quinta-feira, 30 de abril de 2009

Portugal Afoga-se Num Pub

Daniel Oliveira, ilustre cavaleiro das estepes e mentor das dez pragas do Egipto, louvou, vai há pouco, na sua crónica do Expresso, guarida improvável, Portugal não ter seguido na peugada da Irlanda quando o pôde. Regozijando-se de termos ficado quietinhos levou o seu frémito mais além: Tivéssemos seguido os conselhos dos nossos “sábios liberais” e a crise teria hoje, para a maioria dos portugueses, uma dimensão apocalíptica. Por isso, quando sairmos deste buraco e os vendedores de milagres arrebitarem, não nos podemos esquecer da Irlanda. No fim quem paga o preço da aventura é quem menos ganhou com ela”.
Eu não sou um “sábio liberal”, quem dera que fosse, no entanto, denoto que Daniel Oliveira tem acesso privilegiado ao Livro do Apocalipse, talvez uma ligação apostólica que lhe permita ter um tête-à-tête logo de manhãzinha depois do pequeno-almoço.
Se escreve por inspiração divina não me atrevo a discordar, mais, faço questão de cimentar a suas palavras. Ainda bem que nunca fizemos mais que olhar para a Irlanda! Ainda bem que durante os últimos vinte anos nos limitámos a olhar para a Irlanda numa quietude domingueira. Ufa, assim não fosse e estaríamos neste momento “como o país que mais sofre com esta crise”, poderíamos estar prestes a “colapsar”.
Como o nosso ânimo pachorrento assim não permitiu agora podemos rir a bom rir da Irlanda, na nossa velhice desafogada. Façamos então um exercício de terapia do riso: rio-me de não termos investido fortemente na educação como os Irlandeses, e de neste momento possuirmos um dos mais porosos sistemas de ensino da UE, onde os alunos passam por cálculo administrativo para mostrar na Assembleia da República e exibir em Bruxelas; rio-me de não termos apostado em indústrias de futuro como os irlandeses, de termos utilizado os subsídios comunitários para comprar BMW e fanfarrar; rio-me de a Irlanda ter poucas auto-estradas – nós temos dezenas delas, mais do que carros até, e teremos TGV e novo aeroporto e muitas estatuetas em homenagem ao Deus Sol para vincar ainda mais a ideia de sermos a capital europeia do betão. Raios, felizmente não vivemos os últimos vinte anos como os irlandeses, com um sistema económico sem fugas.
Eu acho a coluna do Daniel Oliveira um primor e, quando a crise internacional perder fôlego e a Irlanda começar a recuperar a uma velocidade digna de nota, enquanto aqui a Província der de caras com uma nova crise interna gravíssima, gostaria de lhe perguntar para onde deverei olhar – para a cratera Bloco de Esquerda?
Daniel Oliveira tem razão quando diz que a Irlanda se encontra neste momento em frágil situação. De facto, Portugal não sente tanto a crise – obviamente devido a uma maior intervenção estatal, maior regulamentação, dispomos de mais garantias que nos resguardam durante a tormenta. Já a Irlanda, que possui de um sistema financeiro mais desregulamentado, e onde o estado está menos presente, sentirá a crise sem qualquer almofada que a proteja. Ainda assim poderemos perguntar-nos até que ponto o Estado Português protege os cidadãos – se chama a si 42% dos rendimentos (fora os descontos para a Segurança Social) de cada vez mais indivíduos, com que legitimidade pedirá a estas pessoas que consumam mais para sair da crise? Se o Estado Português tributa de forma escandalosa as empresas, por que carga de água é que alguém quererá investir cá? Bem, sem consumo e investimento privado torna-se morosa a tarefa de sair da crise! Possível solução: mais obras públicas! A mesma solução que vimos utilizando desde há vinte anos para cá. E de onde vem o dinheiro para mais investimentos em betão? O FMI, sorte a dele, já não entra em Portugal; a batata quente salta então para a Europa, para as mãos da Comissão.
Já a Irlanda, não colocando tantos entraves a possíveis investidores, terá mais hipóteses de os atrair
– pura teoria das vantagens comparadas. Por conseguinte, como não sufoca os cidadãos com impostos, poderá esperar deles mais consumo. Ora, daqui resulta uma saída mais fácil da tormenta em que nos encontramos.
Ficam alguns dados referentes a importações e exportações, educação, e desemprego na Irlanda.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

H5N1

Margaret Chan, Directora-Geral da OMS explica as razões que a levaram a alterar o risco pandémico da Gripe Suína de grau 4 para 5.

onde estão os Liberais?

por Jorge A. Vasconcellos e Sá

Um ex-ministro socialista
saiu do governo queixando-se de que em Portugal não há liberais.


Se por um lado é estranho que tal queixa venha de um ex-membro de um governo... socialista, por outro, é bem verdade que o ex-ministro tem razão: em Portugal, não abundam os liberais.

Entre os empresários alguns são herdeiros dos antigos usufrutuários do condicionamento industrial (restrições à concorrência para garantir a viabilidade das empresas existentes). Outros compreensivelmente preferem os “campeões nacionais” em vez do teste diário do mercado. Outros ainda, compensam a míngua de clientes, com a pedinchisse ao estado sob variados pretextos: o país é pequeno (e Malta com 400 mil habitantes que já nos passou?), o 25 de Abril deixou raízes profundas (e o comunismo na Estónia que nos passará este ano?), etc. etc.

Tão pouco são liberais os funcionários públicos: 17% da população activa e 2º maior peso salarial na UE-15. Ou, a maioria dos empregados das 366 empresas com dinheiros públicos (Tribunal de Contas, 2004) que por ano perdem o equivalente a um café por dia por português. Só cinco empresas (Refer, CP, Carris, Metro, RTP) perdem o equivalente a 0,5% do PIB.

Quanto ao resto é o que se sabe: no mercado de trabalho, na distribuição, onde os preços são superiores aos espanhóis (Dir. Geral do Comércio e Concorrência), nas universidades públicas, onde os professores privilegiam uma relação próxima com o orçamento (do estado) e distante da concorrência (com outras universidades), etc., etc.

Em resultado, no índice da liberdade económica (da Heritage Foundation), Portugal vem em 53º lugar (e sendo bom de lembrar que na Europa só há 27 países...).

Toda esta situação tem na raiz uma mentira: venderam aos portugueses a ideia de que liberdade económica equivale a monopólios privados. Quando é precisamente o contrário. A liberdade só existe com concorrência, a qual é precisamente o oposto dos monopólios, quer públicos, quer privados. Donde a concorrência está para a economia, como as eleições para a política. Ambas são fundamentais para a liberdade (de escolha).

Sem concorrência os preços são mais altos (do que poderiam ser). Não há metabolismo celular nas empresas. Não há liberdade de escolha de produtos e empregos. E cada um não é estimulado (pelo instinto de sobrevivência) a dar o seu melhor.

E para evitar o “capitalismo selvagem” a solução é acrescentar (com leis) responsabilidade à liberdade: e não matar esta. Não deitar fora o bebé com a água suje.

Quem tem medo da liberdade económica? Quem tem medo de trabalhar. E como estes a evitam? Convencendo os outros que a liberdade económica é coisa má: igual a monopólios, trusts, etc. Assim não há liberdade para ninguém e não corro o risco de ela (liberdade) me apanhar...

Resultado (da ausência de liberdade económica)? Há 16 anos o PIB da Irlanda era mais ou menos semelhante ao de Portugal. Hoje é mais do dobro. A indústria farmacêutica exportava o mesmo em ambos os países. Hoje a da Irlanda exporta nove vezes mais. O Luxemburgo (onde 20% da população empregue é portuguesa)?: tem um PIB per capita quase quatro vezes o português.

E a liberdade económica nestes países é incomparavelmente maior que em Portugal: desde os menores impostos na Irlanda até à maior flexibilidade laboral no Luxemburgo.

