terça-feira, 13 de março de 2012

Sobre a curta "Praxis"

Com o devido respeito ao livre pensamento de cada um, a minha concepção de sociedade universitária não passa por ter um grupinho de canalizadores de frustrações facilmente sublimados de companheiros integradores, com a hábil e fácil desculpa da liberdade de acção humana.

Não vislumbro em nenhuma sociedade evoluída, paradoxalmente, tal "instituição" da Praxe universitária. O argumento do fascismo é sempre o caminho mais fácil para qualquer orador querer destronar esta tradição ( e não instituição, pela falta de universalidade). Toda a gente gostará, conquanto, de poder mandar.

O fenómeno de integração tão caro à sociologia e a Emile Durkheim, que coloca o sujeito social numa teia de fronteiras e possibilidades ínfimas de integração quantas as instituições ao seu (in)consciente dispor leva ao desespero da integração do mais vulnerável tipificado em grupos cuja normatividade seja mais coadunada com a ideia de "instituição total".

Das duas, uma. Ou a fenomenologia praxística tende a uma tradição ostentada ao costume e ao usus, ou radicará no tipo de instituição total, semelhante aos fenómenos de integração ocorridos na Inglaterra, no pós - Waterloo. "Instituições" criadas por demanda popular que, também paradoxalmente, culminaram com a adopção de normas rígidas, super-imperiais, adopção de uniforme, localização isolada, sistema administrativos hierárquicos, códigos de conduta severos, frequência ( compulsiva) aos conselhos dos "notáveis", etc etc etc.

Como acredito na teoria da relatividade de Albert Einstein, creio que estejamos ainda presos, no tradicionalismo, ao século XIX.

8 comentários:

Anónimo disse...

A minha única pergunta é: depois de ler o que posso chamar de um discurso sem nexo ou conteúdo porque possivelmente são escassos os argumentos, já alguma vez foste a alguma sessão de praxe, ou falas simplesmente do que não conheces?

1ºAno - FDUP

André Cavadas disse...

O típico treinador de Bancada! - tem opinião sobre tudo mas nunca esteve em campo. Praxe é de integração voluntária , e para a forma como o excelso autor deste texto se insurge contra ela , leva a crer que lhe foi impingida,o que claramente não corresponde à verdade.

Fernando Ferreira Leite disse...

André Cavadas,

por má vontade ou simples dificuldade na leitura, o texto do Mário Lourenço foi mal interpretado.

Não se tentou o ataque interno à actividade praxística a aos rituais, práticas ou tendências virtualmente hierarquizadoras que integra. Num diferente sentido, fez-se tão somente nota dos motivos possivelmente instrumentalizantes que levam o recém-chegado a abraçar essa instituição.

Ainda assim, fazendo uso do sentido que invocaste, é por demais claro que o facto de operar num regime de "integração voluntária" que tome o indivíduo como ser plenamente capaz no momento decisório, não obsta a que constitua uma gritante violação à dignidade dos seus elementos. A condição voluntarista da praxe em nada inibe os factos abordados pelo Mário Lourenço.

André Cavadas disse...

FFL,

cada cabeça sua sentença , e nao julgo ser necessário tecer-se qualquer tipo de comentário sobre uma instituição de várias centenas de anos. Se praxe é tradição é bom que nela nada se altere , a não ser em casos pontuais, devido á atualização do ambiente em que ela se realiza. A essência da praxe é essa mesma , o respeito pela tradição, sem preocupação em percebe-la mas sim senti-la

Fernando Ferreira Leite disse...

André,

É justamente no momento em que o 'sentir' eclipsa o 'perceber' que as coisas ficam negras.

Carla Barbosa disse...

Queria só dizer uma coisa, ainda bem que para quem não conhece nada de praxe, o que lá se faz não tem sentido, a praxe vive-se, a praxe sente-se. E por este motivo, os argumentos de um praxista em defesa desta tradição serão sempre frágeis, porque a subjectividade associada à praxe impede que se traduza por palavras o que ela é, e o quão bem ela faz. E não se pense a praxe se resume a: Primeiro estranha-se, depois entranha-se, no sentido de que, quem lá está, tomou essa decisão racionalmente, não se faz praxe por habituação. E não vou tentar contrariar o argumento que diz que a praxe vai contra os direitos humanos, porque por momentos, isso leva-me a pensar que quem o diz não reconhece a dimensão do que é uma violação dos DH.
Em conclusão, assumo o quão inútil é este comentário porque as divergências de opinião nesta matéria têm tantos anos quanto a praxe,e continuará a existir enquanto a mesma. A praxe não vira as costas a ninguém, as pessoas é que viram as costas à mesma, ou seja, cada um sabe de si, cada um toma a sua decisão. E a bem da praxe que continue esta SAUDÁVEL querela. Um bem haja aos intervenientes neste conversa.

Lourenço disse...

Estou tentado a solicitar às excelsas pessoas que comentaram este modesto espaço para que pesquisem sobre os autores antes de escreverem tiradas como a do " treinador de bancada". Gostaria, outrossim, de ter mais tempo para acompanhar esta construtiva discussão.

Sr André Cavadas, parabéns pela homérica descoberta. Cresci mais uns centímetros com a sua experiente sapiência. Tento sempre aprender com pessoas mais vividas que eu. Obrigado

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

Ao praxista cabe a virilidade do "fazer". A entrega pelo irmão de armas, a mentalidade de clã, o espírito aristocrático que nasce da formação de uma família académica cuja tradição simbólica e oral assenta no testemunho dos Amigos e Companheiros que passaram pela instituição de ensino. Acaso não fosse, na grande maioria das faculdades, um clubinho interesseiro com pretensões pseudo-esotéricas, a praxe podia ser a mais europeia, bélica e bela tradição da nossa Academia.

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