quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Luís Rainha - a expressão aristocrata da Esquerda

Gosto de ler Luís Rainha. É um homem atento e perspicaz, tem uma visão política diferente da minha, e cai na minha maneira de ser procurar ler algo mais do que aquilo que gosto.
Mas faço-o com admiração. Gosto mesmo de Luís Rainha. Escreve bem, faz pensar, é difícil refutar o que diz, mas lá vou chegando, usando o meu parco saber.

O LR sofre, no entanto, do complexo do progressista aristocrata. Toda a esquerda dita "intelectual" sofre também disso, hoje em dia. Toda, direi melhor, não. Mas a grande parte.

LR chama de "abrótea" o duque de Bragança.
O Nuno Castelo-Branco, com quem eu escrevo no Estado Sentido, prova-lhe que a "abrótea" fez coisas importantes:

"1. Em 1974, avisava quanto à forma escabrosa como a “descolonização” ia ser feita.
2. Durante anos foi o único a fazer algo em prol de Timor (com o PC, diga-se…), quando o idiota Sampaio e outros diziam ser o território …”uma ilha indonésia”.
3. Quando estes animais “negociaram” a adesão à famigerada CEE, alertou quanto aos tratados que destruiriam a agricultura, pescas e indústria.
4. Desde sempre o ouvi falar da destruição do património, desordenamento territorial, especulação desenfreada, consumismo exacerbado do “crédito fácil”, preconceitos quanto às escolhas particulares de cada um, etc, etc.
5. Jamais constou estar encafifado em poucas vergonhas bolsistas como um certo “cavalheiro” que sendo Doutourado em Finanças, teve o desplante de comprar acções não colocadas em Bolsa e ao fim de um ano ter achado “normal” empochar uma mais valia de 124%. É esta a ética da república de m…
6. Tem razão o Luís Rainha em apenas um ponto: o homem não é um político, um demagogo de discurso fácil. O que importa é a decência e o que isso significa. E ele encarna-a e muito bem.*"

O Luís Rainha, como é o Luís Rainha, e não uma "abrótea" qualquer, não tem de prestar atenção ao Nuno. O Nuno é um dos tipos que defende a "abrótea".
Para o Luís, basta-lhe "conhecer a personagem". Poupem o Luís a argumentos.

pois é. vejo isto todos os dias na minha faculdade, nas minhas tertúlias, nas pessoas que considero amigas e que me entristecem com todo este aristocracismo.

Poupem-nos à razão. Isso é coisa de "abróteas".

11 comentários:

Hugo disse...

Mas o Duque de Bragança não descobriu a pólvora...Disse algumas coisas acertadas, mas este é o problema dos Highlights. Sabes quando o Benfica contrata um jogador e vai se ver o vídeo do gajo ao youtube e só estão lá grandes jogadas? E afinal ele nem é assim tão bom...

O Duque de Bragança acertou nestas(algumas bastante óbvias, como o ponto 4,questões tão genéricas que qualquer pessoa atenta acertaria no todo sem fazer referencia ao que é importante, que é a de pormenor), errou noutras tantas também provavelmente. Não o torna mais capaz do que por exemplo Cavaco Silva(são planos bastante diferentes de capacidade para o cargo, ninguém o pode negar...bastaaaaaaaaante diferentes).

Já o ponto 5 Nuno Castelo-Branco, é bastante criativo. D.Duarte não precisa de trabalhar para viver, portanto também não precisa de "roubar" de igual forma(não que seja uma necessidade ou desculpável, mas a ocasião também faz o ladrão), portanto não é virtude do duque. Nenhuma pessoa na sua posição confortável faria algo do género, embora não tenha muito conhecimento na questão patrimonial, nem ele poderia dispor dos bens que utiliza dessa forma.

E não me custa dizer que o Duque de Bragança é mais um em Portugal a mandar o seu bitaite, sem ser particularmente inteligente ou inovador, e um com um bigode bastante ridículo :D

PS: Não acredito que querias ouvir na RTP esta personagem a dar-te uma mensagem de feliz natal, muito menos acreditares que ele representa o espírito da nação portuguesa. Que ele seria o REI de Portugal. Deixa lá o Cavaco ou o Mário Soares em paz e não os ofendas...

