Interrompo as festividades para um pequeno lembrete:
Há tempos passamos, sem anúncio pela TV Pública, por uma data muito importante.
O Centenário de Herculano.
Historiador famosíssimo e apreciado por toda a Península, o escritor de Eurico, o Presbítero e do Monge de Cister, duas obras emblemáticas do romance histórico, ficou mal recordado pelo país.
Passou a data a 28 de Março. O texto abaixo talvez conceda ao leitor uma justificação para este silêncio de velório que a república centenária impôs nesta preciosa data...
«O poder é um árbitro, sem vontade própria, a que cada qual se sujeita por conveniência. À luz do direito, nenhum poder político se pode legitimar porque nenhuma soberania é legítima: a república democrática não tem mais fundamento jurídico que a monarquia. Reduz-se o problema a uma questão de conveniência; e Herculano verifica que a monarquia está enraizada na tradição, é o status quo - razões para ser preferida a um regime novo que obrigaria a uma readaptação custosa. Além disso, a monarquia representativa realiza a teoria do equilíbrio de poderes: a soberania nem está no Rei nem na Nação; isto garante para Herculano uma defesa contra uma soberania popular exclusiva que teria muito mais força contra os direitos individuais do que o tem estas duas meias soberanias que se vigiam com desconfiança e se contêm mutuamente».
António José Saraiva «Herculano e o Liberalismo em Portugal», Lv. Bertrand, pág. 252.
António José Saraiva «Herculano e o Liberalismo em Portugal», Lv. Bertrand, pág. 252.
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