Do lado de cá do espelho as negociatas são fantásticas. Prorroga-se a exploração do Terminal de Contentores de Alcântara, por umas décadas valentes e sem concurso público, a uma empresa (Liscont) que cresceu debaixo do quente capote de sucessivos governos. Mais, em havendo lesão das expectativas (como determina o vínculo contratual) da concessionária, cabe ao Estado indemnizar a pobre coitada, ou seja, se o tráfego verificado no terminar for inferior ao expectado pela Liscont, paga o Estado.
Acontece que, crendo nos dados do Tribunal de Contas, as previsões de tráfego da Liscont estão sobreavaliadas. Resultado – um maravilhoso encargo anual a engrossar a dívida pública já a partir deste ano.
Do exposto retiramos que a Liscont não assinou um contrato público com o Estado, contraiu um seguro contra todos os riscos válido para as próximas décadas. Tudo isto com o aval governamental, uma cegueira rosada e veraneante que permite ao Ministro das Obras Públicas cofiar a parca pilosidade capilar e assegurar que fez um “negócio do caraças”.
É, sem vulto de discórdia, um “negócio do caraças” – para a Mota-Engil, para o ex-ministro Jorge Coelho, e para um sem-número de boys que estugam o passo na ânsia de conseguir o próximo frete.
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