatria, tudo leva a crer que o celibato sacerdotal é, em boa parte, responsável pelos abusos de menores realizados pelo clero católico…

Pe. GPA: Pelo contrário. Manfred Lutz, um psiquiatra especialista na matéria, afirmou que o celibato sacerdotal não só não incita à prática destes crimes como até favorece uma atitude de respeito e de ajuda aos menores. Esta conclusão científica prova-se também pelo facto de, entre os clérigos condenados por este crime, haver mais pastores protestantes, casados, do que sacerdotes católicos, celibatários, e ainda porque a grande maioria dos pedófilos são casados o que, obviamente, não pode ser usado contra o casamento.

14. Consta na opinião pública que a maioria dos casos suspeitos de padres pedófilos, não é objecto de investigação, nem de posterior procedimento criminal…

Pe. GPA: Se assim é, de facto, não é certamente por culpa da Igreja, que nada tem a ver com as investigações policiais, nem muito menos com as diligências judiciais.

Embora se tenda a crer que a Igreja e o seu clero gozam de um tratamento de excelência na sociedade portuguesa, a verdade é que não deve haver instituição pública nem classe profissional mais maltratada nos media do que a Igreja Católica e os seus sacerdotes.

15. Porque o diz?

Pe. GPA: Permita-me que lhe dê um exemplo. Há uns meses atrás, um pacato pároco português foi detido com enorme aparato por quatro ou cinco polícias trajados a rigor, como se o pobre padre de aldeia fosse um perigoso terrorista, quando na realidade era apenas um mero caçador que tinha por licenciar algumas armas. À notícia, transmitida nos noticiários televisivos, foi dado um aparato que, de não ser dramático, teria sido ridículo, até porque aquele pacífico sexagenário não representava nenhum perigo público. Não foi com certeza por acaso que se forjou toda aquela fantástica encenação, como também não foi por acaso que se convidaram as televisões…

Mas factos ocorridos há dezenas de anos numa instituição pública, como a Casa Pia, e de que foram vítimas dezenas de adolescentes, ainda não conhecem uma decisão judicial… Será isto justiça?!

16. Mas não acha que o incumprimento de uma obrigação por um padre é um escândalo?

Pe. GPA: É verdade que é exigível aos prestadores de serviços públicos uma especial responsabilidade: é razoável que o incumprimento de uma obrigação fiscal por parte um governante seja notícia, mas já o não seja se o prevaricador for um anónimo cidadão. Mas o escândalo não pode ser utilizado como arma de arremesso ideológica, sob pena de que aconteça aos padres católicos de agora o que aconteceu aos judeus alemães, durante o regime nazi.

17. Surpreendem-no estes casos de padres pedófilos?

Pe. GPA: Nenhum pecado é surpresa para nenhum padre e todos os padres sabemos que somos capazes de todos os erros e de todos os horrores. Não é por acaso que, na Semana Santa, a Igreja recorda o tristíssimo caso de Judas Iscariotes, que muito significativamente os evangelistas não silenciaram, quando poderiam tê-lo feito, a bem do prestígio da sua condição sacerdotal e do bom nome da Igreja. Graças a Deus conheço muitos padres, quer seculares como eu, quer religiosos, e confesso-lhe que não conheço nenhum que não mereça a minha admiração.

18. Tem ouvido, mesmo que rumores, de casos de pedofilia por parte de alguns padres? Ou é uma completa surpresa para si a existência deste tipo de casos, que acabam por manchar o nome da instituição secular?

Pe. GPA: Tenho uma enorme devoção por todos os meus irmãos sacerdotes, na certeza de que até no menos bom há, pelo menos, a grandeza do dom e da missão a que foi chamado. Também não ignoro que nenhum de nós, por mais qualidades que possa ter, é indigno dessa graça, pelo que nunca me surpreenderá encontrar nos outros alguma da miséria que diariamente descubro em mim. Mas, mesmo que essa constatação possa de algum modo perturbar-me, confesso-lhe que mais do que a traição de Judas, me admira a santidade e o martírio dos outros onze apóstolos. Talvez por isso, não tenho tempo para ouvir esses rumores de que fala, ou tempo para olhar para essas manchas a que alude e que não ignoro, porque prefiro contemplar a eterna beleza da Igreja, que procuro amar com todo o meu coração.

19. Já denunciou algum caso às autoridades eclesiásticas?

Pe. GPA: Denunciar é um termo que não faz parte do meu dicionário e, como padre, a minha missão não é acusar o culpado, mas perdoar o arrependido.

20. Já teve alguma suspeita de abusos por parte de algum colega seu?

Pe. GPA: Como não é meu hábito falar das vidas alheias, permita-me que, em vez de falar dos meus colegas, lhe diga o que eu desejaria que me acontecesse se caísse numa dessas situações, até porque é isso mesmo que desejo aos meus irmãos sacerdotes.

