Foi o único texto que de facto valeu a pena. Senhoras e senhores:
"Come forth, Lazarus! And he came fifth and lost the job." James Joyce.
Era um belo dia de Verão, em Junho de 1925... Lembro-me vagamente, estávamos todos em casa de Picasso, eu, Groupious, Hemingway e e Sarah Afonso. Picasso era um verdadeiro espanhol, como dizia Gropious... quer dizer, falava espanhol e ia a Espanha ver a família de vez em quando...era simplesmente maravilhoso de se ver... Hemingway acabara de escrever uma história sobre pugilistas num safari em África. Nem eu nem Sarah Afonso achamos que estava muito bem planeada, e eu até gracejei com o facto de a leitura de Ernest ser totalmente enfadonha, rimo-nos muito, fizemos um belo serão de galhofa, e mais tarde, na brincadeira, calçamos umas luvas de boxe e ele partiu-me o nariz.
Enquanto ia comprar fruta, encontrei Gertrude Stein. Ela lera algum dos meus manuscritos, e eu não resisti a perguntar-lhe se ela achava que eu me ia tornar um grande escritor. Ela, naquela sua expressividade muito própria, disse-me "Não". Tomei-o como um sim, e na manhã seguinte parti para Itália.
Em Itália conheci Marinetti, um homem de uma química muito especial, principalmente no seu andar, pondo um pé sempre à frente do outro, até conseguir aquilo a que chamava "andar" ou "passos". Eu e Sarah Afonso discutimos com ele o cubismo de Picasso, e rimo-nos muito com as suas ideias, mas baixinho, pois com o fascismo em alta na Europa, havia pouco com que nos rirmos.
De volta a França, Salvador Dali convenceu Picasso a tomar café com ele no "Biccarette"...Nesse cansado mês de Novembro, foi a coisa mais emocionante que aconteceu. Gertrude Stein perguntou a Picasso se a arte não era meramente uma expressão de algo. Picasso respondeu qualquer coisa, mas a boca cheia de torrada com manteiga mais não fez do que arruinar o café au lait de Gropious.
Uma vez em Munique, íamos passar o reveillon, apareceu Fernando Pessoa com duas primas cabeludas e feias. Hemingway gostava de mulheres com bigode, mas desiludiu-se quando se apercebeu que uma delas mais não era que Mário de Sá Carneiro. A outra, no entanto, era mesmo prima de Fernando Pessoa. À noite, já passados os festejos, Suzanne Lenglen perguntou-me porque não casava eu com Gertrude Stein, já que nos dávamos tão bem e passávamos tanto tempo jutos. Eu disse-lhe que ela era inteligente demais para mim, e que parecia mais homem do que eu. Rimo-nos muito, e mais tarde, na brincadeira, Stein calçou umas luvas de boxe, e partiu-me o nariz.
2 comentários:
ainda bem que foste rebuscar à gaveta este texto. pequeno devaneio entre gentes grandes. pequena viagem no tempo. está bastante interessante.
gostei!
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