Na Universidade de Chicago também tive a sorte de fazer parte do programa educativo concebido por Robert M. Hutchins, em que a ciência era apresentada como parte integrante da deslumbrante tapeçaria do conhecimento humano. Era considerado impensável um aspirante a físico não conhecer Platão, Aristóteles, Bach, Shakespeare, Gibbon, Malinowski e Freud – entre muitos outros. Na aula de Introdução à Ciência, a perspectiva de Ptolomeu segundo a qual o Sol girava à volta da Terra foi apresentada de uma forma tão atraente que alguns alunos começaram a pôr em causa a sua confiança em Copérnico. O estatuto dos professores no curso de Hutchins não tinha quase nada a ver com a investigação que faziam; curiosamente – ao contrário do que se passa nas universidades americanas nos nossos dias – eram avaliados pelo ensino que ministravam, pela sua capacidade de informar e de estimular a geração seguinte.
Carl Sagan, Um Mundo Infestado de Demónios
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