Se tivesse um dia a desgraça de incorrer nalgum comportamento menos próprio da minha condição sacerdotal, agradeceria que os meus irmãos na fé, padres ou não, tivessem a coragem de me fazerem a correcção fraterna, tal como Nosso Senhor determinou. Se o meu desvario persistisse, não obstante essa caridosa advertência, aceitaria de muito bom grado que o meu bispo utilizasse todos os meios ao seu dispor, sem excluir os civis e penais, para a minha emenda, na certeza de que essa expiação, embora dolorosa, contribuiria decerto para o bem das almas e para a minha salvação.

domingo, 11 de abril de 2010

escrever sem subsídios

Resumindo:
Estou bem cansado das coisas que se ouvem e se dizem, numa sociedade tão santinha e casta como esta, onde os mais conservadores e ritualistas ocupam a Extrema Esquerda das Faculdades.

Estou envergonhado e peço mil vezes desculpa aos meus leitores, ao meus amigos, por ter chegado ao ponto de, enquanto membro da administração deste blogue, ter retirado um post.

Gostava de pedir aos leitores que me têm vindo a acompanhar para que o façam agora num novo sítio, onde penso que estarei mais livre ainda para escrever o que me apetece, sem as amarras tolas da bloguística colectiva.

A partir de hoje estou n'O Espectador Português.

nota: pensando bem, mantenho-me por cá. O Café, penso eu, ainda tem condições para espalhar a sua mensagem.

Novo Aviso

Informo que dou por terminada a minha estada nesta casa. Foram, de facto, dois anos muito divertidos e enriquecedores, todavia, é chegada a hora de partir.

Um abraço a todos
Pedro Jacob Morais

sábado, 10 de abril de 2010

Aviso da Administração

A Administração do Café Odisseia retirou o post intitulado "LEVIandades" escrito em parceria com André Levi por, aparentemente, estar a ferir demasiadas sensibilidades. Impõe-se um esclarecimento.
O referido post nada tinha de homofóbico, os autores não se identificam com qualquer trato discriminatório.
José Soeiro era o tema central do post, contudo, o mesmo não visava denegrir a imagem do deputado do bloco (podemos discordar da ideologia do mesmo, porém, e pelo que sabemos, nada há a apontar à sua postura enquanto homem e cidadão). O cariz surrealista e despersonalizante do texto resultava na utilização do nome "José Soeiro" separado da pessoa do mesmo.
Assim, o texto em causa mais não era que um simples exercício de escrita, criticável enquanto tal, na linha do "Manifesto Anti-Dantas" do Almada Negreiros (texto igualmente polémico).
Porventura, uma brincadeira de gosto não consensual, mas que nada de homofóbico ou persecutório apresentava.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

conceitos inconciliáveis - liberalismo e democracia

Afinal, que tem a maioria de especial? Como se pode elevar a superioridade numérica a um princípio sem estrangular ou destruir outros, primordiais, princípios? Só um utilitário pode, afinal, defender a felicidade do maior número em vez do simples conceito de justiça. Nenhum deles assumirá que «a maioria» pode suprimir os direitos da «minoria», no entanto essa é a conclusão lógica, implícita e experimentada do ideal democrático. Hoje, o voto legitima quase diariamente os actos despóticos de governos que não exercem apenas essa autoridade sobre «a maioria» que os elegeu, mas sobre a população inteira. A massiva redistribuição de riqueza de produtores para parasitas (e nestes contam-se tanto os moradores de bairros sociais como os administradores da EDP); o Estado social e o Corporativismo que corrompe moralmente toda a população; a progressiva e imparável supressão da liberdade individual, da liberdade de contrato, da liberdade de exclusão – ou seja: do direito de um indivíduo de dispor da sua propriedade como lhe aprouver sem interferir na habilidade de outros disporem da sua; o proselitismo compulsório que é imposto às crianças e a obediência submissa que é imposta aos adultos pela suposta legitimidade concedida pela maioria ao governo. Afinal, que nos trouxe a democracia senão o afastamento progressivo de princípios e práticas liberais?

Mas se já é triste a continuação da superstição democrática entre liberais, é mais triste a superstição pior de que existe alguma legitimidade na dominação militar para promover o ideal democrático (ou, já agora, qualquer ideal). Visto que quase todos os liberais vêm da direita, torna-se ainda mais estranho vê-los apaixonados por uma ideia tão trotskista. Essa é, porém, a natureza dos «liberais-democratas-militaristas». Para eles, o «policiamento e administração do mundo» é uma legítima função do «império americano-europeu», e o apoio às instituições-base dessa função (como o FMI, o Banco Mundial ou a NATO) é quase sempre automático e acrítico (naturalmente sem nunca pôr em causa a ideia ou as instituições em si). Não raramente, apoiam guerras ofensivas e injustificadas pela mesma ordem de razões – falhando em separar a propaganda estatal da realidade como seria de esperar de liberais.

