O meu Deus não é uno e indivisível.
Divide-se em 3: o Pai, o Filho e o Espírito.
É o Pai de todos os filhos que não os tiveram.
É Filho de todas as mães que os perderam.
É Espírito de todos aqueles que julgaram tê-lo perdido.
O meu Deus não é todo-poderoso,
o meu Deus é o Todo.
Ele não é o Deus dos fortes
ele não é o Deus dos grandes.
O meu Deus não perdoa,
o meu Deus ama.
O meu Deus é o Deus dos Mesquinhos,
das mulheres que transportam droga no ventre,
das prostitutas e dos transsexuais marginalizados,
da inocência perdida das crianças violadas.
O meu Deus nasceu em palhinhas em Belém,
e ainda dorme assim, numa rua perdida de Nova Deli
o meu Deus ata bombas à cinta mandado pelos seus líderes
e dispara contra palestinianos comandado pelos seus tiranos.
O meu Deus é alvejado nas costas na Costa do Marfim,
e foi vendido pela mãe a um bordel na Malásia.
O meu Deus não dita regras.
O meu Deus pede, grita,
eu passo pelo meu Deus todos os dias.
Ele dá-me a luz, o seu amor, deu-me a minha mulher e os meus filhos.
A única coisa que me pede em troca são 50 cêntimos para comer
e eu arranjo sempre forma de não lhe pagar.
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