quarta-feira, 29 de outubro de 2008

a Justa defesa dos liberais e da sua Alma


A acusação mais comum a que são submetidos os liberais é a do egoísmo que estes revelam ao negar a intervenção caridosa do Estado e da sua Mão Visível sobre os sectores mais importantes da economia, sob a pretensão de que um poder político democraticamente eleito e constitucionalmente controlado é mais justo do que um indivíduo agindo de acordo com a sua liberdade e iniciativa privada segundo as leis económicas e sociais "invisíveis".
Este raciocínio leva-nos a crer que os ditos defensores do Mercado Livre são indivíduos que demonstram um desprezo enojado ao passar pelos vários mendigos que proliferam pelas ruas deste país, sacando dos seus petizes lenços de seda branca numa delicada e vã tentativa de afastar o cheiro a pobre tristeza que sai das carcaças vivas e imundas dos cidadãos desfavorecidos.
A ideia que se tem do liberal é a de que este é um bicho de biblioteca, imerso nos seus problemas de economia macroeconómica e microeconómica, ou vasculhando um qualquer manual de Direito das escolas Iluminadas da Razão, procurando provar que o ser humano tem apenas o direito à felicidade de viver sem a intromissão dos outros nos seus afazeres e mercados.
A ideia do não-intervencionismo não é um dogma de Escola, ou uma prerrogativa de egocentrismo por parte de algumas pessoas socialmente favorecidas.
O guia espiritual do liberal, se é que há na política algo semelhante a espírito, deverá ser sempre a confiança nos indivíduos para chegarem à conclusão, de forma voluntarista e pessoal/subjectiva, de que o bem de todos é, em caso de necessidade comum, a melhor via de acção. O Bem de Todos, que eu atrevo-me aqui a classificar como uma situação pré-Estado, difere do Bem Comum alardeado pelas classes socialistas portuguesas em vários parâmetros: é genuína, nasce da sociedade e em função da sociedade, e não de um gabinete e em função de uma estatística ou uma campanha eleitoral. A Sociedade Liberal é Capitalista, e isso quer dizer que vê no trabalho e na capacidade do Homem o seu espaço pessoal e decisório, e na sua propriedade o fruto justo das suas capacidades e trabalho. Estes factores, liberdade e propriedade justa, são os bens mais valiosos que os Antigos Gregos e Romanos, bem como toda a cultura Ocidental, nos legaram. A capacidade de responder individualmente em prole da comunidade faz-se somente com indivíduos bem preparados e autónomos no seio da sua comunidade. Assim, ao invés de ter uma democracia de subsidiados e funcionários públicos, que é o maior objectivo dos governos portugueses nos últimos 100 anos, a democracia liberal é uma democracia de proprietários, nas palavras de John Rawls.
Ser Liberal não é um impeditivo à Religião, muito menos uma Religião em si.Apesar de Liberal, sou também Cristão. Não sigo a Política Social da Igreja, porque vejo o avanço da Igreja Católica no plano político como um mal desnecessário e evitável. Acima de tudo, acredito que devemos dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus, e que Religião é algo que cada um deve viver no seu íntimo e na sua interpretação, não sendo dever da Igreja ditar aos crentes aquilo que devem pensar e a forma como devem pagar os impostos.
A Democracia-Cristã é, além de totalmente anti-Cristã, uma desculpa de socialismo padreco, ou beato nas palavras de Henrique Raposo.
O Liberal, movido pela negatividade em relação ao Estado, é no entanto desprovido de pessimismo em relação ao Homem. Mais do que qualquer outra Ideia Política, mais do que as Ideologias Políticas e autoritárias, o Liberal acredita na capacidade do homem de se entender no seguimento dos seus interesses diversos, e de chegar a acordo, nos termos da Lei e da Defesa das Liberdades, sobre os seus interesses conflituantes ou compactuantes.
O que realmente o separa das restantes ideologias é a sua desconfiança para com a Caridade Política. Apesar de todo o Valor reconhecido à ONU, à UE, e à NAFTA, o apologista do Livre Mercado defende que o maior factor de união e paz e prosperidade harmoniosa entre as nações é a troca livre e o comércio. Todos os sufocos a essas trocas devem ser vistas, devido ao inegável tráfico de interesses políticos, como a única forma de comércio absolutamente negativa para toda a Comunidade Humana.

2 comentários:

Anónimo disse...

"(...)a democracia liberal é uma democracia de proprietários, nas palavras de John Rawls." Este senhor defende, portanto, uma democracia à base de capitalistas?! Fantástico!
Manel fixa: se o comunismo perconizado por marx é utópico, a não intervenção do Estado também o é.

"A Sociedade Liberal é Capitalista, e isso quer dizer que vê no trabalho e na capacidade do Homem o seu espaço pessoal e decisório, e na sua propriedade o fruto justo das suas capacidades e trabalho."
Desde a revoulação industrial e, consequentemente, do eclodir do sistema capitalista subjacente, seguido dos "neo-capitalismos" que, sem dúvida, o Homem vê no trabalho a sua realização e potencialização de capacidades. Que visão mais autêntica manel! Pergunto-me se costumas estar atento para a condição do mercado de trabalho dos últimos anos?!
A liberdade de escolha é, antes de utópica, falsa e desumana. Não há escolha quando o que te é oferecido é o mesmo. E a existência de mais (a suposta variedade), é apenas uma torrente do mesmo - Capitalismo Selvagem.

O resto do texto mantem-se refutável a cada ponto final.
O teu ideal tem vindo a falir, literalmente, e tu continuas a bater nele como um bom cego que olha mas não vê!

Pedro Jacob Morais disse...

o anónimo, servindo-se do seu anonimato, é anonimamente plástico e não possui qualquer base de sustentação para as suas orações desconexas e anónimas!

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