Por isso “faz todo o sentido” (?) o comentário de vários votantes nas recentes eleições em Lisboa: este partido nada fez; o outro no passado ainda foi pior; aquele outro não nos protege. Por isso vou votar... no Partido Comunista. Ou no Bloco de Esquerda.

Uma pergunta: quantos portugueses emigram para Cuba? Ou para a Coreia do Norte? Ou gostariam de viver na China no tempo de Mao?

Então os portugueses votam com os pés e fogem de Portugal (2% da população activa por ano) para países como a Irlanda, o Luxemburgo, Alemanha, Suíça, EUA, Canadá, Islândia (!) que são todos muito mais liberais que Portugal e nós para melhorar Portugal votamos (e queremos) o oposto?... Por favor, expliquem.

The immigration fallacy

The United States, this fabled land of immigrants, has fallen dismally far behind countries like Australia and Canada in openness to immigration. The Statue of Liberty may as well be moved to Vancouver's English Bay where the "huddled masses yearning to breathe free" are now rather more welcome than in New York Harbor. Many Americans, convinced by arguments like Samuel Huntington's, have come to believe that the institutions we so rightly cherish are too dependent on a feeble, endangered cultural inheritance to survive the bustling presence of strange languages, exotic gods, and pungent foods. That cultural fragility argument is false, and it deserves to die.

Toronto, which has an Anglo-Protestant heritage as strong as any, has proved it dead wrong. In fact, Toronto shows that a community and its core institutions can not only survive a massive and growing immigrant population but thrive with one. Multicultural Toronto and cities like it prove that the institutions of liberal modernity are robust. Life within them is so good that people the world over flock to them. And newcomers do not take these institutions for granted. They have a stake in seeing them last. They can and do make them stronger.

Agradecido ao Afilhado

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O Século das Nuvens (II)

Apresento-vos alguns dos Calligrammes de Guillaume Apollinaire:






O Século das Nuvens (I)




Gui Canta Para Lou

Querida Lou queria morrer num dia em que me tivesses amado
Queria ser bonito para que me amasses
Queria ser forte para que me amasses
Queria ser jovem para que me amasses
Queria que a guerra começasse outra vez para que me amasses
Queria-te prender para que me amasses
Queria-te dar palmadas nas nádegas para que me amasses
Queria-te pisar para que me amasses
Queria ficar só contigo num quarto de hotel em Grasse para que me
amasses
Queria que fosses minha irmã para eu te amar incestuosamente
Queria que fosses minha prima para que nos amássemos desde criança
Queria que fosses o meu cavalo para eu te montar durante muito tempo
Queria que fosses meu coração para te sentir bater dentro de mim
Queria que fosses o paraíso ou o inferno de acordo com o lugar
onde me encontre
Queria que fosses um menino e eu o teu preceptor
Queria que fosses a noite para nos podermos amar no escuro
Queria que fosses a minha vida para poder existir só por ti
Queria que fosses um obus boche para me matar de súbito amor
Guillaume Apollinaire, O Século das Nuvens

Comunicado do IDP

Hoje, 26 de Abril é canonizado em Roma aquele a quem os portugueses já chamavam Santo Condestável. O seu túmulo, no Convento do Carmo, rezava assim: "Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo."

Ontem, 25 de Abril, comemorou-se o dia da Liberdade. Há 35 anos, um homem comandou uma coluna de blindados vinda de Santarém, montou cerco aos ministérios no Terreiro do Paço, e forçou a rendição do regime no Quartel do Carmo. Esse homem, Fernando Salgueiro Maia, cumprida a sua missão, recusou ao longo dos anos ser conselheiro, embaixador, governador civil e demais honras.

Nuno Álvares Pereira e Fernando Salgueiro Maia colocaram o serviço à Pátria à frente dos interesses de grupos e colocaram os grandes princípios da humanidade, religiosos e laicos, à frente do seu interesse pessoal.

É de gente assim que Portugal precisa na crise económica que todos os dias vemos crescer, e que ameaça transformar-se em crise social caso não forem tomadas as medidas correctas, e em crise política se o ciclo eleitoral para onde caminhamos for inconclusivo e pautado pelo abstencionismo.

26 de Abril de 2009

A Direcção do Instituto da Democracia Portuguesa

kanimanbo

O 25 de Abril entrou no meu imaginário desde muito cedo, talvez desde os 6 anos. Não porque os meus pais fossem politicamente activos, que o eram bastantes anos antes de eu nascer, mas porque sempre se respirou um ar de conspiração familiar aos jantares e convívios dos meus parentes.
Lembro-me que o meu avô materno era profundamente salazarista. Mas era-o por um mitigado ódio a outras personalidades políticas, especialmente Mário Soares. Se o era com justiça ou não, não é para aqui chamado. Sei sim que o meu avô, apesar de não ter sido um cidadão problemático, nunca gostou muito de Salazar. Emigrou, fez a vida lá fora, voltou cá apenas para viver em paz e sossego.
Os meus pais eram PSD, sendo que o meu Pai chegou a militar, nos tempos de faculdade.

Não tenho especiais referências de esquerda na minha vida, e tenho uma certa pena disso.
O que recordo com mais amor da minha infância são as histórias que lembro de outros familiares, tios, tios em segundo grau, primos, etc., histórias essas que falavam da vida que levavam em Moçambique, Angola, Timor. Conseguia sentir, desde essas alturas, uma brisa exótica, um apelo suave às profundezas do hemisfério sul.
A questão das antigas províncias ultramarinas despertou, desde cedo, a maior curiosidade, e influenciou o meu amor pela História.

O que se passou nas terras africanas, após a descolonização portuguesa, é para mim um crime convicto, uma deserção covarde por parte do Governo Português.
Imagino o horror das populações citadinas quando souberam que o Exército Português não reagiria aos abusos dos movimentos de libertação que rugiam selvaticamente da floresta e do mato, proclamando por limpeza étnica, partidária, patriótica e proletária.
O que se passou em Angola, onde os massacres atingiram milhões, e em Moçambique e em Timor, bem como na Guiné, tem culpados directos e responsáveis detectáveis.

O Estado Novo não soube dar início à democratização do regime, não soube desenvolver uma administração autónoma nas colónias que trouxesse à independência gradual dos países africanos. A tese spínolista, apesar das falhas, era a única que planeava a sustentável conclusão da guerra colonial.

O marxismo político, não. A culpa dos mortos em África, as purgas, as deserções, toda essa desonra que humilhou Portugal até ao infinito, é imputável ao PCP de Álvaro de Cunhal, ao MFA de Otelo, a todos os movimentos de suposta revolução de esquerda, bem como ao egoísmo da Direita de Francisco Sá Carneiro, que não mexeram uma palha por alertar à ultrajosa situação que se dava nas antigas colónias.

Do golpe militar de 25 de Abril, tenho eu todo o respeito. Foi um golpe pró-democrático, e da democracia nascem sempre coisas belas e boas, pelo menos sempre que essa democracia se alia ao Estado de Direito.

O problema do 25 de Abril é que, no dia 26, o golpe passou de golpe para movimento revolucionário, para programa revolucionário, para um esforço nacional de engenharia social e caciquismo. E houve ditadura militar e violação de direitos básicos, houve prisões arbitrárias, houva assassínios, houve a ocupação por parte do Estado e Comissões de Trabalhadores de coisas que não lhes pertenciam.

Por isso não me venham com merdas, e cantar as vossas musiquinhas de intervenção, que este país viu suficiente intervenção nesses dias. Não me falem em Liberdades abstractas, quando não conseguiram manter as mais concretas.

Vocês, geração de Abril, foram os que comeram tudo, tudo, e não deixaram nada. Nem um resquício de honra ao qual nos possamos agarrar de um passado de vergonha e humilhação e pedantismo. Somos a chacota da Europa.

