As mulheres, duas ou três que por lá andam (na revista Atlântico) escrevem umas coisitas sobre a vida mundana. (...) E os homens atlânticos aplaudem-nas como cãezinhos, neste caso cadelinhas, amestradas que brilham com os seus truques de circo. Bravo.
Cara Ana de Amsterdam, tem toda a razão. A minha estupidez genética (sabe, sou mulher) e total incapacidade de apreender qualquer informação digna de ser vomitada num artigo da imprensa escrita obriga-me a escrever sobre idiotices, banalidades da vida mundana. Deve ser o hábito de ser aplaudida como a uma vaca que acabou de ganhar o primeiro prémio na feira Agropecuária de Beja, não me leve a mal: cá em casa é assim, cada vez que abro a boca atiram-me moedas de dez cêntimos que vou amealhando para comprar mais uma Hola, a minha bíblia vital.
Suplico-lhe, porfavorporfavor, que tenha compaixão de mim, pois não passo de uma fútil rapariga a quem os ovários, as mamas e a obrigação de pôr máquinas a lavar negaram a profundidade para dissertar sobre temas verdadeiramente importantes e publicáveis. Graças a Deus existem homens que escrevem nas revistas, e nos blogues, e nos livros – sabe-se lá a rebaldaria de sentimentos que esta merda não seria. E graças a Deus que temos por cá mulheres como a estimada Ana, que nos lembra ao resto do gajedo que a futilidade não nos é permitida, que escrever (e ser paga por isso) sobre sapatos ou filhos é para donas de casa mentais, sopeiras que não ouvem músicas em francês, analfabrutas sem acesso aos cursos de mestrado na Universidade Nova e que só seremos respeitadas quando nos comportarmos como homens e aprendamos a mijar de pé e a escrever sobre grandes assuntos da Humanidade (quem sabe se crónicas sobre futebol e charutos não nos dignifiquem). Só não lhe perdoo a comparação com as cadelinhas: tive uma rafeira chamada Leidi que era muito mais inteligente que maior parte dos bloggers que poluem a internet pátria, por muito Coetze que leiam. Bom Ano."
da autoria de rititi.
toma lá que é para a ana de amsterdam aprender.
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