segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

voltar a casa


Sam Levy, judeu, experimentou durante a sua infância de uma dor semelhante à que estava amarrada ao destino do seu povo.

Vivia em Esmirna em 1922 quando um grande incêndio destruiu grande parte do espólio familiar. Entre as irreparáveis perdas estava uma chave da casa que os Levy habitavam, quando viviam na Europa. Ganharam tanto amor por essa pátria perdida, que Javé deu-lhes uma Diáspora nova, uma esperança sobre a esperança antiga, de um dia regressarem ao Velho País.

E assim durante longos anos, passados séculos sobre séculos, guardou-lhes Deus uma memória no coração que despontava no coração de cada Levy.

A sua velha avó, matriarca da família, relíquia do amor materno, era a sacerdotisa dessa Velha Saudade.

Sempre que se dirigia com afeição ao neto, nos rasgos de amor próprios das avós, chamava-o aos seus braços e: "Vem cá, meu Portugal".

em 1940, 447 anos depois de se ter vindo embora, Sam Levy regressou . E com ele todos os seus antepassados que, não podendo ver, nunca esquecerem o sítio que outrora chamaram lar.

(inspirado num post do Cachimbo de Magritte)

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