Por isso me recuso a celebrar o 25 de Abril. Pago todos os dias a factura da revolução dos marxistas e dos assassinos. Todos os dias, morre Angola mais um pouco, morre a Guiné mais um pouco, por causa desses capitães da liberdade.

Pois bem, eles que se fodam. Culpo-os a eles, e já paguei suficiente cara a minha liberdade, que é minha desde sempre.

Acabou, por aqui, o vosso tributo de Midas. A dívida está paga. A vergonha de um povo é o recibo.




Um Bom Tema Para Um Ensaio

“É difícil perceber porque é que déspotas como Hitler o nazi, Estaline o bolchevique, ou Ahmadinejad o persa escolhem os judeus como alvo principal do seu ódio, loucura e violência.”
Shimon Peres, Presidente de Israel

domingo, 26 de abril de 2009

Faz Sol na Província

Se muitos franceses não querem Barroso em Bruxelas por não ser francês, há muitos portugueses que não o querem lá por ser português. Pensando bem, não deve espantar. Somos o país que canta “Lá em cima está o tiro-liro-liro” em vez de cantar “Cá em cima esta o tiro-liro-liro”, que pôs o nome de “malmequer" à flor que poderia ter chamado “bem-me-quer”, que cede demais a visões de saguão e instintos de porta de serviço. Quem se saia bem lá fora não é benquisto cá em casa.”
José Cutileiro in Expresso

A Ler

A Leonardo, revista de filosofia portuguesa.

E como isto da bloga é um jogo de Ligações e Contra-Ligações, agradecemos a simpática sugestão do nosso caro Luís Paulo, no seu blogo colectivo Rua dos Bragas, 223.
O Luís tem também um sítio na Wordpress.

Leituras:
Como o Senhor Jacob enganou o Socialismo, de Afonso Botelho.

Mankind is No Island

Trago-vos uma curta de Jason Van Genderen, gravada inteiramente com um telemóvel, nas ruas de Sidney e Nova Iorque. Uma filmagem muito simples e eficaz que comove quem vê e, por isso, ganhou a categoria de Escolha do Público e Melhor Filme no New York Tropfest short film festival. Filme sem pretensões, coloca a questão de saber onde reside a miséria - na cara suja dos indigentes ou no esgar de quem desvia o olhar e finge nada ter visto?

encontramo-nos lá?

Earth Condominium, e o Compromisso de Gaia

É pá, ó Casanova, aí é que estamos tramados!

“A acção começa com o lançamento, por via aérea, de uma bomba de 250 quilos na Assembleia Nacional!”, diz o major Casanova Ferreira em casa de Otelo Saraiva de Carvalho, no dia 16 de Março de 1974. Ao que este responde, “É pá, ó Casanova, aí é que estamos tramados. A Força Aérea não está connosco, e nem sei se há em paiol bombas de 250 quilos”. Casanova não esconde o desânimo, “É pá, mas isso é que era giro, rebentar com aquilo tudo. Mas não faz mal. Aqui está a ordem das operações”.

sábado, 25 de abril de 2009

E o Povo, pá? (V)

Luís Aguiar Santos, no Livre e Leal Português

Este monopólio socialista em torno da data tem tido vários efeitos inaceitáveis: a glorificação dos militantes comunistas opositores de Salazar, como se este fosse pior que o totalitarismo que os primeiros defendiam; a impossibilidade de se assumir os erros gravíssimos cometidos nas antigas províncias ultramarinas, entregues pela Coordenadora do M.F.A. aos aliados locais da União Soviética, numa estratégia que o P.C.P. manobrou e poucos à excepção dos spinolistas tentaram contrariar; a repetição ad nauseam da boutade da "revolução sem sangue" (claro que os que morreram nas províncias ultramarinas só em 1974-75 e que foram muitos mais do que as baixas dos dois lados durante a guerra de 1961-74 não são contabilizados porque já não são portugueses...); a dura verdade de que o País viveu em regime de ditadura militar e não em "democracia" nos anos de 74 e 75, com prisões arbitrárias, sem sistema judicial nem respeito pela propriedade privada, numa situação que só teve paralelo nas outras duas ditaduras oficialmente inexistentes da nossa história, as dos "governos provisórios" e das assembleias de partido único de 1820-1823 e 1910-1913; o esquecimento conveniente da incontornável verdade que a "obra social" do novo regime foi uma pura continuação dos programas sociais já delineados pelo Estado Novo, com a diferença da rédea livre dada à despesa pública.

E o Povo, pá? (IV)

Por Rui A., no Portugal Contemporâneo

O 25 de Abril de 1974, o 25 de Novembro de 1975 e a Constituição da República de 1976, instalaram a democracia em Portugal. De acordo com todas as definições, a democracia é o regime onde o povo determina o seu próprio destino e estabelece as regras que ele deve percorrer. Pois bem, pode o povo português fazer aprovar uma nova Constituição e fazer findar a vigência da actual? Não, não pode. Pode o povo português substituir a República por uma Monarquia? Não, não pode. Pode o povo português transformar o semipresidencialismo em parlamentarismo puro ou em presidencialismo? Não, não pode. Pode o povo português limitar seriamente o direito à greve? Não, não pode. Pode o povo português expurgar o método de Hondt do sistema eleitoral legislativo? Não, não pode.

Enfim, como pode então o povo português chegar a uma nova república, à 4ª, mais precisamente? Apenas e só como chegou à 3ª: por via do golpe de estado e da revolução.

E o Povo, pá? (III)

por António José Saraiva

Se alguém quisesse acusar os portugueses de cobardes, destituídos de dignidade ou de qualquer forma de brio, de inconscientes e de rufias, encontraria um bom argumento nos acontecimentos desencadeados pelo 25 de Abril.

Na perspectiva de então havia dois problemas principais a resolver com urgência. Eram eles a descolonização e a liquidação do antigo regime.

Quanto à descolonização havia trunfos para a realizar em boa ordem e com a vantagem para ambas as partes: o exército português não fora batido em campo de batalha; não havia ódio generalizado das populações nativas contra os colonos; os chefes dos movimentos de guerrilha eram em grande parte homens de cultura portuguesa; havia uma doutrina, a exposta no livro Portugal e o Futuro do general Spínola, que tivera a aceitação nacional, e poderia servir de ponto de partida para uma base maleável de negociações. As possibilidades eram ou um acordo entre as duas partes, ou, no caso de este não se concretizar, uma retirada em boa ordem, isto é, escalonada e honrosa.

Todavia, o acordo não se realizou, e retirada não houve, mas sim uma debandada em pânico, um salve-se-quem-puder. Os militares portugueses, sem nenhum motivo para isso, fugiram como pardais, largando armas e calçado, abandonando os portugueses e africanos que confiavam neles. Foi a maior vergonha de que há memória desde Alcácer Quibir. Pelo que agora se conhece, este comportamento inesquecível e inqualificável deve-se a duas causas. Uma foi que o PCP, infiltrado no exército, não estava interessado num acordo nem numa retirada em ordem, mas num colapso imediato que fizesse cair esta parte da África na zona soviética. O essencial era não dar tempo de resposta às potências ocidentais. De facto, o que aconteceu nas antigas colónias portuguesas insere-se na estratégia africana da URSS, como os acontecimentos subsequentes vieram mostrar. Outra causa foi a desintegração da hierarquia militar a que a insurreição dos capitães deu início e que o MFA explorou ao máximo, quer por cálculo partidário, quer por demagogia, para recrutar adeptos no interior das Forças Armadas. Era natural que os capitães quisessem voltar depressa para casa. Os agentes do MFA exploraram e deram cobertura ideológica a esse instinto das tripas, justificaram honrosamente a cobardia que se lhe seguiu. Um bando de lebres espantadas recebeu o nome respeitável de «revolucionários». E nisso foram ajudados por homens políticos altamente responsáveis, que lançaram palavras de ordem de capitulação e desmobilização num momento em que era indispensável manter a coesão e o moral do exército para que a retirada em ordem ou o acordo fossem possíveis. A operação militar mais difícil é a retirada; exige em grau elevadíssimo o moral da tropa. Neste caso a tropa foi atraiçoada pelo seu próprio comando e por um certo número de políticos inconscientes ou fanáticos, e em qualquer caso destituídos de sentimento nacional. Não é ao soldadinho que se deve imputar esta fuga vergonhosa, mas dos que desorganizaram conscientemente a cadeia de comando, aos que lançaram palavras de ordem que nas circunstâncias do momento eram puramente criminosas.

