segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

easy, giver!


O Pedro explicou, ponto por ponto, algumas das suas afirmações em textos anteriores, e eu já posso considerar algumas delas.
Penso que quanto aos colarinhos brancos não podíamos estar mais de acordo do que já estamos.
Depois, com a conversa dos empréstimos e das famílias é que a coisa vai descambando.
Por muito que pareça imoral que o Estado entregue dinheiro a bancos, a verdade é que não o é de todo, Pedro. De facto, os Bancos Centrais servem originariamente para isso, para manter o sistema a funcionar, injectando somas de tempos a tempos, fiscalizando e regulando os bancos. Como se sabe, foi a fiscalização e regulação que falhou no BdP, mas infelizmente eles não podiam nem podem fazer muita coisa, visto que o poder económico já estava, e agora ainda está mais, directamente dependente do poder político, e ninguém ia pensar que socialistas e social-democratas seriam capazes de falcatruas (como se sabe, só os liberais fazem coisas dessas).
Depois há o erro número dois, que é o de distribuir os 45 milhões pelos portugueses, que mesmo sendo uma figura de expressão, exprime uma triste figura. As razões porque os Governos não distribuem o dinheiro pelas pessoas para elas pagarem os empréstimos são muitas, económicas e sociais. As económicas prendem-se com o funcionamento do mercado e com a legalidade jurídica de tal acto, as sociais prendem-se com a esfera de intervenção e para com as funções do Estado dentro da Economia.
O que o Estado podia fazer era suavizar a carga tributária dos portugueses, de acordo com os limites que a Economia tem vindo a ser submetida desde o início da crise (aproximadamente desde Outubro deste ano). No entanto, há que ter o cuidado de não recompensar o excessivo gasto e a falta de poupança. É de uma perigosa inocência sequer propor ao povo que os milhões que são salvos para salvar a banca seriam melhor usados se distribuídos pelos portugueses, porque o efeito seria precisamente o contrário. Em épocas de crise como estas a intervenção estatal tem de ser mais inteligente, mais do que está a ser, e acima disso poupar, por forma a poder diminuir os impostos dos cidadãos e aumentar-lhes o poder de compra, diminuindo as situações de injustiça. Para isso tem de haver, sem dúvida, menos corrupção, menos obras públicas, menos Estado Providência e mais estado social, que filtre as atenções da sociedade nos casos individuais que pedem a ajuda e aconselhamento fornecidos pelo Estado. O dinheiro investido nos bancos para salvar o Sistema deve gerir-se pelos seguintes critérios: os bancos deverão pagar com juros o dinheiro que a República lhes fornece, e os bancos nacionalizados deverão ser vendidos logo após a crise de forma a que a República lucre com esses negócios.

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