sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O mal na Segurança Social



Quando foi criada a Segurança Social?

A ideia do Estando providenciar assistência aos mais desfavorecidos, ou criar uma rede de apoios sociais na sociedade, é muito mais antiga do que usualmente se pensa.
As primeiras ideias de um Estado-Caridade, Estado-Solidariedade, devem ser tão velhas como o pensamento humano, como a vontade de ver a sociedade civil lideradas pelo Poder Político.

Desde Platão a Morus, ocasionalmente, desponta nos meios intelectuais esta utopia, ainda pouco consistente nesses dias.

No entanto, o Estado Social, e o gérmen da Segurança Social nascem, claramente, do liberalismo político, jurídico e económico do Século XIX.
As sociedades destes países eram altamente conscientes das suas obrigações civis, políticas e comunitárias. Nasce da igualdade perante a lei, o direito à propriedade e o fim das barreiras mercantilistas que favoreciam os monopólios estatais, as fortunas do século, as invenções que mais marcaram a humanidade, o desenvolvimento do Conhecimento e o maior acesso das massas à cultura.
No entanto, da maior consciência social que surgem nesse grande século, surgem também as manifestações de desagravo.
Apesar de as classes baixas dos países onde impera o Estado de Direito Liberal viveram muito melhor do que as que viviam nos países retrógrados das monarquias absolutas ou das repúblicas jacobinas, as diferenças, num clima de liberdade, fazem-se sentir muito mais facilmente.
Com a maior participação política dos mais desfavorecidos, os Governos finalmente começam a dar passos no esforço de diminuir o "fosso" entre os "have" e os "have not".

E depois?

O Livre-Mercado, o direito à propriedade privada e o rule of law são os pontos-chave para uma sociedade civil móvel, onde haja possibilidades de progressão social e realização profissional.
Deles nasce essa sociedade aberta e acordada para as necessidades dos que não podem, dos que precisam de ajuda, enfim, nasce da sociedade livre a consciência da Paz Social.

A presença da Segurança Social não destrói este sistema. Nos seus esforços de tornar mais eficiente a solidariedade civil, de reconduzir, através dos melhores meios do Estado, a atenção da sociedade para casos de pobreza extrema ou de necessária intervenção para o bem dos nossos iguais.

No entanto, a progressão histórica da SS não nos mostra, em Portugal, este quadro saudável.

Porque não?

Antes de tudo, é necessário reafirmar que a Segurança Social não é uma criação socialista.
Vai, de facto, contra a doutrina de alguns teóricos socialistas mais importantes.

A Segurança Social nasce no século do Liberalismo, e atinge um estatuto aproximado do actual no Estado Imperial do Segundo Reich, sob a Chancelaria do Conservador Bismarck.
A atenção do Estado para as necessidades sociais acentua-se durante todo o século XIX, e em Portugal, antes da destruição do Estado de Direito aquando da Iª República ou da Implantação da Ditadura Militar, havia já uma progressiva atenção dos partidos representados no Parlamento, tanto à esquerda como à direita, das necessidades das classes proletárias que despontavam nas recentes indústrias das cidades.

A Segurança Social, historicamente, não é uma criação única de uma força partidária. Em Portugal não se deve, certamente, à Esquerda. Também a Direita Social-Democrata e a Democracia-Cristã vêm a Segurança Social como um meio essencial de contrabalançar as desigualdades de mercado.

O que há em Portugal é uma tradição de ódio ao funcionamento do mercado, que já vem da nossa escola económica e financeira Salazarista.
Qualquer tipo de anomalia no mercado de trabalho português, ainda que imputado a serviços públicos ou a actividades sobrefiscalizadas e sobretributadas pelo Estado, caiem, devido à acção sensacionalista dos nossos media, tão pro-government, em cima do pobre mercado, que se pudesse ter-se mexido como queria e sem a corruptela do Poder Político, estaria bem mais saudável.

As maiorias de Esquerda, bem como o programa político da Direita, criaram um Estado que consome metade do que o País produz, e tributa o resto.
Não há mais espaço para uma sociedade civil pujante.
E o melhor da solidariedade voluntária é o facto de as receitas que alimentam essas ajudas virem de um fundo inesgotável: a boa vontade dos participantes em ceder os frutos do seu trabalho.

