segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sobre a democracia no Médio Oriente, castelos voadores e cães falantes

O sonho ocidental de educar o oriente obriga-nos a velar de olhos bem fechados – para que os pormenores permaneçam no recato da cela, sob voto de silêncio. O delírio ocidental de transportar as instituições em bruto, tal as criámos, para o oriente, tem algumas parecenças com aqueles filmes da Disney com cães falantes. Estes são, sem dúvida, muito engraçados no seu domínio vocabular e estilístico perfeito, dando até vontade de, por qualquer mágica, transformar o vulgo rafeiro lá de casa num mestre em filologia renascentista. Todavia, como bem se entende, não é possível, nem seria benéfico, deturpar de tal forma a realidade – para nós e para o rafeiro.

Como tal, considero que o Médio Oriente não deve ser o quintal ou o laboratório dos europeus e norte-americanos, não deve ser a sua frágil e promissora criação. Qualquer dos “Estados” em questão tem o direito de exigir respeito pelo seu fundo histórico, pela sua matriz sócio-culturar, tem, em suma, o direito a opor-se a um transplante negligente das nossas instituições democráticas.

Dirijo-me, neste texto, às recentes eleições no Afeganistão e a toda a algazarra circundante. Congratularam-se Ban Ki-Moon e Obama por este passo decisivo da construção da democracia afegã, ainda que as eleições tenham sido fraudulentas e sujeitas a atentados mil, ainda que, note-se, a construção democrática de democrático nada tenha.

Importa é o folclore de umas eleições de fachada. Quanto aos votos comprados em hasta pública, aos ataques dos talibãs às urnas de voto (a propósito, urnas transportadas por mulas), falta de fiscalização dos locais de voto – quanto a isto nada a dizer, o importante é o simbolismo da efeméride. Estamos perante uma eleições alegóricas, pois então!

Acresce que, à boa maneira dos educandos ocidentais, das democracias de proveta que, aqui e ali, vamos fabricando, os dois candidatos reivindicaram vitória.

Talvez nunca entenda esta obstinação europeia e norte-americana de tentar implementar a democracia sem o apoio do direito, ou seja, criar Estados Democráticos esquecendo que, por uma questão de “saúde pública” ou pelo menos de saúde política (da polis, note-se), estes terão de ser, também, Estados de Direito.

Aconteceu no Iraque e agora repete-se no Afeganistão, este exercício de construir castelos no ar.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Soneto do Epitáfio

Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia – o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:

Não quero funeral comunidade,
que engrole sob-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:

Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:

"Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."

Bocage

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Hoje - o aguardado acontecimento que será, prontamente, ignorado

Estará "nas bancas", pelas 18h, o Programa Eleitoral do PSD

Sim, Sou de Esquerda, ou O Caso do Amigo Gay

Sim, sou. Sou de Esquerda porque, finalmente, toda aquela lógica que todos piscam no secundário se tornou clara para mim. Tudo por causa de uma Historieta.
Todas as historietas da esquerda começam com o caso de um amigo.

O amigo Gay.

O amigo Gay vive com outro amigo, outro amigo Gay. Eles amam-se muito. O locutor da historieta gosta imenso do seu amigo Gay (tem mais, mas este é o seu melhor amigo Gay).
Por isso, e porque o conhece e quer o melhor para esse seu amigo, o tipo de Esquerda tá numa de reviralho, e vai daí e pomos esta cena do casamento em GayMode.
O GayMode do casamento vai ser o caraças, o mundo vai ser livre, os amigos Gay do tipo de Esquerda vão ser felizes.

Eu estou além deste tipo de Esquerda. Eu sou a nova Extrema Esquerda.
A Extrema Esquerda sou eu e os meus amigos Gay, Hetero e Hetero.
A minha amiga Hetero tá a viver com o meu amigo Hetero. O meu amigo Hetero, que é um gajo muito de Esquerda, enrolou-se, numa noite destas num acampamento do Bloco, com o meu amigo Gay.
Apaixonaram-se, a coisa foi além da vaselina.

O meu amigo Hetero quer continuar a ter a sua casa, e está habituado a partilhar os rendimentos com a minha amiga Hetero. A minha amiga Hetero, que conhece e simpatiza muito com o meu amigo Gay, talvez porque seja o melhor amigo Gay dela, não queria nada ir viver sozinha, porque já se habituou ao namorado Hetero.

O meu amigo Gay, que é um tipo que não quer problemas com ninguém, vai viver com eles, e lá fazem a sua vida uns com os outros, tipo Vickie-Christie-Barcelona, só que numa versão Gay-Hetero(fem.)-Hetero(masc.).

Ora bem, estes meus amigos adoram-se. Amam-se. E querem casar.
Só não podem casar porque os filhadaputa dos fascistas ultraconservadores, era mesmo mete-los no Campo Pequeno, só deixam o casamento Hetero-Hetero e Gay-Gay.

Vai daí, e tá na hora de pormos esta cena do casamento de GayMode, para PoligamystMode.
E assim sim, agora é que é agora. Mas quê? Quem são vocês para me ditar as vossas regras morais? Eu não posso amar 2 pessoas diferentes? Eu não posso casar-me com duas pessoas, só porque a vossa bendita tradição reaccionária de Fátima e dos Salazares não mo permite? Mas como é isto? A Lei é pra todos ou isto é para arrebentar já?

E assim é a Política da Esquerda. É uma questão dos amigos que temos. Conforme os amigos mais estranhos, fazemos um programa. E a coisa vai lá, e há trabalhos públicos para o pessoal mesmo que as coisas não corram bem, que isto do Estado é sempre um coadouro furado.

Já agora, eu já vos contei a Historieta do meu amigo que vive com 4 russas e uma irmã num apartamento na Vialonga?

uma história sobre o Ocidente

O jornal sensacionalista sueco Afonbladet resolveu publicar, há umas semanas, um artigo "furístico" que alegava (sem comprovar com dados) que era prática corrente entre os soldados israelitas traficar os órgãos dos palestinianos mortos nas escaramuças na fronteira.
Baseavam-se estas alegações num caso, algo obscuro, de um israelita que foi detido nos EUA sob acusação de tráfico de órgãos.

Quando confrontados com as autoridades israelitas, que pediram provas do que fora afirmado, os suecos lá do dito jornal assumiram a falta de provas da notícia, mas responderam que era obrigação dos israelitas comprovar o contrário, não eles.
Após o silenciamento da embaixadora sueca, que se posicionou do lado israelita, tendo considerado tudo aquilo um abuso da liberdade de expressão, Israel promete impossibilitar o envio de jornalistas certificados do Afonbladet para o país do Muro das Lamentações.
Logo que os suecos descobrem isso, correram à embaixada israelita pedir certificados de imprensa, ou com o intuito de os conseguir antes que seja imposta a proibição, ou com o intuito de fazer uma reportagem que conseguisse mostrar os terríveis totalitaristas de Sião.

