domingo, 28 de fevereiro de 2010

imatéria: penumbra anacrónica

Auspícios de vertentes determinadas
pelo fumus-arquétipo do plano devir;
As falácias minuciosas do breve sentir
ao âmago do pathos tristes e oscultadas!

Oh! Miserável imatéria absorvida!
És indelével na absolvição do desejo!
Gritas do vale pleno da própria vida
em fúrias, na sombra dum fugaz beijo

Leve e em penumbra desorientado
o horizonte anulado pelo contra-átomo;
Rompe os estigmas, e ao céu içado
pede ao fugaz tempo o próprio cálamo (!)

Não tenho morada no Universo...
Astros me expulsam da matéria!
Meu onthos se defuma disperso,
E meu ser poeta se dilui na miséria...

Lourenço

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Assuntos Académicos

Os Helvéticos elegeram um em cada casa.
Parabéns!
Viva a Confederação!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A clareza Anarquista

O Rui Botelho Rodrigues fez o simpático de favor de me atribuir uma importância que eu, definitivamente, não tenho.
Agradeço muito a sua resposta ao meu email e post, o qual os meus queridos leitores podem ler aqui.
Gosto do Sem Governo porque defende coisas que eu prezo infinitamente, como a propriedade e a liberdade.
O contacto que tenho com a intelectualidade de RBR parte, no entanto, de uma enorme contrapartida: RBR tem uma percepção do mundo e da Vida diferente da minha nos conceitos-base. Direi que, além da inimizade partilhada contra o socialismo - da qual eu considero apenas mais uma perversão possível do liberalismo, da qual o libertarianismo de RBR é apenas mais uma - apenas partilhamos preferências culturais (óptimo bom gosto para música) e o carácter verdadeiramente tolerante que cada um partilha. O meu conservadorismo não implica a aniquilação de RBR, e o seu libertarianismo não implica a negação da minha individualidade.
Acredito que, no sonho político de cada um, eu viveria muito bem na Anarquia de RBR, e ele também na minha Monarquia.
O Rui é individualista, eu tenho uma abordagem personalista.
O Rui vive, como todos os libertários, com um quase-esquizofrénico receio de coerção. Faz-me pensar que a sua doutrina política é quase toda saída de um grupo de antigas crianças que fugiam de casa para não comer a sopa.
Não me parece que eu partilho de qualquer tipo de hobbesianismo. A minha percepção do Estado poderá ser tomista, cristã católica, mas não depende de um déspota iluminado: é anterior às teorias contratualistas.
Concordo absolutamente com o RBR quando se refere ao misticismo do Bem Comum. Talvez seja uma mera ficção. Talvez até a liberdade seja uma ficção. Mas as ficções são necessárias.
No entanto, a "Anarquia de Consumidores" parece-me um projecto tão irrealista como a minha Monarquia ingénua.
Talvez o RBR acredite que seria possível a humanidade, aliás, a colecção de indivíduos de todo mundo com os seus respectivos objectivos, manter uma ordem natural das coisas sem qualquer forma de Governo.
A mim parece-me que, logo após o fim dos governos, as pessoas tratariam de arranjar outros.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Suíças Lusitanas! Perspectiva "empírica" à espaço 77



Eis a prova como o bom filete se afecta à "pelugem lateral"

Aos de esquerda: nacionalizem os pêlos para a mobilização de recursos que são de todos e para todos!

Aos de direita: louve-se a história lusitana das suíças!

Aos centristas: enfiem a lata onde mais desejarem, mas comam o atum que é bom, é em filete.

Permitam-me apenas um pequeno poema revanchista:

Sou Revanchista
Sou Anarquista
Quem és Tu?
És um brochista
Chupas o poder instituído
Gostas que te chupem
no púplito nu e diluído
reza: tempos não mudem!

Oh senhor dai-me uma foice
para sacudir essas cabeças ao céu
Enterra-las entre casto véu
e no fim dar-lhes ainda um coiçe!

Poeta-taberneiro

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Rádio Odisseia apresenta:

Assuntos Académicos - sobre o debate de hoje

Ao qual faltei, aponto umas palavrinhas à malta anti-suíças e anti-Odisseia:

Parabéns! Estão perfeitos para o país onde nasceram!

Suiça, Suiças, Suissinhos e Suicídio

Esta crónica, em jeito de divagação pessoal, versará sobre 2 tópicas fundamentais em jeito de apoquentações filosóficas em torno do tema Suiça, Suiças, Suissinhos e Suicídio.

- 1ª Apoquentação: da Biodiversidade à Suiça "estranha e duvidosa"

Há Suiça e Suiças.
Para quem teve a oportunidade de viver em tal País, como é o meu caso que vivi 8 anos da minha vida em Genebra, sinto-me tentado a fazer este importantíssmo discurso socialista-revanchista que no fundo nada terá de irritante ( assim o espero).

Há Suiça e Suiços. E, na realidade, há queijos e queijinhos, chocolates e chocolatinhos, relógios de pulso e relógios de cuco. Há neve e floquinhos de trigo. Temos a Nestlé, l´hotel Cornavain que alojou Tintin por uma noite, Le lac Lémon, a vaquinha da Milka, a Heiddi, a casa onde viveu Jean-Jacques Rousseau ( que agora é um modesto shopping diga-se de passagem), e muitas outras coisas.

Não obstante o Ouro ( nazi ou não, não entro por esta especulação), a solidez da Banca, o isolacionismo propositado (mantendo o spread baixíssimo e atraíndo credores), a Suiça será sempre uma eterna dúvida. E as suiças também o serão.

