quinta-feira, 2 de abril de 2009

cartas ao associativismo académico

Contudo, as AE's e supostamente quem deveria representar os estudantes, preferem fazer de conta que está tudo bem, desde que continuem a existir alunos suficientes para ir às festas nas discotecas da moda.

Hoje o que aconteceu foi que houve uma manifestação devido à incompetência dos Serviços de Acção Social, em frente à reitoria, em que estiveram dois alunos de Direito, entre vários de Belas Artes e de Letras, provavelmente alunos também de outras cores (vamos esperar que não para o vermelho não parecer hoje tão absurdo e pobre). A questão é muito simples e pode resumir-se assim: nenhum estudante deveria ser expulso da Universidade por não ter dinheiro para suportar as propinas. Acho que qualquer ser humano racional consegue compreender algo tão simples. Contudo, parece que há muita gente com cera nos ouvidos. È assim que se fazem de facto as coisas em Portugal... Mas se por acaso até correr bem, certamente que uma manada parasitária virá atrás para colher os frutos.

Este texto, do Bocas Pó Barulho, insere-se num conjunto de ideias da minha colega Daniela sobre os deveres de uma AE e do apoio que esta deveria dar aos alunos. O texto na integra terá mais informações, mas como ultimamente este tema tem-me sido caro, abordo-o por aqui.

As associações de estudantes desempenham o papel de representantes dos interesses dos estudantes. No entanto, várias são as realidades onde a existência de uma associação de estudantes é apenas um factor de desigualdade de oportunidades e protagonismo de certos grupos específicos, tantas vezes ligados a elites políticas e sociais. Cria-se um órgão democraticamente legítimo quando, na realidade, a necessidade que se tem dele é a mesma que os romanos tinham dos templos de Baco. As verbas disponibilizadas são, por isso, bacanalizantes também. Pergunto-me se na maioria dos casos não seria mais eficiente a possibilidade de os estudantes lidarem directamente com os orgãos executivos das faculdades para a promoção de eventos académicos, em vez de serem representados por grupos de gabinete, tantas vezes sem terem de facto escolhido essa representação conscientemente, pagando por tal um preço que não vêm, mas que está lá.

O associativismo académico usurpou aos estudantes muita da sua liberdade de iniciativa, rementendo-a para uma parafernália de burocracia que, na Universidade do Porto, é representada pela FAP. Solidariedade entre estudantes, se a há, é feita por indivíduos congregados em organizações próprias.

Podemos comparar este caso ao das juventudes partidárias. Obtém-se o monopólio do activismo político jovem para estas associações de amesquinhanismo de mentes jovens, criando belos petizes para os programas de Partido. Nas associações, cria-se uma classe activa estudantil, e alimenta-se uma massa estudantil alheia aos problemas, entregue a si e abandonada pela sensação de que tudo já está a ser tratada pelos "tipos da Associação".

Muito provavelemnte a minha amiga Daniela tem opiniões diferentes da minha quanto ao próprio texto dela. Porventura, para ela, uma das soluções do problema das bolsas e dos atrasos dos Serviços de Acção Social é a mentalização das AE's para o problema. A meu ver, há muito que o activismo académico se não faz pelas associações de estudantes, mas antes pelos pequenos grupos organizados, muito mais maleáveis, espontâneos, modernos e atractivos que as associações.

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