Revelam-se sinais alarmantes na crescente decomposição moral dos partidos políticos portugueses e da nossa democracia. Sinais evidentes como os 30 Fantásticos do PSD já tinham dado o mote, mas a recente actuação do Governo socialista para com o Presidente da República na polémica questão do Estatuto dos Açores representam o completo descalabro. José Sócrates e o seu Partido Socialista são, agora oficialmente, a corja mais negligente e prejudicial ao bem do País e da Democracia.
Lidou-se com o Estatuto de todas as formas indevidas, e cometeram-se todos os erros possíveis.
Quando se devia ter procurado um acordo que harmonizasse as diferentes opiniões nacionais, dividiu-se o país ao meio entre apoiantes do PR e apoiantes do Governo e da Região Autónoma. A típica guerrilhice socialista. Importa mais o mediatismo e o conflito aberto do que o verdadeiro Bem Comum e a Concórdia. Mas, de facto, Concórdia é só para esses meninos betinhos da Direita.
Para piorar, algo tão simples e importante como um Estatuto de Região Autónoma foi transformado, pela máquina de propaganda habitual, num Grito do Ipiranga açoriano, quando na verdade o que aconteceu foi um ataque indecente à separação e interfiscalização de poderes. Agora, os cidadãos dos Açores estão muito mais vulneráveis aos caprichos partidários da região (que não são poucos). E numa partidocracia como o é o nosso regime, isso não é um sintoma, é um completo flagelo.
Escusado será falar no escarcéu que não se levantou na imprensa.
Tivessem sido o Presidente-Poeta ou o Presidente-Pai da República, e as coisas podiam ter dado mais que falar. Falava-se já num momento heróico de salvação da democracia perpetrado pelo heróico PR (qualquer um dos anteriores possíveis presidentes já eram heróicos à fartazana, quanto mais agora).
Mas nas palavras da elitissíssima Clara Ferreira Alves, o Presidente da República é só um "rapaz de Boliqueime", e "pode-se tirar o rapaz de Boliqueime, mas não Boliqueime do rapaz". Diálogos típicos da nossa qualidade jornalística e democrática. Na verdade, em Portugal, um presidente da república ligado a partidos de Direita não tem grandes hipóteses contra estes abusos típicos da oligarquia política. Se calhar nem mesmo um PR de Esquerda.
Fica registada mais uma honrosa tentativa, no entanto.
PS: Como prova do enorme espectáculo político à volta deste fenómeno, podemos ver no Expresso a seguinte frase:
Nem mais, política à lá PS é sinónimo de constante luta do bem contra o mal, qual Dragon Ball Parlamentar. E o Mal é todo aquele que se sentar do outro lado da bancada e não concordar com as ideias oficiais do Partido.
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