Deduz-se portanto uma biodiversidade no âmago do universo transalpino.


- 2ª Apoquentação : Da ontologia da Dúvida aplicada à suiças pelos suissinhos.

Quanto a esta tópica, e indo ao âmago da questão, apenas vou delinear o seguinte: imaginemos um Suiço, duas Suiças e um Suissinho. O Suiço gosta de suiças e deixou de comer suissinhos. Ele cresceu e isso nota-se na barba que escolheu para dar identidade à sua masculinidade. O suissinho, ressabiado com o suiço por ter crescido lança-lhe uma infâmia quanto à beleza das suas suiças (isto porque o suiço já não liga a suissinhos).

- 3ª - Conclusão. O suissinho, quando chegou a conclusão de que o "suiço amante de suiças não o comia" , suicidou-se.

FIM


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Assuntos Académicos* - 1º debate em pequeno resumo, considerações pessoais

Findo o 1º debate, está na altura de fazer os balanços necessários.
De um lado, a lista A à Assembleia de Representantes apresenta uma equipa segura, experiente e já há muito estreada nestas andanças.
A lista B mostrou um conjunto de pessoas capazes, mexidas e despachadas, tentou contra-argumentar a antiguidade dos primeiros.
Ambas as listas mostraram um programa muito semelhante, e não foram debatidos os pontos que poderiam conflituar - ainda que indirectamente.
A assembleia do debate limitou-se a criticar, de acordo com os critérios pessoais que eram partilhados pela larga maioria dos presentes, a personalidade de um dos membros da lista A, e houve apenas uma dúvida, rapidamente respondida pelo questionado e rapidamente posta de parte pela plateia - injustificadamente, a meu ver - , sobre o facto de a primeira lista apresentar-se excessivamente aparentada com a Associação de Estudantes.
A produtividade de todo o debate foi tão deplorável que louvo a ausência dos que prederiram ficar em casa.
-
Saíram, no entanto, algumas observações - das conversas que houve antes, durante e depois - que me vejo obrigado a partilhar com os estudantes e amigos, visto que disponibilizo aqui a minha opinião em público para que todos possam partilhar destas experiências, mesmo não estando presentes nelas.
1- Um aluno que esteja inscrito num programa como o Erasmus pode perfeitamente candidatar-se a um cargo de representação. Paga propinas, e os alunos que estão lá fora têm tanto direito a ser representados como a representar os alunos que estão, de facto, a fazer Erasmus. Como comentei com um colega, sobre a obrigatoriedade de representação que devia haver caso os alunos de Criminologia estivessem incluídos nas listas formadas pelos alunos de direito - infelizmente, alguém teve esta ideia de listas eparadas para os dois cursos (alguém sempre tem estas ideias, porquê, porquê?) - não me parece que outra minoria, como os alunos que estão lá fora, mereça menos representação.
No entanto, há coisas necessariamente boas na democracia directa. Uma delas é o facto de numa comunidade pequena, ou num eleitorado pequeno, considerações pessoais serem bem mais certas do que num eleitorado gigantesco (como é o caso das actuais mass democracies). Será, contudo, igualmente falacioso, como na maior parte das vezes é.
Mandam as regras de boa-educação que o carácter de alguém não seja discutido na praça pública - muito menos não estando presente, porque se trata de uma reputação alheia - mas sim nas urnas.
Caso assim seja, a lista B pagará a audácia da sua escolha. Ou não.
-
2- O facto de as listas B só apresentarem as suas ideias e programas poucos dias antes dos debates explica-se facilmente: não tinhamos de as apresentar antes. Estamos a ceder ideias ao eleitorado da FDUP, não estamos a correr contra um grupo de pessoas para ver "quem diz primeiro". Perdeu-se rapidez, fez-se qualidade.
-
3- Continua-se a confundir escolhas com ataques. Opor-se à lista A não é atestar-lhe incompetência. Nem muito menos é criticar o trabalho da Associação.
4- Dito isto, esclareço da minha parte, e pessoalmente, um zum-zum que tem atravessado alguns dos estudantes.
-
Eu, Manuel Rezende, trabalhei activamente com a AEFDUP o ano passado para a organização do Forum Política e Sociedade e consequente campanha de solidariedade com a Caritas.
Trabalhei como um mouro. Fui apoiado com eficiência.
Não estou em dívida para com ninguém. Ambos os projectos foram um sucesso à nascença.
Nunca teriam sido sem o apoio da Associação, mas não me sinto em dívida. Todo esse êxito foi partilhado e justamente atribuído. A AEFDUP ganhou a fama de ter organizado, com um grupo independente de estudantes, um evento que atraiu muita gente e ensinou muitas coisas. Também se tornou, das associações de estudantes de faculdades pequenas, talvez das que mais deu o ano passado, por altura do Natal, em solidariedade para a Caritas. E eu vi o que outras insituições, bem mais destinadas a esse tipo de coisas, se limitaram a ceder. Foi um esforço, no mínimo, espantoso dos alunos da FDUP que passou, infelizmente, em branco.
-
O investimento feito em mim foi o investimento que eu retribuí. E o sucesso foi tão grande que eu espero repetir esta parceria, esta cooperação. Penso que só teríamos todos a ganhar. Senão, já dizia o tio Lourenço, "beijos à prima e boa noite". Sou monárquico, a minha lealdade não é partilhada por órgãos temporários. Não sou sujeito de favores à moda dos latinos, nem de clientelas. Sejam elas partidárias ou outras. E SEI que nada disso foi exigido de mim. E permaneço com essa impressão. Não me provem estar enganado.
-
Não voltarei a mencionar o Forum nestas conversas, ou mesmo outra organização de que faça parte, sob pena de não mais escrever aqui estas crónicas.
-
5- A Lista A preparou-se melhor para o debate, o que seria dizer preparou melhor a sua plateia. Apesar de nenhum dos elementos desta plateia, ou a grande maioria, não levasse já a sua posição em mente, claramente a experiência foi maior que o empreendedorismo dos iniciados.
Deixo no entanto, a interpretação da vitória deste debate à imaginação e racionalidade cada um, visto que estas coisas são sempre, e necessariamente subjectivas. O vencedor de uns poderá ter sido o vencido de outros.

