terça-feira, 24 de junho de 2008
o derradeiro boneco
o Boneco Jesus (acoselho-vos a entrar no site e a ver a descrição desta preciosa peça, em tudo semelhante ao nosso Salvador, especialmente pelo facto de lhe faltar, como é natural, qualquer tipo de traço racial semítico, Graças a Deus)
Etiquetas:
bom-gosto,
bom-senso,
fundamentalismo,
religião,
ridiculo
o inimigo público
"FEMINISTAS MODERNAS VÃO QUEIMAR IMPLANTES DE SILICONE NA GULBENKIAN
De 26 a 28 de Junho vai realizar-se um Congresso Feminista na Fundação Calouste Gulbenkian, organizado pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), cujas organizadoras prometem não queimar soutiens, para contrariar o estereótipo. “Nõs somos mulheres modernas. Vamos destruir o novo símbolo da sujeição da mulher à vontade masculina: os implantes de silicone. Mas, como eles são resistentes ao calor, vamos explodir duas tetas falsas, como os taliban fizeram aos dois budas de Bamyan”, explicou Maria Teresa Horta, uma das feministas envolvidas no congresso. “E aconselhamos vivamente todas as mulheres a verem o filme O Sexo e a Cidade e a não comerem pipocas no cinema, mas testículos de porco salteados, como forma de mostrar o desprezo pela pseudo-superioridade masculina”, concluiu. VE [Vítor Elias]" in Inimigo Público
o que eu não teria dado para ter sido eu a escrever isto. Estou a pensar seriamente desistir de Direito para escrever para o Inimigo Público.
Ver o resto da discussão à volta deste artigo aqui
De 26 a 28 de Junho vai realizar-se um Congresso Feminista na Fundação Calouste Gulbenkian, organizado pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), cujas organizadoras prometem não queimar soutiens, para contrariar o estereótipo. “Nõs somos mulheres modernas. Vamos destruir o novo símbolo da sujeição da mulher à vontade masculina: os implantes de silicone. Mas, como eles são resistentes ao calor, vamos explodir duas tetas falsas, como os taliban fizeram aos dois budas de Bamyan”, explicou Maria Teresa Horta, uma das feministas envolvidas no congresso. “E aconselhamos vivamente todas as mulheres a verem o filme O Sexo e a Cidade e a não comerem pipocas no cinema, mas testículos de porco salteados, como forma de mostrar o desprezo pela pseudo-superioridade masculina”, concluiu. VE [Vítor Elias]" in Inimigo Público
o que eu não teria dado para ter sido eu a escrever isto. Estou a pensar seriamente desistir de Direito para escrever para o Inimigo Público.
Ver o resto da discussão à volta deste artigo aqui
Etiquetas:
feminismo,
inimigo público,
jornalismo
domingo, 22 de junho de 2008
consolatio
André Vasques
finge que não me vês
passa por mim
através de mim,
e não partilhes uma única palavra.
diz em bom português,
sê meiga, assim
sê gentil, por fim
mostra-me uma janela que não abra.
meu afecto,
minha modéstia,
meu discurso,
minha alma.
leva e vende-a rapidinho.
não me deixes mais a cozinhar
não me deixes em sossego mesquinho
não me fales punhais, sem levar pelo menos um
guardado nos lábios.
finge que não me vês
passa por mim
através de mim,
e não partilhes uma única palavra.
diz em bom português,
sê meiga, assim
sê gentil, por fim
mostra-me uma janela que não abra.
meu afecto,
minha modéstia,
meu discurso,
minha alma.
leva e vende-a rapidinho.
não me deixes mais a cozinhar
não me deixes em sossego mesquinho
não me fales punhais, sem levar pelo menos um
guardado nos lábios.
Etiquetas:
poesia
terça-feira, 10 de junho de 2008
Viva La Revolución!
Ao meu irmão Pedro, na Argentina,
Camarada Pedro, ganhámos! A Capital de Cristóvia é nossa!
Após meses nas nas montanhas de Havara, a passar todo o tipo de privações, a um passo da sodomia masculina colectiva, os defensores do socialismo-marxista venceram a luta! Hasta La Victoria, Sempre!
