domingo, 29 de março de 2009

A Religião do Látex


Grassou entre nós, recentemente, um escárnio mesquinho que reavivou ódios antigos e discursos de moralidade esquerdófila. Toda a Ordem do Bem-Dizer e Pensar Fácil resolveu-se a guinchar alto e bom som após as declarações africanas do Papa da Igreja Católica.

Surgiram frases de tablóide flamejantes, gritando ao mundo sofredor a realidade cruel de um Homem que parecia defender uma Utopia tão insólita como perigosa.

Acima de tudo, o ateísmo militante e os eternos donos da Moral e Verdade soltaram os seus sonoros "É de rir!" e "Parece impossível!", ou até mesmo o famoso "Já nada me impressiona vindo destes tipos...", gorgolejando todas as frases em uníssono e em harmoniosa concordância.


O caso ficaria aqui, se tudo isto se tivesse passado num micro-cosmos tão redutor e acéfalo como o Portugal Intelectual. No entanto, os acontecimentos à escala global, como tudo o que se faz em matéria de globalização, accionaram os mecanismos da livre troca de ideias e surgiram, por entre a bruma ideológica deste mundo tão uniforme, Opiniões. Essas opiniões partiram de pessoas que realmente sabiam e sabem o que se passa em África, porque possuem o bem mais precioso que o situacionismo e a esquerdofilia não têm: a experiência, mãe de todas as coisas.


Assim provaram os homens de verdadeira sabedoria que a monogamia, a ideia protegida pela Igreja Cristã e pelo Papa (e não a abstinência, a Igreja não pede dos crentes aquilo que só pede aos clérigos) é de facto uma prática social que as organizações humanitárias que trabalham no continente africano têm procurado disseminar, e cujo apoio religioso do Papa transforma numa realidade extensa. A posição da Igreja em África, ao invés de trazer o holocausto preconizado por alguns desmiolados, fará pelos povos de África algo que a inteligentsia e a nomenklatura intelectual ocidental nunca fizeram, farão, nem querem fazer.


É de facto aborrecido ter de aturar, de tempos a tempos, o levantamento ridículo que as classes comodistas, as verdadeiras comodistas, fazem. Não se lida com África da mesma maneira com que se lida com um doente, ou com uma obra de caridade. Lida-se com os africanos como se lida com os homens e mulheres responsáveis que eles são. Procuramos métodos racionais, discutimos políticas e encontramos soluções para os problemas.


No meio disto tudo, fica ainda o pesar de a Igreja Católica ainda não defender o uso do preservativo, apesar, ao contrário da opinião maliciosamente geral, a Igreja não proibe o preservativo.

Mais que provado está que preservativo não é o meio único para prevenir a SIDA, nem será tão eficaz como se quer comprovar, neste texto de um verdadeiro entendido na matéria, que disponibilizou o seu parecer no blogo Insurgente.


A propaganda trêfega da comunicação social, todo este desprezo votado a sectores da sociedade tão bons como qualquer outros, o discurso das elites intelectuais de um país tão burro como desmoralizado, fazem deste navio à deriva chamado Portugal um sítio difícil para viver, se se quer ler e ouvir com alguma imparcialidade e razão. Sejam os novos traços do país, que já duram há pelo menos dois séculos, seja quiçá um novo anti-clericalismo em gestação, ou simples idiotice, cada vez mais é dificil ficar cá, para ficar com estes portugueses. Imigrar será a solução, solução que este lodaçal sempre deu aos que melhor vontade têm de nele viver em paz, progresso e sossego.


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