A ajuda estatal, que preenche este espaço, consome avidamente os impostos dos contribuintes, que um dia, pelo correr da coisa, serão menos que os necessitados.

Qual é a solução?

Não é acabar com a Segurança social. Tal reviravolta traria grandes males às famílias que dependem dessa ajuda para reconstruir as suas vidas após as dificuldades económicas que resultaram da última crise.
Assim sendo, é necessário despertar a Sociedade Civil e a velha "solidariedade de vizinhos".
É necessário criar na sociedade laços de afinidade e cumplicidade, e isso só será possível dando ás pessoas os meios para poderem cumprir com as suas obrigações humanas e civilizacionais.

Doutra forma, continuaremos nós, Portugueses, a queixar-nos deste Povo que não acorda para a Política, para os seus Deveres e para o Próximo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Em terra de Deus quem é vivo nunca morre


Deus Pinheiro é uma daquelas figuras inauditas, que por cá andam, chafurdam. Ave rara diria alguém nada politicamente correcto, o que eu não sou.

A sua imbecilidade, demonstrada a semana passada, torna bem latente o estado da nossa política e é o móbil perfeito para este texto. Quando tomou posso disse o que se pode aproximar a um "é bom estar na casa da democracia". Isso levou o mais relutante e incrédulo cidadão a supor que iria Deus Pinheiro ter pela primeira vez mais presenças que faltas num órgão de soberania.

Enganou-se. Pois é, q' isto de ser Deus não tem horários para trabalhar. Só quando há milagres. Então diz um lacónico e inexplicável "renuncio". Mas porque abjurou? Motivos médicos? Pessoais? Pessoais que depois se tornaram médicos. Num frente a frente entre José Seguro e P.Teixeira Pinto o deputado do ps lá decidiu dizer que um cabeça de lista do psd por braga só lá esteve 30 min. Como é política, a réplica fez-se num "são lamentáveis as suas palavras. Por razões médicas é que ele abjurou. Lamentável. Bem, continue". E assim o deputado lá teve de encontrar um pedido de desculpas, algo a meio do seu compungido ar. Que não devia ter, pois tem razão. Tudo isto me fez lembrar o tempo em que eu ia de 15 em 15 dias a Vigo, ao supermercado. No caminho entre viana e tuy apareciam as 3 casas de alterne - uma mudava de nome todos os meses-. Á guisa de entretenimento dizia com o meu pai: um focus matrícula ac-40-20, um corsa bd-70-40 e assim por diante. No retorno, uns 40 min depois, aprox.-que homens só conhecem arroz,não as marcas-, lá comentávamos: o corsa ainda lá está, mas o focus já saiu.

veja-se. Não será ainda mais indecoroso que um sujeito qualquer que, antecipada e ponderadamente sabe que não quer ser deputado, que lá não irá estar, se preste a este papelão? Só a mim faz isto espécie? Julgo que não.

Fala-se de tudo e mais alguma coisa neste país. Até os penaltis inventados do benfica merecem rols de páginas. Agora, sabe-se isto e como são os media? parcimoniosos como sempre, quando deviam precisamente noticiar os "podres"

Olha lá, pá, este Deus Pinheiro não é aquele eurodeputado mais faltoso de todos? Não, meu, se bem me lembro ele trabalhava muito em comissões e assim. Muito trabalho por fora. E tudo sem horas extras. A desculpa do trabalho em comissões, para os deputados, está como o "fui ver o jogo com o Tozé" está como desculpa de marido, quando esteve nas putas. São tipos sem avaliação que tentam depois impor avaliações-outras conversas, já.

Foi um primeiro capítulo, que mais virão em 4 anos. Verdadeiramente consternados devemos ficar todos nós, quando indivíduos como este (não é o único de certeza- Ainda não sei se o Santana assume ou não; se a E. Ferreira assume ou não...) sujam as instituições democráticas, envolvendo-as num opróbrio nada dignificante. Infelizmente, a meu ver, isto so poderá deixar de ser assim num dia- fora de alcance- em que os círculos plurinominais dêem lugar aos uninominais. Aí, a política faz-se noutros moldes. Mais sérios, mais responsáveis e com maior cobrança. Sem ultrajes.

