terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

a odisseia ~ a rainha de Aaru

Discurso da Rainha de Aaru, quaixando-se da falta de compromisso dos portugueses que lhe haviam prometido ajuda, a ela e ao marido, em caso de ataques de inimigos comuns.

Fonte limpa é o Deus que naquela casa se adora, de cuja boca procede toda a verdade, mas os homens são charcas de água turva, em que por natureza continuamente moram desvarios e faltas, pelo que se deve haver por maldito o que confia no bocejo dos seus beiços.
Porque vos afirmo, senhor capitão, que desde que me entendi até agora, nenhuma outra causa tenho visto nem ouvido senão que quando os desaventurados, como meu marido e eu, mais fazemos por vós, os portugueses, tanto menos fazeis por eles, e quanto mais deveis menos pagais, pelo que, inferindo daqui, o que claramente se pode afirmar é que o galardão da nação portuguesa mais consiste e mais pende da aderência que do merecimento.
E prouvera a Deus que o que eu conheço de vós, por meus pecados, conhecera el-rei meu marido há vinte e nove anos, porque nem ele vivera tão enganado convosco como viveu, nem em fim se viera a perder por vossa causa, como se perdeu
.” Capítulo 30 da "Peregrinação".

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