Após verem o processo prolongado por uns demorados 3 meses, recebem a justificação para a delonga diplomática: Está o pessoal da embaixada a verificar atentamente o registo de saúde dos jornalistas, como o seu tipo de sangue, medula, etc, caso ocorra a necessidade de operações médicas, especialmente, sublinhavam, de transplantes de órgãos.

Puro humor Judeu.

Com isto tudo, o jornaleco declarou acesa guerra à Estrela de David, e estendem-se os abusos.
As autoridades, comendo e calando, defendem a liberdades dos irresponsáveis e dos injustos.

É este o nosso Ocidente néscio, ignaro, provinciano. Cede a todas as manifestações de loucura do islamismo fanático, rebaixa-se aos olhos dos países que, sempre lhes sendo aliados, começam a ver neles a escória do mundo cobarde.

Origens da Estratégia (II)

Se me perguntarem como lidar com uma grande hoste inimiga, bem formada e preparada para atacar eu diria: "começa por te apoderares de algo que seja caro ao teu inimigo, e ele ficará submisso à tua vontade."
Sun Tzu, A Arte da Guerra

Origens da Estratégia

Existem estradas que não devem ser utilizadas, exércitos que não devem ser atacados, cidades que não devem ser sitiadas, posições que não devem ser disputadas, ordens do soberano que não devem ser obedecidas.
Sun Tzu, A Arte da Guerra

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A Guitarra de João Gilberto

O criador do ritmo Bossa Nova no Odisseia:

Resolvi-me outra vez. Não tão Vulgares

afinal, talvez vote CDS


Resolvi-me. Vou pelas pessoas Vulgares

voto PSD.

por Rui A.

Estranhamente, ao fim de meses de reserva (muito) crítica, este PSD começa a convencer-me. Por uma simples razão, que é exactamente a inversa da que tem feito descrer recentemente alguns dos fiéis. É que aquilo está cheio de gente comum e vulgar, com ideias vulgares e comuns, não tendo, pelo menos por enquanto, surgido nenhum “salvador da pátria”, o que é excelente. Ao invés do Dr. Soares, que se constrangeu aristocraticamente com a vulgaridade da entrevista da Dr.ª Ferreira Leite, ela foi para mim um verdadeiro bálsamo: eu gosto de gente comum à frente do estado. A mim assustam-me os líderes voluntariosos, cheios de certezas e com os bolsos cheios de projectos que nos vão salvar a todos. Prefiro-os titubeantes, inseguros e reservados. É que é sempre dos primeiros que vêm as maiores tragédias e não destes últimos.

sábado, 22 de agosto de 2009

Saudades

da Legião de antigamente. Sempre que escrevia, pelo menos, mexia um pouco o meu verãozinho.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

o Rugido da Valquíria

Merecido 3º lugar para a magnífica Friederich


quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Empregar e Tributar

O Estado vai integrar, este ano, mais 8 mil pessoas na Função Pública, distribuídas pelos sectores da Educação e da Saúde.

O crescimento do sector público não é sempre, mesmo para os liberais, um factor desconfortável. Desde que esse crescimento seja, claro, motivado pelas circunstâncias sociais e pelo crescimento de necessidades da população, e não pela cartilha ideológica do Nanny State.
Infelizmente, o caso português não é tão simples. A Função Pública, inchada pelo despesismo estatal e pelo seu papel de "empregador de socorro", perde a pouco e pouco toda a dignidade e estatuto que merecia nas décadas anteriores. Este movimento, que começa no 25 de Abril, exige dos governos medidas mistas que tornam cada vez o Serviço ao Estado um serviço a um empregador comum.
O Governo Socialista recusa-se a abrandar a despesa, prefere aumentar as tributações e os investimentos. Estes 8mil novos funcionários são um remédio a curto prazo que se repercutirá numa degradação da Função Pública a médio-longo prazo.

Um Político Muito Selectivo

Um Exército Iliberal num Estado Livre?

Quando se torna o Exército uma força viva e independente dentro da sociedade?
A necessidade de manter forças de segurança capazes de reprimir violenta e eficazmente qualquer violação extra e intra Estado é milenária, e chega-nos pela primeira vez numa forma sofisticada aquando da criação das novas regras do Exército Romano, por Mário.

A manutenção de uma força profissional de exercício da violência, ainda que pública, altera o status quo da sociedade, como foi possível ver em Roma e é possível ver nos Estados hodiernos.
O perigo de abdicar de um exército de voluntários, como o eram os primordiais, está na criação de uma casta militar, de um corporativismo armado.
Quantas vezes vimos nós este corporativismo entrar em acção, de forma drástica, no exercício das suas supostas funções de protecção dos interesses da casta militar?
Vemos, por exemplo, os generais da Roma Antiga, mais poderosos do que os políticos da Urbe, que dispuseram do poder a seu bel-prazer, principalmente na fase final do império, em que o Exército se tornou, de facto, numa actividade reservada a determinada estirpe.
Na América Latina e nos países ibéricos, onde por várias vezes oficiais de alta patente, reservando-se o lugar de porta-vozes da estabilidade nacional, derrubaram os regimes em vigor e instauraram governos e ditaduras militares...

Quantas vezes não o terão feito com reais boas intenções?
A fronteira entre a casta militar e o povo, a massa, a colectividade, tem sido pequena nos países que referi. Os líderes saídos do casebre militar denunciam, muitas vezes, um carácter ultra-conservador que desponta uma geral simpatia da população em geral. Os governos radicais do Chile de Allende, do Portugal da Iº República, da Espanha Republicana, e tantos outros, que preconizavam a engenharia de classes e a remodelação do tecido social e cultural, destruíram no processo algumas das instituições que mantinham a ordem e a estabilidade das sociedades. E digo algumas porque, especialmente no caso do Portugal Primeiro-Republicano, a destruição da sociedade antiga portuguesa visava ser total! Nesses casos, a única instituição que guardava algum sentido da moral pública e a confiança do homem médio era o Exército.
Quando os governos radicais e progressistas, no seu frenesim de revolução sem reforma e reforma sem razão, finalmente disparavam sobre o Exército, era o sentimento de "classe armada" que unia a soldadesca já politicamente dissolvida e criava o perfeito coup d'état, aquele que não encontra resistência possível.
Este é o diagnóstico da revolução reaccionária.
Esta revolução opera-se por um sector minoritário que raras vezes encontra oposição.
No caso do Estado Romano, levou à sua queda. No caso das democracias latinas, levou a décadas de paragens no crescimento do Estado de Direito Democrático, e aos tiques totalitários tão comuns às sociedades civis de Portugal, Brasil e Espanha.
Nas democracias liberais, constroi-se o Exército de uma forma diferente. As circunstâncias históricas foram mais favoráveis ao controlo político sobre este. No entanto, quem pode afirmar que os interesses de casta, nestas nações, mesmo que desligados do interesse nacional, não se encontrem predominantemente activos no seio da decisão política? Especialmente após tantas guerras, terá o Exército americano uma importância desmesurada para o carácter liberal daquele Estado Democrático?