A sra que vos falei do tal frente a frente devia, outrossim, estar muito mais empenhada, não em abafar ou perdoar isto, mas em preocupar-se com indemnizações ostensivas. Se bem me lembro, desde que o tal homem do BCP saiu de lá, não faz outra coisa que não seja cagar quadros, poesias e bandeiras monárquicas, enquanto os meus 500 euros de acções, adquiridas antes dele ter destroçado o banco como fez, ainda não têm retorno. Esses 500 euros e os da renovávies. Mas aí a culpa é do Estado.

Desculpar-me-ao o estilo de constante peroração,produto óbvio da revolta que estes casos casos nos devem causar. São situações que cheiram a imundície, e só permitidas pelo nosso beneplácito. Não pode assim ser.

Círculos uninominais?

Abraço.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Defesa de VPV

Caro Pedro,

Bom ver que voltaste à escrita cá no blogue.
Se me permitires pegar num ponto do teu último texto para discursar sobre um tema que me tem vindo a perturbar ultimamente, agradecia-te muito.

Esse mesmo tema prende-se, a meu ver, a um certo alheamento da realidade histórica e também da crescente ideia de que o passado não serve como argumento, sendo que, quando nos interessa, podemos criticar pessoas e instituições pelo que presumivelmente fizeram num passado muito longínquo.

Li o teu texto e peço-te que tenhas em atenção a análise a este texto, do Público, pois vou analisá-lo parágrafo por parágrafo.

Começo pelo primeiro.
Parece-me que concordas com o Vasco Pulido Valente (VPV) quando ele diz que todo o problema que Saramago levantou era excessivo e desnecessário. Também concordo.

Depois, VPV refere-se aos anticlericalistas.
Não sei se alguma vez leste um panfleto clericalista, mas é dificil que não o tenhas feito, visto que eles proliferavam e proliferam ainda neste país. Os mesmos argumentos circulam, desde os tempos do liberalismo radical (afrancesado) até ao socialismo e ao republicanismo do fim de século (XIX), espalhados por uma imprensa movida por um ódio irracional e uma intelligentsia demagoga.

A Igreja perdeu muitos bens e foi violentada pela ordem política da Iº República, pela venda dos seus bens decretada em 1834, pela proibição da entrada de novas congregações religiosas que perdurou durante mais de meio século, pelo controlo exercido pelo Estado Novo sobre ela, e claro, pelos exageros do PREC.

Ainda assim sobreviveu, mantendo-se na vanguarda da solidariedade social e até do ensino.

VPV afirma que os argumentos de Saramago são dignos de um tipógrafo analfabeto.
Amigo, esta é a verdade! Porque nos tempos conturbados do ódio pela Religião, eram esses os mírmidones dos líderes anticlericalistas, esses os seus capatazes.
Qualquer trolha diria, nesses tempos e ainda hoje, o que Saramago disse. Isto, a mim, parece-me difícil de contestar.

O segundo parágrafo parece-me melhor ainda, mais directo ao assunto.
Todos nós reconhecemos que os prémios Nobel estão politizados. Isso porque todos os anos os conhecedores e admiradores de certo autor, que é considerado, por boa crítica, como promissor ou até grandioso, desiludem-se pela nomeação de um outro, tantas vezes desconhecido e até irrelevante, à excepção do passado de activismo político esquerdista.
Basta ler um pouco a história dos vencedores do Prémio para o reconhecer.

Discorre mais um pouco VPV, em crítica inflamada, contra o "pobre velhinho atacado", até que VPV bate no ponto que os fãs de Saramago, especialmente aqueles que, sendo de Esquerda, o vêm como o último ( e único) símbolo intelectual dessa revolução que se queria cultural, mas cuja geração pouco ou nada vingou fora e dentro de portas.

