sábado, 24 de abril de 2010

mais uma vez, sobre a tolerância de ponto

do maradona,

No Jugular, o Miguel Vale de Almeida, mas também, ao que parece, a Fernanda Câncio (a melhor pessoa do mundo de todo o sempre!!) caramba, manifestam sensibilidade muito aguda perante a tolerância de ponto oferecida pelo Governo por causa da merda do caralho do Papa (que por acaso escreve maravilhosamente). Não me lembro de muita agitação perante a tolerância de ponto dada pelo Governo a propósito do Carnaval, essa arquitrave da doutrina da Igreja. O Miguel Vale de Almeida chega ao ridículo de publicitar um grupo no Facebook que afirma, expressamente, não aderir à tolerância de ponto do dia 13 de Maio: e os mesmo meninos e meninas tiveram laicismo suficiente para não aderir à tolerância de ponto proposta pelo mesmo Primeiro Ministro do dia 24 de Dezembro e 2 de Janeiro?

10 comentários:

Anónimo disse...

O que nos vale é isto:

http://www.youtube.com/watch?v=kFy7TTl-iFI

Coisa que não nos tiram, o orgulho nacional.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

É com amargura que assisto à submissão do Executivo perante questões de mero interesse confessional.

Sendo uma certeza constitucionalmente positivada o cisma entre o Poder Político e as demais ideologias de pendor religioso, indago-me acerca das razões que levam um Governo de esquerda moderadamente progressista, com a qual me identifico e que apoia medidas como o casamento homossexual ou a interrupção voluntária da gravidez, a vergar-se perante uma instituição de tal forma moribunda e despida de credibilidade.

A exemplo disso mesmo, recomendo a leitura da carta aberta aos bispos de todo o mundo, publicada no jornal Público de 24/4, por Hans Kung, teólogo alemão e antigo colega de Joseph Ratzinger na Universidade de Tubingen. Clericalismos à parte, a única voz entoada do Vaticano revestida de uma aceitável razoabilidade desde Karoll Woitilla.

Tarcisio Bertone e suas declarações em solo chileno:

Pecam por duas razões chave. Primariamente porque tentam uma defesa impossível negando a relação factual, ainda que não necessária, entre celibato e pedofilia. Depois porque dirigem um vil e repugnante ataque aos homossexuais visando o saneamento do problema.

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

Há que distinguir Estado Confessional de Estado Laico e de Estado Laicista.

Por muito que eu não tivesse tomado esta medida (porque a Fé não depende de tolerâncias de ponto, eu por exemplo vou desmarcar os meus compromissos para poder assistir à chegada do Santo Padre) não vejo mal algum ou qualquer atentado ao Estado Laico que o Governo tenha em atenção a religião da maioria da população e com certeza dos funcionários públicos.

Faz-se exactamente o mesmo quando se fazem férias da Páscoa e do Natal. E não vejo os ateus a queixarem-se delas.

Este é um acontecimento importante na via de muitos crentes da religião dominante em Portugal.

O resto do teu texto vou simplesmente relegar para a falta de informação.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

Fernando,

atirares-me com autores só vai fazer com que te atire com outros.
Com certeza não pensas que a Igreja não tem procurado defender-se dentro dos meios científicos especializados.

Quanto ao Natal, do ponto de vista histórico não é o mais correcto, nem do ponto de vista dos hábitos dos nossos ancestrais pré-cristãos.
Mas ainda assim, uma festividade pagã, ainda que com um significado religioso alterado, não deixa de ser um feriado religioso celebrado pela população e considerado pelo Estado.

O verdadeiro Estado Laicista até com as reminiscências pagãs devia acabar, penso eu.

Já agora, a regra da majority rule aplica-se a decisões políticas.
Mesmo um regime absolutista tem de se vergar às tradições e aos costumes dos povos, que são usualmente partilhados pela maioria de população.

Verás também que não há contrariedade no meu argumento, porque a Fé e a Religião coexistem num plano totalmente diferente da Política e da Acção Política.

Anónimo disse...

Manel, perdoa, mas houve um problema com o comentário.

Cá fica novamente,


"(...) não vejo mal algum ou qualquer atentado ao Estado Laico que o Governo tenha em atenção a religião da maioria da população e com certeza dos funcionários públicos."

... ao que eu chamo uma declarada tendência confessional. Embora não haja, naturalmente, um reconhecimento oficial de qualquer religião, existe um afirmada preferência católica que a maioria não tem que justificar. E poderia dizer até que o teu argumento contrapõe tudo o que tens afirmado acerca da "majority rules", mas isso já são outros caminhos que não quero tomar.

O recorrente argumento do Natal já se encontra de todo mirrado. Se, à luz da sociedade de consumo actual, considerarmos o Natal uma festividade religiosa, será então necessário revestir-mo-nos de um radicalmente incisivo manto descortinador e concluir que este é, antes de mais, um culto pagão ao espírito dos mortos e à sua reencarnação. Se se fazem férias nesta data não será concerteza pelo nascimento de Jesus ou pela Missa do Galo.

Já o modo como o dotamos de uma significação material é um assunto do eu e não de qualquer outra instância executiva.


No que concerne a essa tua agressividade espontânea,

se se justifica pelo que escrevi acerca da relação celibato-pedofilia, diria que se trata de um espasmo de relativa ignorância. Basta a leitura de alguns relevantes artigos na área da Psicologia para não te restarem dúvidas.

Mas percebo, no fundo, a tua reacção. Tendo progressivamente a encontrar, no que decorre dos últimos episódios, marcas de uma inalienável carência de assertividade expositória no seio dos crentes católicos. Assemelha-se ser uma enfermidade extensível à quase generalidade...

Anónimo disse...

Certamente.

E gostaria até de poder vislumbrar, nem que por breves instantes, os estudos realizados por «psicólogos e psiquiatras» a que o nº2 do Papa teve acesso para fundamentar as suas inócuas afirmações...

Anónimo disse...

Já agora, quanto ao ponto de vista histórico:

certamente saberás que o Natal católico não passa da cristianização, levada a cabo no século IV, das festividades pagãs que se iniciavam com o Solstício de Inverno. Um bom exemplo ao alcance de todos são as tribos Saxónicas e as celebrações que tinham lugar no Stonehenge.

Daqui partem as minhas afirmações.

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

Isso não é uma realidade histórica universal. Nem o mundo esteve cheio de saxões, nem na Grã-Bretanha há Stonehenges a dar com o pau.

É uma realidade local. Em todos os locais a Igreja reagiu de forma diferenciada a situações diferentes. A história dos saxões da Grã-Bretanha dificilmente se aplica a todos os povos que a Igreja Católica converteu nos tempos do Império.

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