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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pedagogos, Humanistas e Joguetes (II)

Este texto visa concluir a temática da igualdade de educação das crianças ciganas. O caso da escola de Barcelos, já exposto, encerra preocupantes similitudes com um outro, julgado pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, como tal, considero importante dá-lo a conhecer. O caso data de 5 de Junho de 2008 e opõe Sampanis (mãe de uma criança romani), entre outros encarregados de educação, ao Estado Grego.

As atribulações iniciaram-se a 21 de Setembro de 2004 quando a inscrição das crianças foi impedida, alegadamente, por falta de informações (do Ministério competente) quando à integração daquela minoria. Os pais das crianças escreveram, então, para o Mediador da República (Provedor de Justiça), o qual afirmou não verificar “da parte dos serviços competentes, uma recusa sistemática e injustificável em inscrever as crianças de origem romani no ensino primário”.
Alguns meses depois, em Novembro, uma delegação de professores visitou o acampamento cigano para informar e convencer os encarregados de educação da necessidade de escolarizar as crianças – as famílias recusam a inscrição.

Após tantas peripécias, em Junho de 2005, deram entrada as primeiras crianças na escola de Aspropyrgos. A reacção não se fez esperar – a comunidade (constituída maioritariamente por emigrantes da ex-URSS) sai à rua e exige a expulsão da minoria étnica. Intimidadas, as famílias ciganas assinaram uma declaração na qual concordavam transferir os filhos para um edifício separado dos restantes alunos. Segundo a escola, esta turma-piloto tinha como objectivo preparar as crianças romani, muitas delas mais velhas e com dificuldades na leitura e escrita da língua grega, para uma posterior integração nas “turmas normais”.
Repare-se como são idênticas as justificações da escola de Aspropyrgos e da escola de Barcelos, repare-se como ambas não admitem a discriminação e se socorrem das mesmas falácias.

As famílias romani levaram, então, o caso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, invocando o desrespeito do artigo 13º (recurso efectivo ao Direito interno) e do artigo 14º (proibição de discriminação), ambos da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, bem como o artigo 2º do Protocolo nº7 (direito à educação) da mesma convenção. O Tribunal deu-lhes razão.

Por fim, importa referir que devemos cuidar de casos desta índole com o máximo tacto; necessitamos de humanistas, não de conselhos executivos e direcções regionais preocupadas com a ordem aparente das suas escolas, com uma aparente integração. Esperemos que o fenómeno “escola-gueto (palavras de Sampanis) não se alastre, mascarado de pedagogia inovadora e inquestionável.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Cidade em Ruínas


É aviltante a situação a que se encontra votada Atenas. Os distúrbios dão mostras de saúde, folgam de ânimo, radicalismo e petulância. Desta feita, acharam-se os manifestantes no direito de se empoleirar nas ruínas da Acrópole, para colocar o seu cartaz poliglota e insistente. Nada digno de singular espanto, apenas sublinha a certeza de que estes indivíduos se sentem pequenos reis numa cidade sem lei, numa cidade onde podem perpetrar livremente um sem fim de crimes, dando azo a especiais requintes de malvadez, assim o entendam.
Nota renovada para a inércia do Governo, que insiste em não aplicar o regime do estado de excepção.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A Nova Esquerda e A Esquerda Molotov


Usando a crise internacional e as recentes crises políticas do governo como desculpa, alguns sectores radicais sediados nas universidades gregas irromperam, nas últimas semanas, em protestos muito violentos, um pouco por todo o país. A destruição semeada em Atenas, que faria inveja à provocada pelos persas quando ocuparam a cidade no século V antes de Cristo, espelha perturbadoramente o espírito que renasce na Europa, entre os partidos de extrema-esquerda. O total desrespeito pelo património de outros cidadãos, o desprezo pelas autoridades, a fábula e o mito que envolve os delinquentes que se vêm no papel de justos revolucionários em guerra santa contra um inimigo pervertido e predestinado à incorrecção moral e social que eles advogam corrigir, a todo o custo.
O que se passa na Grécia é o despertar de um fantasma que perturbou a Europa nos últimos cinquenta anos, e que julgávamos expurgado. O colectivismo revolucionário, o socialismo radical e anárquico. Mais uma vez, como acontecera após a Crise de 1920, a Europa dos Socialismos Nacionais e Internacionais sente a hora de atentar contra as liberdades individuais e as conquistas dos países capitalistas, e reaparecem as ideologias da Engenharia Social e da Predominância Estatal sobre o Homem. É o Mito do Homem Perfeito, no Mundo Perfeito, de novo.
A diferença, neste momento, está no facto de este mal já não partir da extrema-direita, mas antes da extrema-esquerda, que ocupa lugares cada vez mais preponderantes entre as classes universitárias, nos elementos mais jovens. A Grécia sofre as consequências de uma revolução inesperada, e acima de tudo oportunista. De facto, o crescimento anual da Grécia não deixa assim tanto a desejar. A liberalização ocorrida no país nos últimos anos, que desanuviaram o peso do Estado, tem contribuído para um crescimento estável da economia, e um sentimento generalizado entre os empresários gregos de que a crise não afectará em demasia este país dos Helenos. Os problemas da Grécia têm a sua fonte noutro factor que não a economia aberta desse país.
A reacção dos jovens gregos deve-se, ironicamente, à execução das políticas que eles reclamam. O crescimento excessivamente rápido do Estado Providência e as condições asseguradas pelo Estado desde a entrada para a UE, cada vez mais insustentáveis, terão como consequência o desaparecimento destas para as classes jovens, em detrimento das classes mais velhas, que, não podendo usufruir desses benefícios à partida, vêm as suas reformas pagas com o futuro dos jovens.
Como podemos notar, os problemas que a Grécia atravessa são perfeitamente aplicáveis a Portugal, com a diferença que a economia da Grécia, pelo menos desde 2007, tem vindo a crescer um pouco mais do que 1% por ano.
Que esta crise será aproveitada pelos novos radicalismos, em Portugal, disso não há dúvida. Que o país tem prevenir-se constitucionalmente contra as ameaças que o perfilhismo marxista traz à sociedade da mesma forma que faz com o fascismo, também não.
A acefalia da extrema-esquerda portuguesa tem agora um amplo mercado de mentes para explorar, activada por alguns deslocados protagonistas da nossa cena política, da qual se referirá abertamente o irresponsável Manuel Alegre, habituado desde sempre às suas caprichosas tácticas de guerrilha, ao seu protagonismo fácil e à sua facilidade em desenrolar poeticamente a sapiente língua bifurcada, pronto desde sempre para surgir por entre as cerradas brumas, Manuel Alegre o Dom Sebastião da Nova Esquerda, a Esquerda que, podendo, também é Esquerda Molotov.
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