Cevada que custa a Engolir



Parafraseando um conhecido Filósofo/ Teólogo Brasileiro, Ruben Alves:

" a saudade é a presença da ausência"

O Café Odisseia rende-se hoje à Cevada, transladando um hábito tão lusitano que é olvidar que para além de cafés, existem cevadas que também caem bem no âmago, mesmo que pertençam ao grupo dos choros.

Hoje vou beber Cevada. E tu?!


Do "Homem Médio"

Um conceito muito interessante este, mas perigoso.
Aos amantes do homem médio, eu proponho a apologia do novo conceito que revolucionará a dogmática sociológica, e a Penal por catapulta:

A tópica do Galo-Gigante

Haja tamanho!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tópica ao Ser

O outro - eu que vinga, mata e esfola a razão!

O outro - eu que nunca existiu

na matéria, mas em pensamento.

O supra-ego que me controla o infra-eu.


Nunca o controlo fora ausente.

e eu pensava exactamente o contrário.

( Em vão.

Havia afinal um hiper-ego que me mantera quieto.

À sua direita, o supra-ego me mantinha racional.


E eu não sabia quem eram, porque superiores.

E o meu corpo somático me mantinha preso

E eu pensava ser apenas mais um ser surreal.


Tudo um sonho de quem se deixa esvaír pela linguagem


Eu não era aquele outro-eu vigilante e desmesurado

Nunca o seria sem um código que me amputasse o ego.


Quem me garante que deixe este eu para passar a ser o outro?

Assim, onde o tempo não conta, onde a vontade não impera,

Assim surge o princípio da negação de si mesmo

E eu nego este eu que nunca fui, e aquele que nunca serei.

Não me explicam a origem nem fim, apenas ser enquanto ser.


Não caminhamos para o retorno donde vimos.

Seria inglório ao ser. Seria voltar a não-ser,

Seria voltar ao nada perplexo.

Ao nada anterior ao acto que fomos.

Seria apagar todos os factos.

seria limpar-nos a história.

seria queimar-nos o nome

dizimar-nos a própria honra.


18/02/2010


Lourenço

Anarquia ou Estado?* Estados ou Estado?

