quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sem a Graça do Estado

À medida que as têmporas do afamado salvador da Venezuela se retesam na raiva incontida que dirige aos opositores internos, difícil resulta, até para o espectador mais embotado, negar a vilania deste homem. Podemos dizer, se ainda persistiam dúvidas concernentes à postura e ao rumo que Chávez adoptaria, que o Estado venezuelano se encontra num ponto de não retornocom perda óbvia de democraticidade e de todos os valores que em seu torno orbitam (entenda-se, valores éticos e bases de direito sólidas).

Depois dos assassínios, depois das perseguições e segregações partidárias, nacionalizações abruptas e unilaterais – após todos estes atentados que, aliás, o Odisseia tem dado conta nos últimos meses surgem, ainda assim, episódios dignos de nota pela extrema violência:

· A brutalidade das agressões da polícia de Caracas a um ajuntamento de cinquenta jornalistas que se manifestava (pacificamente, note-se) contra a decisão do líder venezuelano de fechar a maioria das estações de rádio e jornais nacionais.
· A facilidade e impunidade com que um grupo de partidários chavistas dispersou à bastonada estudantes universitários que se preparavam para entregar, na sede da presidência, uma petição para travar a recente lei que pretende moldar ideologicamente os programas académicos.

Tudo pesado, concluímos que os cidadãos venezuelanos se encontram privados de garantias, contenciosas ou graciosas, suas por direito. Temos por assente que neste Estado, que não é de Direito, não existe separação de poderes, existe, isso sim, um monstro “socialista e libertário” que não pára de engordar, um monstro que poria o Leviatã de Hobbes em sentido.

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