Saramago, enquanto membro da geração que ia revolucionar a Arte e a Literatura, destronada a Ditadura, fez ditador e destruiu o DN. Despediu (saneou) pessoas que precisavam do seu ganha-pão e o tinham merecido, abusou da autoridade e saiu impune, por fazer parte dessa omnipotente geração falhada (atrasada, no seu esquerdismo totalitarista, uns 30 anos em relação à já moderna esquerda europeia) e por causa do seu amiguismo político, cultivado nos tempos da clandestinidade.

Para finalizar: Não tenho dúvidas de que Saramago sorri com tudo isto, e sai a ganhar, nunca há suficiente publicidade. Nunca se pedirá a Saramago contas pelo mal que fez, pelos abusos que cometeu, e a Igreja é um alvo fácil.
Num país livre onde se adora ver brincar essa Esquerda irrequieta dos comícios, manifestações e outras traulitadas, a Igreja é um belo bobo para que os meninos e senhores possam se divertir, mostrando a sua veia de oprimidos permanentes e a sua blague de falsa intelectualidade.

Porque se esta Igreja, em vez de ser a Romana, ou a Luterana, ou outra qualquer, fosse a mesquita de Mafoma, em que os crentes são realmente bárbaros e violentos, aí sim os intelectuais do anticlericalismo teriam que fazer algo que repugnam veemente: Ter Tomates!

Saramago


O homem falou, levantou-se um escarcéu tão grande, tão grande que as vacas sagradas saíram todas. Voz no trombone, como pessoas insignificantes que são, mais não se podiam servir que do vitupério. Padres, professores, todos ofendidinhos. Como disse, há vacas sagradas nesta terra não tão santa.

Ao almoço, apetitoso e opíparo nos Arcos de Valdevez, num daqueles silêncios que surgem quando não há mais tema de conversa, decidi-me e puxei o tema Saramago para o espaço já vazio da travessa do cabrito. Só uma senhora, muito velhinha, de ar um pouco senil e tez enrugada decidiu comer. respondeu: "Ó menino, este cabritinho está tão bom que falar-me disso é até crime. Mas se quer saber, olhe, sou religiosa, católica, praticante, e como calcula não gosto das críticas. Mas não vejo grande mal. Veja, isso não é mais que liberdade de expressão, de opinião, liberdade de autor. E isso é bom, não? Se como católica gosto de ouvir? Não, mas é algo que tolero pelo que lhe disse. E ,agora, coma menino, que está muito magrinho. Coma coma. Quanto pesa? 68 quilos. Ui!. Coma coma."

Estas parcas palavras resumem bem o que eu penso desta situação toda. Só acrescento o escândalo que, pelo menos a mim, me causam afirmações como as de um eurodeputado qualquer e do Pulido Valente. são afirmações ignominiosas, que gratuitamente vilipendiam quem as recebe. E isso, seja ele Saramago ou o Tino de Rans, é intolerável. Ao que parece Saramago não é doutor (como Pessoa ou Camões não o eram)

O sr eurodeputado, tal qual a sensibilidade chega a alguns com a decrepitude, a ele veio-lhe mais cedo. Uma sensibilidade obtusa, é verdade, que o puxou do estado anónimo para uma imbecilidade pública, repelida. Valha-nos ao menos que cá não esteja, que embora não seja uma vitória de grande monta também não é uma vitória de pirro.

Mais do que estas palavras, Saramago não me merece, nem tudo isto.

Para terminar, se Saramago não é português, Lobo Antunes e Pessoa, que não escrevem como Eça sê-lo-ão?

Em Portugal há vacas sagradas, De certos temos não se pode falar, criticar então está fora de questão. Vivemos numa terra de santos, mas onde se reza de dia e se peca de noite.

Coisas do Arco da Velha, nos Arcos de Valdevez.

Abraço

Silogismo

Se Oeiras tem os mais altos níveis de doutorados, mestrados, as mais baixas taxas de analfabetismo e abandono escolar enquanto Felgueiras sofre do drama contrário, com elevado abandono escolar e poucos licenciados,

e se os pouco inteligentes e analfabetos de Felgueiras decidiram tirar de lá a Fátima enquanto os doutores de Oeiras preferiram Isaltino,

então quem é que, afinal, precisa de estudar?