Os últimos 4 anos foram terríveis. Ainda me lembro de quando éramos um bando de adolescentes introvertidos, mas que ainda assim se conseguiram organizar à volta do estandarte do comunismo, e protestar contra a Ditadura de Batistério Fulgaz. O nosso líder, o brilhante orador José Pablo, entusiasmou-nos com o seu discurso revolucionário, e cedo organizamos um partido, que foi logo reprimido pelos órgãos ditatoriais. Mais uma vez, as palavras inspiradas do nosso camarada Pablo iluminaram os nossos corações, e decidimos partir para o exílio. E assim foi que 50 jovens universitários partiram para a selva, decididos a lutar contra o regime armados com a palavra do comunismo, e assim foi que nos equipámos apenas com algumas roupas e levando cada um o Livro Vermelho de Mao e o Manifesto Comunista do camarada Marx.
Infelizmente, de pouco nos valeram as palavras de alento do Camarada Pablo, pois ao fim de 4 meses na selva tropical, e sem qualquer tipo de preparação militar ou de sobrevivência, e visto que a maior parte dos membros do Partido Comunista para a Libertação de Cristóvia era asmática, éramos já apenas 40, e estávamos a ficar sem mantimentos após termos devorado em conjunto o último Manifesto. Fiquei desde aí com o cargo de Provedor-Geral da Revolução Cristóvana, e tal cargo me fez muito orgulhoso durante várias semanas, até ter descoberto que era apenas o cozinheiro do grupo.
Como a situação se tornava gradualmente insustentável, e os homens lidavam agora com o grupo de mercenários contratados pela CIA, que havia negociado com Batistério Fulgaz a nossa aniquilação em troca da cedência aos EUA do monopólio sobre os sumos de laranja, resolvemos entregar-nos ao inimigo.
Qual não foi o meu espanto quando a Guardia nos disse, após nos interrogarem com a ajuda de cilícios e cnutes, que o Ditador Fulgaz nos queria ver. Conduziram-nos aos pontapés por toda La Villa Nueva até à sede do Partido Único, que também era o Palácio do Governo de Cristóvia, casa de Fulgaz e dos seus 13 irmãos, 2 esposas e 26 concubinas. O Ministério da Educação, o edifício coberto por ouro maciço ao lado do Palácio do Governo, era o lar dos seus 60 filhos.
Enquanto nos sentenciava uma leve pena de 145 anos de prisão, e pena de morte por esfolamento ao nosso líder Pablo, reparei que ainda tinha no meu bolso, que não tinha sido revistado pela Guardia visto que estes apenas tinham descoberto no nosso arsenal 3 fisgas em más condições e uma raquete e achava que éramos um bando de desprezíveis ratos, uma pequena granada-de-bolso soviética. Pertencera a um carregamento que os camaradas sovietes nos tinham enviado, mas que viera em tão mau estado que causara a morte a 6 camaradas quando estes se lembraram de abrir as caixas de munições para as AK-47. E assim, sem pensar duas vezes, atirei a granada para cima da secretária de Fulgaz, e esperei pelo resultado. O Ditador, desesperado, resolve atirá-la para o outro quarto, onde os seus sobrinhos faziam uma rave party com vodka altamente alcoolizado.
Metade do Palácio explodiu. No rebuliço, o Ditador Fulgaz ordenou o ataque das suas tropas, mas com a confusão estas ouviram as coordenadas erradas e atacaram o acampamento dos mercenários da CIA, fazendo-os desistir. Os Generais decidiram assassinar Fulgaz devido ao facto de estes ainda não os ter promovido a Generalíssimos, e entraram em conflito imediato com o patronato, que fabricava as armas do exército.
Em duas semanas, a oposição capitalista tinha-se aniquilado, tal como dizia o Manifesto do Camarada Marx. Encontrei o nosso amado líder agachado atrás de um balcão de mercearia, numa inteligente política de "aguardo pelo decorrer da situação". Quando as coisas se acalmaram, levei-o a tremelicar pela rua cheia de buracos das bombas até ao Palácio do Governo e "sentei-o no poder", à espera das suas ordens para o início do regime marxista-leninista.
Como estava lívido e altivo o nosso Mestre! Com a sua sábia mão, acalmou os nossos espíritos, e disse: "O Povo ainda não está preparado para os benefícios do marxismo-leninismo. Ele deverá aguardar!" E depois disso, autoproclamou-se Monarca Absoluto da Ilha.