O Estado Democrático-Liberal que se constrói em Portugal poderá lidar com um Exército cujos estatutos e cultura é o mesmo que o do tempo da Ditadura?
O crescimento da extrema- esquerda, em Portugal, poderá vir a agir como apelativo à intervenção das forças armadas? Poderá então, nesse caso, a história repetir-se.
Coloca-se, no entanto, a definitiva questão: que lugar há, num Estado Liberal, para um exército profissional visto que a única coisa que este tem para oferecer é a Força, e o liberalismo rejeita toda a força que não seja enquadrada nos limites mínimos previstos do Estado de Direito?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Prata da Casa

Apesar de não ser futebolista, não ganhar milhões, nem abrir telejornais quando recebe uma medalha de prata, Nelson Évora, estudante universitário, desportista de topo, está em destaque no Odisseia:

And Now ...

Este Blogue está, Oficialmente, em campanha!



Sem a Graça do Estado

À medida que as têmporas do afamado salvador da Venezuela se retesam na raiva incontida que dirige aos opositores internos, difícil resulta, até para o espectador mais embotado, negar a vilania deste homem. Podemos dizer, se ainda persistiam dúvidas concernentes à postura e ao rumo que Chávez adoptaria, que o Estado venezuelano se encontra num ponto de não retornocom perda óbvia de democraticidade e de todos os valores que em seu torno orbitam (entenda-se, valores éticos e bases de direito sólidas).

Depois dos assassínios, depois das perseguições e segregações partidárias, nacionalizações abruptas e unilaterais – após todos estes atentados que, aliás, o Odisseia tem dado conta nos últimos meses surgem, ainda assim, episódios dignos de nota pela extrema violência:

· A brutalidade das agressões da polícia de Caracas a um ajuntamento de cinquenta jornalistas que se manifestava (pacificamente, note-se) contra a decisão do líder venezuelano de fechar a maioria das estações de rádio e jornais nacionais.
· A facilidade e impunidade com que um grupo de partidários chavistas dispersou à bastonada estudantes universitários que se preparavam para entregar, na sede da presidência, uma petição para travar a recente lei que pretende moldar ideologicamente os programas académicos.

Tudo pesado, concluímos que os cidadãos venezuelanos se encontram privados de garantias, contenciosas ou graciosas, suas por direito. Temos por assente que neste Estado, que não é de Direito, não existe separação de poderes, existe, isso sim, um monstro “socialista e libertário” que não pára de engordar, um monstro que poria o Leviatã de Hobbes em sentido.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Socialismo de Matilha

"A empresa pública criada, em 2007, para desenvolver as obras de transformação das escolas secundárias portuguesas já gastou mais de 20 milhões de euros em projectos de arquitectura que foram adjudicados por convite directo, sem consulta a terceiros nem publicitação dos contratados.

Ao abrigo da legislação de excepção aprovada nos últimos dois anos em grande parte para garantir a rapidez da intervenção, a empresa Parque Escolar tem podido celebrar contratos por ajuste directo cujos montantes são, no caso dos projectos de arquitectura, oito vezes superiores ao limite fixado no regime normal. De 25 mil euros passou-se para 206 mil.

Mas neste regime de excepção estão estipuladas "obrigações de transparência" que a Parque Escolar não está a seguir. Estipula-se nomeadamente que, em caso de ajuste directo, devem ser convidadas pelo menos três entidades distintas para apresentação de propostas, bem como a obrigatoriedade da publicitação, no portal da Internet dedicado aos concursos públicos, da identificação do adjudicatário, das outras entidades convidadas e do preço contratual.

A um dos arquitectos escolhidos pela empresa foram já atribuídos seis projectos; outros dois respondem por cinco cada; há mais dois arquitectos com quatro encomendas e cinco com três. Segundo a empresa, um dos critérios que pesam na selecção dos projectistas é "a análise do trabalho realizado pelos arquitectos seleccionados para a fase-piloto [quatro escolas/quatro arquitectos] e para a fase 1 [26 escolas/22 arquitectos] do Programa de Modernização do Parque Escolar". Isto significa que a repetição de encomendas às mesmas entidades vai prosseguir."

in Público

Partido Socialista: O Voto Útil

Momentos Sinatra

I've been a puppet, a pauper, a pirate,
A poet, a pawn and a king.
I've been up and down and over and out
And I know one thing:
Each time I find myself, flat on my face,
I pick myself up and get back in the race.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Ode ao Marasmo

façam favor de ler o artigo do Ricardo Reis, no i

"Recentemente, um familiar de visita em Nova Iorque alertou- -me para outro exemplo desta rigidez. Em Portugal, as mulheres costumam ter filhos com espaços de alguns anos. Nos EUA é normal ter vários filhos de seguida. Em Portugal, a mulher sabe que por se afastar da carreira por tempo prolongado arriscando perder o trabalho pode acabar no desemprego durante anos. Nos EUA, muitas mulheres retiram-se do mercado de trabalho durante quatro ou cinco anos para terem filhos e passarem os primeiros anos com eles, sabendo que têm a opção de reingressar facilmente no mercado de trabalho mais tarde."

domingo, 16 de agosto de 2009

Bolt no Pritaneu (nova marca mundial)

Conhecer Woodstock (III)

Vejo Woodstock como um resumo dos anos sessenta, dos soalheiros golden sixties. Resumo e remate, note-se. O final de uma década que se curvava sobre si própria, a rápido e constrangedor ritmo.

Corria o ano de 1969 quando, a uma centena de quilómetros de Nova Iorque, sob a organização de Michael Lang, John Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld, se juntaram cento e oitenta mil espectadores pagantes – número que rapidamente subir para meio milhão, após o derrube da vedação. Nos três dias de festival actuaram trinta e duas bandas, do melhor que à época se fazia, como The Who, Janis Joplin, Joe Cocker, Carlos Santana, Jimi Hendrix, Neil Young, etc. Como grandes ausências registam-se os Led Zeppelin e Frank Zappa (ambos por terem digressões em curso); os Doors (Morrison, em paranóia, acreditava que o assassinariam, caso aceitasse o convite); e os Beatles (já expliquei o porquê na entrada anterior).