título do post do Sem Governo, de Rui Botelho Rodrigues

Estou perfeitamente ciente que o meu tipo de conservadorismo difere em muito do tipo habitual português (ligado a partidos democratas-cristãos e populares, ou a movimentos nacionalistas ou identitários com uma "alma da nação).
Entre os tradicionais monárquicos que fugiram da Europa dos totalitarismos estava um senhor muito curioso, talvez absurdamente deslocado do seu tempo, uma espécie de Herculano miguelista, de origem austríaca, chamado Erik von Leddihn.
Conhecido nos meios universitários americanos como um "livro de sabedoria ambulante", Leddihn desenvolveu a melhor doutrina política capaz de conjugar os elementos cristãos, liberais e monárquicos das sociedades europeias.
Ele próprio se considerava um "arqui-liberal" e foi, até ao fim da vida, uma activo membro do Mises Institute, outro austríaco muito famoso nos meios académicos americanos (por razões diferentes). Erik v., Mises, Hayek e Kelsen, entre tantos outros, são partes integrantes de duas gerações magníficas de intelectuais que desafiaram todos os conhecimentos que a humanidade detinha anteriormente em áreas tão sólidas como a Política, a Economia e o Direito.
Parece-me a mim que o monarquismo de Erik Leddihn, enquanto doutrina e filosofia concentrada em atingir o maior nível de liberdade racionalmente possível na cultura ocidental, é mais do que uma mera nostalgia reaccionária dos tempos monárquicos ou das oligarquias monárquicas das eras anteriores às Revoluções.
É a melhor arma para vencer, gradualmente, o crescimento do socialismo nos países europeus e na União Europeia.
E é aqui que entra a dogmática libertário-capitalista, ou anarquista.
Uma ordem monárquica, cristã e liberal (ou, nas palavras de JA Maltez, liberdadeira, de acordo com a tradição europeia de liberdade) tem uma némesis poderosíssima, que se pode encontrar presente em cada uma das variadas doutrinas que a hostilizam.
Da mesma maneira que os anarco-capitalistas, nas palavras de Rand, combatem os "místicos", sejam eles os místicos de antes (os conservadores, os monárquicos) ou os de agora (os socialistas), os inimigos de uma ordem natural europeia, humana e livre serão os Procustos.
Se é verdade que os socialistas procuram "esticar" a sociedade e o Estado, como Procusto, para ajustá-los à sua ideologia, não ligando ao sofrimento causado para tal, não seremos levados a pensar, também, que os libertários desejam ajustar, em sentido contrário, a sociedade e o Estado a um tamanho particular que só através de uma forte repressão social - e dos restantes organismos públicos que ainda restarem, no decurso da anarquização de um Estado.
RBR analisa a falácia democrática dos "místicos das massas", mas parece não usar o mesmo raciocínio lógico para descobrir que a humanidade, devido às consequências do Pecado Original ou - no caso dos ateus - devido a meras circustâncias históricas e antropológicas, vê-se obrigada a criar o Estado para refrear os impulsos totalitários dos chefes tribais e das oclocracias.
O Estado repressor, que usa os avanços tenológicos e o progressismo social - exterior à ordem natural das sociedades - para, qual Procrusto Justiceiro, pôr as coisas em Ordem, é uma criação Iluminista.
Com isto não digo que não tenham existido monarcas e repúblicas medievais que não tenham exercido pressões tirânicas sobre os seus povos.
Déspotas houve sempre. No entanto, os povos antigos tinham mais facilidades em depôr monarcas tiranos do que doges tiranos, e mesmo estes não conseguiam poder suficiente para prejudicar tanto os seus cidadãos como acontece nas repúblicas hodiernas.
Não tenho dúvidas que Luis XIV veria a sua cabeça rodar no cadafalso, décadas antes do seu neto, se adoptasse o mesmo tipo de tributações que os actuais parlamentos lançam sobre os cidadãos. Bastou a George III cometer a pequena imprudência de lançar um pequeno imposto sobre os chá para que 3 milhões de americanos (numa população de 13 M) se levantarem contra ele. Bastou a Afonso IV forçar a manutenção da guerra contra Espanha para perder o trono.
Com o liberalismo radical da Revolução Francesa veio o fim das corporações medievais, que eram associações livres, contendo os seus privilégios e os seus direitos. No entanto, a própria Inglaterra, ao entregar os baldios à nobreza rural, também desfechou um rude golpe no tecido social do seu país.
A monarquia tem vindo, desde esses tempos, a ser atacada na sua legitimidade por um movimento democratizante, incrementado por forças intelectuais de "místicos-novos", "Procustos à larga e ao arrepio", como a Maçonaria, os marxistas, os socialistas, etc.
É a ordem tradicional europeia, monárquica e cristã na sua génese, que pode assegurar mais eficazmente as suas instituições e hábitos:
1- A propriedade, porque a única ameaça a esta impende da mob rule e dos tiranos escolhidos, por voto ou violência, pelas massas. O Rei é uma entidade independente do Povo. Ao contrário que pensam muitos "reaccionários", o Rei não é parte do seu povo, não sai das suas camadas populares e não representa o Bem-Comum. O rei não é escolhido, é "achado", entre as forças naturais da Tradição dos Estados, e dos Estados dentro dos Estados.
2- A diversidade, porque o Rei não é um mero nacional. Os seus laços familiares ligam-no, em nome da antiga diplomacia, às mais diferentes famílias e culturas.
3- Ao bem comum, que difere do que "o Povo quer" - e é aqui que os libertários confundem, talvez, a verdeira função de um Estado e a perversão que lhe têm vindo a sofrer.
Elemento neutral, a sua legitimidade não é nacionalista - é puramente dinástica. O seu dever não é o dever de um tirano paternalista, olhando pelos seus filhos pequenos.
O Rei lida com pessoas adultas, arbitrando os seus conflitos, apoiado por conselhos e demais instituições nacionais, sejam elas democráticas ou não.

Assuntos Académicos II*

*os conteúdos aqui mostrados, sobre a vida académica, destinam-se apenas a demonstrar os meus pontos de vista, com a moderação e o cuidado que se deve ter neste tipo de conversas e exposições.
Acima de tudo, quero uma campanha limpa e honesta. Escreverei aqui as minhas pequenas anotações apenas para manter informados, no estritamente necessário, os interessados neste processo.
Algumas coisas que estão mal na campanha eleitoral

A Faculdade de Direito da UP é um espaço muito pequeno de estudantes de direito.
As actividades académicas, e os seus membros, estão assim muito centrados na figura da Associação de Estudantes.
Muitos dos mais recentes projectos da Faculdade, que lhe têm vindo a trazer muitas coisas boas e muitas experiências importantes, são constituídos por elementos que estão ligados ao principal órgão de representação dos estudantes (por muito que esta classificação seja subjectiva, quer concordemos com as razões da sua importância ou não).

Isto causa alguns problemas graves. Nem todos os estudantes estão unidos à volta dos ideais e acções da Associação de Estudantes, e num espaço quase claustrofóbico como o da Rua dos Bragas, os estudantes têm vindo a ganhar alguma inimizade injusta -mas compreensível- pelos rostos e personagens que "aparecem sempre!"
Esta AE está severamente comprometida com as listas A. Basta fazer o um mais um, e perceber que nem tudo de bom poderá sair deste guisado.

Daí que, muito sucintamente, apresento duas coisas que, na minha opinião, foram mal feitas e evitáveis:

1- está-se a transformar a Sociedade de Debates num diário de campanha. Um dia a SdD terá de escapar das saias da AE. É o percurso normal das coisas, e convém estar preparado para isso.
Não me interpretem mal. Num pequeno meio, ter o apoio de uma boa Associação, com pessoas competentes para fazer as coisas à última da hora e darem os conselhos necessários, é algo a ter em conta. Mas todos os pintainhos têm de sair do ninho um dia, quanto mais não seja por mudarem as galinhas da capoeira (má analogia, mas dá para compreender). Mas, lá está, é um espaço pessoal de um grupo de pessoas que sabem, melhor do que eu, o que fazer com ele.

