Daniel Bessa in Expresso
"A classe política, e os portugueses em geral, têm-se ocupado a discutir a solução governativa a partir de Outubro próximo. Com todo o respeito, parece-me um devaneio primaveril. Um país que deve ao exterior mais de 100% do seu PIB anual (sim, caro leitor, cerca de 20.000 euros cada um de nós, ainda que por interpostas pessoas), e se endivida à razão de dois milhões de euros por hora (10% do PIB anual), pode até escolher Governo (os executantes) mas já não tem escolha de políticas.
Eu sei, como o leitor, que há uma única solução condigna: produzir mais e exportar mais. Só que já não há tempo para essa solução e, nos tempos mais próximos, já não há alternativa a gastar bastante menos (nós todos, Estado, empresas e famílias). Infelizmente. Podemos até fingir que nos esquecemos desta dura realidade. Não importa. Lá para Novembro, quando começar a aproximar-se o Inverno, os credores imporão, primeiro a política e, se necessário, os próprios executantes. E quanto mais 'marialvas' nos mostrarmos, mais depressa nos obrigarão a gastar menos.
O FMI tratou do assunto em 1977 (Governo PS-CDS) e em 1983 (Governo de Bloco Central). Em 2010, os credores far-se-ão representar pela Comissão Europeia. Votemos, entretanto."
Sem comentários:
Enviar um comentário