Abraço.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Desculpas Oficiais

a José Saramago,

porque limitou-se a falar da mesma maneira que nós, cá no Odisseia, escrevemos. A diferença está no facto de, no fim dos nossos textos, colocarmos as nossas referências, enquanto Saramago mira com olhar esganiçado a sua audiência, em calorosa risota irreligiosa.

Desde já, as nossas sinceras desculpas, aos nossos leitores, dos Odisseus que só vos querem bem.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

saramago em claro

Saramago junta-se ao clube de escritores que, recebendo um Nobel pelo simples facto de se escrever com razoável imaginação, dentro dos padrões de uma moda literária dita "moderna" e doutrinar um esquerdismo digno do Cretáceo, criticam de forma cretina um livro que não compreendem.

O anti-clericalismo de Saramago, o seu trés pop Evangelho, e até o recente Caim, não são o melhor da literatura de língua portuguesa. Quem o diz, não a conhece. Nenhum dos seus livros diz tanto sobre a literatura e a cultura lusa como um dos livros de Ramalho, de Eça, de Camilo, de Vergílio, de Torga, de Herculano, de Júlio Dinis, de Drumond, de Buarque, de Machado de Assis , de Vieira...

É uma moda de escrita, uma coisa desconexa com alguma piada, à la Sudamericana, mas não é literatura portuguesa. Alguns dos seus professos defensores e fãs protestarão, com toda a justiça, destas palavras. Mas um escritor não se mede apenas pelos livros que escreveu. Um escritor é o seu estilo, as suas crónicas nos jornais, as suas reportagens, os seus depoimentos, a sua postura e filosofia de vida.
Por isso é muito fácil escrever livros, mas é difícil ser escritor. E por isso, Saramago é um escritor, cedo-lhe isso, mas português não é. Também não é Universal. É uma moda.

E como todas as modas, Saramago tem de chocar, tem de atrair atenção.
Assim Saramago sabe o que dizer da Igreja, da Bíblia, dos Católicos, sabe divulgar o seu ódiozinho, o seu desejo de esconder das criancinhas um livro tão terrível, o seu ateísmo tão superior à quadrilha que molha a testa dos filhos como sinal de entronização na sua organização "criminosa".

Saramago é a aristocracia da esquerda. Que, por sinal, é a pior. Toda uma multidão de juventude cretinizada pela "irreverência" de um velho decrépito - símbolo de ideias nado-decrépitas - deseja ser Saramago, deseja ouvir Saramago, consumir Saramago, vesti-lo nas camisolas como se de um Che se tratasse.

O problema é que Saramago é um flop. Não é português, mas não é do Mundo. É um nada, mas um nada na moda.

sábado, 17 de outubro de 2009

Forum Política e Sociedade

O Café Odisseia tem o prazer de apresentar um novo projecto a juntar-se à já ampla oferta da FDUP (Sociedade de Debates, Jornal Tribuna, Cine Clube, Direito à Cena). Falo do Forum Política e Sociedade, iniciativa que ocorrerá, de agora em diante, com alguma periodicidade (duas vezes por semestre). A primeira sessão terá lugar em Novembro (data a confirmar), subordinada ao tema "A Segurança Pública Além da Agenda Política".
Como poderão ver no blogue destinado à causa, o FPS destina-se a possibilitar um diálogo mais estreito entre professores e alunos, troca de conhecimentos tão salutar em ambiente académico. Daí que cada sessão se estruture em dois momentos - pequenas exposições iniciais seguidas de discussão.

Apesar de dois membros deste blogue se encontrarem na organização do Forum, gostaria de deixar bem claro que o Café Odisseia e o Forum Política e Sociedade são duas realidades distintas, distantes e inconfundíveis.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

hoje é dia de outros acontecimentos "republicanos"


O ódio inspirado pela propaganda esquerdista-jacobina em Portugal e França constitui, numa forma quase pura, o exemplo de como a má fé de alguns indivíduos tirânicos, disfarçada numa mensagem de igualdade fratricida e desonesta, um discurso de bêbado que ainda engana alguns intelectuais e muitos políticos, pode e consegue manter-se vivo e pujante na mentalidade das sociedades que infectam.

