O outro - eu que vinga, mata e esfola a razão!
O outro - eu que nunca existiu
na matéria, mas em pensamento.
O supra-ego que me controla o infra-eu.
Nunca o controlo fora ausente.
e eu pensava exactamente o contrário.
( Em vão.
Havia afinal um hiper-ego que me mantera quieto.
À sua direita, o supra-ego me mantinha racional.
E eu não sabia quem eram, porque superiores.
E o meu corpo somático me mantinha preso
E eu pensava ser apenas mais um ser surreal.
Tudo um sonho de quem se deixa esvaír pela linguagem
Eu não era aquele outro-eu vigilante e desmesurado
Nunca o seria sem um código que me amputasse o ego.
Quem me garante que deixe este eu para passar a ser o outro?
Assim, onde o tempo não conta, onde a vontade não impera,
Assim surge o princípio da negação de si mesmo
E eu nego este eu que nunca fui, e aquele que nunca serei.
Não me explicam a origem nem fim, apenas ser enquanto ser.
Não caminhamos para o retorno donde vimos.
Seria inglório ao ser. Seria voltar a não-ser,
Seria voltar ao nada perplexo.
Ao nada anterior ao acto que fomos.
Seria apagar todos os factos.
seria limpar-nos a história.
seria queimar-nos o nome
dizimar-nos a própria honra.
18/02/2010
Lourenço
Sem comentários:
Enviar um comentário