Isto quanto à descolonização, que na realidade não houve. O outro problema era da liquidação do regime deposto. Os políticos aceitaram e aplaudiram a insurreição dos capitães, que vinha derrubar um governo, que segundo eles, era um pântano de corrupção e que se mantinha graças ao terror policial: impunha-se, portanto, fazer o seu julgamento, determinar as responsabilidades, discriminar entre o são e o podre, para que a nação pudesse começar uma vida nova. Julgamento dentro das normas justas, segundo um critério rigoroso e valores definidos.

Quanto aos escândalos da corrupção, de que tanto se falava, o julgamento simplesmente não foi feito. O povo português ficou sem saber se as acusações que se faziam nos comícios e nos jornais correspondiam a factos ou eram simplesmente atoardas. O princípio da corrupção não foi responsavelmente denunciado, nem na consciência pública se instituiu o seu repúdio. Não admira por isso que alguns homens políticos se sentissem encorajados a seguir pelo mesmo caminho, como se a corrupção impune tivesse tido a consagração oficial. Em qualquer caso já hoje não é possível fazer a condenação dos escândalos do antigo regime, porque outras talvez piores os vieram desculpar.

Quanto ao terror policial, estabeleceu-se uma confusão total. Durante longos meses, esperou-se uma lei que permitisse levar a tribunal a PIDE-DGS. Ela chegou, enfim, quando uma parte dos eventuais acusados tinha desaparecido e estabelecia um número surpreendentemente longo de atenuantes, que se aplicavam praticamente a todos os casos. A maior parte dos julgados saiu em liberdade. O público não chegou a saber, claramente; as responsabilidades que cabiam a cada um. Nem os acusadores ficaram livres da suspeita de conluio com os acusados, antes e depois do 25 de Abril.

Havia, também, um malefício imputado ao antigo regímen, que era o dos crimes de guerra, cometidos nas operações militares do Ultramar. Sobre isto lançou-se um véu de esquecimento. As Forças Armadas Portuguesas foram alvo de suspeitas que ninguém quis esclarecer e que, por isso, se transformaram em pensamentos recalcados. Em resumo, não se fez a liquidação do antigo regímen, como não se fez a descolonização. Uns homens substituíram outros, quando os homens não substituíram os mesmos; a um regímen onopartidário substituiu-se um regímen pluripartidário. Mas não se estabeleceu uma fronteira entre o passado e o presente. Os nossos homens públicos contentaram-se com uma figura de retórica: «a longa noite fascista». Com estes começos e fundamentos, falta ao regime que nasceu do 25 de Abril um mínimo de credibilidade moral. A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar. O actual estado de coisas, em Portugal, nasceu podre nas suas raízes. Herdou todos os podres da anterior; mais a vergonha da deserção. E com este começo tudo foi possível depois, como num exército em debandada: vieram as passagens administrativas, sob capa de democratização do ensino; vieram «saneamentos» oportunistas e iníquos, a substituir o julgamento das responsabilidades; vieram os bandos militares, resultado da traição do comando, no campo das operações; vieram os contrabandistas e os falsificadores de moeda em lugares de confiança política ou administrativa; veio o compadrio quase declarado, nos partidos e no Governo; veio o controlo da Imprensa e da Radiotelevisão, pelo Governo e pelos partidos, depois de se ter declarado a abolição da censura; veio a impossibilidade de se distinguir o interesse geral dos interesses dos grupos de pressão, chamados partidos, a impossibilidade de esclarecer um critério que joeirasse os patriotas e os oportunistas, a verdade e a mentira; veio o considerar-se o endividamento como um meio honesto de viver. Os cravos do 25 de Abril, que muitos, candidamente, tomaram por símbolo de uma primavera, fanaram-se sobre um monte de esterco.

Ao contrário das esperanças de alguns, não se começou vida nova, mas rasgou-se um véu que encubra uma realidade insuportável. Para começar, escreveu-se na nossa história uma página ignominiosa de cobardia e irresponsabilidade, página que, se não for resgatada, anula, por si só todo o heroísmo e altura moral que possa ter havido noutros momentos da nossa história e que nos classifica como um bando de rufias indignos do nome de nação. Está escrita e não pode ser arrancada do livro. É preciso lê-la com lágrimas de raiva e tirar dela as conclusões, por mais que nos custe. Começa por aí o nosso resgate. Portugal está hipotecado por esse débito moral, enquanto não demonstrar que não é aquilo que o 25 de Abril revelou. As nossas dificuldades presentes, que vão agravar-se no futuro próximo, merecemo-las, moralmente Mas elas são uma prova e uma oportunidade. Se formos capazes do sacrifício necessário para as superar, então poderemos considerar-nos desipotecados e dignos do nome de povo livre e de nação independente.

E o Povo, pá? (II)

E o Povo, pá?

De Viva Voz

Os Capitães de Abril comentam à TSF o corolário da revolução.

Abril Vem ao Café

sexta-feira, 24 de abril de 2009

falar, democraticamente, sobre democracia

por Samuel de Paiva Pires

"Num auditório com cerca de um milhar de pessoas, perante o Professor Adriano Moreira, o ex-Presidente da República Mário Soares e Odete Santos, argumentei (tentei explicar, em vão, pois fui interrompido) que nunca houve fascismo em Portugal, ao que Odete Santos retorquiu com algo que não ouvi e que arrancou uma salva de palmas à plateia. A mesma plateia que não foi capaz de aplaudir como eu o fiz de pé o ex-Presidente da República quando em resposta à minha interpelação considerou que estando na academia, sendo nós estudantes de ciência política, temos que ter a noção que do ponto de vista dessa (e acrescento eu, do ponto de vistra estrito), não se pode dizer que o Estado Novo tenha sido fascista. Não deixa de ser irónico ter sido Mário Soares a compreender-me e fazer a minha defesa, para logo depois se divertir a colocar os dogmas de Odete Santos em cima da mesa, enquanto esta ia tentando mascarar as atrocidades cometidas pelo mundo fora em nome de uma ideologia - em minha opinião, um dos tipos de atitude mais indecente que se pode ter. Quando o pai da democracia em Portugal vai de encontro àquilo que os mais intelectualmente honestos sabem, que mais será necessário dizer? Aqui fica, mais uma vez, um aplauso e um agradecimento pela corajosa atitude que também o ex-Presidente da República teve ontem em nome do rigor científico."



"Agora, Salazar era tudo menos fascista, era um tradicionalista, conservador, integrista que pretendia manter a população calma, contrariamente à excitação que o fascismo advoga se provoque nas massas, e ainda que tenha utilizado instrumentos emprestados de regimes fascistas, como a censura e a repressão que, obviamente, porque sou um humanista, um liberal e politicamente incorrecto, me repugnam e repudio veementemente, foi o próprio Salazar quem reprimiu os que realmente eram fascistas, os nacionais-sindicalistas de Rolão Preto."