2- A preparação para o debate revela a fraca preparação da FDUP para uma vida académica verdadeiramente rica e activa.
Depois de tudo o que já escrevi no primeiro ponto, os debates para as listas continuam a ser moderados por um membro da Associação, apesar de esta estar activamente por detrás de uma candidatura.
Não há aqui uma crítica à Associação. Há uma crítica aos dois lados desta parada.
Por um lado, quase 15 anos de existência não deram à Faculdade de Direito actividades académicas independentes do cadinho da AE. Das que há, e são verdadeiramente muitas, só conheço duas que não incluem nenhum membro da Associação nos seus membros e que poderiam, a meu ver, oferecer elementos para a monitorização do debate- a Iuris e o Forum Política e Sociedade
Destas duas organizações, talvez as mais independentes no espectro da nossa faculdade, não saiu nenhum moderador para os debates que aí vêm.

Conheço todos os intervenientes destas eleições, dou-me com os nomes mais importantes nelas, especialmente da lista A, a qual me vou opor, ao apoiar como suplente a lista B.
Não sou capaz de insultar a credibilidade dessas pessoas, porque isso exigiria de mim a capacidade para mentir.

Mas a FDUP caminha perigosamente para uma overdose de personalidades.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Declaração sobre assuntos académicos e cenas cá do blogue

Pelo menos 50% dos leitores deste blogue vêm cá por causa da descrição que aparece logo no canto superior esquerdo deste blogue: isto que dizer que a restante metade de leitores que nada têm que os ligue aos problemas internos da FDUP tenham, por vezes, que gramar com coisas que lhes parecem ser do "arco da velha".
É com sincero pesar que vos digo, ó visitantes longínquos, que este é (em parte) mais um desses textos.

Começo assim com a parte que poderá interessar à generalidade dos leitores:
Esta casa tem mais um autor, como os mais atentos entre vós já se deram conta.
O Mário Costa Lourenço não é novo nestas andanças, no que toca à blogosfera nem no que toca à Academia. Tem bastantes provas dadas.
Alguns de vocês podem ter lido alguns textos dele no blogue daquele colectivo que permaneceu no anonimato, a Legião, e podem agora visita-lo num blog pessoal.

Tendo conhecimento das reacções negativas que a Legião levantou, e o envolvimento do Mário, qualquer outro se sentiria levado a justificar a sua entrada, como já em anteriores entradas para o clube de autores deste blog se pediu. O Café Odisseia, enquanto baluarte do bom-gosto e da liberdade de expressão, e criação pessoal de um grupo de "arqui-liberais reaccionários", aristocratas decadentes, não vai cair nessa republicanice do "prestar contas".

O MCL vem reavivar um pouco o contacto do Café com a sua Faculdade. E também inaugurar um espaço poético de sua autoria.
Oxalá encontres ânimo para escrever aqui muitas e muitas vezes, Mário, és bem-vindo e sabe-lo bem. Senão, olha, que se lixe.

O outro assunto que vos pretendo falar é da campanha que um dos autores deste blogue vai encetar (o mpr), usando os meios de comunicação ao meu dispor, para as eleições para o Conselho Pedagógico e Assembleia de Representantes da FDUP, em que vou participar como suplente de uma das listas.
Como a minha participação nas coisas académicas está altamente condicionada por uma crónica falta de tempo e excesso de outros projectos, sinto que é minha obrigação usar o meu blogue, o Café Odisseia, para ser de algum uso para as pessoas em que acredito fortemente serem gente com carácter e valor para servirem os os estudantes da FDUP nesses cargos.

Os textos que versarão sobre esses temas virão com o título Assuntos Académicos.

Prima Verba

Congratulo-me com o facto de poder contribuir para este Homérico espaço.
Um particular obrigado a todo o executivo do Odisseia.

Muitos não sabem, mas isto foi uma transferência à Eusébio. Na verdade eu era para ir escrever no blog da AE, mas à última da hora, um poderoso "Chefão" desviou-me para aqui. Não sei se, quando me estrear com a camisola do Odisseia, serei um novo Pesetero, mas até lá pode ser que a moda pegue. Fica escrito: não quero cabeças de leitão, mas todas as moedas e isqueiros serão muito bem vindos :)

Já comunicada à CMVM, por intermédio do Isaltino Morais, o meu contrato envolve as seguintes cláusulas, as quais dito aqui:
- primo, a minha praxe vai ser cantar aquela música horrível do Pingo Doce cada vez que escrever aqui um post;
- secundo, vou apenas escrever sobre Eucaliptos e a sua relação com a vida académica da FDUP, em poesia, para doer menos a quem porventura desgoste dessas carinhosas árvores, que a meu ver, são totalmente adequadas para os Banhos Turcos;
- em terceiro lugar o meu ordenado vai ser pago em Skip para lavar a consciência de quaisquer mal-entendidos que porventura possam espoletar-se.

Aos que seguem fielmente este poderoso meio de instrução ( é mesmo não é Manuel? ), da minha parte terão uma poesia trovãodoresca de um taberneiro jesuíta-revanchista-limiano, amante de Corega-sem-Sabor, atum enlatado Tenório, e trajes madeirenses.

