Israel varre Gaza em sucessivos raids de uma precisão tremenda. É necessário reflectir sobre a magnitude do problema, exige-se uma análise séria e fria, pois não estamos perante mais uma ofensiva passageira de Telavive, desta vez o assunto adquire laivos de uma seriedade susceptível de se revelar sem precedentes. Após seis meses de tréguas, constantemente violadas pelo Hamas, Israel perece ter perdido as estribeiras. A verdade é que a atitude em questão resulta do avolumar de inúmeras situações. A saber: o enraizamento dos mitos sionistas (é crença comum no médio oriente que o povo judeu pretende, veja-se tamanho disparate, dominar o mundo); o aumento exponencial do anti-semitismo, não só em terras orientais, também na Europa (aqui personificado pela ascensão de grupos de pressão nacionais-socialistas). Assim sendo, e depois de obnubilada a posição hegemónica dos Estados Unidos, não admira que o Povo Escolhido se sinta cada vez mais sozinho e desconfortável na terra do mel e do leite. E não se trata de um receio paranóide, pois a vizinhança espreita, ávida pela sua queda. Recordemos a ameaças do Irão, aliás, o principal fornecedor do Hamas, e a animosidade do Egipto e da Síria, por exemplo.
Sinal sério dos humores israelitas ocorreu em Junho deste ano, nos exercícios aéreos em larga escala, amplamente mediatizados. Contudo, desta feita, o ataque a Gaza será levado até às últimas consequências, e é inútil, senão ingénuo, pensar que a comunidade internacional terá alguma influência (como pensam tantos e tão despreocupados jornalistas). Senão vejamos: sendo Israel o ponto nevrálgico da política de segurança Norte Americana para o Médio-Oriente, contará sempre com o seu apoio, entenda-se, apoio de bastidores pois, oficialmente, como ficou patente nas declarações de Condoleezza Rice, há que repudiar o caso. Nem o divinizado Obama tomará alguma atitude. Ora, a União Europeia, por muito que ameace, pouco fará (sem o apoio dos EUA não seria nada fácil). Quanto à Rússia e China, tão apoquentadas que se encontram com a política interna, a única intervenção no conflito será, eventualmente, aliviar alguns stocks de armamento. É certo que a ONU parece determinada, no entanto, uma organização paraplégica de pouco é capaz.
Daqui resulta, que Israel nem se preocupa em dar explicações ao Ocidente. Será um ataque em três fases e o Hamas nem nas mesquitas estará seguro! A questão das mesquitas não deixa de ser interessante, e provoca com facilidade indignação. É certo que constituem templos religiosos, mas não é menos certo que sempre representaram o fórum social da cidade (daí que até para fazer a sesta sirvam); estando a ser utilizadas para pouco sacro propósico - abrigar terroristas.
Fica então a questão: quem é mais criminoso? Israel que tenta destruir uma organização terrorista? Ou uma organização terrorista que até a crianças incute a ideologia da Guerra Santa?
Do Monte de Sião sai uma sombra carregada e nós, bem, nós só estamos autorizados a assistir.
Sinal sério dos humores israelitas ocorreu em Junho deste ano, nos exercícios aéreos em larga escala, amplamente mediatizados. Contudo, desta feita, o ataque a Gaza será levado até às últimas consequências, e é inútil, senão ingénuo, pensar que a comunidade internacional terá alguma influência (como pensam tantos e tão despreocupados jornalistas). Senão vejamos: sendo Israel o ponto nevrálgico da política de segurança Norte Americana para o Médio-Oriente, contará sempre com o seu apoio, entenda-se, apoio de bastidores pois, oficialmente, como ficou patente nas declarações de Condoleezza Rice, há que repudiar o caso. Nem o divinizado Obama tomará alguma atitude. Ora, a União Europeia, por muito que ameace, pouco fará (sem o apoio dos EUA não seria nada fácil). Quanto à Rússia e China, tão apoquentadas que se encontram com a política interna, a única intervenção no conflito será, eventualmente, aliviar alguns stocks de armamento. É certo que a ONU parece determinada, no entanto, uma organização paraplégica de pouco é capaz.
Daqui resulta, que Israel nem se preocupa em dar explicações ao Ocidente. Será um ataque em três fases e o Hamas nem nas mesquitas estará seguro! A questão das mesquitas não deixa de ser interessante, e provoca com facilidade indignação. É certo que constituem templos religiosos, mas não é menos certo que sempre representaram o fórum social da cidade (daí que até para fazer a sesta sirvam); estando a ser utilizadas para pouco sacro propósico - abrigar terroristas.
Fica então a questão: quem é mais criminoso? Israel que tenta destruir uma organização terrorista? Ou uma organização terrorista que até a crianças incute a ideologia da Guerra Santa?
Do Monte de Sião sai uma sombra carregada e nós, bem, nós só estamos autorizados a assistir.
2 comentários:
Interessante a perspectiva com um realismo demasiado cru para o meu gosto. Custa-me ler um texto de análise política que não se preocupe com o "como deveria ser" ou "como poderia ser" mas simplesmente com o "como é" e "como vai ser". Apesar de não fazer o meu estilo tenho de reconhecer a sensatez da análise.
Gostava de ver um pouco desta segunda parte num post futuro. Como sair desta situação? Não é um "road map to peace" mas simplesmente uma tosca resposta à pergunta: isto pode durar para sempre?
Aqui há uns tempos vi uma peça noticiosa em que se explicava que estes ataques tinham sido uma forma retaliação do lançamento de um rockets, que por sua vez tinham sido a retaliação por uns ataques não sei onde. Imagino que também esses ataques tenham sido uma forma retaliação and so on. Será possível parar uma avalanche?
Obrigado pela leitura, Ary. De facto pretendo analisar este conflito, até por me interessar de sobremaneira, sob outras perspectivas. Ainda ficou muito por escrever.
(também espero um texto teu, não te esqueças!)
Um abraço e feliz 2009:)
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