"The Estado Novo of Portugal differed from fascism even more profoundly than Franco’s Spain. Salazar was, in effect, the dictator of Portugal, but he preferred a passive public and a limited state where social power remained in the hands of the Church, the army, and the big landowners. Dr. Salazar actually suppressed an indigenous Portuguese fascist movement, National Syndicalism, accusing it of “exaltation” of youth, the cult of force through so-called direct action, the principle of superiority of state political power in social life, the propensity for organizing the masses behind a political leader” – not a bad description of fascism.” (p. 217)"

"Ora, na sociedade portuguesa criou-se o mito de que qualquer coisa que mexa à direita é automaticamente fascista. Seria o mesmo que eu ser intelectualmente desonesto e achar que tudo aquilo que mexe à esquerda é comunista, que é precisamente o outro totalitarismo do século XX que a par com o fascismo e nazismo vitimou milhões de pessoas, ideologias essas completamente incompatíveis com a prática da democracia liberal, da qual sou acérrimo defensor e simultaneamente crítico para com as imperfeições desta. E como há tempos me disse um professor meu, o espírito lusitano não é compatível nem com a prática do fascismo nem com a prática do comunismo real. Tentem implementar um regime assente em qualquer uma dessas ideologias e logo verão a reacção dos portugueses."

o que são 100 anos de república?

o erro mais longo da história.

Ainda se pode propor ou é bota-abaixismo?

Como alternativa ao Professor Jorge Miranda, o PSD avançou ontem um nome porventura pouco conhecido da generalidade dos portugueses – Glória Garcia. Contudo, falta de mediatismo e mediania não estabelecem, felizmente, relação de sinonímia e, de facto, esta representa uma sólida proposta que deverá ser tida em linha de conta. Glória Garcia, vice-reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP), dispõe de um vasto currículo, dominando um conjunto variado de matérias (Direito Administrativo, Direito do Urbanismo, Direito Autárquico, Direito do Ambiente, Ciência Política, etc.). Acresce ao exposto, a particular atenção que dedica a questões emergentes de Direito (coloco a tónica nos Direitos Fundamentais) e, não é elogio oco, a suas capacidades notáveis de oratória, capacidades estas tão raras de encontrar em teóricos deste nível (que entram tantas vezes em ondulantes discursos intragáveis, portadores de viagens ao primeiro sono).

Crise Por Quem Sabe


Vem de um programa da TVI, a nova, das notícias..


Questionou-se Ulisses Morais, treinador da Naval, sobre o que pensava da deflação («Acha que Portugal vai ser afectado pelos efeitos de deflação?» ). Se, o entrevistado predecessor- Quim- considerou algo positivo, o ensinamento aloja-se nas palavras do primeiro: «Se entendermos inflação como uma erecção, a deflação será a falta dela.»

Abraço.

o crime compensa*

Por Manuel Castelo Branco*

Otelo Saraiva de Carvalho foi o líder operacional das FP-25 de Abril. Este facto foi julgado e provado em tribunal. Entre os crimes de que foi acusado, estavam o assassinato de 17 pessoas, de uma forma fria, brutal e cobarde. Apesar disso, Otelo foi promovido a Coronel por despacho conjunto do Ministro da Defesa e das Finanças.
Entre as vitimas, estava o meu Pai, Gaspar Castelo-Branco, Director Geral dos Serviços Prisionais, assasinado a sangue frio, de forma cobarde, com dois tiros na nuca. Apesar da sua coragem e sentido de dever, Gaspar Castelo-Branco, foi ostensivamente esquecido pelo poder vigente. No ano da sua morte, foi proposto para uma condecoração, recusada por Mário Soares.
Hoje, Otelo é promovido a Coronel, com uma indemnização superior aquela que receberam as famílias das vítimas que assassinou. Não vale a pena expressar ainda mais a minha vergonha, revolta e incompreensão. Este Ministro que o promoveu, não tem memória nem vergonha, não merece o meu respeito nem dos Portugueses.
PS
Gaspar Castelo-Branco não foi assassinado por se opor ou discordar das FP-25 Abril, mas porque no exercício da sua função, ao serviço do Estado, cumpriu o seu dever, acatou ordens com coragem e sentido de dever. Era o homem certo no lugar errado e por isso foi morto. Foi o mais alto funcionário do estado a ser vitima dos terroristas das FP-25 de Abril.

Não Uso Título


Em época de belos discursos de demagogias, repletas e submersas em mentiras agregadoras de votos, não pode deixar de se ver com inesperado agrado que a honra, palavra, orgulho ainda podem continuar a ser os corolários da acção humana, chafurdada há muito em misérias de fraca intelectualidade.


O que tento atingir é, chamo a vossa constatação, o que tem sido o Obamapolitismo. Quer tal dizer que começa em Obama um novo acreditar na classe política- quando se vê que o líder do mundo cumpre com as suas promessas de campanha eleitoral: fecho de Guantánamo; nova abordagem ao Irão; diálogo com Cuba e países críticos da América Latina (Bolívia, Venezuela); um dar voz ao mundo ......, o que chega,concomitantemente, a atingir e pautar as últimas intervenções de outros líderes mundiais - de Cuba chegam palavras, do próprio Chavez,....numa palavra, Obama e suas consequências na ordem internacional; glosa-se: Obamapolitismo.
Em 4 meses não se ultrapassam as desconfianças, mas de bom grado se elogiam os desenlaces.

Por cá os abutres hão-de eternamente chafurdar na merda. A diferença é que, dos seus discursos e apologias para nós,portugueses, nada apodíctico chega. Em três notas, Durão e Sócrates ganham eleições muito encavalitados na garantia PESSOAL da baixa de impostos e o que fazem?

Sempre cresci na crença de que o indivíduo verga quando perde tais valores: honra, palavra, princípios. Nasci e cresci, sim, em Portugal. Não fui, louvo Deus, é socializado por politismos.

Abraço.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Quase ao nível das propostas PS

Temos o prazer de apresentar mais uma iniciativa incisiva e envolvente do nosso Governo…perdão, uma iniciativa de uma organização que responde pelo nome de Quercus – a Earth Condominium. O projecto versa sobre o direito do ambiente e, quem se identificar com o mesmo, apesar de não ter o brilhantismo das propostas PS, pode assinar a Declaração de Gaia (onde estão presentes as suas ideias motrizes).

Cimeira dos Algarves

Os dois bons amigos da República Portuguesa (e do nosso magnânimo Primeiro-Ministro) cumprimentam-se na Cimeira das Américas, prometendo reforçar as boas relações com o nosso Estado na Cimeira dos Algarves.


Propaganda da Direita não percebe "critérios jurídicos indeterminados"

O bota-abaixismo da oposição não tem limites.

Agora, aparecem suspeitas de incorrecção e manifestações de desagrado e pessimismo perante os últimos efeitos da Lei do Divórcio, tão duramente batalhada por este Governo do Partido Socialista, que assim mudou a vida de muitos portugueses.

Os fascistas do CDS propõem a criação de uma comissão parlamentar para estudar a nova lei e modifica-la. A gloriosa bancada socialista, prontamente, negou o pedido. Não aos fascistas!

O que é preciso, obviamente, é pedir a alguns simpatizantes do partido, devidamente pagos pela Fazenda Pública, para corrigirem o que está mal e colar por cima dessa monumental obra legislativa, que só um partido de centro-Esquerda como o PS de Portugal pode fazer.

O advogado Amorim Pereira, depois do que disse, não constituirá esta comissão:

Para o advogado Amorim Pereira, a lei falhou ao não especificar o que entende por "ruptura manifesta da vida conjugal" - uma das situações em que, à luz da nova lei, o cônjuge pode pedir o divórcio sem o consentimento do outro. "Se a paixão esmoreceu e o amor acabou, as pessoas podem pedir o divórcio sem consentimento do outro?", questiona, acrescentando, por outro lado, que os divórcios não estão mais céleres porque os tribunais continuam atafulhados. "A lei não veio resolver esse problema e, nesse sentido, não respondeu aos problemas dos cidadãos."


Queixam-se os elementos ultramontanos da nossa sociedade que o problema do regime do divórcio não era a propriamente a Lei, mas o facto de os Tribunais continuarem, e ainda mais, atafulhados. E, para piorar o sarcasmo ridículo dos nacionalistas, atrevem-se a dizer que a lei veio complicar ainda mais com os seus conceitos indeterminados! Não percebem a doce prosa juvenil dos socialistas! Não percebem o Povo, também.