Eu ainda sou o Provedor-Geral da Revolução! Junta-te a nós meu irmão, vamos apoiar o Movimento de Monarquia Absoluta Provisória enquanto não chega a Primavera Socialista!
Hasta La Victoria!
Camarada Pedro, ganhámos! A Capital de Cristóvia é nossa!
Após meses nas nas montanhas de Havara, a passar todo o tipo de privações, a um passo da sodomia masculina colectiva, os defensores do socialismo-marxista venceram a luta! Hasta La Victoria, Sempre!
Os últimos 4 anos foram terríveis. Ainda me lembro de quando éramos um bando de adolescentes introvertidos, mas que ainda assim se conseguiram organizar à volta do estandarte do comunismo, e protestar contra a Ditadura de Batistério Fulgaz. O nosso líder, o brilhante orador José Pablo, entusiasmou-nos com o seu discurso revolucionário, e cedo organizamos um partido, que foi logo reprimido pelos órgãos ditatoriais. Mais uma vez, as palavras inspiradas do nosso camarada Pablo iluminaram os nossos corações, e decidimos partir para o exílio. E assim foi que 50 jovens universitários partiram para a selva, decididos a lutar contra o regime armados com a palavra do comunismo, e assim foi que nos equipámos apenas com algumas roupas e levando cada um o Livro Vermelho de Mao e o Manifesto Comunista do camarada Marx.
Infelizmente, de pouco nos valeram as palavras de alento do Camarada Pablo, pois ao fim de 4 meses na selva tropical, e sem qualquer tipo de preparação militar ou de sobrevivência, e visto que a maior parte dos membros do Partido Comunista para a Libertação de Cristóvia era asmática, éramos já apenas 40, e estávamos a ficar sem mantimentos após termos devorado em conjunto o último Manifesto. Fiquei desde aí com o cargo de Provedor-Geral da Revolução Cristóvana, e tal cargo me fez muito orgulhoso durante várias semanas, até ter descoberto que era apenas o cozinheiro do grupo.
Como a situação se tornava gradualmente insustentável, e os homens lidavam agora com o grupo de mercenários contratados pela CIA, que havia negociado com Batistério Fulgaz a nossa aniquilação em troca da cedência aos EUA do monopólio sobre os sumos de laranja, resolvemos entregar-nos ao inimigo.
Qual não foi o meu espanto quando a Guardia nos disse, após nos interrogarem com a ajuda de cilícios e cnutes, que o Ditador Fulgaz nos queria ver. Conduziram-nos aos pontapés por toda La Villa Nueva até à sede do Partido Único, que também era o Palácio do Governo de Cristóvia, casa de Fulgaz e dos seus 13 irmãos, 2 esposas e 26 concubinas. O Ministério da Educação, o edifício coberto por ouro maciço ao lado do Palácio do Governo, era o lar dos seus 60 filhos.
Enquanto nos sentenciava uma leve pena de 145 anos de prisão, e pena de morte por esfolamento ao nosso líder Pablo, reparei que ainda tinha no meu bolso, que não tinha sido revistado pela Guardia visto que estes apenas tinham descoberto no nosso arsenal 3 fisgas em más condições e uma raquete e achava que éramos um bando de desprezíveis ratos, uma pequena granada-de-bolso soviética. Pertencera a um carregamento que os camaradas sovietes nos tinham enviado, mas que viera em tão mau estado que causara a morte a 6 camaradas quando estes se lembraram de abrir as caixas de munições para as AK-47. E assim, sem pensar duas vezes, atirei a granada para cima da secretária de Fulgaz, e esperei pelo resultado. O Ditador, desesperado, resolve atirá-la para o outro quarto, onde os seus sobrinhos faziam uma rave party com vodka altamente alcoolizado.
Metade do Palácio explodiu. No rebuliço, o Ditador Fulgaz ordenou o ataque das suas tropas, mas com a confusão estas ouviram as coordenadas erradas e atacaram o acampamento dos mercenários da CIA, fazendo-os desistir. Os Generais decidiram assassinar Fulgaz devido ao facto de estes ainda não os ter promovido a Generalíssimos, e entraram em conflito imediato com o patronato, que fabricava as armas do exército.