Os republicanos conseguiram povoar a imagem que o povo português tinha da família real de Bragança com perversidades, abusos e mentiras.
A isso aliaram uma ideia de igualdade que consistia em destronar a Casa Real e trocá-la por uma oligarquia política que arruinou o país nos 16 anos de Iº República, estupidificou-o nos 41 anos de IIº República, e agora assentou confortavelmente no actual tecido social o seu corrupto carácter bizantino.

Mas como a raleficação ficou-se só mesmo entre alguns sectores e não afectou quem não se deve deixar afectar, mantêm alguns cidadãos a recordação do que é, efectivamente, o verdadeiro jacobinismo republicano, o verdadeiro igualitarismo sans-cullotes.

Da data de hoje a precisos 216 anos atrás, a populaça da igualdade, guiada pelos seus líderes "iluminados", num espontâneo serviço à causa da Revolução, guilhotinou em praça pública a Rainha Maria-Antonieta de França, após todo o tipo de humilhações, privações e atentados à dignidade humana, dos quais consta muy famosa a violação e assassinato da melhor amiga da rainha, a princesa de Lamballe, que sofreu toda essa insultuosa violência à saída do tribunal revolucionário onde tinha recusado prestar juramento à humana república.

A cabeça de Suas Majestades da França, bem como dos restantes e suspeitos apoiantes "realistes", foram exibidas em Paris e por toda a França como uma vitória da igualdade, liberdade e fraternidade.

É esta mesma a filosofia que iluminará os corações a transbordar de ódio e caos dos regicídas de 1908, é este o mesmo caos que engolirá Portugal após 1910. O abuso da maioria sobre as minorias e sobre o Estado de Direito.

Recorde-se mal, em terras de Portugal, o 5 de Outubro, não é desculpa suficiente para não se protestar contra este movimento exaltado da inteligentsia.

Aprenda-se as Revoluções, homenageiem-se os mártires do fervor bélico!

Vive La Reine!

Dürer

Caritas in Veritate

In his new social encyclical, Caritas in Veritate, Pope Benedict XVI has strongly reaffirmed and deepened the connection between morality and the free economy. Benedict has repudiated practices that led to a global economic crisis in which the love of truth has been abandoned in favor of a crude materialism.

Market economy and ethics - Joseph Ratzinger

The great successes of this theory concealed its limitations for a long time. But now in a changed situation, its tacit philosophical presuppositions and thus its problems become clearer. Although this position admits the freedom of individual businessmen, and to that extent can be called liberal, it is in fact deterministic in its core. It presupposes that the free play of market forces can operate in one direction only, given the constitution of man and the world, namely, toward the self-regulation of supply and demand, and toward economic efficiency and progress.

This determinism, in which man is completely controlled by the binding laws of the market while believing he acts in freedom from them, includes yet another and perhaps even more astounding presupposition, namely, that the natural laws of the market are in essence good (if I may be permitted so to speak) and necessarily work for the good, whatever may be true of the morality of individuals. These two presuppositions are not entirely false, as the successes of the market economy illustrate. But neither are they universally applicable and correct, as is evident in the problems of today's world economy. Without developing the problem in its details here — which is not my task — let me merely underscore a sentence of Peter Koslowski's that illustrates the point in question: “The economy is governed not only by economic laws, but is also determined by men...”. 5 Even if the market economy does rest on the ordering of the individual within a determinate network of rules, it cannot make man superfluous or exclude his moral freedom from the world of economics. It is becoming ever so clear that the development of the world economy has also to do with the development of the world community and with the universal family of man, and that the development of the spiritual powers of mankind is essential in the development of the world community. These spiritual powers are themselves a factor in the economy: the market rules function only when a moral consensus exists and sustains them.

domingo, 11 de outubro de 2009

on autárquicas we trust

Tanto no Porto como em Lisboa, o BE não recebe um quarto dos votos que lhe couberam há 15 dias atrás.