Uma vez falei-vos, caros irmãos, de uma entradinha Gourmet. Essa porcaria pegou, mas não enche o estômago, e então vamos para uma entrada comme il faut, à Migalhas I, à taberneiro, à ... zé-do-Pipo.

Sendo assim, lego aqui o meu primo Poema para o odisseia a troco de um bilhete para ver logo o FCP, o qual o Manuel já tratou de o comprar a um Guna que muito provavelmente é meu vizinho. Mas não interessa o resto. Avante:


Poesia Trovãodoresca

Ode à Metalurgia Fdupiana e relação entre o onthos Corega-sem-sabor, a fenomenologia do Quitoso na tradição académica, e relação do vírus da noite com as escarradelas nas capas do traje madeirense:

Do eu paradoxal que transcende a inocência

Se esbate o fosso ôntico entre o nu e o cru.

Tombalidos se refugiam na jurisprudência

Não passando de vis lambedores de cu.


Pela faculdade dariam a própria vida

Se a vida fosse de graça

talvez deles fosse a taça

E eu merecesse retirada partida!


Mas Renasce a alma diacrónica

que perenemente assombra

quem a priori morde pela calada


É a nossa mui nobre morada!

que flui a própria natureza metabólica

mesmo que o chão a esconda!


Poucas Domus a humanidade louva

dando a vida; pagando por isso suas utilidades

São casas duvidosas, prostituem cidades

para compensar, crédito o pobre estoura.


Nossa Domus não é maquiavélico bordel.

Pintado a ouro por Salvador ( da pátria?) pincel

Mas quem der corajosamente primeira vida por ela,

venha de triunfante carro, barco ou Caravela

de heróico será, e puta para a eternidade.

um amor inglórico, unilateral e sem novidade.

Eu encorajo quem muito a ama

a encontrar no caos diferente mama.

A Sorte inglória à casualidade da veritas clama

"Democracia" o estudante-médio lhe chama....


ah! Diluídos pela fama caem os ventos

Caem diluidamente entre o Tártaro e o Nada

Absorvem-me convulsões e breves tormentos

E minh'alma não merece ser de novo apedrejada.


Crio com cio o que não podem p'lo brio

Assim, a crítica persegue o perdedor

Mesmo que tinta esgote ao triste pintor

forças haverão para culmatar o breve frio.


Quem, com comentários quiser Chafurdar

digne-se ao menos de procurar Rimar


Quod Scripsi Scripsi


Poeta Taberneiro-Revanchista Feuerbachiano-Limiano

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Adopção

o Corcunda, no seu Pasquim

Os slogans são o disparate do costume. Celebramos a família e o casamento. A família como núcleo de Amor Cristão, à imagem do Criador, sempre aceitou que a forma pode transcender a materialidade e por isso sempre lutou para que a família fosse mais do que um conjunto de consequências naturais. A adopção é disso um caso. Argumentar que uma família homossexual não é família por não poder gerar vida é, não apenas estúpido, como insultuoso para a própria Fé e para os milhões de famílias que não têm descendência. Logo, o valor de passear criancinhas pelas ruas é algo de muito duvidoso.
Mas a palhaçada só se encontra completa quando vemos um conjunto de gente ligada à Igreja a mover-se a favor da forma presente, o estilo séc. XIX, de casamento civil. Isso sim é algo que só ao nível da dupla Croquete e Batatinha…
Uma forma de casamento que é tomada como meramente contingente pelo Estado, que é dissolúvel por vontade de uma das partes, onde a dissolução do vínculo fundamental não é vista como falha mas como acto próprio da esfera de autonomia do indivíduo, torna-se, subitamente, a razão para a união de toda a boa sociedade do país.
Em relação ao divórcio não houve manifestações. Ninguém pareceu preocupado com a destruição de lares ou com a manutenção dos bons preceitos cristãos, com a destruição das tradições sociais do bom povo português ou com a necessidade de ter o Matrimónio como referencial do casamento civil. Nunca apareceu movimento que se preocupasse com o assunto, a Igreja Portuguesa expressou reservas, mas, em momento algum, afirmou uma alternativa social para o problema. Em conluio com o Regime aceitou sempre essas como matérias da Democracia e não como elementos estruturantes de qualquer sociedade. Nunca ninguém levantou a voz para afirmar que a manutenção dessas instituições e a sua intocabilidade pelos poderes públicos, é o mais fundamental reduto da liberdade social.
É por isso que é de perguntar, qual o espanto com o casamento homossexual? Quando os heterossexuais aceitaram violar a regra mais elementar da Família Cristã, a indissolubilidade, ninguém disse uma palavra. Agora que são os homossexuais, há manifestações, palhaçada e criancinhas a desfilar.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

os últimos republicanos portugueses

o blogue Esquerda Republicana, num texto de Ricardo Alves, intitulado "Um Presidente da República Monárquico?"