Os democratas-liberais vivem dois eternos paradoxos. O primeiro é que a sua defesa da democracia como princípio é incompatível com o princípio de liberalismo; o segundo é a sua defesa da não-intervenção do Estado em assuntos internos e simultânea defesa da intervenção nos assuntos de outras nações pelo mesmo Estado.

Mas como é possível gerir um Estado – mesmo mínimo -, de forma a representar os interesses da população (ou pelo menos de uma boa parte dela), sem o processo democrático? A reposta é «não é possível». Por duas razões: a primeira é que um Estado democrático nunca poderá ser mínimo, sobretudo a longo prazo; a segunda é que um Estado não-democrático também não pode ser mínimo, sobretudo a longo prazo. Mas a ideia de democracia só é necessária dada a existência de um Estado, outra instituição com fundamentos utilitários. Da mesma forma que só o liberalismo utilitário permite a defesa da democracia, também só este permite a defesa do Estado: e o atropelo dos princípios liberais é inevitável. Contrariamente, a consequência natural do pensamento liberal é o anarquismo, a ausência de autoridade arbitrária e a sociedade contratual e voluntária. Por outras palavras: mesmo um Estado mínimo viola os princípios fundamentais do liberalismo e necessita de ferramentas contrárias a eles.

pela Verdade I

A campanha que o New York Times iniciou esta semana contra o Papa (cf. aqui), vinda de onde vem, não deixa grandes dúvidas quanto à sua origem e propósito. Um grupo de americanos está já instalado na Praça de S. Pedro em Roma, munido de pancartes, a exigir reponsabilidades ao Papa.

A história conta-se em poucas palavras. Entre 1950 e 1975 (note bem, a história começa em 1950 e termina em 1975: existe uma certa cultura que é especialista em desenterrar mortos; adivinhe qual é), entre 1950 e 1975, dizia, o Padre Murphy da freguesia de Milwuakee, nos EUA, terá alegadamente abusado sexualmente de cerca de 200 crianças surdas-mudas. Alegadamente, é preciso insistir, porque uma investigação judicial, que o próprio NYT refere, não conseguiu provar nada e deixou caír o caso. (A patifaria da campanha começa logo por aqui).

Em 1950 Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, tinha vinte e três anos e era estudante de Teologia na Alemanha. Em 1975, tinha 48 e era professor de Teologia na Alemanha. Os alegados abusos sexuais do Padre Murphy chegaram ao conhecimento do Vaticano, e alegadamente do cardeal Ratzinger em 1996, ele era então uma autoridade dentro da Igreja Católica: Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Por essa altura, o Padre Murphy estava velho e doente. Na realidade viria a morrer quatro meses depois. O Papa Bento XVI é hoje acusado de não ter castigado o Padre Murphy (o qual, depois da investigação judicial, as próprias autoridades civis nunca acusaram). Ainda que tenha havido alguma coisa, e o cardeal Ratzinger se convencesse dela, que castigo poderia ele aplicar ao Padre Murphy? Matá-lo quatro meses antes da morte natural? Excomungá-lo? Ou perdoá-lo?

aqui

domingo, 4 de abril de 2010

a minha pátria são a minha família e amigos

Espero que todos os meus leitores estejam a ter a mais alegre Páscoa.

Interrompo as festividades para um pequeno lembrete:

Há tempos passamos, sem anúncio pela TV Pública, por uma data muito importante.
O Centenário de Herculano.

Historiador famosíssimo e apreciado por toda a Península, o escritor de Eurico, o Presbítero e do Monge de Cister, duas obras emblemáticas do romance histórico, ficou mal recordado pelo país.

Passou a data a 28 de Março. O texto abaixo talvez conceda ao leitor uma justificação para este silêncio de velório que a república centenária impôs nesta preciosa data...

«O poder é um árbitro, sem vontade própria, a que cada qual se sujeita por conveniência. À luz do direito, nenhum poder político se pode legitimar porque nenhuma soberania é legítima: a república democrática não tem mais fundamento jurídico que a monarquia. Reduz-se o problema a uma questão de conveniência; e Herculano verifica que a monarquia está enraizada na tradição, é o status quo - razões para ser preferida a um regime novo que obrigaria a uma readaptação custosa. Além disso, a monarquia representativa realiza a teoria do equilíbrio de poderes: a soberania nem está no Rei nem na Nação; isto garante para Herculano uma defesa contra uma soberania popular exclusiva que teria muito mais força contra os direitos individuais do que o tem estas duas meias soberanias que se vigiam com desconfiança e se contêm mutuamente».

António José Saraiva «Herculano e o Liberalismo em Portugal», Lv. Bertrand, pág. 252.
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