Vejo Woodstock como um resumo dos anos sessenta, dos soalheiros golden sixties. Resumo e remate, note-se. O final de uma década que se curvava sobre si própria, a rápido e constrangedor ritmo.
Corria o ano de 1969 quando, a uma centena de quilómetros de Nova Iorque, sob a organização de Michael Lang, John Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld, se juntaram cento e oitenta mil espectadores pagantes – número que rapidamente subir para meio milhão, após o derrube da vedação. Nos três dias de festival actuaram trinta e duas bandas, do melhor que à época se fazia, como The Who, Janis Joplin, Joe Cocker, Carlos Santana, Jimi Hendrix, Neil Young, etc. Como grandes ausências registam-se os Led Zeppelin e Frank Zappa (ambos por terem digressões em curso); os Doors (Morrison, em paranóia, acreditava que o assassinariam, caso aceitasse o convite); e os Beatles (já expliquei o porquê na entrada anterior).
Importa, sem mais delongas, analisar o fundo cultural do evento – o movimento hippie. Ora, em 1969 o movimento em questão era um esboço do que havia sido, maculada a sua inocência em inúmeros e escabrosos episódios ao longo da década: perdeu o amor nas ruas de São Francisco, em centenas de violações e overdoses; perdeu a paz em Charles Manson, o assassino em série hippie.
Enfim, as comunidades pacificas e auto-suficientes que surgiram um pouco por toda a América perderam a quietude e os membros separaram-se – estavam a crescer, afinal e, a acompanhar o crescimento, surgia a percepção da impossibilidade de viver do nada.
Do esquisso da contracultura sobrava só o ideal anti-guerra. A consciência política, ou pelo menos a revolta pela acção militar americana no Vietname, esteve bem presente em Woodstock – veja-se, por exemplo, a actuação de Country Joe Mcdonald´s.
Inesperadamente, o festival decorreu sem problemas de maior, aparte um comunicado da assistência médica que alertava para o perigo do consumo de um “ácido castanho” – ora, já ninguém se recordava da cor do que havia consumido. Registaram-se apenas duas mortes – um atropelamento e uma overdose.
A cobertura jornalista da altura foi extremamente deficitária, afinal, ninguém poderia imaginar o que dali adviria.
Resulta frustrante o exercício teórico de tentar recriar Woodstock no presente – pela qualidade inferior da música, indiscutivelmente, e das pessoas, possivelmente.
Entre música, irreverência, ideais inexequíveis na sua ingenuidade, activismo político, contestação da guerra, excessos, felicidade, e lama; no meio desta amálgama de signos escorreu uma década em três dias – num inenarrável e apoteótico final.
Corria o ano de 1969 quando, a uma centena de quilómetros de Nova Iorque, sob a organização de Michael Lang, John Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld, se juntaram cento e oitenta mil espectadores pagantes – número que rapidamente subir para meio milhão, após o derrube da vedação. Nos três dias de festival actuaram trinta e duas bandas, do melhor que à época se fazia, como The Who, Janis Joplin, Joe Cocker, Carlos Santana, Jimi Hendrix, Neil Young, etc. Como grandes ausências registam-se os Led Zeppelin e Frank Zappa (ambos por terem digressões em curso); os Doors (Morrison, em paranóia, acreditava que o assassinariam, caso aceitasse o convite); e os Beatles (já expliquei o porquê na entrada anterior).
Importa, sem mais delongas, analisar o fundo cultural do evento – o movimento hippie. Ora, em 1969 o movimento em questão era um esboço do que havia sido, maculada a sua inocência em inúmeros e escabrosos episódios ao longo da década: perdeu o amor nas ruas de São Francisco, em centenas de violações e overdoses; perdeu a paz em Charles Manson, o assassino em série hippie.
Enfim, as comunidades pacificas e auto-suficientes que surgiram um pouco por toda a América perderam a quietude e os membros separaram-se – estavam a crescer, afinal e, a acompanhar o crescimento, surgia a percepção da impossibilidade de viver do nada.
Do esquisso da contracultura sobrava só o ideal anti-guerra. A consciência política, ou pelo menos a revolta pela acção militar americana no Vietname, esteve bem presente em Woodstock – veja-se, por exemplo, a actuação de Country Joe Mcdonald´s.
Inesperadamente, o festival decorreu sem problemas de maior, aparte um comunicado da assistência médica que alertava para o perigo do consumo de um “ácido castanho” – ora, já ninguém se recordava da cor do que havia consumido. Registaram-se apenas duas mortes – um atropelamento e uma overdose.
A cobertura jornalista da altura foi extremamente deficitária, afinal, ninguém poderia imaginar o que dali adviria.
Resulta frustrante o exercício teórico de tentar recriar Woodstock no presente – pela qualidade inferior da música, indiscutivelmente, e das pessoas, possivelmente.
Entre música, irreverência, ideais inexequíveis na sua ingenuidade, activismo político, contestação da guerra, excessos, felicidade, e lama; no meio desta amálgama de signos escorreu uma década em três dias – num inenarrável e apoteótico final.
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