Esclareça-se: a República é de todos, e qualquer cidadão deve poder ser Presidente, inclusivamente os monárquicos. Mas as convicções políticas dos candidatos, particularmente sobre a questão do regime, não são, não podem ser, indiferentes. Mesmo que outras razões não pesassem, muito dificilmente votarei num monárquico para Presidente da República.
E mais: com esta candidatura, arriscamo-nos a perder um bom activista humanitário ganhando um mau Presidente. Ou a perder um bom activista ganhando um candidato cujo objectivo principal parece ser barrar o caminho a Manuel Alegre.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

200 rins humanos doados ao Hospital de São João, no Porto, por desconhecido benefeitor

Médicos e funcionários do hospital mais importante do país tiveram uma grande surpresa hoje de manhã, quando chegaram ao trabalho e aperceberam-se que alguém tinha deixado no exterior da Porta Principal do São João um saco térmico contendo 200 rins de origem humana e não animal, como se chegou a suspeitar.
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"Primeiro pensamos tratar-se de uma brincadeira de mau gosto" disse-nos João Madeira, o Director do Serviço do Hospital, "mas depois ficámos encantados".
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Os órgãos vitais vinham cuidadosamente selados nos referidos plásticos, e encontravam-se todos em perfeitas condições para serem usados.
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"Nota-se pelo destro trabalho de corte e cusura que se trata, sem dúvida, de um especialista" é a opinião do especialista em transplantes Dr. Jorge Fagundes, "e é um exemplo para todos os portugueses. A maior parte das doações foram feitas por asiáticos, como se pode deduzir da presença de um elevado número de amostras de sangue retirado dos rins B+, algo muito comum nesse grupo racial. Além do mais, as sacas térmicas tinham carimbado "Made in Filipinas" no seu interior".
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Espera-se que a lista de espera para transplantes renais no SNS diminua em 20%, e não nos inicialmente estimados 40%, visto que grande parte dos médicos do Serviço de Cirurgia levaram algumas amostras para as suas clínicas privadas.
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"As câmaras de vigilância mostram-nos um sujeito encapuçado", diz o chefe do departamento de segurança do Hospital.
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"Estaremos atentos a futuras doações repentinas", afirma Deolinda Moreira, enfermeira.
Já foi reunida uma petição entre funcionários e doentes para levantar uma pequena placa comemorativa à generosidade do Doador Anónimo.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Face Oculta

O expediente de Aveiro, com os despachos dos magistrados, era para para autuar de modo autónomo ou era também para ser submetido ao presidente do STJ para apreciação da validade das escutas em que interveio o primeiro-ministro?
Parece que seria para ser autuado de modo autónomo, como outro inquérito porque só assim faria sentido. A não ser que fosse extraído de outro inquérito para investigação do crime de atentado ao estado de direito conexo com os crimes de corrupção em investigação no Face Oculta. E ainda assim, então, não precisava de passar pela mão do PGR, mas poderia ter sido remetido para a secção criminal do STJ, para o MP, na medida em que o presidente do STJ era o juiz de instrução competente para tal apreciação.
Assim, temos a primeira grande dúvida. Sabendo que Pinto Monteiro não autuou como inquérito o expediente por achar que não havia "indícios probatórios" que os magistrados de Aveiro entenderam existir, porque razão submeteu o expediente com esse despacho de arquivamento liminar, à apreciação do presidente do STJ?
Seria para ponderação de outros eventuais indícios e para que o presidente do STJ visse algo que o PGR não lobrigasse? Não parece nada porque o titular da acção penal é o MP e não o presidente do STJ. E este, segundo agora disse melhor, só apreciou as certidões relativas a escutas em que interveio o PM. Então, quid juris?
Que valor poderá ter o despacho jurisdicional do presidente do STJ, num expediente já arquivado no MP? E que não poderia fazer parte, por isso mesmo, do processo de Aveiro, como o presidente do STJ afirmou hoje às tv´s ?

Estas questões continuam por responder.
E parecem-me inteiramente legítimas.

na portadaloja

O Café Odisseia, mesmo em épocas de crise, permanece vigilante

num impasse

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Reacção Pura - o reaccionário e o seu sofá I

Últimos acontecimentos e estados de espírito têm-me levado a divagar sobre o facto de eu ser ou não um reaccionário.
Cheguei inclusivamente à conclusão que sou dos poucos reaccionários em Portugal, sendo que nunca houve muitos reaccionários na política no nosso país.
Ora apresento-vos o meu raciocínio:

Obviamente que o revolucionário tem como principal alvo-a-abater o reaccionário.
O revolucionário é um homem de Massas, um eloquente líder do Povo que vai levá-lo, mais dia menos dia, à Revolução e à vitória final.
Do outro lado da cerca, supostamente, está o reaccionário.
Ou será que não é bem assim?
Pela descrição anterior do revolucionário, o "reaça" é uma pessoa pouca dada a histerismos populares - provavelmente não se identifica com essa realidade "homogeneizada" pelo revolucionário chamada Povo - e não tem vontade alguma de levar ninguém à vitória final - por várias razões, por conhecer o facto de não existirem "vitórias finais", e que uma revolução, inegavelmente, levará a outra, ou porque prefere o anterior estado de coisas.

No entanto, é muito complicado identificar o verdadeiro reaccionário entre os defensores do antigo estado de coisas - é necessário não esquecer que os apoiantes do Estado Novo, além de serem apologistas de um Estado das Massas, onde a teoria do Partido Único não diferenciava muito da loucura actual pelas maiorias absolutas e onde predominavam os sentimentos nacionalistas, algo muito próprio das democracias actuais, e também que o próprio Estado Novo não nasce de uma contra-revolução, e sim de uma revolução armada contra a Ordem Revolucionária vigente, a Iª República.