Importa, sem mais delongas, analisar o fundo cultural do evento – o movimento hippie. Ora, em 1969 o movimento em questão era um esboço do que havia sido, maculada a sua inocência em inúmeros e escabrosos episódios ao longo da década: perdeu o amor nas ruas de São Francisco, em centenas de violações e overdoses; perdeu a paz em Charles Manson, o assassino em série hippie.
Enfim, as comunidades pacificas e auto-suficientes que surgiram um pouco por toda a América perderam a quietude e os membros separaram-se – estavam a crescer, afinal e, a acompanhar o crescimento, surgia a percepção da impossibilidade de viver do nada.
Do esquisso da contracultura sobrava só o ideal anti-guerra. A consciência política, ou pelo menos a revolta pela acção militar americana no Vietname, esteve bem presente em Woodstock – veja-se, por exemplo, a actuação de Country Joe Mcdonald´s.

Inesperadamente, o festival decorreu sem problemas de maior, aparte um comunicado da assistência médica que alertava para o perigo do consumo de um “ácido castanho” – ora, já ninguém se recordava da cor do que havia consumido. Registaram-se apenas duas mortes – um atropelamento e uma overdose.

A cobertura jornalista da altura foi extremamente deficitária, afinal, ninguém poderia imaginar o que dali adviria.

Resulta frustrante o exercício teórico de tentar recriar Woodstock no presente – pela qualidade inferior da música, indiscutivelmente, e das pessoas, possivelmente.

Entre música, irreverência, ideais inexequíveis na sua ingenuidade, activismo político, contestação da guerra, excessos, felicidade, e lama; no meio desta amálgama de signos escorreu uma década em três dias – num inenarrável e apoteótico final.

Conhecer Woodstock (II)

Escolho, agora, este irrepreensível With a Little Help From My Friends dos Beatles (excluídos pela organização depois de pedirem um cachê elevadíssimo e exigirem a presença da banda de Yoko Ono, a Plastic Ono Band) na voz de Joe Cocker que, quanto a mim, supera o original:

"Après moi, le déluge"


Conhecer Woodstock

Nesta primeira entrada da série dedicada a Woodstock, escolho o famoso tema Feel Like I'm Fixing To Die do Country Joe Mcdonald's. Tema este que atesta a vertente política do festival, como não poderia deixar de ser tendo em conta a forte componente anti-guerra do movimento hippie de então.

sábado, 15 de agosto de 2009

O Homem do Século XX

Caríssimos Leitores,

muito provavelmente o Pedro Jacob vai passar o fim-de-semana na sua extensa propriedade na Baviera, e eu vou mesmo passar o meu no palácio dos meus primos, em Xanadu.

Assim sendo, e porque os outros dois autores escrevem regularmente em outros blogue s e raramente neste, será difícil fazer os updates de posts e comentários. Assim sendo, tenham lá um pouco de paciência.

Já agora - sabem qual é música perfeita de um bom leitor Odisseia?
é esta. vejam o porquê na letra. é a nossa cara.




This is the age of machinery,
A mechanical nightmare,
The wonderful world of technology,
Napalm hydrogen bombs biological warfare,

This is the twentieth century,
But too much aggravation
Its the age of insanity,
What has become of the green pleasant fields of jerusalem.

Aint got no ambition, Im just disillusioned
Im a twentieth century man but I dont wanna be here.
My mama said she cant understand me
She cant see my motivation
Just give me some security,
Im a paranoid schizoid product of the twentieth century.

You keep all your smart modern writers
Give me William Shakespeare
You keep all your smart modern painters
Ill take Rembrandt, Titian, Da Vinci and Gainsborough
,

Girl we gotta get out of here
We gotta find a solution
Im a twentieth century man but I dont want to die here.

I was born in a welfare state
Ruled by bureaucracy
Controlled by civil servants
And people dressed in grey
Got no privacy got no liberty
Cos the twentieth century people
Took it all away from me.


Dont wanna get myself shot down
By some trigger happy policeman,
Gotta keep a hold on my sanity
Im a twentieth century man but I dont wanna die here.

My mama says she cant understand me
She cant see my motivation
Aint got no security,
Im a twentieth century man but I dont wanna be here.

This is the twentieth century
But too much aggravation
This is the edge of insanity
Im a twentieth century man but I dont wanna be here.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Capitalismo Inteligente e Capitalismo Burro



A crítica mais inocente dos socialistas aos "homens do Grande Capital" é a acusação de que estes são jogadores político/macroeconómicos de grande calibre, dominadores do stream internacional e dos lobbys governamentais e sociais.

Há, de facto, jogos de bastidores que são relevantes e muitas vezes facílimos de notar e denunciar (e para tal, existe a comunicação social).
No entanto, os capitalistas, e especialmente os grandes capitalistas, costumam, na grande parte das vezes, ser pessoas muito pouco inteligentes.

E são pessoas muito pouco inteligentes porque não conseguem ver sequer o quanto lhes custa o dinheiro que têm nem conseguem pensar para além da fase em que o adquirem.

Leia-se o que Ricardo Arroja escreve neste post. O grande capitalista, como é burro, e especialmente se for um capitalista português, vai investir num país onde o Estado de Direito é inexistente (logo, não há uma lei que lhe assegure os benefícios do seu trabalho/investimento), dominado por uma classe de dirigentes e uma elite política sem qualquer tipo de cultura ou moral, sem qualquer tipo de humanismo. Estou a falar de Angola, essa enorme nação barbarizada pelos senhores da guerra, pela introsão imperialista soviética e americana na sua política interna, pelo patrocínio das social-democracias nórdicas a uma economia viciada e, agora, pela influência chinesa.

O capitalista português que investe em Angola é, além de um idiota, um homem burro.
A insegurança dos seus rendimentos em Angola, a enorme roleta russa em que se tornam as nações neo-capitalistas (as que não são apoiadas por um Estado de Direito que impere sob as acções humanas no mercado) e a confusão de normas, hierarquias e burocracia, deviam funcionar como repelente. Em vez disso, atraídos pelo ofuscante ouro negro e pelos lascivos diamantes, partem os ricos-homens da república portuguesa, tantos deles homens da Polis, com o seu dinheiro e heranças, correndo esbanja-las nas inseguras praças de África.

Como o mercado é uma instituição humana e natural, tão natural como a Mãe Natureza, e quem se mete com a Mãe Natureza, leva - e enquanto liberal vos digo, caros leitores - o mais provável e certo é ocorrer tal reviravolta, na política angolana, mais cedo ou mais tarde, que faça com que todos estes príncipes e condes da nossa república percam toda a sua fortuna. Aí sim, verão que o mercado, por muito que brinquem com ele, morde-lhes no final.

