quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O que eu não gosto de ler nos jornais


A Caixa Geral de Depósitos, o banco do Estado, o banco de todos nós, não se importou nada de sustentar e salvar duas instituições submersas numa catadupa de falcatruas; ladroage, como diz a malta do meu bairro.

Vimos declarações e uma corrida às justificações: "Senão abrimos um precedente drástico; se os deixamos cair as pessoas vão todas tirar os seus depósitos; é o fim; a banca quebra" e para salvarmos as instituições financeiras lá foi o Estado acudir. Avaliou mal, o prejuízo é enorme, a decisão discutível, os críticos e os apoiantes dividem-se. Até agora o escrito é meramente fáctico.

Não discuto isto porque já o suficiente se falou (mal). Mas indigno-me e enervo-me quando leio que podem haver despedimentos na banca, quando leio que se salvou o Sr Fino, quando leio que o Sr Berardo negociou muito bem com as instituições, quando leio que as taxas de juro cobradas têm sido impeditivas para as empresas (muitas têm fechado portas por isso) e famílias. O meu dinheiro para estes Srs? "Enroladinho e vaselinado no sítio que eles sabem, obrigadíssimos, e tenho dito ámen".

O mínimo que exigimos de um governo dá a mão e limpa o rabo é que adopte atitudes idóneas (não inúteis e erradas) para as empresas -taxas de 10% são impossíveis!, para as famílias, para os desempregados. Não admito que um Berardo (um dos culpados disto -enriqueceu especulando, entre negócios paralelos) possa negociar a sua dívida e as empresas e famílias encontrem os golias de obstáculos.

A mais, garante-se um aval (bem sei que o Estado ganha dinheiro e nada é dado, mas garante-se!) e permite-se isto aos bancos?

Uma ultima palavra para a Caixa Geral de Depósitos, que podia e devia acudir nestas situações: praticando taxas melhores, mais baixas, salvaguardando e protegendo as famílias em melhores condições que as outras instituições bancárias, obrigando os outros bancos a fazer o mesmo. É este o momento ideal.

Que o Banco do Estado se comporte como tal, não se deixe ficar prostrado!

Abraço.

3 comentários:

Anónimo disse...

Acima de tudo acho uma vergonha um banco público ter de concorrer nas mesmas condições que os bancos privados, e depois ter de os salvar.
Na minha opinião nao há vantagens nos bancos privados. Porque a concorrencia (ainda que tenha de haver por causa da linha de pensamento da U.E) acaba sempre por ser desleal face à caixa, que no fundo é um banco também com fins de interesse publico.

Mas... (agora o manel vai-me chamar comunista e tal, e nao vai aprovar o comment...)

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

ó duarte, vai atirar com essa do interesse público ao pessoal da Cimpor, que só eles por lá se acreditam nessa fantochada.

e de facto, já desaprovei comments por muito menos... mas hoje sinto-me magnânimo.

Anónimo disse...

Parabéns a todos os que pertencem ao blog!
Goste-se ou não das vossas opiniões, a verdade é que todas elas são fundamentadas e dadas a conhecer sem qualquer receio das opiniões contrárias.
O texto do Pedro faz todo o sentido.
É mais importante que a Caixa, enquanto banco do Estado,em vez de salvar bancos falidos, porque os seus administradores são pessoas pouco sérias, para não dizer corruptas (já quem em Portugal não existe corrupção), ajudasse as pequenas e médias empresas, permitindo-lhes aceder a créditos em condições mais favoráveis. Deixo claro, que não considero que sejam os créditos, per si, a resolver a situação das empresas, mas poderão em alturas de extrema necessidade ser uma solução.
Por fim, parece-me que os "fins de interesse público" da Caixa são uma piada, porque a Caixa actua como um outro qualquer banco, sem nenhuma preocupação com os seus clientes.
Abraço.
André.

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