sábado, 18 de junho de 2011

Dionísicas às Éclogas Universitárias costumeiras ou foraleiras

Falta ao Homem ( e ao adolescente-médio peculiarmente) contemporâneo um quid de inteligência sentiente que Xavier Zubiri profetizava, no cômputo geral de uma continuidade descontínua da metafísica do sec XX.


Uma inteligência que não negligencia a premissa de ser-com-os-outros-no-mundo, no conspectum da alteridade plurisubjectiva-concreta do onthos, complementada pelo Dasein Hedeggeriano que limitará os gestos peculiarmente isolados e de interesse meramente privado (rectius, mero capricho) pela alterância de usus e costumes axiológicos. Falamos, portanto, de Valores Universais, autênticos imperativos categóricos que legitimam mais os actos das pessoas e menos as suas correlativas ( e não, por vezes, menos divergentes) orationes.


Um saber restritivamente enciclopédico pecará, sempre, quer pela indefinição de sensibilidade imputada ao sujeito que a auspicia , quer pela rejeição da necessidade-sociabilidade pela autoproclamação de uma auctoritas, que nem os Clássicos se arrojavam de possuir. Cairemos num lugar comum aos Déspotas Esclarecidos ou, mais remotamente, aos que se legitimavam por , cumulativamente, dominus et deus serem.


Não possuímos nenhum ius respondendi ex auctoritate principis, nem nenhuma Sacrosanctitas que nos permita ( aos olhos dos demais cidadãos) viver da desalternância egoística ética.


No fundo, essa representação ( a par da finitude e da solidão) torna-se fattispecie de deselegância moral disfarçado dum mecanismo que o ego, esse faminto instituto individual ininterruptamente recalcado e recalcante, capta para cortar um atalho-vis rumo à autonomia de consciência individual: a desconstrução do Gestalt no seu conteúdo mínimo-ético de Cortesia e de Bom-senso, enquanto ordem valorativa-axiológica que constitui o animus de qualquer futuro bonus paterfamilias.


Falaremos, conquanto, de valores que poderão, pela sua importância, revogar certos legalismos de Magdala. Valores que se aprendem em comunidade, códigos de ética, autênticos pactos de não-agressão fundamentados em prismas axiológicos, e portanto, comuns a quem felizmente os soube aprender em sociedade(s), e confusos a quem, por temeridade divina, não lucrou de seus irreversíveis benefícios.


Os senhores ( e principalmente Donzelas) que criaram uma polícia escolástica ( permitam-me a tête de chapitre) para impedirem outrém de copiar em exames não deixam de estar certos quanto aos motivos ( resta saber se individuais ou por amor à nobre causa comum ou comunista), não deixando, contudo, de exagerar quanto aos fins usados, violando o excesso dos meios. Mas, pior do que esses Savignystas ( esperemos que não codifiquem tais iura) são aqueles que traem os próprios colegas, demonstrando crueldade no modo como encaram esse egoísmo ético uma cabeceira-bíblica digna de leitura pré-onírica repetitiva e perpétua, ao ponto de a terem motivado, como se ( de iure constituto) o pudessem fazer.


São esses senhores (e, repito, Donzelinhas) a quem me dirijo, na convicção de espectador não ferido pela Prevenção Geral que pretendem impor, legitimada pela magna auctoritas, coercito, e exemplo incorruptível que transmitem à nossa domus sapientiae: deixarei, prontamente de ler o Método, haverá pois clareza e distinção de maior no universo estudantil da muy nobre Faculdade de Direito da Universidade do Porto?


Os professores da casa não terão culpa, já que (quando muito) estarão a receber ordens severas para apertar com as vigilâncias. Agora, não deixa de ser hermético o facto da causa deste Policiamento mordaz ter sido a fraca vontade de um senhor ( ou Donzela, repito), que ferido(a) nos seus calcanhares dourados por estudantes cabulescos que passam com um 10 às cadeiras, decidiu colocar o princeps à perede com ameaças lesivas da sua virtude ( uma autêntica capitis diminutio lhe aconteceria, decerto).


Freud , certamente,encontraria um caso paralelo onde não faltariam referências a uma postura "libidinal minor", mas talvez só disso não seja feita a massa que nos envolve a carne. Pior do que isso está quem quer fazer uma prova na "paz do Senhor": levar com marcação apertada, quando "nem devem, nem temem", e com constantes avisos intercalares, contra-avisos, questões prejudiciais, etc. Desormé, com isso podemos nós, os alunos que não copiam mas que não se importam que uns malogrados possam passar a uma cadeira para poderem bater-pé com um(a) aluno(a) de 16 num futuro que não passou.


A questão, perdoem-me os civilistas arreigados no seu juspositivismo obtuso, não está na ilicitude do acto, mas na incompetência moral de quem causou este motim. Seja ele senhor ou Donzelinha, fosse no seminário onde eu estudei e seria o primeiro estudante não plagiador a dar o primeiro golpe de purificação, para veicular estes tais laços invisíveis que separam a individualidade ( egoística) da alternidade subjectiva concreta. A praxe ( neste ponto concordo) veicula este espírito de união. Antevendo que não será ninguém de tais meios ( nem tampouco tenha andado em seminários, como triste eu) , resta esperar por fumo branco.


Que estas éclogas dionísicas, que demarcam o fumus do fogo dissipem algumas mágoas a alguns que, possivelmente arrependidos de seus actos, possam fazer um breviter juízo de consciência quanto à ética e axiologia de seus propósitos. A Justiça clamará por pessoas íntegras que afastem a concorrência com métodos substantivamente lícitos, mas essencialmente imorais.


Esta é a minha opinião acerca do fumus que alega haver um grupo de alunos do 3º ano da FDUP que coordena uma brigada anti-plágio nos exames, com o pretexto de estar a trabalhar para o currículo. Desta vez, não posso calar. Impõe-se uma Démarche! Não pela legitimação de um plágio, não pela legitimidade de métodos fraudulentos, mas pela consciência colectiva ferida pela obstipação dessa inteligência sentiente que tanta falta faz hoje à contemporaneidade ultra-liberal.


Deus, nosso Senhor, e Maria sua ( e nossa ) Mãe nos ajudem nestes santos e vigiados exames. Amen


domingo, 12 de junho de 2011

Recomendação mensal de leitura filosófica

Javier Hernández-Pacheco, Friederich Nietzsche: estudio sobre vida y trascendencia; Barcelona Editorial Herder, 1990.

Um estudo do Professor Catedrático de Filosofia da Universidade de Sevilha declinando temas convergentes em Nietzsche: breviter, Existência Trágica, Trancendência e culpabilidade, vontade de viver, inversão axiológico-normativa e vontade de poder, Actualidade, Trancendência religiosa e transcendência aristotélica.

Recomendo aos amantes de Filosofia e curiosos.
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