Foi uma noite peculiar, esta. Os eleitores optaram por uma maior dispersão de votos com favorecimento dos partidos mais pequenos, poucos acreditaram (ainda bem, quanto a mim) no voto útil, não houve milagres socialistas e o partido letárgico chegou, viu e foi dormir bem cedinho.
Ainda assim, cabem na nossa aljava umas quantas reflexões. “A extraordinária vitória” do PS deixou à transparência a apreensão da derrota, o sorriso forçado de José Sócrates prontamente depurou as dúvidas.
O Bloco de Esquerda, apesar da subida impressionante, não soube esconder o desagrado de se ver remetido para quarta força política, com cinco deputados a menos que o CDS. O ambiente de crispação notou-se, na sede bloquista, em dois momentos particulares, no primeiro discurso de Luís Fazenda e nas palavras finais e pouco inspiradas de Louçã. Afinal, depois de uma campanha desastrosa (a título de exemplo, a proposta dos PPR, do imposto sobre as fortunas, aumento generalizado de impostos para as empresas e nacionalizações), depois de tanto dinheiro gasto no financiamento de mentiras para enganar petizes, no final, bem, no final viram a sua expectativa de um resultado eleitoral próximo dos 15% (a piscar o olho a um frente-a-frente com o PS nas próximas legislativas) esmagado pela “extrema-direita”. Rude golpe na ambição mesclada de arrogância da trupe bloquista.
Pois então, o CDS, mil vezes enterrado vivo, conquista um resultado histórico de vinte e um deputados, ultrapassa os dois dígitos na eleição e, certamente, não dará descanso ao próximo executivo socialista. Justa paga pelo trabalho desenvolvido, belo exorcizar dos fantasmas do passado, dos fantasmas de sempre, afinal.
O PCP, como sempre altamente fidelizado, não desiludiu e até ultrapassou o resultado das últimas eleições - contará 15 deputados.
Não acredito em coligações ou alianças, antevejo um governo mirrado e inábil, afastado como está do promontório da maioria absoluta que transforma o nosso semi-presidencialismo num super-presidencialismo.
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