Em duas semanas, a oposição capitalista tinha-se aniquilado, tal como dizia o Manifesto do Camarada Marx. Encontrei o nosso amado líder agachado atrás de um balcão de mercearia, numa inteligente política de "aguardo pelo decorrer da situação". Quando as coisas se acalmaram, levei-o a tremelicar pela rua cheia de buracos das bombas até ao Palácio do Governo e "sentei-o no poder", à espera das suas ordens para o início do regime marxista-leninista.
Como estava lívido e altivo o nosso Mestre! Com a sua sábia mão, acalmou os nossos espíritos, e disse: "O Povo ainda não está preparado para os benefícios do marxismo-leninismo. Ele deverá aguardar!" E depois disso, autoproclamou-se Monarca Absoluto da Ilha.
Eu ainda sou o Provedor-Geral da Revolução! Junta-te a nós meu irmão, vamos apoiar o Movimento de Monarquia Absoluta Provisória enquanto não chega a Primavera Socialista!
Hasta La Victoria!
Etiquetas:
política
terça-feira, 3 de junho de 2008
os melhores vídeos
O Homem Por Detrás da Máscara 01 from Não Alinhados on Vimeo.
Os Conselhos que Vos Deixo 04 from Não Alinhados on Vimeo.
estudem aquilo que puderem...
Etiquetas:
alvim,
bruno aleixo,
humor,
pirete,
vídeos
domingo, 1 de junho de 2008
amo-te woody
Aconteceu uns 10 dias após a publicação do meu artigo sobre a possibilidade de Jesus Cristo ter sido uma mulher que recebi aquela chamada. A princípio pensei que era mais uma ameaça de morte, e preparei-me para desligar.
Do outro lado falavam-me em francês, e foi muito estranho, pois estávamos em Paris.
Perguntou-me se podia falar comigo, era uma voz de mulher. Eu perguntei-lhe quem ela era, e ela disse-me que tal relação se relaciona consigo mesma e tem de ser constituída a si própria. Eu compreendi logicamente que ela estava a citar Kirkegaard, e combinei encontrar-me com ela no "DuBois de Paris", algures em Paris. Nessa altura estava com a renda atrasada em quase dois meses, e com a guerra prestes a assolar a Europa, isso era considerado algo sobejamente negativo. Tinha negociado com o senhorio pagar a a minha renda com textos meus, que ele poderia editar em qualquer jornal da cidade como sendo dele. Acabou por não me dar nenhuma resposta em concreto, além de me ter partido o nariz em 3 sítios diferentes nesse exacto instante, por isso fiquei à espera da sua anuência.
Como em todos os meus encontros com mulheres, levava comigo um livro de Dostoievski, na esperança de conseguir o mítico sexo fácil que o autor proporcionou a todos os intelectuais do mundo.
Ela estava sentada na esplanada, bebericando uma cerveja alemã, magra e cabelo curto, (ela, não a cerveja) muito branca e usando um vestido negro comprido (isto sim, a cerveja). "Olá. podemos realmente conhecer o significado da vida?" era uma pergunta exasperante. "Relaxa miúda" Já é tão difícil perceber o que o Siza Vieira fez na baixa do Porto, quanto mais toda uma pergunta universal? Pedi-lhe para ir mais devagar comigo, e ela resolveu mostrar-me um seio, o que teria sido agradável não estivéssemos nós numa cidade prestes a ser invadida pelo exército nazi.
"Que merda é esta? Se eu soubesse que tinha sido para isto que me tinham convidado, teria ficado em casa"
- E que farias tu em casa? Mais alguma teoria? Mais alguma mentira?
- A que te referes?
- Tu sabes. A tua teoria.O envolvimento do banco federal na morte de Deus. A relação impetuosa de David Hume com o seu guarda-chuva, e todo relativismo daí associado. O meu nome é Marguerite.
Não podia acreditar no que ouvia. Ela falava sobre trabalhos que eu não tinha ainda publicado. Perguntei-lhe o que ela queria de mim, e se me podia pagar o café, visto que o empregado estava especado desde o início da conversa à espera que nós fizéssemos o nosso pedido.
