domingo, 24 de agosto de 2008

o seio repleto

ao meu colega Ary F. Cunha, adversário e aliado de tantos debates, professor em part-time, em resposta ao seu texto publicado no blogue da Sociedade de Debates

No Brasil, o Presidente Lula da Silvas criou uma bolsa família especialmente destinada aos habitantes do Nordeste, cujo PIB per capita era somente 28% do equivalente ao Sudoeste.
O Programa foi desempenhado com sucesso, gerando uma descida nos índices de miséria do povo brasileiro daquelas partes.
Tomado como exemplo por parte de alguns analistas económicos nova-iorquinos, e mesmo por parte da ONU, o Bolsa Família tem alguns condicionalismo relevantes que são, na sua maioria, relegados para segundo plano.
De facto, proporcionam às zonas "esquecidas" do Brasil um rendimento extra, fundamental para que haja algum desenvolvimento na área. O problema é que esse desenvolvimento é pago com o trabalho da restante população brasileira que, a meu ver, não tem passado tão bem nas duas últimas décadas.
Estes condicionalismos não estão a ser fiscalizados pelo governo convenientemente, apesar dos esforços federais em manter bem investido o seu dinheiro, vigiando os cidadãos com satélites e métodos afins, considerados igualmente de exemplares.

"Quando se usa um cartão de crédito, a empresa responsável é comunicada sobre o quanto deve pagar ao comércio por um sistema que utiliza linha telefônica. Em locais sem essa estrutura, a comunicação pode ser feita via satélite ou rádio", afirma Nina Farnese, técnica do projeto pela Caixa Econômica Federal, uma das entidades que faz parte do acordo de cooperação técnica assinado entre os dois países. - in Terra Magazine.

Assim, o Bolsa Família tornou-se, como era de prever, no rendimento per se dos nordestinos mais pobres. A educação não aumentou o que se esperava, apesar de o número de faltas às aulas ter diminuído o rendimento escolar continua nas ruas da amargura, e o dinheiro não serviu de incentivo para novas oportunidades, criando-se mais uma epidemia de "subsídio dependência".
Portanto, qual é a grande diferença entre o nordestino antes do subsídio, e este nordestino engordado pelo subsídio?
É que dantes, os grandes terratenentes ou latifundiários empregavam facilmente mão-de-obra barata e desprezada pelas autoridades, que jogava corruptamente com esta tradição de labor.
Agora os terratenentes mal empregam qualquer tipo de mão-de-obra, porque ninguém quer trabalhar. Agora, os preços dos alimentos por todo o Brasil, com especial repercussão no Rio de Janeiro, aumentam a cada mês, e um dia em que essa maminha gordinha e redondinha que é o Estado secar, o Nordeste ainda vai ter mais dificuldades, porque os grandes empresários já terão, por essa altura, investido as suas poupanças noutros sítios. Sim, porque o estado dá e tira. Isso determinará o fim do mercado agrícola que enriquece as cidades de Pernambuco e Baía e Recife, que terão de viver do pululante turismo sexual que se faz naquela zona. Estas são as consequências de um Estado que, em vez de abrir as economias das regiões e esforçar os seus meios na defesa das liberdades do cidadão, se limita a distribuir "equitativamente" recursos, algo que é muito fácil, é como disfarçar a ferida com, vá lá, cosméticos. Cosméticos capazes de também caçar votos.

Outros problemas da recondução Estadual podem ser vistos por aí fora, no mundo. De facto, o Estado não só contribui para a obesidade do cidadão, como também lhe acabará por programar um "reduce fat fast". De facto, comida está mais cara, não é? Vejam lá o vídeo e depois prossigam.

Nos EUA, o candidato presidencial que planeava a política social que entrou em grande voga e mediatismo está agora a atrasar-se nas sondagens.
De facto, um sistema de duas rondas tem destas coisas, os cidadãos começam a pensar melhor se querem um presidente que não só vai criar mecanismos de saúde mais flexíveis, mas que pensa em criar outros sistemas de subsídio estadual que serão o problema de outros presidentes no futuro, e que vai obrigar a classe média americana a pagar a vida de outras pessoas, contribuindo assim para a dead end que é a actual Segurança Social Europeia.
Infelizmente a alternativa a Obama é, nas palavras de Stiglitz, o representante de um velho corporativismo em trajes novos.

Em Portugal, o RSI aumenta 427% em relação aos números de 2004, mantendo-se Portugal com os piores índices de pobreza na União Europeia.
União Europeia que acordou para os problemas das políticas passadas.
A Suécia acordou para os malefícios da política social até aí seguidos, e já mudou o Executivo social-democrata para um executivo de Direita.
A restante Escandinávia fez ou está em vias de fazer o mesmo mesmo.

De facto, todos este "limousine-liberals" têm meios complexos de ver o actual estado de Portugal. O que não é muito difícil, pois está riscado de estradas vazias e desnecessárias, temos actualmente a rede de estradas mais prolífica da Europa, o que seria bom caso o país não fosse tão pequenino, e temos uma educação que custa os olhos da cara ao Estado, e que não apresenta o mínimo de resultados.
Faz-nos pensar se seremos todos assim tão libertários ou anarco-capitalistas, ou apenas liberais à moda antiga.

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