sábado, 6 de junho de 2009

A Europa nasceu torta

José Tomás Costa, na Plataforma Pensar Claro

A Europa nasceu torta e torta a querem fazer crescer. Estes primeiros resultados na Holanda e os que estão previstos para Inglaterra são preocupantes. Quando partidos que querem acabar com a União Europeia são a segunda força mais votada e quando um grande partido inglês para ganhar votos se vê obrigado a afastar-se de um partido europeu algo vai mal. E não é a crise a causa, não são só eleitores que estão fartos de ver as suas promessas por cumprir e que estão saturados de escândalos que envolvem políticos. Os cidadãos, que pelos vistos também são cidadão europeus, não fazem parte desta Europa. Os seus líderes tiveram medo de os ouvir sobre o Tratado de Lisboa e são poucos os iluminados que sabem qual seriam as suas consequências, que poderes seriam dados ao Parlamento e à Comissão Europeia.

5 comentários:

Hugo disse...

O problema está no voto-sanção tão em voga...

Em época de crise(e fora, contando os espíritos inquietos que culpam os governos de todos os seus males) haverá uma tendencia para procurar culpados. Culpado será smp quem governa e então esses "filhos da mãe" merecem ser penalizados.

Só que este anti-voto é das coisas mais tristes que podem existir.

Exemplo de um caso que conheço:

Não vota PSD,porque apesar de ser PSD não gosta deste PSD(viável se ideologicamente concordante não concordar com a liderança e estrutura), nem vota PS porque são os grandes rivais. Não pode com o PP...o que faz então? vota BE, que sempre é mais cool e descomprometido que o PCP. (e curiosamente o 3º maior partido de ontem é o menos preparado de todos ,de longe, para assumir o poder)

Como é que alguém que é de direita acaba por votar num "bloco de esquerda"? Por causa do triste anti-voto.

Não duvido que isto vá acontecendo em maior escala...

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

nunca pensei nessa temática. muito interessante, hugo.

Tomás Gonçalves da Costa disse...

Hugo:

Embora concorde com o que dizes acho que o problema é diferente.
Por exemplo a abstenção, já tão falada.
A diferença da abstenção das europeias em 2009 para 2004 foi de 2%. Além disso, os dados da abstenção não são reais pois os cadernos eleitorais não estão convenientemente limpos. Tenho em conta que há quase 10 000 000 de eleitores inscritos. Há quem fale que estão um milhão e meio de eleitores a mais, principalmente, imagino eu, eleitores já falecidos que não foram retirados dos cadernos.
Portanto o valor da abstenção não foi assim tão alto.
O grande sinal de voto-protesto está no grande aumento de votos em branco.
Quanto ao caso que apresentas, não acho que seja muito significativo... Acho que nesses casos mais depressa se vota em branco ou se abstém do que votar num partido ideologicamente contrário. Em geral, os eleitores funcionam por um espectro político. E não votam fora desse espectro. Outro resultado surpreendente é o MEP que roubou uma parte do eleitorado de centro e direita. Também os pequenos partidos tiveram grandes subidas no número de votos. Estes são os grandes votos de protesto.

Hugo disse...

O que não podes esquecer tomás, é que nem todos tem os conhecimentos ideológicos necessários para fazer uma mudança consciente...mas talvez seja difícil estabelecer um padrão, foi só algo que reparei ser possível em maior escala.

Também nunca será um bom resultado aquele que o PSD alcançou.está longe de ser uma grande vitória, se reparares quem ganhou ao ps foi o BE e nao o psd, que teve um resultado anormal. E no final das contas o vencedor representará por volta dos 15 por cento do eleitorado total?(contas feitas sem exactidão, posso estar enganado)

A normalidade também indica, que Sócrates terá mais votos que Vital, que Ferreira Leite menos que Rangel. A normalidade indica que quem está no poder é mais conformado e vota menos do que os outros que lá querem chegar. Que os votos em branco(maiores que nunca) acabarão por se transformar em votos(e eram votos do PS na sua maioria, pk a serem de outros partidos...seriam de outros partidos)

Por fim, quem ganha as europeias contra um governo com as dificuldades que este tem ultrapassado nos ultimos tempos, em época clamada de crise, e por esta pequena diferença de votos, não pode almejar ganhar nas próximas...

Talvez seja obrigado a concordar sim que a maioria absoluta pode estar perdida...

Mas esta vitória do PSD só vai fazer com que quem votou BE em vez de PS, e quem não votou PS sequer, fazendo parte da abtenção ou dos brancos, acabe por ir ainda mais rapidamente votar PS com receio da vitória do PSD.

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

penso que o que o Hugo poderá estar a dizer (e pelo que eu leio dos textos no blogue dele) é que os partidários do PSD estão a lançar os foguetes cedo demais.

Acho que, no entanto, há margem de manobra alargada para os partidos da oposição ganharem mais votos, se a campanha para as legislativas que o PS lançar for tão má como a actual.

vejo também que a maior parte dos votos que o PS perdeu,e foram muitos, perdeu-os para a Direita PSD. o crescimento do psd nas europeias foi exponencial, uns 200 mil votos a mais, enquanto que o BE teve números menores.

Pressuponho que terá sido o típico voto-castigador, e que muitos desses eleitores de centro-esquerda que votaram centro-direita, vão voltar ao seu voto nativo nas próximas eleições.

é esperar e ver.

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