"Quero que partas para África comigo" as raparigas de Paris são sempre as que tem mais sardas, e isso dá-lhes um poder perceptivo inimaginável.
"Eu sou só um rapaz de Direita português," disse-lhe, "o máximo que posso fazer é cantar uns faditos e discutir Kafka". E ela esbofeteou-me depois de eu mencionar Kafka, escondendo finalmente o seio. Tomei aquilo com um sinal, e fui com ela para África. Aterrámos em Timbuctu, também conhecida por Vila Pouca de Aguiar, e dormimos juntos lá. Durante três semanas viajámos numa característica caravana de comerciantes tunisinos, e durante esse tempo eu tocava todos os dias na minha guitarra, para os homens que viajavam connosco uma cantiga que havia aprendido nos meus tempos de amores de estudante, chamada Amores de Estudante, até que chegando ao fim das três semanas os tunisinos cansaram-se e levaram-me atrás de uma tenda e tentaram fazer-me engolir a viola, enquanto juravam que até à 6º geração não voltariam a ouvir fados estudantis. Felizmente fui salvo por uma tempestade de areia que causou 7 baixas, duas delas sendo camelos.
"A realidade têm necessidade de essência, sendo que esta é um pouco mais pequena que a que Hobbes descreveu" disse-me ela.
- Que se foda isso, Marge, as pessoas estão a morrer, porque me levaste para aqui?
- Eu tenho de saber...
- Hobbes era um idiota, que ficou depressivo quando descobriu que não era São Lucas.
- Mas se Descartes diz que"penso logo existo" e isto não passa de...
-Sim, tal como disse Allen, não passa de um aforismo para "Eh! Vem aí a Edna com um saxofone", mas tudo isto está a ficar muito semelhante ao livro dele!
Marguerite desistiu de tudo nesse instante. Fugiu do acampamento e refugiou-se algures em Cáceres, Estremadura Espanhola. Eu apanhei o avião mais rápido para sair daquele local, e esse desespero saiu-me caro. Esqueci-me de averiguar sobe o verdadeiro paradeiro de Marguerite, e o primeiro avião que saia de Timbuctu era curiosamente um que fazia escala em Nova Gales do Sul, Austrália.
Quis dizer-lhe que o ser (Ser) independente de definições teleológicas de existir (Existir) estava separado dessa necessidade (Necessidade), que tal relação (Relação) não se auto-constrói, exige tempo (Tempo) e quem sabe tomates (Tomates). Mas ela fugiu.
Mais tarde descobri que se tinha reservado à devassidão moral, e só acasalava com homens chamados Hernando, e morreu a dançar o fox strot durante a visita oficial do príncipe das Astúrias a um parque temático.
Fomos uma geração queimada. Marguerite morreu com pés cansados e uma dívida de 70 francos a uns tipos da FedEx por causa de um piano.Todas as noites sonho que um tigre verde, com o nome Marguerite tatuado nas espátulas, me assalta duranto o sono e devora-me os genitais, o que me estraga a noite.
Do outro lado falavam-me em francês, e foi muito estranho, pois estávamos em Paris.
Perguntou-me se podia falar comigo, era uma voz de mulher. Eu perguntei-lhe quem ela era, e ela disse-me que tal relação se relaciona consigo mesma e tem de ser constituída a si própria. Eu compreendi logicamente que ela estava a citar Kirkegaard, e combinei encontrar-me com ela no "DuBois de Paris", algures em Paris. Nessa altura estava com a renda atrasada em quase dois meses, e com a guerra prestes a assolar a Europa, isso era considerado algo sobejamente negativo. Tinha negociado com o senhorio pagar a a minha renda com textos meus, que ele poderia editar em qualquer jornal da cidade como sendo dele. Acabou por não me dar nenhuma resposta em concreto, além de me ter partido o nariz em 3 sítios diferentes nesse exacto instante, por isso fiquei à espera da sua anuência.
Como em todos os meus encontros com mulheres, levava comigo um livro de Dostoievski, na esperança de conseguir o mítico sexo fácil que o autor proporcionou a todos os intelectuais do mundo.
