Paulo Pedroso dirigiu-se recentemente aos eleitores de Almada com a nobre missão de requalificar a visão que estes têm da função do Presidente da Câmara, argumentando que o Presidente do Município actua como um médico de família.
O Pai do Rendimento Mínimo Nacional* dirigiu-se no típico tom pater patriae, e os administrados socialistas de Almada, embevecidos, ouviram atentamente. O Médico de Família, neste caso o Paulo Pedroso que quer ser Presidente da Câmara, é aquele que sabe melhor quais são as nossas doenças que nós próprios. Isto tudo, amigo leitor, são palavras do Pai Pedroso, não é uma pérfida e típica transmutação da realidade própria dos Odisseus.
A palestra de Paulo Pedroso foi algo inútil. Por todo este país, em todas as autarquias, elegem-se Médicos de Família, e até Pais de Família, que sabem muito melhor do que os eleitores o que é melhor para eles.
Somos um país de centralizadores, de Estado-Ama, de regentes e protectores, um povo-menino que aprecia sempre estes discursos paternais tão habituais nos ditos partidos grandes. De quatro em quatro anos vão as populações votar nos partidos que prometerem as obras públicas mais extravagantes, os partidos que prometerem mais gastos, os líderes mais carismáticos que conseguirem mais empregos públicos para a malta.
Somos um país onde a Nação confunde-se com o Estado da forma mais promiscua possível. O Poder Local é tão irrisório que não existe. Existe sim uma turba de funcionários públicos que vota em conformidade com o número de viadutos planeados, em função dos empregos que se vai criar ou na expectativa de uma redistribuição mais justa daquilo que justamente não lhes pertence. Há por aí muitos Paulos Pedrosos.
Nada está entregue ao cidadão. Tudo se distribuiu entre o Partido, a Jota do Partido e o Líder do Partido. O poder municipal, enquanto representação dos interesses dos particulares, dos empresários e das populações tradicionais, não coexiste, não se confronta nos parlamentos locais.
A Nação dos Médicos de Família vai-se Regionalizar de cima para baixo, começando pelos interesses dos Médicos de Família, até chegar ao que os Médicos de Família acharem que é o Interesse do Povo.
E assim, até ao fim dos tempos, terá Portugal alguém que possa tomar conta dele.
*é engraçado ver que o PS é um partido de pais: há o Pai da Democracia, o Pai do SNS e o Pai do RMN, é caso para fazer a graçola de que temos os pais, mas faltam-nos os filhos
PS: para acentuar o nível de situacionismo a que chegou este jardim alcatroado à beira-mar plantado, cito uma pequena resposta de um "keynesiano" meu conhecido e estimado, mas, infelizmente, excessivamente corroído pela cartilha partidária. Perguntei-lhe eu se havia solução para o estado catastrófico em que se encontrará o País quando não houver mais dinheiro para obras públicas, e mereci a respectiva resposta: "A Solução é não parar de fazer obras públicas. Haverá sempre obras públicas para fazer."
Já de olhos postos na ponte que liga Lisboa a Gibraltar, possivelmente.
Nada está entregue ao cidadão. Tudo se distribuiu entre o Partido, a Jota do Partido e o Líder do Partido. O poder municipal, enquanto representação dos interesses dos particulares, dos empresários e das populações tradicionais, não coexiste, não se confronta nos parlamentos locais.
A Nação dos Médicos de Família vai-se Regionalizar de cima para baixo, começando pelos interesses dos Médicos de Família, até chegar ao que os Médicos de Família acharem que é o Interesse do Povo.
E assim, até ao fim dos tempos, terá Portugal alguém que possa tomar conta dele.
*é engraçado ver que o PS é um partido de pais: há o Pai da Democracia, o Pai do SNS e o Pai do RMN, é caso para fazer a graçola de que temos os pais, mas faltam-nos os filhos
PS: para acentuar o nível de situacionismo a que chegou este jardim alcatroado à beira-mar plantado, cito uma pequena resposta de um "keynesiano" meu conhecido e estimado, mas, infelizmente, excessivamente corroído pela cartilha partidária. Perguntei-lhe eu se havia solução para o estado catastrófico em que se encontrará o País quando não houver mais dinheiro para obras públicas, e mereci a respectiva resposta: "A Solução é não parar de fazer obras públicas. Haverá sempre obras públicas para fazer."
Já de olhos postos na ponte que liga Lisboa a Gibraltar, possivelmente.
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