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

hugo, as questões que tu dizes serem bastante óbvias, há 30 anos não o eram.

os monárquicos, como o duque de bragança ou o arquitecto ribeiro telles, foram durante quase uma década a única força política organizada (através do PPM) ou conjunto de personagens públicas que defendeu valores como o reordenamento territorial, a ecologia, a destruição do património cultural e histórico, etc.

acredita, em 1970 e já bem entrados em 1980, estes assuntos não estavam "na moda" e não davam votos!

acredita que ele merece os seus créditos por isso.

de resto, não errou em nenhumas. porque a Casa Real assume uma posição de relações públicas muito reservada. não manda os bitaites que a Presidência da República manda, nem assume o carácter moralista dos nossos presidentes. mas isso porque as monarquias não são assim.

depois, a conversa das capacidades dá para muita linha, e aqui vão elas:

dom duarte é licenciado em engenharia agrícola. cavaco silva é professor universitário na área de finanças.cavaco é um keynesiano assumido (é admirador de John Keynes) e dom duarte segue uma política económica muito semelhante, quanto mais não seja porque a maioria dos monárquicos de relevo são sociais-democratas.
sendo que o sector agrícola é um dos mais periclitantes do país, a sua experiência ajudaria na abordagem ao problema. mas dom duarte não se está a candidatar a presidente. para a monarquia, a posição do Rei será de ponto de estabilidade política, nao de aplicação de política.

cavaco silva é mais homem de aplicação politica que dom duarte, então? não temos factos que o provem, além da continua ridicularização de uma figura pública por parte de "comediantes" que só têm coragem para "escarnecer" de alvos fáceis.
coisa muito portuguesa, diga-se de passagem.

mas continuando nessa linha: álvaro cunhal não tem mais capacidade intelectual que cavaco? eu acredito que sim, mas vai daí e o meu ponto de vista é também subjectivo.
oliveira salazar não seria melhor em finanças que cavaco silva? claro. oliveira salazar não é melhor homem de estado (estadista) que álvaro cunhal? claro. porque álvaro cunhal é um utopista. oliveira salazar manteve um regime ditatorial mas onde se manteve uma estabilidade não-forçada ou violenta, como o caso dos regimes fascistas alemão e italiano.

agora, votaria eu em álvaro cunhal? nunca. votaria em salazar? apenas em último recurso, e sem esperanças de bons tempos para o futuro mesmo com essa decisão.

mário soares é mais capaz que o duque de bragança? não, nem mais que cavaco silva. é e foi um governante ridículo, uma presença mole, que legou ao PCP a descolonização e iniciou a decadência do regime democrático.

agora, em monarquia, esta discussão é ridícula. se não quisesses ouvir a mensagem de natal, não ouças. mas acredita que tenho mais interesse em ouvir o representante de uma instituição histórica europeia prestigiadíssima, como o é a dinastia de Bragança em quase todos os círculos políticos europeus, do que um presidente da república.

primeiro, porque a mensagem de natal é uma americanização. os americanos são republicanos de gema. para nós, a mensagem é sempre uma palhaçada ignorada.

segundo, porque nem cavaco é bom político e bom presidente ( mas é melhor que mário e alegre, que são incompetentes e desadequados) nem o natal é uma época que eu tento manter o mais familiar possível.
não me estragues o bolo-rei com as palavras de um antigo lacaio de partido português (um partido já é um sitio horrível, um partido português é um pântano mal-cheiroso habitado por pessoas desadequadas ao contacto com senhoras).

Hugo disse...

É todo um caminho muito subjectivo,tens razão nesse ponto...E portanto não vou discutir as afirmações subjectivas que fizeste, reflexos da tua opinião...Percebo perfeitamente a tua posição, e aqui não chegaremos a consenso.

Vejamos por outro prisma então...Um Rei, como representante de um espírito da nação(penso ser este o objecto), tem um poder simbólico, de criação de laços, de estandarte da nação e tradição. Mas um Rei que não é respeitado ou reconhecido nunca poderá cumprir(pelo menos bem) esse papel. Em Portugal(e é de Portugal que falamos) não há reconhecimento por essa instituição ou pelo Duque de Bragança, e até muito pelo contrário. Pelo sotaque forçado, pelo bigode farfalhudo, pelos filhos com 15 ou 20 nomes. Foi a personagem que se construi e tornou-se uma caricatura, chegando ao ponto de ninguém querer saber quem é D.Duarte ou o que ele representa.

Não há paciencia em Portugal para Reis e famílias reais. Não há predisposição para esse aparato que noutros países, que por força de nunca terem abandonado essa tradição, se mantém...Não será, nem seria bem aceite, nem nunca acontecerá(sendo que a palavra nunca é bastante perigosa).

Percebo a importancia de uma família que defenda os bons valores, costumes e um estilo de vida nacional, mas isso cada vez faz menos sentido na aldeia global que vivemos, em que conceitos como famíia ou amor estão em mutação.