Por isso os angolanos que enriquecem, aqueles que estão enfiados na engrenagem do Partido, preferem gerir o seu dinheiro na estável Europa. Aqui haverá menos diamantes (muito menos), mas há a segurança do Estado de Direito. Eles sabem-no bem, e melhor que os nossos.

Aniversário de Aljubarrota


Recordemos a Padeirinha...




O Inventor do Som


Lester William Polfus - Les Paul
- 19 de Junho 1915- 13 de Agosto 2009 -

Mogens von Haven, o primeiro vencedor do World Press Photo

(Dinamarca, 28 de Agosto de 1955 - um piloto cai durante uma competição)

Medina Carreira e as histórias de terror (II)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Medina Carreira e as histórias de terror

83 anos de resistência


Luís Rainha - a expressão aristocrata da Esquerda

Gosto de ler Luís Rainha. É um homem atento e perspicaz, tem uma visão política diferente da minha, e cai na minha maneira de ser procurar ler algo mais do que aquilo que gosto.
Mas faço-o com admiração. Gosto mesmo de Luís Rainha. Escreve bem, faz pensar, é difícil refutar o que diz, mas lá vou chegando, usando o meu parco saber.

O LR sofre, no entanto, do complexo do progressista aristocrata. Toda a esquerda dita "intelectual" sofre também disso, hoje em dia. Toda, direi melhor, não. Mas a grande parte.

LR chama de "abrótea" o duque de Bragança.
O Nuno Castelo-Branco, com quem eu escrevo no Estado Sentido, prova-lhe que a "abrótea" fez coisas importantes:

"1. Em 1974, avisava quanto à forma escabrosa como a “descolonização” ia ser feita.
2. Durante anos foi o único a fazer algo em prol de Timor (com o PC, diga-se…), quando o idiota Sampaio e outros diziam ser o território …”uma ilha indonésia”.
3. Quando estes animais “negociaram” a adesão à famigerada CEE, alertou quanto aos tratados que destruiriam a agricultura, pescas e indústria.
4. Desde sempre o ouvi falar da destruição do património, desordenamento territorial, especulação desenfreada, consumismo exacerbado do “crédito fácil”, preconceitos quanto às escolhas particulares de cada um, etc, etc.
5. Jamais constou estar encafifado em poucas vergonhas bolsistas como um certo “cavalheiro” que sendo Doutourado em Finanças, teve o desplante de comprar acções não colocadas em Bolsa e ao fim de um ano ter achado “normal” empochar uma mais valia de 124%. É esta a ética da república de m…
6. Tem razão o Luís Rainha em apenas um ponto: o homem não é um político, um demagogo de discurso fácil. O que importa é a decência e o que isso significa. E ele encarna-a e muito bem.*"

O Luís Rainha, como é o Luís Rainha, e não uma "abrótea" qualquer, não tem de prestar atenção ao Nuno. O Nuno é um dos tipos que defende a "abrótea".
Para o Luís, basta-lhe "conhecer a personagem". Poupem o Luís a argumentos.

pois é. vejo isto todos os dias na minha faculdade, nas minhas tertúlias, nas pessoas que considero amigas e que me entristecem com todo este aristocracismo.

Poupem-nos à razão. Isso é coisa de "abróteas".

sobre a Despesa Pública: Mitos e Lendas

Ao menor peso de despesa pública correspondeu o maior crescimento do PIB Ao maior peso de despesa pública, correspondeu o menor crescimento do PIB. Ao peso intermédio da despesa pública, correspondeu um crescimento intermédio do PIB.

Mas, mesmo que não se concorde com estas conclusões, uma, a mais minimalista, é inegável: a de que a despesa pública não foi factor de crescimento nos países da UE27.

É que estamos muito longe do tempo de Keynes, onde o nível da despesa pública nalguns países andaria pelos 10% do PIB.

Pelo que a medida Keynesiana a adoptar seria a da diminuição dos impostos e nunca cair no mito do aumento da despesa.

por a. pinho cardão no Novas Políticas

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Mais ano e meio de clausura


Engripados versus Eduardo Correia

Ainda a Acção Militante

"Pode não haver condenação por esse facto, mas há motivo para haver um processo para averiguar se há ou não ultraje à República. Agora, terá de ser o inquérito do Ministério Público a averiguar o que as pessoas fizeram e com que intenção".
Rogério Alves

Acção Militante versus Eduardo Correia

Existe um belo romance português, de autoria partilhada, que tem uma palavra a dizer sobre a acção militante dos membros do 31 da Armada. Aliás, muito boa gente encontra-se, neste momento, a folheá-lo.
Certamente, se souberem procurar, encetam a busca no seu artigo 332º (ultraje de símbolos nacionais e regionais) e lêem triunfalmente: “quem publicamente, por palavras, gestos ou divulgação de escritos, ou por outro meio de comunicação com o público, ultrajar a República, a Bandeira ou o Hino Nacionais, as armas ou emblemas da soberania portuguesa, ou faltar ao respeito que lhes é devido, é punido com pena de prisão até dois anos ou de multa até 120 dias”!
Depois, substancialmente aliviados, fecham a obra em causa, pousam-na na mesa-de-cabeceira e sonham com o que mais lhes aprouver.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Restauração da monarquia pelo 31 da armada...

Ética a Nicómano

A falta de previdência deste Governo, de tão gritante, não pode espantar ninguém, nem o mais crédulo dentre nós. Perante a incapacidade para avaliar as consequências dos seus actos, como venho dizendo de há uns tempos a esta parte, o actual executivo perde firmeza, postura e, em consequência, credibilidade. Prova do que afirmo é a recente exclusão de João Lobo Antunes do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

Façamos um esclarecimento prévio: o Conselho em questão, aprovado pela Assembleia da República a 30 de Janeiro de 1990, “é um órgão consultivo independente que funciona junto da Assembleia da República e que tem por missão analisar os problemas éticos suscitados pelos progressos científicos nos domínios da biologia, da medicina ou da saúde em geral e das ciências da vida” (pelo artigo 2º do seu regime jurídico). Como tal, tem por objectivo emitir pareceres sobre problemas emergentes relacionados com a bioética, apresentar à Assembleia da República um relatório anual sobre as mesmas questões, difundir a informação pela população, representar o Estado no estrangeiro, etc.