Ela estava sentada na esplanada, bebericando uma cerveja alemã, magra e cabelo curto, (ela, não a cerveja) muito branca e usando um vestido negro comprido (isto sim, a cerveja). "Olá. podemos realmente conhecer o significado da vida?" era uma pergunta exasperante. "Relaxa miúda" Já é tão difícil perceber o que o Siza Vieira fez na baixa do Porto, quanto mais toda uma pergunta universal? Pedi-lhe para ir mais devagar comigo, e ela resolveu mostrar-me um seio, o que teria sido agradável não estivéssemos nós numa cidade prestes a ser invadida pelo exército nazi.
"Que merda é esta? Se eu soubesse que tinha sido para isto que me tinham convidado, teria ficado em casa"
- E que farias tu em casa? Mais alguma teoria? Mais alguma mentira?
- A que te referes?
- Tu sabes. A tua teoria.O envolvimento do banco federal na morte de Deus. A relação impetuosa de David Hume com o seu guarda-chuva, e todo relativismo daí associado. O meu nome é Marguerite.
Não podia acreditar no que ouvia. Ela falava sobre trabalhos que eu não tinha ainda publicado. Perguntei-lhe o que ela queria de mim, e se me podia pagar o café, visto que o empregado estava especado desde o início da conversa à espera que nós fizéssemos o nosso pedido.
"Quero que partas para África comigo" as raparigas de Paris são sempre as que tem mais sardas, e isso dá-lhes um poder perceptivo inimaginável.
"Eu sou só um rapaz de Direita português," disse-lhe, "o máximo que posso fazer é cantar uns faditos e discutir Kafka". E ela esbofeteou-me depois de eu mencionar Kafka, escondendo finalmente o seio. Tomei aquilo com um sinal, e fui com ela para África. Aterrámos em Timbuctu, também conhecida por Vila Pouca de Aguiar, e dormimos juntos lá. Durante três semanas viajámos numa característica caravana de comerciantes tunisinos, e durante esse tempo eu tocava todos os dias na minha guitarra, para os homens que viajavam connosco uma cantiga que havia aprendido nos meus tempos de amores de estudante, chamada Amores de Estudante, até que chegando ao fim das três semanas os tunisinos cansaram-se e levaram-me atrás de uma tenda e tentaram fazer-me engolir a viola, enquanto juravam que até à 6º geração não voltariam a ouvir fados estudantis. Felizmente fui salvo por uma tempestade de areia que causou 7 baixas, duas delas sendo camelos.
"A realidade têm necessidade de essência, sendo que esta é um pouco mais pequena que a que Hobbes descreveu" disse-me ela.
- Que se foda isso, Marge, as pessoas estão a morrer, porque me levaste para aqui?
- Eu tenho de saber...
- Hobbes era um idiota, que ficou depressivo quando descobriu que não era São Lucas.
- Mas se Descartes diz que"penso logo existo" e isto não passa de...
-Sim, tal como disse Allen, não passa de um aforismo para "Eh! Vem aí a Edna com um saxofone", mas tudo isto está a ficar muito semelhante ao livro dele!
Marguerite desistiu de tudo nesse instante. Fugiu do acampamento e refugiou-se algures em Cáceres, Estremadura Espanhola. Eu apanhei o avião mais rápido para sair daquele local, e esse desespero saiu-me caro. Esqueci-me de averiguar sobe o verdadeiro paradeiro de Marguerite, e o primeiro avião que saia de Timbuctu era curiosamente um que fazia escala em Nova Gales do Sul, Austrália.
Quis dizer-lhe que o ser (Ser) independente de definições teleológicas de existir (Existir) estava separado dessa necessidade (Necessidade), que tal relação (Relação) não se auto-constrói, exige tempo (Tempo) e quem sabe tomates (Tomates). Mas ela fugiu.
Mais tarde descobri que se tinha reservado à devassidão moral, e só acasalava com homens chamados Hernando, e morreu a dançar o fox strot durante a visita oficial do príncipe das Astúrias a um parque temático.
Fomos uma geração queimada. Marguerite morreu com pés cansados e uma dívida de 70 francos a uns tipos da FedEx por causa de um piano.Todas as noites sonho que um tigre verde, com o nome Marguerite tatuado nas espátulas, me assalta duranto o sono e devora-me os genitais, o que me estraga a noite.
Etiquetas:
filosofia
Subscrever:
Mensagens (Atom)