Hoje, sabemos que o país à esquerda é moderado e social-democrata, senão até liberal, mas está insatisfeito com a situação económica e social do país.
A prova é o facto de que nem o facto de as pessoas estarem zangadíssimas com o PS as leva a confiar as suas autarquias ao Bloco de Esquerda.
Uma coisa é tê-los a chatear em Lisboa. Outra é tê-lo as chafurdarem-nos o quintal.
OK portugueses, got the message.

ainda acorrentados


para a próxima, espartanos!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

you wanted Change, Change you get

in SIC

Ao contrário do que estava previsto, o Dalai Lama não vai encontrar-se com o Presidente norte-americano. Barack Obama adiou o encontro para depois de uma reunião com o Presidente chinês, marcada para Novembro.

Esta é a primeira vez, em 18 anos, que o Dalai Lama não reúne com o chefe da Casa Branca durante as visitas a Washington.

A comunidade tibetana já se mostrou desiludida com a decisão da administração norte-americana.


guarda-chuva oficial do Café Odisseia

Erasmus?

no i

A Universidade de Pilsen, na República Checa, encontra-se no centro de um grande escândalo académico e político. Centenas de estudantes, entre eles algumas figuras públicas, obtiveram os seus títulos universitários, no passado, em poucos meses. Segundo as investigações de uma comissão ministerial, muito alunos terminaram as suas licenciaturas em Direito em muito menos tempo do que os cinco anos requeridos, nalguns casos em apenas dois meses.
As autoridades estudam agora a maneira de retirar esses títulos aos licenciados, se bem que reconheçam que isso dará origem a complicados litígios judiciais.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A Primeira-Dama que foi a Vénus e sobreviveu para contar a história

Miyuki Hatoyama, Primeira-Dama japonesa, afirmou comer um pedaço de Sol todas as manhãs e ter sido raptada por extraterrestres e levada até Vénus.

As Minhas Apostas Para o Nobel (II)

A um dia do anúncio do laureado com o Prémio Nobel da Literatura 2009, faço a minha segunda aposta, Philip Roth. Ficcionista, judeu, velhinho adorável, aclamado até pela mais cínica critica, vencedor do Prémio Pulitzer em 1997, e um sem fim de outros prémios, insígnias e santinhos. Ficam a sugestão de algumas obras: Conspiração Contra a América, O Património, Indignação, Animal Moribundo, e Todo-o-Mundo.

Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar?(II)

"(...)este livro é o teu testamento António Lobo Antunes, não embelezes, não inventes, o teu último livro, que amarelece por aí quando não existires, como esta casa é triste às três horas da tarde, toque na fêmea pai em lugar de tocar-me que ela sim, sua filha, não tenho pai, tenho uma colher na despensa com um isqueiro por baixo, um êmbolo, um elástico, um limão espremido e você tinha os cavalos e o dezassete fora da roleta, escolheu um número que não há, uma mulher que não há, filhos que não há, há toiros mas os toiros são pedras moendo os campos com a boca (...)"
António Lobo Antunes, Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

resumo da discussão no blogue iuris cursus comitia

Para quem está por dentro das coisas da FDUP, é uma pequena chalacinha.
Para quem lê este sítio, é para verem o nosso nível de "tonhada" académica.

Isso não é verdade. É mentira. És isto e mais isto.
Aconselho-te a ser mais sensato e a pensares melhor as tuas afirmações.
Estou ofendido.

e agora multipliquem isto por 4.