As acções de divórcio aumentaram nos últimos meses, não por causa da nova lei, mas devido à crise, segundo a juíza Maria Perquilhas. "Há pessoas separadas há anos e que até se dão bem com o ex-cônjuge mas que sentem agora necessidade de regular aspectos como o poder parental porque para, poderem aceder aos subsídios, têm que provar que as crianças estão juridicamente à sua guarda", explicou.

domingo, 19 de abril de 2009

Eu Participo!

O PM José Sócrates comprometeu-se a responder em directo às questões que os cidadãos lhe vão pôr no dia 25 de Abril.
É claro que a habitual descrença já se instalou na cultura de habitual zombaria dos portugueses.
Incitam certos cidadãos ao desagravo geral, afirmando que tudo não passa de uma enorme acção de propaganda, em que o PM usa e abusa dos meios concedidos ao governo enquanto utiliza a sua posição de destaque para alimentar interesses partidários.

Propagou-se entre os portugueses que todo este esquema é uma farsa, e que as perguntas são de antemão seleccionadas pela JS, esse invólucro virginal de puras e jovens mentes. Tal como todas as nossas fogosas juventudes partidárias, mas esta com especial intensidade de jovialidade e desinteresse.
Há até, caríssimos leitores, quem conceba vergonhoso o estatuto de Duarte Cordeiro como "funcionário do partido"!

Já começamos a ficar fartos de tanta má vontade e tanto derrotismo. Ainda para mais num partido que se esforça por criar novos movimentos de cidadania!
Citando a senhora Maria Barroso, temos pena que os meios de comunicação social só atendam ao que de mal se fez, e não ao que de bem se fez durante o reinado, digo, governo de Sócrates.

O Café Odisseia não mais é assim, nunca mais o será. Estamos consigo, Senhor Primeiro Ministro! Nós Participamos!

Em Defesa da Honra

Quanta petulância nos ataques ao nosso bom Primeiro-Ministro. O Café Odisseia opõe-se a qualquer campanha negra, não desconsiderando as outras cores, que atente contra a honra do nosso imaculado, e bem vestido, Chefe de Governo. Como tal, consideramos que este indivíduo (Charles Smith) nunca existiu, por um conjunto variado de razões. Em primeiro lugar, ninguém se chama Smith – o cinema comprova de 90% dos Smith são impostores que mais não querem que fazer chacota de Chefes de Executivo competentíssimos. Acresce à nossa desconfiança que a cor das paredes do escritório onde estes indivíduos se encontram é idêntica à utilizada nos estúdios da TVI – donde resulta que, analisada a forma como Charles Smith gesticula, este DVD foi gravado há uma semana atrás nos estúdios de Queluz de Baixo.
Do exposto e devidamente comprovado resulta que nada devem temer os irmãos socialistas, estas imagens não servirão de prova – daí que a diferença entre existirem ou não seja ínfima.

Agora o vídeo (previamente aprovado pela ERC):


O Baillout do Café Odisseia

Como se pode ler aqui em baixo, a crise chegou ao blogue do Café Odisseia.
A escassa actividade dos últimos dias, algumas pressões da "sociedade" e contas por pagar levaram-nos à necessidade de aproveitar o impulso nacionalizador dos governos mundiais.
Estamos mal.

Como tal, o plano de recuperação que o Governo preparou para nós vai entrar em vigor a partir de hoje.

Aos nossos estimados leitores, as nossas sinceras desculpas, e nas palavras da nova direcção do Café Odisseia: "Isto é para o vosso bem, nós sabemos melhor do que ninguém aquilo que este sítio precisa".

A nova composição do Café Odisseia, definida pelo governo, esforçou-se por criar uma eficientíssima administração (mantém-se os quatro autores, agora supervisionados por uma equipa de 57 gestores públicos, mais a ERC) que detém, em prol de manter essa eficiência, apenas membros do Partido Socialista.

A Nova Direcção:

Representante Estatal:
Vitalino Canas

Representante Partidário:
António de Almeida Santos

Comissão para a representação Feminina no Café Odisseia:
Maria Manuela Augusto e Edite Estrela

Comissão para a adopção de novos autores no Café Odisseia:
a cargo da JS Bragança, Aveiro e Peniche

Director de Opinião e Edição:
Jorge Seguro

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Começa assim uma nova fase para o Café Odisseia.

Aviso da Administração

Aproximam-se grades mudanças, meus caros. De um mundo em crise surgem ecos inesperados; espíritos prolíferos miram de vergonha até uma secura fibrosa. Ante um desespero facetado de Discórdia os indivíduos unem-se em mil transcendências.
O Café Odisseia transcendeu-se. Retirou-se para um ermitério, bebeu uns chás, lançou búzios e jogou às cartas. Enfim, entendeu que se encontrava em acentuada queda intelectual e pediu ajuda a Deus, que o redireccionou para o Estado.
Em boa hora, a Administração, pelo imperativo de honestidade que a move, tem a comunicar aos habituais leitores que o processo de nacionalização do Café Odisseia se encontra em curso.
Mais informações serão disponibilizadas a breve trecho.

Atenciosamente:
Os Administradores

Do Not Forget to Subscribe

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Pede-se aos porcos

da suposta Praxis (estava escrito a azul) que resolveram assinar o nome da sua colectividade de mentes porcas na fonte dos Leões (e refiro-me, obviamente, à colectividade azul, qualquer que ela seja), juntamente com os seus restantes gatafunhos animalescos, que o façam de novo, mas nas suas terras de origem, ou nas próprias faculdades, caso lhes seja permitido, desde que não o façam de novo num dos símbolos da cidade.

A cidade do Porto tolera bem a dita "tradição académica" de festaradas e excessos, mas aprecia mais a sua tradição de higiene e boa conservação.

terça-feira, 14 de abril de 2009

a canção da doce mulher*

* perdoem-me os mais classicistas, tenho de facto uns gostos mais simples que os do meu amigo Pedro. No vídeo, só peço especial atenção ao 1:37.

Pietro Mascagni - Intermezzo : Cavelleria rusticana

O Poder do Poder Local


Em meados do fim do século XIX, numa pequena localidade do concelho da Maia, ocorreu um pequeno acontecimento , repetido noutros pontos do Norte do País.
O crescimento económico que Portugal viu nesses tempos foi suficiente para despertar nas comunidades agrícolas a necessidade de mudar hábitos e tornar o regime de propriedade mais eficiente.
Decidiram assim os habitantes dessa pequena comunidade, chamada São Pedro Fins, dividir os terrenos baldios entre os proprietários e os habitantes mais pobres. Por muito estranho que este acto de altruísmo pareça, vale a pena ter em conta que as populações rurais do século XIX, mesmo as que compunham as elites, eram (e são) influenciadas por obrigações morais e códigos rígidos de conduta que estavam ligadas ao folclore popular, bem como aos costumes e tradição das povoações, muito religiosas. Além do mais, as terras baldias são sempre as menos férteis e desejadas, regularmente usadas para pasto.
Os efeitos desta pequena assembleia local vêm contrariar as doutrinas colectivistas e ultra-liberais da organização da sociedade e do elemento orgânico e espontâneo da sociedade.
Por um lado, está provado que os indivíduos, quando entregues a si próprios e em comunidade, não precisam de um poder central condutor para realizar medidas que realmente beneficiem toda a sociedade. Há que pensar em ponto pequeno.
Por outro lado, prova-se aos autores, principalmente economistas, pródigos em demonstrar que os privados agem apenas de acordo com os seus interesses egoístas, e dessa forma fazem o mundo girar, que essa posição, apesar de ter pontos fortes, comete uma falácia de exclusão das partes. De facto, nesta tomada de decisão dos proprietários de São Pedro Fins, imperou, entre o sentimento egoísta de aumentar a propriedade, a justa distribuição dos bens da comunidade, distribuição essa que não mereceu qualquer intervenção de poderes centrais ou políticos.
Assim, sem que o Estado acometesse contra a Segurança dos cidadãos como aconteceu na Lei contra os Baldios da Inglaterra (Enclosures Law), onde o Parlamento inglês vendeu terras que não lhe pertenciam aos grandes landowners, este acordo entre portugueses levou ao aumento do património de uns, e ao aparecimento de novos proprietários.