Percebo a importancia que uma instituição com essa tradição possa ter na intervenção cívica. Mas acredito mais na figura do Presidente da República para desempenhar esse papel(que acredito que tem cumprido bem o papel, tirando alguns momentos de excessos partidários), uma figura ilustre, um símbolo vivo de sucesso, uma pessoa que pelo seu valor é escolhida para desempenhar esse papel tão simbólico de representante da nação. Acredito muito mais do que numa figura imposta, saída na rifa, com todo aquele folclore que qualquer família real abusa. As roupas, o formalismo, faz-me lembrar tanto uma separação de classes que detesto, faz-me lembrar o Rei e o povinho, e eu não consigo suportar voltar a ter lampejos desse tempo.

A verdade, é que podes acreditar que uma monarquia teria o seu valor, em qualquer outro lugar no mundo, mas em Portugal não. Seria uma imbecilidade, uma inutilidade, um alvo de chacota constante. Não queria desrespeitar a instituição mas acho-a inútil, e se amanha desaparecesse, por mais que isso te choque, não traria tristeza a 5% da população portuguesa. E não te adianta dizer que somos um bando de parolos plantados à beira mar, porque Portugal não precisa de Reis, ou linhagens reais. Precisa de bons políticos, de pessoas capazes em todas as áreas, pessoas competentes na sua vida profissional.

A família real não traz nada disto, a monarquia, para mim(e até porque continuo a não ouvir argumentos convincentes),friso em Portugal, é uma fantochada inútil...Há muitas coisas, bastante mais importantes, pelas quais deviamos lutar!

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

lá está, é como dizes, as considerações subjectivas.

de facto, penso que falas com conhecimento de causa de um microcosmos de litoral, de um tipo de cultura.
eu vejo constantemente o duque de bragança ser convidado por muitos conselhos e juntas do país extra-Porto e Lisboa, cada vez mais a dar conferencias, a ser chamado e convidado para novos projectos.
como podes ver, a tua análise sociológica nao é assim tao universal. a história nao é uma disciplina de escola ou uma cadeira do 1º ano de dto.

enquanto monarquico e amante de historia, acredito que esta instituição está marcada no ideário popular, que se manifestará e transmitirá mesmo na era dos computadores e dos iPhones. o mundo não evolui linearmente.

Duarte Canotilho disse...

Concordo plenamente com o hugo em todos os pontos sobre a monarquia (e o que seria se estivesse implantada em portugal) Mas claramente é um juizo subjectivo, ainda que nunca me tivessem dado um unico argumento para a existencia do rei, (a nao ser como diz no site do PPM que o poder moderador seria o poder do rei. Poder esse que no fundo acaba com a monarquia constitucional pois como sabemos quando o rei tinha o poder moderador, e nas palavras de jorge miranda perifraseando, "em portugal o poder moderador dava um poder quase absoluto ao rei. Era um poder comparavel as monarquias imperiais alemas e austriacas, longe da monarquia constitucional inglesa.) Este unico argumento comigo obviamente não vinga devido ao facto de não permitir uma verdadeira democracia.

Duarte Canotilho disse...

Quanto ao texto propriamente dito. Realmente o duque de bragança não é uma Abrótea (Ainda que ambos necessitem de bastante sal)pois como algumas associaçoes diriam, temos de defender os direitos dos animais e acho que a abrotea pode se sentir insultada pela comparação a tal pessoa xD

Fora de gozo agora.
1: discordo completamente. Acho que a descolonização foi feita como foi possivel. (mas eu sou daqueles "gajos" de esquerda que acha que portugal não devia ter colonias)

2: bom.. o PC também fez, e provavelmente ele colou-se para ter algum protagonismo.

3: discordo completamente da analise. Se portugal nao estivesse na CEE estava actualemente muito mais atrasado (não digo que todos os fundos tenham sido bem aplicados) mas sem esses mesmos fundos e sem o apoio da CEE estariamos bem pior

4: Sabes... o joao serafim soares la de pinhel diz também a mesma coisa. É um agricultor. Grande jogador de xadrez. Tem 76 anos e não tem mais do que o 9º ano. Diz isso há muitos anos... Por isso acho que nao seja grande contributo

5. Salazar tambem não e não é por isso que faz dele uma boa pessoa

6. A decencia can only do so much.. e decencia sem conteudo e tao vazia como... uma garrafa vazia.. :P O senhor zé que é caseiro na minha quinta é uma pessoa que é a decencia em pessoa. No entanto nao tem nada pa dizer de jeito... é por isso que é importante???