condicionamento industrial

Pinho Cardão, na Quarta República

Não há criação de riqueza e desenvolvimento sem empresários e investimento. Em Portugal, criou-se a ideia de que há liberdade de empreender e investir. É um mito.
Continuamos a viver num verdadeiro condicionamento industrial. Claro que tem um perfil diferente, embora não menos danoso do que o da célebre Lei de 1952, que visava a regulação do investimento. Passados quase 60 anos, o condicionamento burocrático a novas iniciativas continua mais feroz do que nunca, apesar de alguns tímidos e envergonhados esforços feitos.
Centenas de projectos de investimento acabam por apodrecer depois de anos e anos nos departamentos oficiais e outros tantos aguardam por tempos infindos os pareceres intermédios e finais que possibilitam uma tomada de decisão. A prática está tão consagrada que, quando o licenciamento é rápido, em vez de se louvar a diligência, logo surgem vozes a acusar de suspeita ou de corrupção quem interveio na autorização.
O condicionamento industrial vigente é o reflexo do espírito controleiro e burocrático de um Estado tentacular, que se expressa através de um número infinito de autorizações, que constrange todas as vontades e impede o desenvolvimento. O condicionamento industrial vigente foi conscientemente criado pela burocracia instalada como forma de justificar a sua existência e é a maior responsável pela corrupção, que atenta contra a livre iniciativa, a concorrência e o desenvolvimento dos melhores projectos.
Os Governos, dominados pelos burocratas, boicotam os investimentos que lhe são apresentados; para cúmulo, aumentam impostos, esportulando cidadãos e empresas, dizendo que é para reanimar a economia. Fazem o mal e a caramunha.
Queixamo-nos então da crise, quando o remédio está ali mesmo à mão, num Ministério, Organismo descentralizado ou Câmara Municipal. Acontece que os Partidos são cada vez mais de gente com mentalidade de funcionário e isso reflecte-se nos seus programas e na sua acção.
A plena liberdade de empreender e investir é um mito em Portugal.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

platão e a nossa república I

Alguns jornais que fecharam nos anos da Iº República, por razões não-políticas, mas meramente institucionais, ou seja, a defesa do regime implantado:

"O Alarme" de Angra do Heroísmo - 1913

"O operário" de Beja - 1914

"A cidade" de Portalegre - 1914

"Justiça" de Braga - 1914

“A defesa de Santa Clara” de Coimbra - 1915

“A Verdade” de Lagos - 1916

"O progresso" do Funchal - 1918

“Noticias de Castelo-Branco” - 1918

"O mundo" - 1918

de novo, repetente convicto, o "Justiça", de Braga - 1918

"A província do Algarve" de Tavira - 1919

"O Distrito de Leiria" - 1920

"A Victória de Lisboa" - 1922

"O Lidador" de Beja - 1922

platão e a nossa república

A República, enquanto regime político, não é um sistema diabólico.
O que tem faltado na discussão à volta da Iº República é o facto conhecido que o problema do país não foi a República, mas a república que se implantou.

O folgo revolucionário dos carbonários, aplicados na destruição de uma forma de sociedade à qual se achavam muitíssimo superiores, redundou na destruição de uma sociedade livre, com uma imprensa livre pelos padrões da época, e um regime político que dava aos seus cidadãos todas as garantias de segurança e representatividade que já existiam nas democracias mais avançadas da Europa.

Em menos de um ano, tudo isso mudou.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

auto-flagelação

n'O Replicador

O PSD é o principal responsável pela ausência de real representação de direita em Portugal. Em larga medida, é um objecto parasitário que aceitou de bom grado um sistema político delineado pelo PS no pós 25 de Abril. O PSD aceita que a voz popular diga que é um partido de direita apesar de ser um partido Social Democrata (tal como indica o nome), sabendo-se que a social democracia é representada à esquerda em qualquer país europeu. Já se sabe que Sá Carneiro falava em instaurar o Socialismo Democrático, mas não precisamos de ir tão longe: há alguns dias, o próprio Marques Mendes disse que o PSD não é um partido de direita mas sim de centro (porque não pode dizer esquerda, sabendo-se que esse espaço está já ocupado). Mesmo a chamada ala mais conservadora do partido encabeçada por Manuela Ferreira Leite é apenas conservadora nos valores sociais, porque na economia é social democrata, ou seja, de esquerda. E para os que dizem que ser conservador nos valores sociais basta para se ser de direita, então podem votar no PS ou no MEP, porque o que não falta por lá são elementos da esquerda católica conservadora. Esses elementos, por si só, não colocam ninguém na direita. Acredito ainda que se Portugal tivesse um partido liberal como têm os alemães, o PSD teria mais afinidades (e faria mais coligações) com o PS do que com um partido liberal, porque, e como já demonstrou ao longo dos anos, o PSD não tem uma genética que enfatize a liberdade económica.

do estado da República


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