Poucas coisas há que façam tanto alarido e provoquem tanta curiosidade como uma boa estatísticazinha.
Ora aí têm um bom exemplo.
"Portugal ocupa o 48º lugar da lista mundial de países no que diz respeito a orçamentos para a defesa, segundo os dados avançados este ano pelo Centro para o Controlo de Armas e não Proliferação dos Estados Unidos." (hurra!)
A necessidade de atirar ao ar algo como "que imbecis, porque gastam tanto num país tão insignificante do ponto de vista militar, não percebo, arre, que fúria" é praticamente instintivo no comum português. No entanto, se há tarefa nacional em que cada um de nós se devia comprometer seriamente é na propagação do método "pensar duas vezes antes de falar", e caso surgisse alguém a incentivar essa campanha, eu rapidamente iria providenciar a minha palmadinha nas costas.
Então, o que é que pode tar a acontecer?
"O Ministério da Defesa procura basear os seus fundos na venda de material de guerra desnecessário ou ultrapassado"
Ora, é óbvio, o orçamento da defesa baseia-se na venda de material de guerra, pensei eu, após seguir o método anteriormente referido. É elementar.
Até que li o seguimento do excerto.
"Segundo o Diário de Notícias, o esforço do Ministério da Defesa em aumentar o orçamento com recurso à venda de material de guerra não alterou a situação"
Sinceramente, o que é preciso é uma campanha que incentive o método "ler tudo até ao fim antes de falar".
Mas vejamos porque é que, citando o Diário de Notícias, isto de "aumentar o orçamento com recurso à venda de material de guerra não alterou a situação". (citação inútil, acrescento)
"(...)no sentido em que os helicópteros Puma continuam guardados,(...)"
é claro, os velhos pumas da guerra colonial. Ah, pois era. Mas isso não será a protecção de espólio de tempos passados? Aposto que há imensos veteranos que adoram ir aos armazéns das Forças Armadas ver essas carracas velhas, onde passaram os melhores tempos das suas férias em África, a transportar feridos ou a ser transportados.
"os caças F-16 dependem de autorização prévia dos Estados Unidos,"
pois, para vender caças, temos de pedir aos EUA. Para vender. A quem quer que seja. Os nossos caças, não estão em leasing, nem emprestados. Temos de pedir aos EUA para vender algo que é nosso, porque eles controlam a proliferação de armas. Há algo que me está a escapar.
" e a venda das fragatas João Belo ao Uruguai, por cerca de 13 milhões de euros, foi vetada no passado mês de Junho pelo Ministério das Finanças de Montevideu."
Sim, a opção é vender as nossas velharias ao uruguaios. Eles caiem sempre. Só que desta vez, não.
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