Eu acho o d. duarte pio (e não o odeio só porque ele tem o meu nome e mandam sempre a boquinha) uma pessoa simples. Simpática. e que deve continuar no seu lugar que é no meio do jet 7 portugues, nas soirees, e a ser o gajo pelintra sem dinheiro no meio dos outros bourbons. Pa acaba por se mais um...
Também ninguem leva o que ele diz muito a sério (ele também não diz muita coisa)

Mas isto é a minha analise. Aquele esquerdalho :P

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

se achas que a descolonização foi a possível, então deves ter o teu sentido de democracia enfiado numa cavidade corporal.

qualquer coisa é mais possível do que entregar o poder político e o destino de milhares de brancos e milhões de negros nas mãos de marxistas ansiosos por limpeza étnica e exterminação dos "fascistas".

mas, como tu dizes, és um esquerdalho, não te exigo muito mais "decência" do que essa tua suposição do possível.

o PPM colar-se ao PCP é a coisa mais verosímil que eu ouvi na última década, mesmo a seguir ao fim do capitalismo.

3. discordas mais uma vês porque não soubeste ler. ninguém falou na possibilidade de portugal nao ter entrado na CEE. fala-se dos efeitos da política agrícola comum na agricultura portuguesa. e isso, sim, é comummente visto como algo que nao calhou muito bem.

Salazar nao ser boa pessoa é irrevelante. sei que és esquerdalho, e essa cabecinha está cheia de marx e rousseau, mas de facto, a moralidade do governante nao interessa pra nada. o que interessa é ele nao roubar o erário público ou desfalcar as finanças. isso sim é o dever de um Homem de Estado. por isso, só há homens de estado em Portugal mt raramente.

resumindo, o problema do país é haver pessoas que, sendo muito educadas e achando-se a voz da intelectualidade suprema, acham que a voz do senhor zé caseiro de Canotilho e o senhor agricultor da tua vila são opiniões de labrego. esquecem-se que eles sabem mais da terra e da vida do que os tais intelectuais.

mas tu és esquerdalho, nao ias perceber isso.

Duarte Canotilho disse...

Manel distorceste completamente o meu post.

Eu estava a dizer que o que o teu amigo disse do d. duarte pio é completamente desmontavel pois as opiniões dele não são assim tão a frente. De tal forma que muita gente as tem. e dei 2 exemplos. Nem percebo onde foste fazer a interpretação sobre o zé caseiro e o meu amigo joao serafim soares...

Sem mais manel desculpa mas se calahr devias rever o teu ultimo comentario. Nem parece teu rapaz :)

Quanto a CEE, como raio poderia estar portugal em algo sem ser afectado pela politica comum, nomeadamente a PAC. É um bocado estupido queres fazer parte de um clube, saberes as regras do clube, saberes que ainda que algumas te prejudiquem, mas haver outras que te benificiam, mas ainda assim criticares isso.

Manel eu já tive a discussão sobre a descolonização com o pacheco de amorim (alias foi o que mais gostei em direito economico, foi a possibilidade de conhecer melhor o professor e conseguir discutir outros temas) e temos de pensar como poderia ser de outr maneira, se os países colonizados não queriam portugal nos seus territórios. E temos de ver a posição de portugal numa situação de descolonização, quando esteve em guerra durante 14 anos com as suas referidas colonias. Quer-se dizer esteve a tentar continuar o poderio colonialista, e quando acaba a guerra ainda queria decidir com toda a calma o quem e de que forma iria controla-las...

O ppm não é o d. duarte. Alias o D. duarte duvido que seja do PPM, muito menos militante. Eu disse que o d. duarte se tinha colado à ideia provavelmente. (ou se calhar ninguem se colou a ninguem e ambos tiveram a mesma ideia)

Manel a moralidade do governante não interessa para nada??? Olha acvho que nunca mais vais poder dizer mal dos ditadores de esquerda nem dos de direita. Pois a moralidade não interessa. Pode se matar 50 000 pessoas. (é imoral) Mas se não se roubar o erario publico tudo bem.... ai ai manel

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

há muita pouca coisa na politica agricola comum que faça com que o jogo seja bom para qualquer das partes. o estado actual da agricultura europeia que o diga.

podes ter tido as discussões coloniais com o próprio spínola.
primeiro, nao havia um estado nação coupado pelos portugueses em áfrica. segundo, era uma guerra de guerrilha, dominada em grande parte do território. a adesão popular não era massiva.
terceiro, e repito, de tudo o que os africanos podiam querer, penso que a destruição que se seguiu nas antigas cidades portuguesas era algo que lhes desagradava. mas os marxistas são peritos em manipulação de massas e prpaganda, pode até parecer que o que aconteceu foi a rejubilação total, quando se expulsaram o portugueses fascistas, os indianos capitalistas e os negros que prosperaram durante a época colonial (os traidores do Povo), houve verdadeira harmonia socialista.

