sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O porquê de eu gostar tanto do Estado a ponto de ser Liberal (mod.)


Como já tenho lido por aí, os grandes protestos que se vêm e se fazem ouvir nas ruas de alguns países (Portugal e Grécia) são protestos contra a liberalização que os Estados, um pouco por toda a Europa, têm vindo a fazer.
Corre velozmente a ideia de que o desregulamento é o grande culpado pela crise em Portugal e também pela crise financeira no mundo. A desregulação, a pouca fiscalização e as privatizações são quase sempre sinónimos do trabalho dos maléficos liberais.
Seguindo um ponto de vista menos entusiasta, o facto de haver greve em Portugal não se deve ao desregular financeiro excessivo, que não existe em Portugal. Nesse prisma, ainda ficamos muito a dever a muitos outros países, bem mais felizes e prósperos do que nós. Se há problemas no sector financeiro em Portugal é o facto de o Estado confiar cegamente nas empresas e não as fiscalizar, nem sequer quando sabe que essas mesmas empresas têm conotações políticas poderosíssimas e perigosas para o Bem da República. Quando o Banco de Portugal emprega um milhar de funcionários e só uma centena têm funções de inspecção, e ainda por cima o serviço é mal feito, culpar os liberais, que nunca estão nem nunca estiveram no poder, é, parece-me, uma crueldade filhadamãe.
Quando o Estado gasta milhões em obras públicas, em despesas que são de prioridade secundária e mantém o nível de vida gastador que actualmente tem, por forma a cumprir os preceitos de Estado-Produtor, não se espere que este consiga manter durante muito tempo o Estado Providência. Ainda se conseguiu um pouco disso nos anos de Cavaco Silva e António Guterres. Agora, nem sequer o Estado Social é possível manter, com o ritmo destes gastos e excentricidades.
Quando as pessoas começarem a perceber que este dinheiro que se paga ao Estado todos os meses toca a todos e a todos pertence, e que a fonte de subsídios, rendimentos e investimentos chamada Estado acabará por secar e morrer, levando-nos com ela para a sepultura, poderemos deixar para trás os motins nas ruas a pedir os serviços mais básicos que o Estado pode dar, e que deve dar sem qualquer tipo de impedimentos.
Tudo o resto é superficial, tudo o resto é parasitismo.

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