Aliás, a própria Iª República mais não é que uma alteração na ordem revolucionária imposta pelo regime da Monarquia Constitucional - apesar de eu sublinhar que a Carta de 1834 era a Lei Fundamental mais "portugueza" de todas as Constituições que já tivemos até agora, mais próxima da realidade social e económica do país do que as deste século, e que o regime falhou porque a classe política, além de poderosíssima sem comparação em relação aos séculos anteriores, falhou em preservar os mecanismos de separação de poder.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

islamismo fascista

Hitler instituiu programas similares, muitos dos quais estão em voga hoje. Os nazistas defendiam com unhas e dentes o pleno emprego e o salário mínimo. Utilizavam a retórica pró-trabalho, dessa forma, eles exigiram a limitação dos lucros ou mesmo a sua abolição . Hitler expandiu o crédito, instituiu programas de governo para aumentar postos de trabalho e introduziu o seguro-desemprego, a indústria alemã era protegida da concorrência externa, com tarifas altas, estatizou a educação, instituiu uma política de salários rigorosa e de controles de preços, e que acarretaram enormes problemas na economia alemã .

Na verdade, alguns historiadores acreditam agora que a economia da Alemanha começou a vacilar no final de 1930 devido a sua política armamentista, e também pelas barreiras protecionistas do comércio, e os programas sociais. Isso deixou Hitler com pouca escolha além de lançar a sua máquina de guerra. Ele teve que invadir nações vizinhas para agarrar recursos naturais e evitar assim uma recessão econômica em sua própria nação.

Hoje os governos islâmicos de estilo radical também são facistas São nacionalistas, as economias desses países são controladas com mão-de-ferro pelo Estado. Elas se fundiram governo e religião em um caldeirão grande de modo que os dois são indistinguíveis.

O que torna o fascismo e outros regimes autoritários baseados em ideologias tão perigosos é que elas são povoadas por pessoas que gostam do governo. Essas pessoas amargamente desaprovam a Liberdade, mas estão ansiosos para aproveitar o poder do governo para impor a sua própria marca especial de controles sobre a população. Qualquer ideologia que coloca o governo antes da liberdade individual tem todas as marcas do fascismo.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

e eu propronho o encerramento do BE*

BE propõe encerramento dos hipermercados aos domingos e feriados

da série : Ideias-bestas
do capítulo: Fode-te no cu
no título: mas não me fodas a mim
*título roubado ao Insurgente

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Richard Cobden, speech in the House of Commons

You may, by legislation, in one evening, destroy the fruits and accumulations of a century of
labour; but I defy you to show me how, by the legislation of this House, you can add one
farthing to the wealth of the country. That springs from the industry and intelligence of the
people of this country. You cannot guide that intelligence; you cannot do better than leave it to
its own instincts. If you attempt by legislation to give any direction to trade or industry, it is a
thousand to one that you are doing wrong; and if you happen to be right, it is a work of
supererogation, for the parties for whom you legislate would go right without you, and better
than with you.

Obama e a Esquerda Europeia

A Presidência Espanhola da União Europeia está chocada com a ausência de Barack Obama na futura cimeira USA-EU.

B.O. está naturalmente mais preocupado a "arrumar a casa" para as intercalares que estão para vir - e a tentar negociar com os republicanos de forma a que os americanos não notem tanto a perda de vantagem no Congresso - do que a perder tempo a falar com o "Homem Doente" do Ocidente.

A era Obama afigura-se desastrosa para a Esquerda Europeia por duas razões:

1- não correspondeu a nenhuma das suas expectativas. Obama aceitou um prémio Nobel da paz, sem a garantir. Trouxe J.M. Keynes de volta à ribalta, mas a Nova Ordem Keynesiana será negociada com os países emergentes da África e da Ásia, e apenas alguns parceiros europeus - aqueles que não estiverem demasiado soterrados em dívidas.

2- Obama é mais realista do que McCain. O "lonely rider" republicano via na Europa um parceiro viável, um amigo tradicional cujos comportamentos são infinitamente mais previsíveis do que os Tigres e os Leões asiáticos. Obama conhece o "mercado político" dos novos capitalistas - e sabe que depende muito mais deles do que da estafada europa.

O que nos resta é a frustração idiótica. Obama não vai dialogar com os Grandes Líderes do Partido Socialista Europeu - nem sequer vai ajudá-los a recuperar a Europa das reaccionárias mãos dos Populares. Pelo contrário, se houve balanço positivo na diplomacia europeia foi com a democracia-cristã alemã.

A ladainha habitual de que a União Europeia é uma instituição pro-mercado está-se a provar, cada vez mais, uma mentira adiada. A Agenda de Lisboa, que planeava fazer da UE o espaço mais competitivo do mundo até 2010, devido à insistência da burocracia de Bruxelas em tutelar os mercados.

As políticas anti-trust da UE estão a corromper o mercado europeu e a eficiência das empresas.

É um erro acreditarmos o espaço europeu como um espaço de comércio livre quando tantas regras para a competição entre as empresas existem neste pequeno vilarejo com sotaque engraçado que é a Europa.

Fazer cumprir estas regras - num esforço desmesurado para criar um mercado de concorrência perfeita - consome 10% do PIB da UE.

O suficiente para recuperar muitos dos empregos que a UE vai perdendo todos os anos para os mercados asiáticos e americanos.

Obviamente que a tributação excessiva e a legislação laboral também contribuem para o apagão da Europa.
Enquanto a Europa continuar a impedir activamente as empresas de se instalarem na Europa e produzirem - sem o medo de produzir o suficiente para atemorizar os "barões da concorrência regulada" - os objectivos da Agenda de Lisboa vão continuar a ser os mais amargos dos novos contos de fadas do Velho Continente.
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