Em 1 de Junho deste ano entrou em vigor nova lei que alterou a composição do Conselho – este passará a contar com 17 conselheiros (actualmente existem 20). Revogações à parte, importa saber que existem conselheiros nomeados pela Assembleia, pelo Conselho de Ministros e por outras entidades (Ordem dos Médicos e Ordem dos Advogados, por exemplo). Ora, João Lobo Antunes foi nomeado pelo Governo. Sabe-se, também, que colocou algumas reservas em relação ao testamento vital num certo parecer, contrariando a “posição oficial PS”. Assim sendo, não são de desprezar as suspeitas de represália política, pois, assim não fosse, o que justificaria o afastamento de um dos maiores neurocirurgiões portugueses, reputado, até, internacionalmente?

Novo golpe palaciano do PS, a brincadeira das nomeações políticas que transforma o país num enorme lodaçal e, desta feita, fragilizou não só a credibilidade do Governo, mas também a credibilidade do Conselho Nacional de Ética. Este sairá, sem sombra de dúvida, diminuído, privado como foi, de forma torpe, de uma das maiores mentes nacionais.

(este texto foi, também, publicado no Estado Sentido)

domingo, 9 de agosto de 2009

"(...) segundo a hora que me quiserem ouvir"

Fotografia de Guerra (Eddie Adams)

(Saigão, 1968, um chefe da polícia local executa um alegado vietcong)

Sou Paulo e sobre este mercado fundarei a minha doutrina...

It Was You, Charley...




Terry: "Charley, it was you, you remember that night down in the garden you came in my dressing room and said kid, this ain't your night... we're goin' for the price on Wilson, you remember that? This ain't your night? My night, I could've taken Wilson apart... so what happens? He gets a title shot outdoors in a ballpark, what do I get? a one way ticket to palookaville. You was my brother Charley, you should've looked out for me a little bit. You should've taken care of me a little bit so I wouldn't have to take them dives for the short end money..."
Charley: "I had some bets down for ya, you saw some money.."
Terry: "You don't understand I could've had class, I coulda been a contender, I could've been somebody... instead of a bum which is what I am, let's face it............ It was you, Charley."

(Desabafo de Terry, ex-pugilista arruinado pela máfia, em On The Waterfront – Há Lodo no Cais)

rádio odisseia

sábado, 8 de agosto de 2009

Votar? Para quê?

Henrique Raposo no Expresso

Seguindo essa fórmula, os partidos fixaram-se na tal 'justiça social', e acabaram por esquecer a justiça propriamente dita. O Estado de Direito, um elemento absolutamente político, foi abandonado pelos políticos e ficou entregue às corporações de magistrados. Até parece que existiu um pacto secreto algures em 1976: os partidos colonizaram o Estado Social, e, em troca, permitiram que as corporações da justiça colonizassem o Estado de Direito; o sistema judicial passou a ser a coutada exclusiva dos magistrados, enquanto que o Orçamento Geral do Estado passou a ser o condomínio fechado dos partidos. Nesta atroz divisão de tarefas reside o problema da nossa justiça. Durante três décadas, os magistrados viveram em completa impunidade corporativa e, por isso, nunca foram forçados - pelo poder executivo e legislativo - a adaptarem-se às necessidades de uma economia moderna. Hoje, a nossa economia tem de lutar no mundo global de 2009, mas é torpedeada por uma justiça que parou algures no Portugal de 1970.

Na campanha eleitoral em curso, a obesidade do Estado Social e o raquitismo do Estado de Direito já são visíveis. Nenhum partido apresenta a reforma da justiça como alta prioridade, mas todos falam na excelsa 'justiça social'. Votar num regime sem Estado de Direito serve para quê? Para legitimar o saque do Estado pelos partidos? Para proteger a impunidade dos magistrados?

Odisseia para os pequeninos

entre Democracia e Liberdade - pequenas diferenças

Democracia é ter dois lobos e uma ovelha a discutir o que comer para o almoço.

Liberdade é o direito de a ovelha não ser comida, mesmo que os dois lobos votem em harmonia para que tal efeito se dê.

Democracia Liberal é incluir na ementa uma bela couvinha.

Assim, as maiorias governamentais não podem afectar a liberdade individual das minorias "vegetarianas". Nunca. Por uma questão de princípio.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Da Arte e da sujidade Urbana

A Arte exige maturação enquanto arrazoado polissémico. Ora, que polissemia podemos deslindar num tag, ou seja, numa assinatura estilizada?
Há quem adore esta infâmia dos graffitis e dos stencils, essa brincadeira de “borrar” a parede dos outros com a sua “arte”. Em certos grupos e segundo alguma cartilha, isto é uma manifestação moderna de Arte.
Quanta brutalidade! Que idiotas! Que entendimento fazem eles da Arte?
Pois sendo a Arte a mais humana das coisas, sendo a sua criação a mais nobre das actividades do Homem, como se pode prender a Arte a algo tão criminoso como prejudicar a criação do Homem?
Explico-me – a Arte nasce do esforço criativo e do mérito individual do seu criador.
A Arte é vista pelos outros, mas isso não a torna sua propriedade. A Arte pertence a quem a criou, às suas custas e segundo a sua zelosa dedicação. Onde haverá Humanidade em manifestar a Arte de alguém ao estropiar outra forma de Arte, como a beleza de um monumento nacional, ou o fruto do trabalho meritório de outro Homem, como a parede de sua casa? Que direito há na passagem de uma mensagem, quando o faço às custas de outro?

É a sociedade Moderna, dizem. Será a Sociedade Moderna uma sociedade de cobardes e ladrões, onde se faz e vive como um parasita, às custas da individualidade de outro?

É então, a nossa, uma Sociedade moderna, sem dúvida. Uma Sociedade de celerados, glutões que pretendem imbuir os restantes cidadãos no seu frémito tribal e alienador.

Recuso-me a aceitar este rabisco, estas mensagens, o grotesco. A minha cidade já é suja que chegue para que estes indivíduos, achando-se a vanguarda artística, ou a vanguarda dos costumes, venham empolar ainda mais a sua decadência.

Se são viciados em adrenalina e gostam de quebrar as regras básicas do convívio e harmonia social, não são artistas;

Se gostam de assinar as vossas alcunhas, isso não vos faz artistas;

Se gostam de escrever mensagens curtas – usem o Twitter.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Círculo Oitavo - Os Fraudulentos

Sete anos de prisão efectiva e o pagamento de uma indemnização de quase meio milhão de euros por fraude fiscal, abuso de poder e corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais, foi a pena aplicada pelo Tribunal de Sintra ao ex-ministro e autarca, Isaltino Morais.

É interessante a corrupção política em Portugal, dístico da nossa latinidade, pois então! Uma latinidade, por ventura, mais voltada para a América Latina, onde jogadas de bastidores colocam jugo sobre os interesses dos cidadãos, onde política e corrupção estabelecem uma relação de simbiose, sendo aquela o substrato desta.

