quarta-feira, 17 de outubro de 2007

?ad monetarium?

Formulei recentemente a teoria de como as mulheres, esses seres maravilhosos desapêndiçados, não conseguem suportar a presença de trocos, moedas, nas suas formas de pagamento. Chamei-lhe “desenconomia trocomática feminina crónica”. Já agora, olá.

Conheço especialmente uma mulher que se pudesse pagar tudo com uma nota de 20 euros, eu tenho a certeza, conseguiria viver até ao fim dos seus dias com uma despreocupação própria dos hippies que cantam ao pé da estação de S.Bento.E não, não estou a ser cruel. Eu amo cada pedacinho de terra que essa mulher pisa, e ela sabe-o, e uso apenas a sua descrição para me orientar a descrever aquele mundo que eu acho impressionante: o mundo da mulher. A verdade é que todas elas em dizem exactamente o mesmo.

As senhoras possivelmente não compreendem, mas nós homens somos mesquinhos e avarentos no que toca a trocos. Bem, basicamente, somos mesquinhos e avarentos em tudo o que toca a dinheiro, a não ser que sejamos maricas, os maricas detestam ter moedas no bolso, e também não são avarentos e mesquinhos. Mas algo tão natural em nós devia ser bem mais aceite pela feminilidade, em vez da habitual antipatia demonstrada!

Impressiona-me ver a forma quase odiosa que algumas mulheres tratam os homens que lhes oferecem moedas para a mão. Parece que já nos dizem “ É só isso que eu valho para ti? Um mero punhado de cobres? Bem que a minha mãezinha tinha razão, tu és um avarento e um mesquinho” e desatam num queixume, que não raras vezes se transformam num berro ululante e assustador, que leva o macho a despender a derradeira nota de 10 euros para pagar um café e uma água com gás Freeze.

Eu aprendi a estimar os meus trocos com o dono de um café da minha escola, o senhor Vieira. O senhor Vieira odiava notas. Logo, sempre que chegava a mesada, íamos nós pequenos todos pagar-lhe com uma nota de 20 euros um panike. Eu via literalmente as lágrimas apoderarem-se do rosto do homem, ao deparar-se com a inglória tarefa de arranjar trocado.

Pelo aspecto, e sem exgerar, o sr. Veireira ja tinha uns 115 anos, por isso, a impaciência com que contava trocos vezes e vezes sem conta levava a que muitas vezes ele nos desse em excesso o que nos devia. Ás vezes acontecia o contrário.

Anos mais tarde, farto daquela vida de infinita matemática, o sr. Vieira ostracizou-se para a sua terra, algures nas proximidades de Terronhas, onde acabou os seus últimos dias a organizar a procissão á Nossa Senhora das Pataqueiras. Morreu subitamente de ataque de coração quando o padre da procissão lhe concedeu a honra de fazer a contabilidade das oferendas em dinheiro. O ofertório rendera mais de 10.000 euros.

A não ser que seja para pagar por um bom par de mamas bambaleantes (obrigado daniela pela ideia para esta magnífica expressão) (não que eu esteja a referir-me à Daniela no que toca ao sentido da expressão, claro), poucos homens há que se disponibilizem sequer para pagar a renda com papel-moeda. Algumas amigas minhas lançam um olhar assassino ao empregado de mesa quando ele lhes vem trazer o seu trocado, como se aquele desgraçado viesse de propósito enfiar moedas no seu porta-moedas, acabando por pesá-lo e causar enormes lesões na coluna da portadora. Já cheguei a observar situações em que as senhoras se atiraram ao pescoço do garçon, tal era a fúria.

No entanto, penso eu com efeitos compensatórios, as mulheres são rapidíssimas a sacar notas da carteira. Antes sequer que eu consiga meter a mão na carteira, já a minha namorada tem a sagrada notinha na mão. Desenvolveram um sentido ultra-sónico complexo, provavelmente desenvolvido ao longo de séculos e séculos de ódio aos trocos, que nem o apurado ouvido de um morcego consegue descortinar o barulho da nota a roçar nas extremidades dos dedos. Conheço mulheres que conseguem fazer isto, mas utilizando a carteira do marido, com ele a usá-la! Na altura em que ele a tira do bolso, já ela pagou o jantar aos convidados e deu a gorjeta ao empregado. Hei-de usar esta temática para outros textos.

A única mulher que adora trocos é uma senhora que se encontra muitas vezes ao pé do Via Catarina. Essa tipa mica-me sempre. Mal me vê a passar, ela cheira os troquinhos qu eu, inocente transeunte, levo, e vem serenamente levar-me as minhas estimadas redondinhas. Já contribuí com um total aproximado de 80 de euros em moedinhas de 50 cents pá causa dos desabilitados e dos filhos dos drogados e camionistas, e toda esta pilhagem se dá sempre pela mesma mulher. Ela sente-me, cheira-me, uma vez até conseguiu ver o conteúdo da minha carteira sem olhar lá para dentro. 50 euros, disse-me ela. “Porra”, pensei. Tive de contribuir, senão eu tinha a certeza que Deus me ia fulminar, ou pior, castrar-me. É que a mulher podia muito bem ter a capacidade de adivinhar para onde eu ia depois, e quem acabava a rezará Nossa Senhora das Pataqueiras era eu.

1 comentário:

D. disse...

tenho a dizer-te que a causa da paixão pelas notas reside na forma fabulosa como as mulheres adoram sentir que conseguem comprar coisas. tem uma relação muito íntima. se bem que a cada dia que passa, as mulheres preferem pagar as compras com o cartão de multibanco, isso sim de uma classe espantosa. quanto ao facto de odiarmos trocos, ele reside no facto de as moedas deixarem as mãos a cheirar mal, enquanto que as notas não, e nós, senhoras, adoramos cheirar sempre a limpo e fresco. se bem que eu gosto de usar moedas, embora me irrite o facto de não poder roer as unhas até lavar as mãos numa qualquer casa-de-banho dotada de sabonete.
P. S - deverás pagar direitos de autor pelo uso dessa expressão xD

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