nao se trata de decidir com calma quem as controlar. trata-se de ser um estadista digno de um país digno, e nao entregar populaçoes inteiras à morte. isso foi o que fez o PCP e o PS. covardia e compadrio na humilhação do povo africano e na sua destruição física. o resto é conversa. ser um país e uma república é mais do que velar pelos interesses de uma camada intelectual.

depois, volto a afirmar: a moralidade de nada serve ao governante. um estado de direito tem a sua moralidade nas leis. o governante deve agir de acordo com a ética republicana e limitar-se à sua obrigação e a não prejudicar a vida e propriedade dos cidadãos.
se são bonzinhos ou não, tou-me bem cagando.

depois, este post é bem a minha maneira de escrever. renego profundamente certos pressupostos da pequena burguesia socialista que tu, Duarte, defendes.
por isso, no que toca a discussão sobre esses pressupostos, não serei falso a essa repulsa. se quiseres falar de anime ou outra coisa, é outra coisa.
agora desprezo esse raciocínio irracional.peço-te que vejas outra vez o que escreveste, se realmente deturpei as ruas palavras ou se mencionei o que tu escreveste, é que o que está escrito nem sempre revela o que se pensa na altura de escrever, e isto é literatura de blogue e as pessoas escrevem à pressa.

Duarte Canotilho disse...

A questão da descolonização é daquelas onde não há meio termo. Podes me convencer que efectivamente a descolonização foi mal feita, se me disseres uma alternativa à maneira como foi feita (isto sem o argumento "portugal ficava com as colonias" que acho que não procede.)

Nem todas as colonias ficaram assim. Só angola essencialemte devido a guerra civil. E isso de atirar tudo para cima dos "marxistas" tem muito que se lhe diga dado que os teus amigos yankees forneciam armas e homens também para essas guerrilhas, pois também tinham muito interesse.. nomeadamente nos diamantes e nas reservas petroliferas
(mas essa parte não contas)

"um estado de direito tem a sua moralidade nas leis. o governante deve agir de acordo com a ética republicana e limitar-se à sua obrigação e a não prejudicar a vida e propriedade dos cidadãos."

Mostras um positivismo exacerbado manel. Se na lei disser que os judeus não são pessoas e são animais, então o estado pode trata-los como tal... Ainda me has de explicar com é que etica republicana e moralidade nas leis combinam!! É que são totalemente o oposto! Deves ter falado disso em constitucional!

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

nem todas as colónias canotilho? só angola?
e a guiné-bissau? e moçambique, que há menos de 10 anos é que conheceu relativa paz, e passou de uma das regiões mais avançadas de áfrica para a mais pobre?

a única antiga colónia que se safou foi cabo-verde, e isto porque não tinha um movimento independentista tão radicado nem tão radicalizado.
nada na descolonização foi decente. e isto não é um ponto de vista, é um facto.

depois, os líderes a quem portugal cedeu o controlo eram marxistas e não pró-americanos. se fossem, criticá-los-ia na mesma. tal como o embargo a cuba é uma medida estadista anti-liberal, penso que vai muito pouco no espírito dos Founding Fathers a política militarista dos EUA. mas falar disso agora seria abordar outro assunto. o facto foi que o PCP e o PS arbitrariamente e sem ouvir as populações brancas, negras e indianas que se organizavam nas cidades africanas e se preparavam para o processo de independencia, decidiram o futuro dessas mesmas populações. a isso não chamo nem demcocracia nem decência.

quanto ao positivismo: temos na nossa faculdade um medo ao positivismo demonstrado no programa que é de tremer.

simplesmente, acho que um estado que discrimine alguém por sua raça, cor, estatuto social ou classe económica, dificilmente poderá ser classificado como estado de direito. vai contra todas as definições, será porventura um estado tribalista-legalista, como o é agora cuba e o foi a União Soviética.

ps: que maior moralidade poderá haver numa lei que permite aos seus cidadãos possuir os produtos do seu trabalho - o direito à propriedade privada?
que maior moralidade poderá ter uma lei que proclama que todos são iguais perante a lei, e que ninguém pode atentar contra a vida, liberdade e propriedade de outrem?

não são estes direitos os descendentes directos da moralidade clássica greco-romana, cristãs e até, em certo ponto, iluminista? eu vejo moral nestas leis e princípios. as que lhes seguem e não as violam deverão o ser também.

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