Seja então, Isaltino, herdeiro de uma predisposição genética que o impede de discernir claramente que é errado aceitar terrenos, a título pessoal, em Cabo-Verde aquando da celebração de contratos com a Câmara de Oeiras, e que não deverá depositar dinheiro em paraísos fiscais. Assim sendo, o homem é um pobre coitado que não consegue distinguir o Bem do Mal (um misantropo, como diria certo filósofo versado em Kant e campeão de ciclismo)

Mais, afirma Isaltino que a juíza responsável pelo caso “não fez prova das acusações”, tendo, até, admitido a fragilidade dos factos. Sendo verdade, atrevo-me a dizer que estamos perante um fenómeno jurídico-místico – uma magistrada condenou um indivíduo sem fazer prova, ou seja, porque lhe apeteceu, assim mesmo, um julgamento sumário porque naquele dia não chegou a tempo do menu do seu agrado no restaurante habitual. Interessante Ovo de Colombo...

Sejamos sinceros, pouca gente acredita de daqui advirá uma condenação efectiva, afinal, vivemos no país dos recursos milagrosos (veja-se Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Ferreira Torres). Ao contrário dos Estados Unidos, aqui recorre-se mesmo não havendo factos novos, recorre-se porque a pele de um político é valiosa e movimenta muito dinheiro, recorre-se ao mesmo tempo que se pressiona os tribunais com o estigma do “bode expiatório”, recorre-se, em última análise, com a certeza de que a decisão da instância superior, chegada tarde e a más horas, será mais favorável. Por estas razões Bernard Madoff não recorreu nos EUA e, certamente, recorreria em Portugal.

O caso adquire contornos grotescos com o anúncio da recandidatura de Isaltino à Câmara de Oeiras. Julgo que há muito que está ultrapassado, provavelmente nunca tenha existido, o paradigma do político virtuoso, conhecedor dos seus defeitos e admitindo sempre os seus vícios numa postura séria e transparente. Enfim, utopias e artefactos da memória.

Legalmente, não existe qualquer entrave à sua candidatura, porém, um imperativo de respeito para com todos os oeirenses e consigo próprio, deveria bastar e guiar a sua consciência ética para bem longe destes palcos. Na volta, estamos perante alguém com graves lacunas de formação ética que o impedem de ter vergonha e lhe sulcam o rosto de prepotência, inflamando a sua sede de poder.

A presunção de inocência não deveria ser brandida como arma do mau carácter.

O Mal em Lautreámont

Queira o céu que o leitor, tornado audaz e momentaneamente feroz à semelhança do que lê, encontre, sem se desorientar, o seu caminho abrupto e selvagem através dos lodaçais desolados destas páginas sombrias e cheias de veneno; pois que, a não ser que utilize na sua leitura uma lógica rigorosa e uma tensão de espírito pelo menos igual à sua desconfiança, as emanações mortais deste livro irão embeber-lhe a alma, como a água ao açúcar. Não convém que toda a gente leia as páginas que se seguem; só alguns hão-de saborear sem perigo este fruto amargo. Por consequência, ó alma tímida, antes de penetrares mais longe em tais domínios inexplorados, dirige os teus passos para trás e não para a frente. Ouve bem o que te digo: dirige os teus passos para trás e não para a frente, como os olhos de um filho que se afasta respeitosamente da contemplação augusta do rosto materno; ou, antes, como a visão ao longe de friorentos grous em grande meditação, que, em tempo de Inverno, voam poderosamente através do silêncio, com todas as velas tensas, para um ponto determinado do horizonte, donde parte repentinamente um vento estranho e forte, precursor da tempestade.

Isidore Ducasse (Conde de Lautreámont), Os Cantos de Maldoror

Bill, o Negociador

Após a intervenção de Bill Clinton, Kin Jong II concedeu um indulto às duas jornalistas norte-americanas condenadas a doze anos de trabalhos forçados.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Tintim Supera Che




No Index do PCP


Amy canta Sinatra

"Não se mete a carne toda no assador.

Há vários militantes e quadros qualificados para assumir os lugares. E o facto de a Joana não ser candidata pelo Bloco não significa que esteja a concurso dos outros partidos. Isso é inaceitável".
é assim que João Semedo explica, ao i, porque raio o Bloco não mantém a antiga deputada e princesa consorte do PS Joana Amaral Dias no Parlamento.
A relevância política de Joana Amaral Dias é, como disse João Pereira Coutinho, "nula" e bem nula, e não são os seus discursos de polémica insensata que a tornarão, num futuro distante, uma valor para a esquerda democrática.
Caso assim fosse, as fórmulas vazias de Soeiro e Louçâ já há muito teriam confirmado, nas pessoas destes Querido Líder e Menino-Prodígio, admiráveis politicólogos e estadistas.
Joana Amaral Dias é a típica bloquista. Um curso bem sucedido, uma vida académica aplicada (de preferência em cursos como Psicologia, Sociologia ou mesmo Direito), uma família de classe média alta, costumes "liberais", apesar de uma mentalidade feroz contra a liberdade de iniciativa e o livre-mercado, bem como uma altivez intelectual e moral própria deste tipo de aristocracia da superioridade moral.
Como qualquer bom intelectual bloquista, Joana está envolvida com a questão da inserção social.
Mas ao nível do estudo meramente psicológico/social, principalmente aquele feito em Portugal, tão tendenciosamente esquerdista e falacioso, Joana Amaral Dias é mais uma intelectual que não sabe discutir os males do país sem particularizar uma situação, sem ver para além de uma pobreza de causas que vão além da mera exclusão social ou do cliché culposo do "grande capital".
Enfim, mais uma pobre "menina de biblioteca", mais uma curiosidade zoológica da política portuguesa, sem valor algum.

O melhor café é o do Odisseia!