Este exemplo, este pequeno fenómeno de corriqueira negociata civil, tão menosprezada no estudo do Direito e da História, onde apenas se respeitam os epifenómenos que passaram despercebidos ao dia-a-dia do Homem e da Família, é a meu ver um farolim numa noite de breu.
Todos os defensores do regionalismo e do federalismo promovem a criação de (en)cargos públicos regionais que respeitem a vontade popular, esquecendo-se que, para partidos como o PS ou o PCP apoiarem esta medida, é porque se está a preparar uma corrida ao lugar público, à partidocracia e à habitual corrupção.
Defender o Regionalismo em Portugal é auspiciar os dias em que o País terá de rezar para que o funcionário público regional seja incorruptível. Isto é o mesmo que disparar no escuro e esperar acertar na maçã e não no rapaz. Em vez disso, deve o político liberal optar pela descentralização delegando poderes nas comunidades locais.
Isso partiria de medidas não-impostas, onde as juntas de freguesias das localidades pudessem ser financiadas pelo Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) dos proprietários locais.
O Presidente da Junta, com o orçamento discutido em Assembleia com os proprietários, ou seja, todos os que pagam o IMI naquela localidade, trata de controlar e supervisionar as actividades.

Deste modo, vemos que o verdadeiro municipalismo dá-se quando se concretiza a oportunidade de tirar poder ao município e entrega-lo às freguesias.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Say No to Violence Against Women

Quem acompanha o Odisseia sabe que temos vindo a divulgar campanhas humanitárias desenvolvidas por ONG ou outras entidades. Hoje voltamo-nos para a UNIFEM, fundo de desenvolvimento da ONU para a mulher que, entre outros objectivos, tem em vista reduzir a pobreza; pôr cobro à violência contra mulheres; minorar a incidência do VIH; garantir a igualdade democrática em tempos de paz ou de guerra.
No sítio da UNIFEM encontram vários boletins informativos, estatísticas, relatórios anuais, enfim, informação sempre importante.
Resta referir uma das suas mais mediáticas campanhas, a Say No to Violence Against Women – um movimento que conta com mais de cinco milhões de assinantes.

A Purga

Tenham muito medo, a Quinta Sinfonia de Beethoven leva à loucura os intelectualmente desonestos:

sábado, 11 de abril de 2009

Frescolita! a Coca-Cola da Venezuela

que pertence à Coca-Cola Company, e é saborosa, se bebida muito fresca.
Depois de os Odisseus (ou Odisseicos) comprovarem aqui que não há leg. de exercício na Venezuela, eis que o experimentalismo socialista se mantém em grande, no desejo de bem conhecer estas sociedades arcaicas e curiosas.
Nem tudo na Venezuela está perdido.

PS: as Frescolita é, de facto, uma belíssima mistela.


Façam o Favor de Intervir

Existem 700 sem-abrigo na cidade do Porto. Espalham-se pelas ruas num espectáculo miserável e cruel que comove pouquíssima gente – não comove a Administração Central nem comove a autarquia. Na passada quinta-feira os trabalhadores da Câmara do Porto (os trabalhadores, sublinhe-se) tomaram a iniciativa de realizar um jantar para sem-abrigo e demais necessitados.

O espectro da assistência prestada a estas pessoas é fácil de delinear – iniciativa privada. O Estado, pessoa colectiva socialista e de bem (termo jurídico), demitiu-se da acção assistencial que devia prestar a estes indivíduos, mais, desistiu deles. O mesmo Estado que não se importa de empanturrar de bolos subsidiados, todas as manhãs, milhares de pessoas que não querem trabalhar; numa via-sacra da doçaria e do cafezinho sorridente, que se estende por todas as terriolas do nosso belo país.

Bem, este Estado que não tem pudor em financiar a esperteza saloia de muito boa gente, lá se lembra, muito a custo, dos sem-abrigo. Lembra-se quando faz muito frio e há aqueles alertar amarelos da neve; lembra-se no Natal e diz: “RTP, põe lá uma peça tristonha sobre os indigentes. Assim até parece que nos preocupamos… Mas que não seja muito grande senão estraga-nos a grelha toda!”.

Felizmente ainda existem acções individuais, aquela iniciativa privada que para a Odete Santos é uma barbaridade e uma canseira incompreensível. Congregações religiosas e ONG cruzam as cidades na tentativa de minorar o frio que se entranha nos ossos e de lhes proporcionar pelos menos uma refeição quente – sim, em Portugal passa-se fome, ainda se passa muita fome.

Na maioria das cidades europeias existem residências estaduais para colmatar este problema. Contudo, nestas cidades o flagelo é de tal proporção que as residências pouco resolvem.

Ora, em Portugal a situação ainda não está descontrolada, podendo facilmente ser resolvida com a construção de um edifício de abrigo aos necessitados nas grandes cidades. Considero que esta seria área para um proveitoso intervencionismo.

No entanto, estou ciente dos entraves que esta ideia enfrenta. O Governo que não se importa de financiar poços de betão e torres de marfim, que não se importa de salvar tudo e todos da falência, que convida estudantes estrangeiros para palestras e os aloja em hotéis de cinco estrelas; depressa consideraria incomportáveis os custos de construção e manutenção de tais abrigos.

As autarquias também não parecem sensíveis ao assunto – a do Porto por vezes sofre de uma insensibilidade crónica. Nesta cidade seria interessante reconverter um dos muitos prédios devolutos (uma das 6.000 habitações em risco de ruir) num abrigo – até se acelerava a requalificação urbanística.

Continua a parecer mais fácil ignorar os rostos sujos dos pedintes, afinal, eles nem existem, nós desviamos sempre o olhar.

Regulem a Minha Roupa

Hoje fui à Loja do Cidadão:


Agora que a Administração impôs às funcionárias (e só às funcionárias) um código de vestuário que regula a amplitude dos decotes, o comprimento das saias, o tipo de calçado a utilizar, e a cor da roupa interior, julgo que a Loja do Cidadão se transformou num saudável miradouro de bons costumes, planalto do recato.
É necessário por cobro a essas funcionárias públicas impúdicas, é necessário realizar acções de formação por todo o país – primeiro as Lojas do Cidadão, depois os restantes serviços públicos!




quinta-feira, 9 de abril de 2009

JS e BE já têm banda desenhada oficial


"De uma terra distante surge um herói poderoso. O filho de agricultores de dois reinos distintos, conhecido como Barack, protege a população da Terra da Esperança". É assim que a editora canadiana Devil's Due define a sua próxima revista de banda desenhada, 'Barack the Barbarian: Quest for the Treasure of Stimuli', que tem como protagonista o Presidente dos EUA .

Na saga, 'Barack' vai apresentar-se semi-nu, com uma profusão de músculos à mostra, trazendo como acessórios um colar tribal, luvas, botas e um machado.

O herói vai enfrentar vilões como 'Boosh the Dim' (em alusão a George W.Bush ) e 'Red Sarah', uma cópia de Sarah Palin, a ex-candidata republicana à vice-presidência dos EUA . Outras personagens são 'Cha-nee the Grim' (Dick Cheney, ex-vice-Presidente dos EUA), 'Sorceress Hilaria' (a actual Secretária de Estado, Hillary Clinton ) e o 'Biill', uma espécie de semi-deus ( Bill Clinton , ex-Presidente americano e marido de Hillary).

in Expresso

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Patria o Muerte

¿Compañero, quieres cambiar tu vida por demás capitalista? ¿Te quieres hacer revolucionário, guerrillero?
Entonces, ven con nosotros à la XXII Exposición Internacional de Artículos del Revolucionario, donde podrás adquirir el fantástico reloj oficial de la revolución cubana – el Rolex Submariner. ¡Puedes ser como Fidel o Che, puedes ser un libertario!