Por cá, homérica paragem de abastecimento náutico, não Ulisseia, cidade mais suja que marmórea, encontram armazéns de insondável valor – ouro em grão, dizem vários. Fizemos de armazenistas nosso ofício, comerciantes de café, invictos no lucro e na arte de bem servir. O melhor café é o do Odisseia, pois claro! Café em grão, café torrado, moído, aromático, descafeinado, até café que não é café e sim rooibos. A melhor maquinaria e os funcionários mais dedicados garantem uma qualidade ímpar. Que o diga a diminuta concorrência, meus caros!
Uma vida entregue ao trabalho – é grave o preço do império, façam crer no que dizemos. Só assim explicamos a prodigalidade que abunda na família. Dois dissipadores surgiram no seu seio, usurários de muitas promessas e pouco empenho, vigaristas que nos levaram em engodo fácil a ingénuos. Pela bondade que lhos tolhe o coração, continuamos a sustentar a sua preguiça de matrona.
Enfim, assentemos que o Odisseia continua rentável e constante – mesmo que esporádicos fogos-fátuos surjam com grande fulgor, não se iludam, pois a brevidade acompanha-os. Como tal, despedimo-nos com a garantia da qualidade e aroma únicos do nosso café, o melhor café, o Odisseia!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Um Tirano e Uma Tirana Com o Selo de Qualidade PS

José Eduardo dos Santos

Isabel dos Santos

Um Tirano Com o Selo de Qualidade PCP

Academia de Verão (é reservado o direito de admissão)


- Que estais para aí a palrar há tanto tempo, ó Sócrates? (…) Mas responde tu mesmo o que entendes por justiça. E vê lá, não me digas que é o dever, ou a utilidade, ou a vantagem, o proveito ou a conveniência. Mas, o que disseres, di-lo clara e concisamente, pois, se te exprimires por meio de frivolidades dessa ordem, não as aceitarei.

- É que tu és um homem esperto, Trasímaco – disse eu. – Pois sabias perfeitamente que, se perguntasses a alguém quantos são doze, e, ao fazer a pergunta, prevenisses: “Vê lá, homem, não me digas que são duas vezes seus, nem que são quatro vezes três, nem seis vezes dois, nem três vezes quatro; que eu não aceito tais banalidades” – creio que se tornaria evidente para ti que ninguém daria a resposta a uma pergunta assim formulada. Mas se a essa resposta te dissesse: “Ó Trasímaco, que estás a dizer? Que não posso responder a nada do que disseste? És espantoso! Ainda que se dê o caso de a resposta ser uma dessas, terei de afirmar outra coisa diferente da verdade? Ou não é isso que queres dizer?”. Que responderias a isto?

Platão, A República

domingo, 2 de agosto de 2009

Um "Portrait" de 1960

Tóquio, 12 de Outubro de 1960, o fotógrafo Yasushi Nagao regista o momento da morte do Presidente socialista Inejiro Asanuma, assassinado por Otoya Yamaguchi, um estudante de extrema-direita.

A Mordaça do Bruto

Técnica Tárrega

Sermão de domingo - ERC e a Democracia

A Democracia é uma Ideia de gente adulta. É preciso ser maduro, do ponto de vista intelectual e emocional, para se ser democrata. Por isso, sempre houveram pouquíssimos democratas em Portugal ao longo da nossa mais recente história.

No entanto, esta maturação social a que todos nós nos sujeitámos, maturação essa feita em conjunto, no seio das nossas instituições políticas e não-políticas, torna-nos capazes de reagir em prol da nossa Democracia.
Por isso, julgo não ser abusivo apelar a todos os leitores deste espaço, que não serão muitos mas serão suficientes para passar a mensagem, que se unam além das clivagens partidárias e ideológicas, para a defesa conjunta das nossas liberdades democráticas.

Não toleraremos neste espaço a Infantilização Contínua da população portuguesa. Essa infantilização é feita por medidas de pretensa igualitarização, de pretensa nivelação ideológica, que tolhem a iniciativa dos meios de comunicação e a independência destes para com os órgãos estaduais.

Não basta termo-nos livrado do Partido Único e da Cartilha Salazarista para nos crermos democratas. Não basta termo-nos libertado da Censura. O Estado e todo o seu peso burocrático, bem como a intentona geral de engenharia social por parte de alguns escrupulosos "democratas" ainda pesam sobre a nossa liberdade de ler e escrever, de publicar e editar.

Falo da ERC e da sua recente directiva.

Nenhum jornal deve ter em atenção a propagação de uma ideologia ou de um programa político que não defenda. As colunas devem incluir os conteúdos que os colunistas a seu bel-prazer pretendem, estando estes inteirados da sua responsabilidade de jornalistas e escritores.

A Regulação da Comunicação Social é uma farsa, é um órgão de transformação da sociedade num sonho totalitário de um Mundo Novo e Admirável.

A maturidade da sociedade democrática depende única e exclusivamente da escolha de conteúdos, escolha essa feita de forma livre de coerção de particulares e, mais importante, por parte do Estado. A Democracia exige o Fim da ERC.

each patriot will bring us equality

Serbetico - Goran Bregovic

sábado, 1 de agosto de 2009

Proposta Indecente

O convite mais badalado da cena política rola desgovernado, arrastando Bloco e PS num sem fim de acusações de tráfico de influências e desmentidos de família alva caída em desgraça.
Dizia Louçã, tenebroso na expressão, que o PS havia convidado Joana Amaral Dias para integrar as listas das próximas eleições. A mesma menina malvada que o líder do Bloco, em frémito estalinista, perdão, trotskista, excluiu, não vai muito tempo, da mesa nacional do partido, tentando apagar as provas da sua existência. Ao que consta, Joana Amaral Dias realmente existe – existe, não esteve num Gulag, e agora dá tremendo jeito ao Bloco.
O PS apressou-se a negar o invocado e exigiu um pedido de desculpas pela nódoa em toalha de linho.
O caso marinou em constrangedor silêncio até que a "de cujos" decidiu clarificá-lo. Diz, então, ter recebido um convite de Paulo Campos (Secretário de Estado as Obras Públicas). Assim sendo, sorri o iracundo Louçã e cora (tem corado ad nauseam) José Sócrates.

Um caso pitoresco, sem dúvida, digno da plácida silly season e atestado do desnorte governamental. Senão vejamos: temos um Governo que sonda uma potencial aliada – tentativa de granjear votos ao socialismo de miscelânea do Bloco – e não tem a coragem de o admitir. Um Governo que cai no erro de mentir descaradamente e oferece o botão vermelho de implosão à convidada, um executivo que não assume a consequência dos seus actos, é um rabisco político, um arrazoado de depravação moral que dirige o país com uma tábua de valores maleável!

Devemos sentir-nos vexados quando assistimos a tais demonstrações de perfídia intelectual – principalmente quando provindas de um órgão de soberania. Não me revejo, nem o poderia fazer, num Chefe de Governo que falta sistematicamente à verdade, distorce factos e remata tudo com exigência de um pedido de desculpas sentido.

Considero a falta de previdência de Paulo Campos não antevendo que, duas jogadas à frente, o Bloco poria em xeque o PS com a facilidade e candura da criança que joga pela primeira vez, inadmissível.
Estamos perante, como se constatou no caso Manuel Pinho ou BPP, um problema de falta de comunicação que, num lento crepitar, consome o Governo e o seu aparelho partidário.

No fim, rui a torre de marfim, cresce o silvado e regressa a bruxa má.
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