Montesquieu e Res Publica: até os Comunistas percebem mais disto que os Socialistas

E quando digo Montesquieu, estou a referir-me ao seu contributo para a Ciência Política, a formalização da teoria da Separação e Interdependência de Poderes.
Estes dois pontos, muito importantes na feitura das Constituições Clássicas, cada vez mais omitido nas modernas, é o engenho constitucional mais eficaz para limitar o poder político e, por essa ordem de ideias, limitar a influência do poder económico. A ideia é prevenir o "Capitalismo Selvagem", ou o Autoritarismo e o Totalitarismo. Ou melhor, a ideia é que prevaleça sempre o Interesse Público.

E disto, aparentemente, percebem bem mais os comunistas que o actual Governo Socialista:

O líder do grupo Parlamentar do PCP acusa o Governo de "negar" informação sobre as condições em que estão a ser aplicados "vultuosos apoios públicos a empresas".

Ele Optou Pelo Culto do Indivíduo

“Ainda por cima, o pavilhão dos cancerosos era o número treze!” É nesta desordem frásica que Alexandre Soljenitsine introduz o leitor na sua obra O Pavilhão dos Cancerosos. Através deste início desconcertado e desconcertante, o leitor mais arguto pode lograr aferir alguns traços (rude aproximação, ainda assim) característicos do autor. “Ainda por cima, o pavilhão dos cancerosos era o número treze!”Soljenitsine, autodidacta, homem sem tempo a perder com arranjos formais e técnicas narrativas intrincadas. De facto, se algo o preocupava, era com certeza a falta de tempo ou oportunidade para deixar registo de tudo quanto queria dizer, informação útil às futuras gerações – compendiada em maçudos volumes para servir à la carte.

Licenciado em matemática; soldado do exército vermelho, do qual seria irradiado por agitação anti-soviética (uma carta enviada a uma amigo na qual questionava as capacidades de liderança de Estaline - José Estaline para os Odisseus). Resultado – cinco anos de trabalhos forçados na Sibéria, curso de horrores que lhe proporcionou o travo amargo de um comunismo desmedido e fratricida que já não era o seu. Escudou-se com versos, diálogos e narrativas que ia construindo mentalmente, numa mnemónica prodigiosa (na fase final do gulag necessitava de sete dias para rever tudo o que havia memorizado). Duas semanas antes do fim da pena, diagnosticaram-lhe cancro em fase avançada, previram-lhe duas semanas de vida… Milagrosamente (Soljenitsine refere nas suas memórias que acredita ter-se tratado de intervenção divina) ocorreu uma remissão do cancro.

Do gulag para o exílio e deste para a “liberdade”, a sua vida impulsionada pelo fervor produtivo (intercalado por pequenos retiros nos quais lia avidamente Hemingway e alguns autores europeus) levou-o ao reconhecimento público, aplauso geral dos intelectuais soviéticos, com o seu Um Dia na Vida de Ivan Denisovich. A obra era marcadamente anti-estalinista, pelo que Nikita (Kruchtchev) a acolheu de braços abertos na sua ânsia de subir ao poder.

Com Nikita no comando da URSS as fileiras de censores voltaram a fechar-se em seu redor, e os seus escritos (abundantes, diga-se), só clandestinamente circulavam. Devemos referenciar, para além do supracitado Pavilhão dos Cancerosos, O Primeiro Círculo, o Arquipélago do Gulag – o seu livro de memórias O Carvalho e o Bezerro, também deve ser tido em linha de conta.

Soljenitsine deve ser lido, deve ser lido com muito respeito e atenção, pelo rigor histórico do seu legado, por ser dos poucos autores que se aventuraram na miséria soviética, por ter vivido na pele a sua gélida cadeia – enfim, por ser um autor mil vezes maldito, renegado ainda hoje pelos comunistas, fazendo-o cair num descrédito que não merece.
Fica, por fim, uma nota para a dificuldade de encontrar os seus livros. Aliás, só um deles é ainda editado (Um Dia na Vida de Ivan Denisovich).


"Dedico este livro a todos quantos a vida não chegou para o relatar. Que eles me perdoem não ter visto tudo, não ter recordado tudo, não me ter apercebido de tudo."
A. Soljenitsine, Arquipélago do Gulag

Ecos da Vitória

“And to become the first team to successfully defend the Champions League, United must also become the first English team to win at Porto's Estadio do Dragao in the quarter-final second leg next Wednesday.”
Sky News

terça-feira, 7 de abril de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sue Me, Please!

Médico de Família

Paulo Pedroso dirigiu-se recentemente aos eleitores de Almada com a nobre missão de requalificar a visão que estes têm da função do Presidente da Câmara, argumentando que o Presidente do Município actua como um médico de família.
O Pai do Rendimento Mínimo Nacional* dirigiu-se no típico tom pater patriae, e os administrados socialistas de Almada, embevecidos, ouviram atentamente. O Médico de Família, neste caso o Paulo Pedroso que quer ser Presidente da Câmara, é aquele que sabe melhor quais são as nossas doenças que nós próprios. Isto tudo, amigo leitor, são palavras do Pai Pedroso, não é uma pérfida e típica transmutação da realidade própria dos Odisseus.

A palestra de Paulo Pedroso foi algo inútil. Por todo este país, em todas as autarquias, elegem-se Médicos de Família, e até Pais de Família, que sabem muito melhor do que os eleitores o que é melhor para eles.
Somos um país de centralizadores, de Estado-Ama, de regentes e protectores, um povo-menino que aprecia sempre estes discursos paternais tão habituais nos ditos partidos grandes. De quatro em quatro anos vão as populações votar nos partidos que prometerem as obras públicas mais extravagantes, os partidos que prometerem mais gastos, os líderes mais carismáticos que conseguirem mais empregos públicos para a malta.
Somos um país onde a Nação confunde-se com o Estado da forma mais promiscua possível. O Poder Local é tão irrisório que não existe. Existe sim uma turba de funcionários públicos que vota em conformidade com o número de viadutos planeados, em função dos empregos que se vai criar ou na expectativa de uma redistribuição mais justa daquilo que justamente não lhes pertence. Há por aí muitos Paulos Pedrosos.

Nada está entregue ao cidadão. Tudo se distribuiu entre o Partido, a Jota do Partido e o Líder do Partido. O poder municipal, enquanto representação dos interesses dos particulares, dos empresários e das populações tradicionais, não coexiste, não se confronta nos parlamentos locais.
A Nação dos Médicos de Família vai-se Regionalizar de cima para baixo, começando pelos interesses dos Médicos de Família, até chegar ao que os Médicos de Família acharem que é o Interesse do Povo.

E assim, até ao fim dos tempos, terá Portugal alguém que possa tomar conta dele.

*é engraçado ver que o PS é um partido de pais: há o Pai da Democracia, o Pai do SNS e o Pai do RMN, é caso para fazer a graçola de que temos os pais, mas faltam-nos os filhos

PS: para acentuar o nível de situacionismo a que chegou este jardim alcatroado à beira-mar plantado, cito uma pequena resposta de um "keynesiano" meu conhecido e estimado, mas, infelizmente, excessivamente corroído pela cartilha partidária. Perguntei-lhe eu se havia solução para o estado catastrófico em que se encontrará o País quando não houver mais dinheiro para obras públicas, e mereci a respectiva resposta: "A Solução é não parar de fazer obras públicas. Haverá sempre obras públicas para fazer."
Já de olhos postos na ponte que liga Lisboa a Gibraltar, possivelmente.
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